SUMÁRIO.
I. FUNDAMENTOS TEÓRICOS.
1.1.Conceito de comunicação.
O
conceito de comunicação nos remete para a sua etimologia latina “Communis”, do latim, é tornar algo em
comum, à disposição de todos. Do conceito comunicação juntando sempre o
adjectivo “social” indica-nos os fenômenos ligados a inter-relação
humana. A esta inter-relação
junta-se no geral o complexo mundo tecnológico dos meios de massa como a imprensa, cinema, rádio, televisão,
espectáculos visuais, auditivas e audiovisuais.
O
conceito nos remete também para o conjunto de disciplinas das ciências sociais que capacitam os profissionais
ligados ao mundo da comunicação no desempenho do seu trabalho em diferentes
sectores sociais.
1.2. O Ser e dever-ser da comunicação.
O
Conceito de comunicação nos remete na tensão entre o “ser” e o “dever-ser”. O
“ser” da Comunicação: “tanto na
linguagem corrente como na científica costuma-se usar o vocábulo “comunicação”
para descrever processos de emissão, condução e percepção de mensagem mediante
o uso de canais e de signos”. Sob este ponto de vista que acabamos de
nos referir, o conceito aparece ligado aos meios de transmissão, como a
informação e a produção de signos e significação. Ou seja a comunicação é informação e significação.
Quanto
ao dever-ser, abrange mais as
pessoas como sujeitos conscientes e livres trocando as suas mensagens. Aqui as
pessoas não se reduzem a um mero “emissor”
nem tão pouco a “receptor”
condicionados a estímulos.
Esta
inter-relação humana leva-nos a
comunidade ou comunhão remetendo para o sentido original do conceito em latim “communis, communitas, communio”.
As
novas tecnologias de comunicação tiveram o seu desenvolvimento partindo sempre
da base inerente à natureza social do homem.
Ou seja, os novos meios
vieram só ampliar uma capacidade preexistente no homem e facilitar uma função
essencial da comunicação inter-humana.
1.3. A expressão e a difusão.
A
expressão é o uso de linguagem ou signos, estes podem ser
verbais como não-verbais com o fim intencional, consciente ou inconsciente de
manifestar ou dar a conhecer ideias, sentimentos, experiências e vivências.
A
difusão é a disseminação de mensagens num âmbito social relativamente amplo. No
entanto estes dois elementos não são comunicações por si sós.
Há
comunicação autêntica numa situação de diálogo entre duas ou mais pessoas, que
implica sempre a participação ativa, livre e autónoma das pessoas em interação,
o que constitui o fundamento da comunicação humana.
Portanto,
a partir do nível do “dever-ser”
em que se descobre a participação dialógica como ideal no horizonte das
relações sociais do homem em todos os tempos podemos atravessar a história e a
cultura humanas na busca de meios que pudessem superar e aperfeiçoar a
comunicação inter-pessoal limitada no espaço e no tempo.
1.4.A comunicação na História humana.
O
homem, como ser social, foi sempre comunicativo. A natureza do homem é de ser
social. O homem nasceu para viver em comunidade. “Com efeito, sendo dotado de
sentimentos e de razão, precisa de comunicar” (cfr. A. Santos Justo, Introdução ao Estudo do Direito, pg. 16). Assim,
“a necessidade e o conjunto de
realidades designadas mediante o conceito ‘comunicação social são tão antigo
como o próprio ser humano.
Para
percebermos este “ser comunicativo e
social do homem” vamos percorrer a história para mostrarmos os
esforços que o homem foi fazendo até tornar a comunicação mais humana.
O
fenómeno de comunicação humana, inerente à sua essência social, passou por várias
fases ao longo da história.
Na
Mnemónica o ser humano serviu-se
de objectos naturais e artificiais como
suporte material de transmissão de dados ou mensagens com intenção de memória.
Na Pictórica,
o homem representa objectos e situações do dia-a-dia usando a pintura rupestre com finalidade mágico-religiosa.
Na
etapa Ideográfica, que é também
da linguagem hieroglífica, o homem consegue fazer associação de símbolos pictográficos com objectos, acções e ideias.
Na
fase Fonética há representação
de sons articulados da linguagem oral a partir da invenção do alfabeto, (na Fenícia, cerca de 3000 a. C).
A
história das culturas dos homens nos mostra que houve sempre a grande
preocupação de descobrir meios e
suportes materiais para o intercâmbio de mensagens de uma parte para a outra.
Dos
meios que encontramos em várias culturas apontamos o emprego dos sinais de fumaça, do fogo das tochas, do tam-tam dos tambores, estes com grande
expressividade também nas nossas culturas africanas.
Porém,
estes meios foram superados por outros, como as tábuas de argila, a pedra, o bronze gravados. Estes meios
suportavam mensagens que podiam durar e circular através dos espaços
geográficos, enquanto os primeiros eram fugazes e limitados.
No
entanto, o que veio mesmo contribuir para o desenvolvimento da linguagem
escrita, foi sem dúvida o papiro (das
canas das margens do Nilo), o pergaminho
e o papel (da China). Estes meios podiam transmitir a mensagem à distância e no espaço.
O
objectivo destes meios usados pelos
homens das diferentes etapas históricas e culturas e que fizemos referência
acima era sem dúvida informar, fazer
crónica, exprimir as ideias e sentimentos.
Os
correios que surgiram no império egípcio no ano 2400 a.C., foram uma forma de
transmissão de notícias e que deram origem a telecomunicações internacional com
objectivo comercial e política. “As
pedras gravadas e as tabuinhas de madeira dos gregos, colocados em lugares
públicos para fazerem conhecidas as mensagens oficiais, constituíram a origem
dos cartazes e dos períodos murais”
O
teatro grego e o romano estão também na origem de comunicação social. Os
actores faziam representação simbólica e a audiência era composta pelo público
pertencente as diversas camadas sociais. A base do teatro era as gestas épicas
cantadas pelos líricos. “As obras teatrais, nas quais se combinava a
musica coral com a recitação e os gestos dramáticos, expressavam a reflexão
sobre o passado mitológico, sobre o destino do homem e também sobre a
actualidade politica, proposta à consciência do espectador com um propósito
crítico.” (Ibidem, pg. 17).
A
invenção de imprensa por
Gutemberg, “ que em 1456 publica o primeiro livro impresso na Europa, veio operar
uma notável revolução na difusão das ideias” (Cfr. Alberto Arons de
Carvalho et alli, Direito da Comunicação Social, pg.17).
A
leitura já não pertencia a um grupo restrito e privilegiado. Os livros começam
a chegar na língua de cada um e atingindo uma larga maioria da população
alfabetizada. A invenção da litografia
(1796) segue-se o invento da fotografia
(1814), a fabricação da primeira máquina impressora a vapor.
Outros
sistemas de transmissão de mensagens à distância que se juntam ao mundo da
comunicação foram com certeza os caminhos
de ferros, a navegação marítima e fluvial a vapor, a telegrafia a
radiotelefonia e a televisão, o telégrafo de Morse (1837), o linótipo (1866), o
telefone (1877 por Graham Bell).
A
esta história da comunicação social e já com as bases da fotografia que
incorpora a imagem à imprensa, vai surgir o cinema. As primeiras projecções se
realizam em 1895, na altura o cinema era mudo. No entanto, com a invenção da
primeira película sonora em 1927 vai melhorar substancialmente este meio de
comunicação de massas.
O cinema surge para entreter as massas e depois
passa para ser usada para formar o público recorrendo aos géneros documental,
histórico e didáctico.
Em
1909 inventa-se o rádio a partir da telegrafia sem fio. A descoberta da onda
curta veio revolucionar este meio de comunicação de massas e deve-se também a
sua utilização na Primeira Guerra mundial. O rádio foi usado para a difusão de notícias, audições
musicais, representações dramáticas e programas educativos. Depois veio
juntar-se a televisão.
As
novas tecnologias a que fizemos referência associam as telecomunicações por
satélite e a informática dos computadores, tornando desta maneira possível o
acesso massivo a estes meios. Assim qualquer pessoa pode ter uma televisão em
casa, ter um telefone, um receptor de rádio e receber mensagens informativas,
formativas e recreativas e podendo seleccionar os programas quando conectado à
linha telefónica ou do cabo de fibra óptica. A rede digital de serviços
integrados com base no funcionamento de bancos de dados proporciona todos estes
serviços.
II. CONCEITO DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.
A
Comunicação das empresas visa criar consentimento e aprovação no corpo social
da empresa facilitando a cooperação e participação dos empregados. A
comunicação empresarial é um processo simbólico (expressivo-emocional), que
reforça ou modifica os sentimentos dos empregados e o público. Ela
desenvolve-se em três níveis: A Comunicação técnica (pouco atractiva, técnica,
informativa); a comunicação cognitiva (comportamentos); a comunicação normativa
(Normas, valores).
O
objectivo da comunicação empresarial é o de aproximar do nível de
expressividade dos empregados, melhorando os fluxos da comunicação no processo
da comunicação na empresa. Os fluxos são: descendente, ascendente e horizontal.
Sendo o Fluxo descendente aquele que vai do topo para base; Fluxo ascendente da
base para o topo; Fluxo horizontal entre os escalões hierárquicos semelhantes.
Portanto,
o crescimento da empresa depende da envolvencia dos empregados no processo da
comunicação dentro da empresa: na tomada das decisões, com mecanismos de
consulta oferecendo desta forma a possibilidade de influir nas decisões
fundamentais da empresa. Sendo assim, a comunicação na empresa assenta em
quatro sistemas: o sistema de identificação, de comunicação comercial, o
sistema de comunicação de pertença e o sistema de auditoria e de controlo.
Este
sistema compreende todos os meios que
facilitam o reconhecimento da empresa e dos seus produtos: nomes, marcas,
logotipos, design e produto.
Uma
boa identificação da empresa aumenta o espírito do consumidor e só a
comunicação é capaz de fazer a diferença. A comunicação de marketing usa as
ferramentas da comunicação comercial com objectivos comerciais como a publicidade, a promoção das vendas e o marketing directo.
A
comunicação facilita a partilha de valores favorecendo a adesão, a cooperação,
o sentimento de pertença entre a empresa, os seus parceiros e o seu público
mais próximo.
A
comunicação empresarial é uma ferramenta importante quando se trata em defender
a imagem da empresa diante dos empregados, consumidores, fazedores de
opinião, classe política, empresarial, accionistas, comunidade académica,
financeira e jornalistas.
Sendo assim, a comunicação
empresarial capacita o profissional a trabalhar com diferentes públicos,
cuidando do conteúdo, do discurso e da linguagem tendo em conta
a concorrência do mercado, as novas tecnologias e a diversificação dos
meios de comunicação social.
Para
reforçar a imagem de uma empresa
junto do público de interesse e da opinião pública, a comunicação empresarial
oferece um conjunto de actividades, acções, estratégias e produtos para
atingir tal objectivo.
A
comunicação empresarial, diz respeito a supervisão da assessoria de imprensa, do
planeamento, da implementação,
da condução de acções de comunicação
interna e externa, o cuidado com a imagem e com a marca da empresa. Por outras palavras, a
actividade principal da comunicação empresarial é definir uma estratégia para
as empresas.
Por
isso é que se exige do profissional de comunicação empresarial uma visão global
do mercado local e internacional e do próprio mundo de negócios.
Portanto,
o profissional de comunicação empresarial é capacitado a ser um executivo, um
gestor, capaz de planear estrategicamente, o esforço de comunicação da empresa.
Não
deixa de adquirir os conhecimentos, as habilidades nas práticas profissionais,
executar tarefas simples como fazer relatórios e ter bom relacionamento com os
meios de comunicação.
A
comunicação empresarial é sem dúvidas uma ferramenta capital de comunicação
porque visa melhorar a imagem de uma empresa, do produto, do relacionamento com
os funcionários e com o público-alvo.
A
comunicação empresarial ajuda o profissional a saber analisar, a planear, a
ouvir e agir de acordo com as necessidades das empresas, valorizando acima de
tudo os produtos, as marcas e funcionários. O sucesso da empresa depende de
uma boa comunicação empresarial.
Portanto,
o termo empresarial concorre com os termos institucional, global, integrada,
corporativa, organizacional ou de marca e o conceito tem quase tantas
formulações quantos os autores. Duas orientações se impõem: a primeira
centra-se no produto, no serviço e na marca, denominando-se comunicação de
marketing, e a segunda fixa-se na própria empresa, chamando-se empresarial.
Sendo
assim, a comunicação tem um papel fundamental na empresa e não pode resumir-se
a uma transmissão de informações e de decisões, modo como muitos responsáveis a olham.
A
insuficiência de diálogo e sentimento de não participar nas reuniões causam
sempre desmotivação profunda dos empregados. A cultura da comunicação deve
inscrever-se num método de investigação do mais e elevado nível de motivação,
nos instrumentos de gestão e nas estratégias de mudança.
O
fim da comunicação empresarial é aumentar a eficácia da empresa: participa na
gestão, na estratégia e nas decisões. Com efeito, o lançamento de um produto é
limitado se não for conceptualizado e a aplicação de uma decisão é impossível
se ela não for facilmente compreensível. Uma organização exige uma imagem
institucional; esta não existe se não houver valores, mas estes não serão
partilhados se não forem explícitos. Assim, comunicar é partilhar, comunicar é
explicitar.
2.1. As barreiras e problemas da comunicação.
Os obstáculos à comunicação dividem-se em dois
grupos: obstáculos devido à personalidade: auto-suficiência, congelamento das
avaliações, geografite e tendência para complicar.
Devido a linguagem: confusão entre factos e
opiniões, manipulação das palavras abstractas, desencontros, indiscriminação,
polarização, polissémia, falsa identidade e barreiras verbais.
A comunicação humana é essencialmente individual e
por isso afectada pela personalidade e linguagem. Ou seja, os obstáculos e
problemas de comunicação são devidos à personalidade e à linguagem.
2.2.Obstáculos devidos à personalidade:
Auto-suficiência: dois princípios falsos: é possível
saber-se tudo sobre alguma coisa ou o que sei, engloba tudo quanto há sobre o
assunto.
Um bom líder empresarial é aquele que começa por
admitir não saber. É deste não saber que nasce a ideia de ficar a saber.
Congelamento das avaliações: as pessoas mudam. O
homem nasce, cresce e desenvolve-se e morre. Assim acontece com as empresas e
sociedades.
Avaliações congeladas são não acreditar na mudança.
2.3.Geografite:
A geografite surge quando o indivíduo se impressiona
com os sentimentos, imaginações, palpites, pressentimentos, preconceitos e deduções
em vez de reflectir a partir da realidade, objectos, coisas, acontecimentos e
pessoas.
2.4. Tendência para complicar:
A existência dos tabus nas sociedades primitivas
confirma a tendência universal para a complicação: na religião, na política, na
cultura, na arte, na ciência, na empresa…
Complicar é a forma mais antiga de esconder a
ignorância ou de enganar.
2.5. Obstáculos devidos à linguagem:
Confusão entre factos e opiniões: facto é
acontecimento, coisa, acção feita. Os factos não se discutem.
A opinião é o modo de ver, é um conjutura e são temas
de discussão.
2.6. Manipulação das palavras abstratas:
Cada palavra é metade de quem a diz e metade de quem
a ouve. Clarificando as palavras abstratas, antes de utilizá-las, é um passso
importante para o entendimento entre os homens.
2.7. Desencontros:
Os desencontros acontecem quando não se partilha o
significado das palavras: as mesmas palavras significam coisas diferentes e
palavras diferentes significam coisas iguais.
A comunicação é construtiva quando admitimos não
compreender. O líder nasce quando aprende a dizer “não sei”.
2.8. Indiscriminação:
A indiscriminação é obstaculo à comunicação por
rotular as pessoas, as coisas, os acontecimentos, criando dogmas.
2.9. Polizarizações.
Polarização é a tendência de reconhecer apenas os
extremos, neglegenciando as posições intermediárias: quem não está comigo está
contra mim.
2.10. Falsa Identidade em Palavras.
Duas coisas iguais a uma terceira são iguais entre
si; é verdade para um silogismo, mas não é para uma situação real.
A falsa identidade baseada em palavras é uma ameaça permanente
ao entendimento entre os homens.
2.11. POLISSEMIA.
É uma multiplicidade de sentidos para cada vocabulo.
A polissemia é um obstáculo à comunicação. É uma caracteristica inseparavel das
palavras que nos servem para expressar ideias, pensamentos ou emoções.
2.12. AS BARREIRAS VERBAIS.
As barreiras verbais são obstáculos à concretização
de uma boa comunicação.
Toda palavra vem carregada de afectividade e a sua
significação é sempre subjectiva.
Estas barreiras são emocionais; expressão repetida
com exagero, alcunhas, defeitos de pronúncia, falar bairrista, exibicionismos.
2.13. NÍVEIS DE BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO:
Os níveis de barreiras encontradas na comunicação
são três: o primeiro nível relacionado com problemas técnicos, o segundo com os
problemas semânticos e o último a influência ou eficácia na comunicação.
Os problemas técnicos: são relativos à precisão na
transmissão de informações do emissor para o receptor; enquanto os problemas
semânticos são aqueles em que a interpretação do significado pelo receptor é
diferente do emissor; e a influência ou eficácia diz respeito ao êxito da
resposta desejada pelo emissor em influenciar o receptor. Pois que o receptor,
no geral, espera ouvir o que espera ouvir: A experiência passada leva-nos a
esperar ouvir a mesma mensagem em circunstâncias semelhantes.
O receptor tem a tendência em desvalorizar as
informações recebidas porque entram em conflito com o que já sabemos e não
mudamos.
Avaliar a fonte: Avaliação da fonte pode ajudar o
receptor a apreender o sentido pretendido pelo emissor
Percepções diferentes: as palavras, os actos e os
factos são percebidos à luz dos valores e das pressões ambientais do receptor.
Palavras com significações diferentes: as palavras
são símbolos e por isso podem ter significações diferentes para as pessoas.
Termos especializados.
Sinais não-verbais incoerentes: o tom de voz, a
expressão facial, postura do corpo ajuda ou complica a comunicação.
Efeitos das emoções: afectam a interpretação de uma
mensagem de interesse reagindo defensivamente ou agressividade.
Ruído: Ter capacidade de perceber mensagens que
interessam dos ruídos.
As
barreiras e problemas na comunicação surgem quando há falhas na rede. Esta rede
é composta por sete elementos fundamentais: Comunicador, Codificação, Mensagem, Meio, Código significativo,
Receptor e Feedback.
Há falhas na comunicação quando
alguém numa empresa é sistematicamente o último a saber das novidades, ou a
conhecer a sua demissão pelos corredores. Quando há resistência na mudança.
Quando algo de errado acontece com um dos elementos que compõem a
comunicação, o resultado torna-se ineficaz e pode ser muito perigoso para as
empresas.
Estes
ruídos mostram que algo de errado não está bem na empresa e precisa de ser
atacado: promovendo uma discussão a respeito destes ecos comunicativos.
Para
começar é necessário conhecer o ambiente da empresa e a própria cultura. É
preciso entender o ambiente de uma empresa. Factores importantes com impacto na
cultura de uma empresa podem ser o ponto principal de uma comunicação ineficaz.
Portanto, a liderança deve ter a capacidade de agir e providenciar a mudança de
cultura na empresa.
Para
mudar é preciso conversar, se reunir, comunicar e informar. As informações
devem ser compartilhadas com os membros da empresa a fim de garantir melhor
harmonia no grupo.
Planear
a comunicação de maneira sinérgica
e integrada; abrir e tornar mais equilibrados os fluxos da comunicação; tornar simétrico o marketing
institucional e o marketing comercial; valorizar e enfatizar canais
participativos de comunicação;
Estabelecer uma identidade (transparente e
forte) para projecção externa; criar uma linguagem sistémica e uniforme;
valorizar o pensamento criativo; acreditar na comunicação como um poder
organizacional;
Reciclar
periodicamente o corpo de profissionais; investir maciçamente em informações;
ajustar os programas de marketing social ao contexto sociopolítico; valorizar
os programas de comunicação informal;
Assessorar,
não apenas executar programa de comunicação; focar a comunicação para
prioridades e ter coragem para assumir riscos e gerar inovações.
O
planeamento de uma comunicação de maneira sinérgica e integrada e a crença na
comunicação como um poder da empresa são as estratégias principais a não
descurar.
Uma
comunicação sinérgica e integrada é a possibilidade de não se esconder nada aos
membros da empresa. Não se deve guardar segredo a ninguém. No entanto não deve
haver confusão entre informação sigilosa com divulgação correcta dos factos
diários de uma empresa.
Uma
comunicação sinérgica é capaz de integrar clima sócio-organizacional com as
comunicações entre todos os departamentos de uma empresa. Outro esforço a fazer neste campo é citar
fontes. Ou seja, não se deve falar em acções sem sujeito. A preocupação neste
processo deve ser a de citar a fonte e divulgar os autores. A partir de uma
comunicação clara e objectiva, garantimos o não-surgimento de ruídos e o
constante disse-me-disse.
Outra
estratégia de comunicação empresarial é a valorização da comunicação como poder da própria empresa.
A
empresa deve divulgar o seu trabalho tanto para o público interno quanto para o
externo. Esta divulgação faz-se através de um boletim informativo, do
quadro-mural, da intranet, da extranet, e do comunicado geral.
III. PROCESSOS E CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO.
3.1. O processo de comunicação.
A
palavra comunicação na sua origem latina nos remete para a comunhão, em colocar
as ideias, os pensamentos e os sentimentos em comum com gestos e palavras.
Comunicar
é tornar comum, à disposição da comunidade, uma informação, um pensamento, uma
ideia, um sentimento, uma atitude.
No
entanto, para tornar comum esta informação, ideia ou atitude, é necessário
conhecer e dominar todo sistema da comunicação.
Basicamente
este sistema é composto por quatro elementos: a fonte, a mensagem, vector e o destinatário.
3.2. O sistema de comunicação:
Para
transmitir no seu estado o significado é necessário traduzir o mesmo
significado (a codificação) num conjunto estruturado de significantes, que,
conhecidos por convenção, são interpretados (descodificados) pelo receptor.
Codificador-fonte:Quando
uma fonte de comunicação escolhe o meio através do qual pretende influenciar o
receptor, codifica a mensagem para obter a resposta desejada. Para aumentar a
fidelidade, dentro da fonte, há pelo menos quatro espécies de factores:
habilidade de comunicação, atitudes, nível de conhecimento e posição no sistema
sociocultural.
Descodificador-receptor:
O descodificador-receptor, para aumentar a fidelidade de recepção deve conter,
também quatro espécies de factores: habilidades comunicadoras, atitudes, nível
de conhecimento, situação no contexto social.
Se
o receptor não tem capacidade de ouvir, de ler, de pensar, não será capaz de
receber e descodificar as mensagens enviadas pela fonte.
Os
códigos: O significado remete-nos para o conceito de códigos.
Um
código é qualquer grupo de símbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter
significação para alguém. Os idiomas são códigos. A língua umbundu é um código:
contém elementos (sons, letras, palavras). A língua umbundu é um código: contém
elementos (sons, letras, palavras) que dispostos em certas ordens, têm
significação, e que dispostos noutras não têm.
Código
é tudo o que contém um grupo de elementos (vocabulário) e um conjunto de
métodos para combinar esses elementos de forma significativa (sintaxe).
Ao
codificar há que decidir sobre: qual o código; quais os elementos do código e
qual o método de estrutura dos elementos que vamos escolher.
3.3. O Feed-back:
O
feed-back fecha o sistema, tornando-o dinâmico. É os procedimentos que
utilizamos diariamente quando conversamos. A comunicação é, então, denominada
comunicação nos dois sentidos.
O
feedback proporciona à fonte informação perante o sucesso ou insucesso do seu
objectivo. E, a partir dele o controle de futuras mensagens que queira
codificar. O feedback torna as fontes e os receptores de comunicação
interdependentes.
Entre
duas pessoas, a comunicação permite feedback máximo. A fonte tem possibilidade
de mudar quase instantaneamente a sua mensagem.
O
feedback influencia comportamentos posteriores da fonte, porque é obrigada a
levar em conta as respostas que recebeu.
Se
o feedback é bom (positivo) a fonte mantém a sua mensagem. Se o feedback é mau
(negativo) a fonte modifica a sua mensagem para aumentar as suas
possibilidades.
Segundo
Lasswell (Harold Dwight) o processo de
comunicação sintetiza-se em torno de cinco perguntas básicas: Quem comunica? A
fonte ou comunicador. A quem? O receptor. O quê? A mensagem. Como? O canal. Com
que resultado? O feedback.
3.4. PRINCÍPIOS DO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO: QUEM?
Quanto
mais digno, credível ou prestigiado for julgado o comunicador, menos
manipulador será considerado e maior será a tendência para aceitar as suas
conclusões.
A
eficiência de um comunicador aumenta se expressar alguns pontos de vista que
coincidem com os da audiência.
A
opinião da audiência sobre o comunicador reflecte-se imediatamente na opinião
que terá da sua mensagem.
Quem comunica?
Que fontes. Nas empresas as fontes de comunicação podem ser muito numerosas.
São principalmente as empresas e os seus produtos, os dirigentes e os
colaboradores, os consumidores associados, os diversos grupos de pressão. Em
torno destas fontes é necessário conhecer as fontes que a empresa domina e
as que não são dominadas e preocupar-se também com a imagem destas fontes e
o seu impacto na comunicação.
A quem comunica:
o receptor. O público tende a ouvir as comunicações que são favoráveis ou
naturais às suas predisposições ou seja, às suas crenças.
Quando
mais interessado estiver num assunto mais atenção selectiva dispensará à
mensagem e ao comunicador. Comunicações neutras não funcionam.
A
comunicação que atinja um interesse real da audiência influi mais na opinião do
que as comunicações de teor generalista. Razão porque a mensagem dirigida a uma
audiência específica é mais eficaz do que aquela que é dirigida a toda a gente.
A quem comunica?
É necessário conhecer os alvos para definir o alvo global e o centro do alvo. O
centro do alvo, considerado à parte do alvo global, tem um interesse essencial
e é absolutamente necessário tocá-lo com eficácia. A comunicação estará
suficientemente dirigida quando se procede em duas etapas, privilegiando, em
primeiro lugar, os líderes que farão repercutir a mensagem com maior
credibilidade. Esses líderes devem ser identificados e determinados com
precisão.
O quê: a mensagem:
Se a audiência for amigável, se a posição for a única a ser apresentada deve-se
apresentar apenas um dos lados da questão, ou seja, um dos lados do argumento
(comícios, publicidade).
Se
a audiência começar a discordar então apresentar os dois lados da posição.
Fortes
apelos ao medo causam demasiada tensão e, por isso, são menos eficientes que os
apelos fracos.
É
mais eficiente colocar a conclusão no final da mensagem do que deixar a
audiência tirar as suas próprias conclusões.
Não
é possível estabelecer se é o início ou o fim da mensagem que deve estar o
assunto mais importante.
O
quê se comunica e a mensagem a transmitir deve constituir a preocupação em
comunicação empresarial.
Na
comunicação espera-se, obviamente resultados para se saber se os objectivos da
comunicação foram alcançados.
Quem
comunica, a quem, o quê, como e com que resultado são perguntas simples de
serem formuladas. No entanto, as respostas são difíceis porque ajudam a fazer
um bom diagnóstico da comunicação da empresa.
Canal:
Na comunicação, a fonte tem de escolher um veículo para transportar a sua
mensagem, isto é o canal.A palavra canal pode ter, pelo menos, três
sentidos:Como mecanismo de ligação.Como veículo.Como transportador de veículos.
Para
transmitir uma mensagem oral ou ter uma conversa, em primeiro lugar, preciso
ser capaz de falar (ter voz) e o outro ser capaz de ouvir, ou seja preciso ter
um mecanismo de ligação.
Depois,
para que as minhas palavras cheguem ao outro, é preciso que se codifiquem em
sinais sonoros (ondas sonoras), que o outro oiça, que haja um veículo de
mensagem.
Para
que as palavras tenham a possibilidade de chegar ao outro é necessário ter um
suporte que as sustente: o ar, isto é, que haja um transportador de veículos.
Em
comunicação social há que escolher um veículo mais adequado para transportar a
mensagem.
Da
escolha do canal depende a maior ou menor fidelidade de transmissão da
mensagem.
Como: canal:
Não há um meio de comunicação melhor para tudo. Todos os meios são bons e devem
ser utilizados consoante as circunstâncias. Cada situação é única.
Em
suma: A fonte determina o modo como elabora e entrega a mensagem. E quando
descodificamos a mensagem, fazemos inferências sobre o objectivo da fonte, das
suas habilidades de comunicação, das suas atitudes, do seu conhecimento, da sua
condição.
Ao
decifrar uma mensagem, procuramos tirar ilações sobre o tipo de pessoa que a
emitiu.
IV. A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.
“Estamos
longe de ver a comunicação empresarial como filosofia de gestão e, bem assim,
longe de ter gestores que compreendam a importância de gerir a comunicação”
(João Moreira Santos).
A
empresa é um sistema. Como unidade socioeconómica voltada para a produção de um
bem de consumo ou serviço, a empresa é um sistema que reúne capital, trabalho,
normas, políticas e tecnologia.
Uma
empresa, contudo, não tem apenas por objectivo gerar bens económicos para uma
relação de troca entre produtor e consumidor. Procura também desempenhar um
papel significativo no tecido social, missão que deve cumprir qualquer que seja
o contexto político.
O
papel formador da empresa dentro dos sistemas sociopolíticos, a sua
contribuição social através da criação de empregos, da descoberta de processos,
de avanços tecnológicos, da elaboração de estratégias, produtos e serviços
contribuem decisivamente para o progresso das comunidades. Por outro lado, é graça
à produção de bens e serviços que a empresa cria condições para a viabilizar. Conciliando
aspectos sociais e económicos, a empresa ajusta-se à missão para que foi
idealizada.
Assim
sendo, cada vez mais, a comunicação empresarial assume um papel preponderante
nas empresas modernas.
Diferente
para inovar, competir para vencer, são conceitos
assimilados e dissecados na renovada conjuntura de mercado.
Os
gestores de comunicação são uma realidade no mercado de trabalho e nas empresas.
São técnicos especializados numa área das mais qualificadas e complexas do
sistema empresarial: a Comunicação.
V. AS PRINCIPAIS VERTENTES DE COMUNICAÇÃO:
As
vertentes de comunicação são de três níveis: As comunicações
técnicas, geralmente pouco atractivas. As comunicações
cognitivas, inerentes aos comportamentos individuais. As
comunicações normativas, orientadas para a transmissão de normas e
valores a ser exercidos nas várias situações funcionais.
As
vertentes juntam os três fluxos, que já foram referidos no conceito de
comunicação empresarial: O Fluxo descendente: do topo para a base (da
administração para os administrados). O fluxo ascendente (da base para o topo
(dos empregados para a administração). O fluxo horizontal ou lateral (a troca
de informações entre directores ou entre técnicos). Estas são as mensagens
especializadas: informação administrativa (informação contabilística); Informação
de gestão (indicadores financeiros, económico, técnico e comercial); Informação
de integração (técnico comercial situação actual da empresa).
VI. OS TIPOS DE COMUNICAÇÃO.
Os tipos
de comunicação são: Relações públicas, comunicação institucional, comunicação
do produto, comunicação interna, comunicação financeira, comunicação ambiental,
comunicação de crise, relações com média, relações públicas na internet,
relações com a comunidade local e relações governamentais.
6.1.RELAÇÕES PÚBLICAS.
As
Relações públicas são as actividades desenvolvidas por uma empresa ou grupo,
tendo em vista o estabelecimento e a manutenção das boas relações entre os
membros do grupo e entre os grupos e os diferentes sectores da opinião pública.
É um esforço deliberado, planificado e permanente para estabelecer e manter
mútua compreensão entre uma organização e o seu público.
As
relações públicas são um conjunto de técnicas e de processos destinados a
promover a imagem de uma instituição e a assegurar a boa vontade do público
relativamente a ela, à sua prática e aos serviços que presta ou pretende
prestar à colectividade.
As
atribuições de um departamento de relações públicas são: recolher e centralizar
toda a informação; informar o público que vai ser afectado pelas decisões;
informar os responsáveis pela organização sobre os resultados e o seu público;
estabelecer uma comunicação constante.
Política
das Relações públicas: são duas frentes: interna e externa.
Interna:
composta pela estrutura organizacional interna, agrupa normas, princípios,
directrizes e a comunidade de trabalhadores. Neste campo, há que criar e manter
um fluxo de informações que abranja todos os sectores da organização,
procurando estabelecer mecanismos de resposta adequados entre os dois pólos da
empresa: administração e administrados.
Frente
externa: compreende o sistema competitivo, a área geográfica em que se situa a
empresa, o Governo, os grupos especializados da sociedade, os consumidores.
No
campo exterior, a estratégia de comunicação visa atingir o sistema competitivo.
As empresas, na sua maioria, dependem de outras. São dependentes e, ao mesmo
tempo, concorrentes.
Princípios
da comunicação ou comunicação institucional: Quem detêm o poder tem o dever de
informar. Os administrados têm o direito à informação. Baseia-se em valores
humanos das instituições pelos valores democráticos da comunidade.
A
política de comunicação diz respeito ao entendimento assumido pela instituição
de que a informação constitui um pressuposto fundamental para obter a
integração dos administradores nos seus objectivos.
O
entendimento, por parte da instituição, das vantagens em utilizar na comunidade
o potencial de liderança que a opinião dos trabalhadores assume na difusão das
mensagens institucionais. Um trabalhador bem informado funciona como um líder
de opinião na difusão das mensagens.
O
respeito da instituição relativamente ao direito da comunidade em aceder à
realidade institucional.
Princípio
da vizinhança: defende que a instituição se deve comportar como um bom vizinho,
na perspectiva de uma realidade comunitária de lealdade concorrencial. Quanto
maior for a proximidade social dos públicos em relação à instituição, maior
deve ser a atenção que eles merecem dos profissionais de Relações públicas.
Princípio
de cidadania: contribuir para que a cada trabalhador da instituição seja
conferida a qualidade de cidadão da comunidade a que pertence.
A
empresa para veicular a sua imagem e influenciar os seus públicos dispõe de
vários meios:
Contactos pessoais:
encontros, congressos, reuniões, associações profissionais ou social,
acolhimento e integração dos trabalhadores, formação.
Eventos:
encontros, colóquios, seminários, concursos, conferência de imprensa, festas,
exposições.
Publicações:
Relatório anual, folhetos, artigos, jornal, revista, audiovisuais, cartazes,
quadros informativos, manual de acolhimento.
Patrocínio:
Apoio financeiro a manifestações desportivo, cultural com contrapartida de
visibilidade do patrocinador.
Mecenato:
apoio financeiro cultural sem contrapartida.
Actividade de serviço
público: defesa do ambiente e animais, causas sociais,
educação.
As
relações públicas constituem um conjunto de actividades que concorrem para a
realização do objectivo da instituição: criar e manter a boa imagem junto dos
seus públicos desenvolvendo vários tipos de comunicação.
6.2.COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL.
A
comunicação institucional baseia-se em quatro pontos: valor humano e
democrático: informação. Dever de informar e o direito de receber a informação.
A
informação íntegra os administrados.
Um
trabalhador bem informado é um líder de opinião na difusão da mensagem
Respeito
da instituição ao direito da comunidade em aceder à realidade institucional.
De
facto a imagem de uma empresa é o resultado de múltiplas acções de comunicação
e desempenha um papel fundamental na prossecução dos seus objectivos
comerciais.
Qualquer
empresa surge aos olhos dos consumidores, fornecedores, entidades públicas com
que se relaciona, comunidade financeira, colectividade com uma determinada
imagem favorável ou desfavorável.
Essa
imagem decorre de múltiplos factores, que não apenas dos seus produtos ou
serviços, tais como os suportes físicos, o pessoal em contacto, a organização,
os elementos da imagem visual, as acções de comunicação e os meios de
comunicação.
A
Imagem Global de empresa deve resultar de uma estratégia de comunicação.
A imagem da empresa junto dos seus públicos é vital para assegurar a
longevidade de uma empresa através da criação de um capital de confiança.
Factores
que concorrem para imagem de uma empresa: Público interno: Confiança
(aniversários, festividades); Estimular (concursos, ofertas; Informar (jornal
interno, revistas, quadros informativos, intranet); Envolver (concursos,
reuniões, jornal, clubes, intranet); Credibilizar: (patrocínios, mecenato); Dar
a face (congressos, seminários, serviço público).
Parceiros,
consumidores, distribuidores, fornecedores: Notoriedade
(inaugurações, lançamentos, feiras e salões, congressos, seminários; Confiança:
festividades, atendimento, pós-venda, imprensa; Estimular (concursos, feiras,
salões, exposições); Informar (imprensa, brochuras, jornal interno, extranet);
Envolver (concursos, feiras, ofertas); Credibilizar (congressos, seminários,
patrocínios, mecenatos); Dar a face (imprensa, brochuras, video-empresas).
Líderes
de opinião, comunidade financeira: Notoriedade (convites
para congressos, seminários, visita a instalações, lançamentos); Confiança
(participação em eventos, relatórios, portas abertas); Estimular (participação
em encontros, ofertas); Informar (imprensa, brochuras, portas abertas, site
próprio); Envolver (participação em encontros); Credibilizar (convites para
congressos, seminários. Dar a face (reuniões, congressos, seminários.
Sindicatos,
associações profissionais: Notoriedade: (brochuras,
participação em congressos, colóquios); Confiança (reuniões, artigos em
revistas); Estimular (debates); Informar (imprensa, jornal interno); Envolver
(inaugurações, lançamentos); Credibilizar (encontros); Dar a face (debates,
reuniões).
Órgãos
de comunicação social: Notoriedade (encontros,
aniversários, inaugurações); Confiança (encontros, lançamentos); Estimular
(encontros regulares, reuniões informativas); Informar (dossier da imprensa,
site próprio); Envolver (encontros regulares); Credibilizar (convites para
participar em acontecimentos); Dar a face (reuniões, encontros, visitas).
Comunidade
local, órgão de soberania, administração local:
Notoriedade (eventos, imprensa, acções de serviço público); Confiança (causas
sociais, protecção do ambiente, espécie em perigo); Estimular (mecenato,
convites para participar em eventos); Informar (imprensa, conferências,
colóquios, seminários, site próprio); Envolver (participação em eventos);
Credibilizar (Mecenato, acções de serviço público); Dar a face (realização de
manifestações culturais, defesa do ambiente);
Público
em geral: Notoriedade (patrocínios, mecenato, feiras,
imprensa); Confiança (portas abertas, protecção do ambiente); Estimular
(concursos, patrocínios, acções na internet); Informar (imprensa, divulgação de
acontecimentos, site próprio); Envolver (imprensa, concursos); Credibilizar
(congressos, seminários, protecção do ambiente); Dar a face (exposições,
feiras, protecção do ambiente).
6.3.COMUNICAÇÃO DE PRODUTO.
A
Comunicação de produto é eficaz e credível quando a empresa aposta nas relações
públicas. Ao lançar um novo produto é importante que a empresa crie uma relação
de confiança junto dos consumidores.
Deve-se
desenvolver uma estratégia de comunicação do produto integrado num bom plano de
marketing
A
comunicação eficaz de um produto é uma vantagem competitiva que pode ajudar a
conquistar o público-alvo com suas mensagens de marketing. Seja seu produto um
bem de consumo, durável ou de vestuário, uma estratégia de comunicação do produto
é parte integrante de um bom plano de marketing. A melhor estratégia aumenta a
possibilidade de que a sua mensagem chegue ao público-alvo e aumente as vendas.
6.4.Público-alvo.
Decida
qual o mercado-alvo para a sua comunicação de produto.
Divida os clientes em segmentos como clientes em potencial, novos,
antigos e estrela. Direcione mensagens de comunicação e ofertas
promocionais diferentes para cada segmento. Para clientes novos, use
comunicações que assegurem que eles fiquem satisfeitos com suas primeiras
compras e incentive-os a comprar novamente através de cupons de desconto e
ofertas. Para os clientes-estrela, proporcione comunicações de produtos
personalizados com base em seus padrões de compra e considere usar e-mails
pessoais ou telefonemas para garantir sua satisfação.
6.5.Comunicações eficazes.
Uma
comunicação eficaz visa preparar o comprador a adquirir com
satisfação o serviço ou produto da empresa. Nas comunicações para o grande
público, inclua informações de conhecimento, detalhes específicos do produto e
as razões pelas quais seus produtos são melhores que os do concorrente. Essa
abordagem generalizada chega aos clientes em vários níveis de conhecimento do
produto. Para as mensagens-alvo que atingem os clientes existentes, encha as
comunicações com as opções de compra do produto e que ajudem na hora de decidir
pela compra. Incentive as decisões rápidas de compra, oferecendo promoções
especiais por tempo limitado.
6.6.Mistura de comunicação ou mix de comunicação.
São
vários os métodos para se comunicar com os clientes. Use e-mail,
anúncios em revistas, cartões postais, outdoors, mostruário de
lojas, embalagem de produtos, mala-direta e outros métodos de publicidade que
atingem seu público-alvo. Crie um site repleto de informações que ofereça
especificações do produto, chat para tirar dúvidas e depoimentos de clientes.
Seu objectivo com essa mistura de comunicação é usar métodos suficientes para
chegar a todos os clientes na forma que eles preferirem.
6.7.Mensagens
A
empresa deve desenvolver mensagens do seu produto em torno de
um tema coeso. Usar a mesma mensagem incrementa a marca do produto, reforça seu
tema e aumenta o conhecimento do produto. Use um tema racional baseado no valor
ou na utilidade do produto. Temas baseados na emoção devem ser usados em produtos
de auto-ajuda e produtos caros. O objectivo da mensagem do seu produto deve ser
criar uma resposta emocional a ele e impulsionar os clientes a comprar o seu
produto.
6.8.RELAÇÕES COM OS MEDIA:
Os
média têm uma dupla função: são um público destinatário da mensagem da empresa
e um veículo desta mensagem. Os média ajudam os outros públicos a formar
opiniões. Os responsáveis das empresas devem ser pessoas preparadas para
comunicar de forma adequada e regular com os meios de comunicação social.
As
formas de comunicação com os média incluem as conferência de imprensa: quando há um acontecimento importante que
a empresa pretende divulgar em simultâneo a um conjunto de órgãos de
comunicação social.
Entrevistas:
trata-se de desenvolver um tema a um número restrito de jornalistas.
Press-Release:
trata-se em divulgar algo relevante para um conjunto alargado de órgãos de
comunicação social.
Internet:
é quando se disponibiliza a informação on-line para consulta dos jornalistas.
6.9.COMUNICAÇÃO INTERNA.
Os
públicos internos são um veículo de divulgação externa da imagem da empresa. A
comunicação interna exige uma coerência com a comunicação externa. Visa motivar
e envolver o público interno. Esta comunicação assegura uma forte coerência de
todas as actividades e dá garantias de grande eficácia na sua implementação.
Criar
espaços de comunicação na internet para comunicar com o público, como facebook,
blogger, website.
Envolver
a comunidade local com actividade com directo para as pessoas cria uma relação
de confiança e solidifica o relacionamento com público e líderes locais.
O
Estado tem um papel regulador sobre os agentes económicos, como empresas,
organizações. A comunicação deve ser direccionada para este público para fazer
sobressair os interesses, questões e problemas desses agentes. A comunicação
junto do Estado visa influenciar a sua política para conduzir da melhor maneira
a sua actuação, tomando em consideração os interesses desses agentes.
A
Comunicação financeira assume um papel de relevo nas comunicações das empresas
junto dos públicos: clientes, fornecedores, accionistas e a banca e junto da
comunidade financeira, local e mundial.
A
Comunicação ambiental deve sensibilizar os diversos públicos: associações
ambientais e os poderes públicos para a actuação das empresas ou organizações
no campo do ambiente. Na comunicação ambiental deve estar bem claro a
influência e responsabilidade no ecossistema.
A
empresa deve comunicar quando se confronta com uma diversidade de situações
adversas, crise. A gestão de crise é preventiva quando se procura evitar e
neutralizar potenciais crises: porta-vozes, montagem de sistemas de alerta e
identificação de possíveis cenários de crise e desenvolvimento de relações com
grupos de pressão.
Comunicação
de crise consiste em minimizar o impacto negativo das crises, definindo
estratégias previamente preparadas, elaborando comunicados com o público.
VII. COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL.
7.1.RELAÇÕES COM OS MEDIA:
Os
média constituem um público destinatário da mensagem da empresa e um veículo
dessa mensagem e ajudam outros públicos a formar opiniões.
Assim
os responsáveis das empresas devem estar preparados para comunicar de forma
adequada e regular com os órgãos de comunicação social, num clima de confiança.
Este
esforço inclui: sessões de média training, desenvolvimento de press kits
temáticos e de áreas temáticas em sites, para dar rápida e eficaz resposta à
comunicação com os média.
7.2.A INFLUENCIA DOS MEDIA.
A
relação com a televisão é estabelecida com base na atenção e na emoção. Este
factor facilita a fidelização.
A
rádio é um meio quente, funcionando bem na notoriedade e no despertar do
interesse.
A
imprensa ao nível dos jornais e revistas informativas, acciona a componente
racional, sendo privilegiada para a transmissão das características e da
operacionalidade do produto, de modo a levar à experimentação.
A
internet pode reunir todas estas funcionalidades.
7.3.FORMAS DE COMUNICAÇÃO COM OS MEDIA:
Formas de comunicação
|
Oportunidade de realização
|
Conferência de imprensa
|
Acontecimento muito relevante que a empresa pretende divulgar em
simultâneo a um conjunto de órgãos de comunicação social.
|
Entrevistas
|
Tema para desenvolver com um número restrito de jornalistas,
habitualmente sem sobreposição no mesmo sector.
|
Press-Release
|
Acontecimento com alguma relevância para divulgação junto de um conjunto
alargado de órgãos de comunicação social.
|
Internet
(Press Room On-line)
|
Disponibilização de informação on-line para consulta pelos jornalistas.
|
VIII. IDENTIDADE DA EMPRESA.
Os
elementos da identidade são: o nome, a sigla, o evocativo, a marca. Historial, razões do surgimento, objectivos, portfolio,
concorrência, Serviços, Gestão, funcionários, posição do Mercado e Receitas.
O
nome é o mais importante elemento da identidade e este pode ser patronímico quando tem o nome do
fundador, ex: Teixeira Duarte Angola, Bento Kangamba, Santos Bikuku.
Sigla:
é o resultado da denominação de uma empresa e fruto da comunicação. Exemplo:
BPC, BFA, TDA.
Evocativo:
a marca lembra a categoria do produto que identifica, exemplo: Microsoft,
Apple.
A
marca é um conjunto de signos, formas, cores e sons facilmente identificados
pelo consumidor. Ela pode ser a marca de fantasia: um significado prévio, ex:
imaginarium, Olá, Pala-Pala. A marca de família: Somatório de nomes:
denominação da reestruturação como Mota-engil.
O nome deve ser: Curto: não mais de três
sílabas e de fácil memorização. Sem conotações indesejáveis. Internacional:
alguns nomes são difíceis. Disponíveis e defensáveis juridicamente: exemplo
Coca-cola. Não restritivo: o nome deve permitir extensões para outras marcas.
IX. A COMUNICAÇÃO GLOBAL A NÍVEL DA EMPRESA:
9.1.TIPOS DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.
FONTES CONTROLADAS:
Publicidade:
pelos mass media, internet, ATM, transportes publicos, casas de banho, e locais
de venda;
Comunicação
não publicitária: Relações públicas, publicações e sites da empresa;
Ferramenta
de venda:força de vendas, merchandising e promoções;
Produto:
nome da marca e símbolos da marca, design-produto.
Aparencia
exterior da empresa (locais, mobiliário, sinalética); pessoal em contacto
com público, dirigentes da empresa.
Fontes
exterior a empresa: prescritores, distribuidores, imprensa, passa-palavra,
grupos da internet.
Uma
grande variedade de meios: Tudo comunica: Os meios de comunicação de que pode
dispor uma empresa são muito numerosos e variados. Alguns são inteiramente
dominados pela empresa, é o caso da publicidade; outros escapam ao controlo da
empresa é o caso do boato.
Alguns
meios são impessoais, ou seja, não envolvem um contacto directo, cara a cara,
entre o emissor e o receptor da mensagem: é o caso da publicidade pelos mass
media.
Outros
como as visitas da força de vendas, envolvem um contacto pessoal.
Muitos
são pagos, por vezes muito onerosos, mas alguns, como os press releases ou o comportamento do pessoal da
empresa nos seus contactos com o público, não exigem custos específicos
importantes.
O conjunto dos meios de comunicação classificam-se
em quatro categorias: Os meios de comunicação em sentido estrito. Meios de
acção de marketing com forte conteúdo de comunicação; A empresa e o pessoal; As
fontes exteriores à empresa.
MEIOS
DE COMUNICAÇÃO ESTRITO:
Os meios de
comunicação em sentido estrito, são aqueles cuja única função é comunicar: Os
mass media tradicionais (televisão, imprensa, rádio, outdoors e cinema) a
publicidade nos locais de venda.
E outros meios menos tradicionais, como a Internet,
as caixas ATM, os transportes públicos até mesmo as casas de banho; a
publicidade nos locais de venda;
A comunicação não publicitaria, cuja principal
ferramenta são as relações públicas.
Os meios de acção de marketing com forte conteúdo de
comunicação:Trata-se de um conjunto de ferramentas de venda e aspectos da
política de produto.
O produto é um vector essencial da comunicação da
empresa. Comunica através da forma, design-produto, e pelo nome da marca.
A empresa e os seus colaboradores: A empresa pode
também ser um importante vector de comunicação: pela aparência exterior
(identidade visual da empresa) e pelo pessoal e dirigentes.
Identidade visual da empresa: é tudo o que o público
e os clientes podem ver dela. Os principais elementos de identidade visual de
uma empresa são os locais e os símbolos gráficos: Local de empresa, símbolos
gráficos.
LOCAIS
DA EMPRESA: a sua importância como vector de comunicação é
particularmente importante nas empresas de serviços, como os bancos, que
recebem frequentemente os seus clientes. Nestes casos a arquitectura exterior
dos locais, a sua arrumação interior, a decoração e o mobiliário têm um papel
importante na formação da imagem da empresa sugerindo, conforme o caso, o
prestígio, a segurança, a discrição, a eficácia, o modernismo ou a tradição.
SÍMBOLOS
GRÁFICOS: trata-se essencialmente do “logo”, que se encontra
no papel de carta, nos camiões de entrega. Procura-se dar uma coerência
e uma atractividade a todos estes factores de comunicação através das
técnicas de sinalética.
Os colaboradores da empresa: Quando, por inerência das suas funções, os
colaboradores da empresa têm que manter contactos directos -pessoais,
telefónicos ou epistolares -com o público, tornam-se, por vezes, o vector de
comunicação mais importante da empresa.
É o caso dos bancos: a imagem que deles fazem os
clientes depende mais da maneira como são acolhidos e tratados pelo pessoal
comercial do que qualquer outro factor. Assim a formação do pessoal comercial é
um aspecto essencial da política de comunicação.
Os dirigentes da empresa:Em certos casos a imagem de
uma empresa, aos olhos do público, está estritamente ligada à do patrão, é o
caso de Bill Gates.
No geral quanto aos produtos envolventes
(automóveis, electrodomésticos, produtos de beleza) os clientes tiram as
informações de fontes exteriores.
Os distribuidores: na medida em que desempenham um
papel de conselheiros junto dos próprios clientes; é o caso dos
electrodomésticos, dos audiovisuais, do vestuário.
Os prescritores, líderes de opinião e pessoas
consideradas no seu meio como competentes em determinado domínio (automóvel,
alimentação, vinhos de marca).
A imprensa, particularmente a especializada.
O boato entre os consumidores, que é a primeira
forma de comunicação sobre os produtos.
TIPOS DE COMUNICAÇÃO DE ACORDO COM O CONTROLO EXERCIDO PELA EMPRESA.
A. FONTES CONTROLADAS PELA EMPRESA.
1. Meios de comunicação em sentido estrito.
|
Publicidade: pelos mass media tradicionais, internet e locais de venda.
|
Comunicação não publicitária: relações públicas: relações imprensa,
publicações e sites institucionais.
|
2. Outros meios de acção com forte conteúdo de comunicação:
|
Ferramenta de vendas: força de vendas,
merchandising, marketing relacional, operações promocionais. O Produto: o
nome da marca e símbolos da marca, design do produto.
|
3. A empresa e o pessoal:
|
Aparência exterior da empresa (locais, mobiliário, sinalética); pessoal
em contacto com o público, dirigentes da empresa.
|
B. FONTES NÃO CONTROLADAS PELA EMPRESA.
4. As fontes exteriores à empresa:
|
Prescritores, distribuidores, imprensa, passa a palavra e news groups na
internet.
|
A arquitectura de comunicação desenvolve-se
nos seguintes sistemas: Sistema de identificação. Sistema de comunicação comercial.
Sistema de comunicação de pertença. Sistema de auditoria e de controlo. Sistema
de identificação: Ser reconhecido para ser conhecido; politica de nomes e
marcas, sistema de identificação sonora e visual, logótipo, linha gráfica. Sistema
de comunicação comercial: Comunicar para vender: notoriedade, imagem,
publicidade produtos e marcas, promoção de vendas, marketing relacional, marchandising,
atendimento pessoal a atendimento telefónico.
Sistema de comunicação de pertença: Comunicar para
partilhar valores e interesses comuns: comunicação externa: comunicação
institucional, financeira e de recrutamento; comunicação interna:
comunicação biunívoca com os colaboradores.
Sistema
de auditoria e de controlo: Organizar o feedback: estudo de comunicação da empresa e das dos seus
concorrentes, controlo da eficácia dos programas.
Auditoria de comunicação. Definição de uma política
global de comunicação. Da estratégia de marketing à estratégia de comunicação. Mix
da comunicação. Concepção dos programas de comunicação. Realização dos programas.
Medição dos resultados e correcção de desvios.
A comunicação não é apenas uma variável do
marketing-mix. Numa empresa, a comunicação é também o institucional. A
comunicação do presidente, a relações com a imprensa. A comunicação interna
deve ser parte integrante da política de comunicação interna.
A empresa deve ter um plano director de imagem, a
médio e longo prazo, que lhe permita integrar coerentemente o tipo de
comunicação emanada da mesma.
Um plano de comunicação adequado deve ter em conta
os objectivos estratégicos definidos em termos de marketing, sem que tal
implique que os objectivos tácticos a atingir sejam absolutamente coincidentes.
XI. DIAGNÓSTICO DA COMUNICAÇÃO (SWOT).
10.1. Análise situacional:
É o processo
que nos ajuda e nos permite: Rever o clima económico e negocial; a considerar
onde é que se posiciona a empresa nos mercados estratégicos e áreas chave de
vendas; a observar os pontos fortes e fracos da empresa; a sua organização, o
seu desempenho e os seus produtos chave; a comparar a empresa com os
competidores e a identificar as oportunidades e as ameaças da empresa. Os resultados
desta análise são incluídos no plano de comunicação e de marketing que são:
Suposições de venda, produtos chave e áreas de vendas chave.
O processo chave usado na análise situacional é a
análise SWOT. SWOT quer dizer: Forças, Fraquezas, Oportunidade e Ameaças. As
Forças e Fraquezas tal como se relacionam com as nossas oportunidades e ameaças
no mercado (Strenghts and Weaknesses as they relate to our Opportunities and
Threats in the marketplaces).
Os pontos fortes e fracos referem-se à empresa e aos
seus produtos, enquanto as oportunidades e ameaças são normalmente vistas como
factores externos sobre os quais a sua empresa não tem nenhum controlo.
A análise SWOT envolve compreender e analisar os
seus pontos fortes e fracos e identificar as ameaças ao negócio bem como as
oportunidades no mercado. Pode depois tentar explorar os pontos fortes,
ultrapassar as suas fraquezas, agarrar as oportunidades e defender-se das
ameaças.
Esta é uma das partes mais importantes do processo
do planeamento. A análise SWOT formula as questões que lhe permitirão decidir
se a sua empresa e o produto estarão à altura de concretizarem o seu plano e
quais serão as restrições.
Ao fazer uma análise SWOT é normal listar os pontos
fortes, as fraquezas, oportunidades e ameaças na mesma página. Faz-se isto
segmentando a página em quatro quadrados e colocando os pontos fortes e fracos
nos quadrados superiores e as oportunidades e ameaças nos quadrados inferiores.
O número de SWOTs individuais dependerá do alcance
do seu plano. Primeiro deve fazer uma SWOT à sua empresa e à sua organização.
Também deve fazer o mesmo para os seus competidores principais e para os seus
produtos, áreas geográficas e segmentos de mercado cobertos pelo plano.
RESUMO:
A análise SWOT refere-se à empresa, a organização de
vendas, a um produto, a uma área geográfica e a um segmento de mercado.
Ao mesmo tempo que considera dados de vendas
históricos para a sua empresa, precisa de recolher informação que lhe permitirá
pô-la em perspectiva. Tal envolve a pesquisa de mercado: recolha de informação
acerca dos mercados e posterior análise no contexto do marketing dos produtos.
Dependendo do alcance do plano, os dados de vendas
podem ser divididos em tabelas separadas geograficamente, por produto, por
indústria ou sob todas estas categorias. Terminar a pesquisa de mercado e a
recolha de dados históricos acerca da sua empresa e dos seus produtos é apenas
o primeiro passo. Precisa de analisar esta informação e apresentá-la duma forma
que possa ser usada para o planeamento. A análise situacional é um processo que
o ajudará nessa tarefa.
XII.
OBJECTIVOS E ALVOS DA COMUNICAÇÃO.
Num
mercado de livre concorrência a comunicação será o factor diferenciador
entre as empresas, apesar da comum atitude de marketing. A atitude de marketing
visa a tomada de decisões em função dos consumidores. O que se vai produzir;
fixar o preço; rede de distribuição; o que se vai comunicar.
O
marketing é um conjunto de métodos e de meios de que a empresa dispõe para
promover, nos públicos pelos quais se interessa, os comportamentos favoráveis à
realização dos seus próprios objectivos.
Os
objectivos e alvos da comunicação dentro de uma estratégia de comunicação remete-nos
a definição do marketing-mix.
Mix
de comunicação constitui um conjunto de técnicas de comunicação realizadas
através da publicidade, promoção,
relações públicas, promoções, merchandising, eventos, patrocínios e mecenatos.
Implicitamente
na definição de marketing estão descritos os objectivos de comunicação:
que é um conjunto de métodos e de meios de que a empresa dispõe para promover a
empresa.
Os
alvos da comunicação: são os públicos pelos quais se
interessa, os comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios
objectivos;
A
escolha de um conjunto ou eixo de comunicação: prende-se
com a decisão estratégica baseada nos pontos mais fortes que o produto ou o
serviço oferecem.
Não
é campanha publicitária, mas sim, o enfoque que agarre o produto ao
consumidor.
Um
objectivo de marketing: Um objectivo de marketing
preocupa-se com o equilíbrio entre produtos e os seus mercados. Relaciona-se
com quais os produtos que queremos vender em que mercados.
Os
meios: Os
meios de alcançar estes objectivos, usando preços, promoção e distribuição são estratégias
de marketing.
Os
objectivos e estratégias: No nível seguinte estarão os
objectivos de pessoal e as estratégias de pessoal, objectivos de publicidade e
estratégias de publicidade.
As
tácticas:
Segue-se depois tácticas são planos de acção e orçamentos, tudo para nos
permitir alcançar os nossos objectivos.
Os
objectivos do marketing:
Os objectivos do marketing relacionam-se com qualquer um dos seguintes pontos: Vender
produtos existentes em mercados existentes. Vender produtos existentes em novos
mercados. Vender produtos em mercados existentes. Vender novos produtos em
novos mercados. Os objectivos de marketing têm de ser definidos e
quantificáveis para que possa existir um alvo alcançável a que se possa
apontar. Deverão ser definidos de tal forma que, quando o seu plano de
marketing for implementado, o desempenho real possa ser comparado com o
objectivo.
Têm
de ser expressos em termos de valores ou de quotas de mercado, e termos vagos
tais como crescimento, melhoria ou maximização não devem usados.
XIII. NOÇÃO DE SERVIÇO.
13.1.AS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS SERVIÇOS:
Serviços
imateriais: quem compra ou consome um produto, ele pode ser observado, tocado,
experimentado. Isto fundamenta a decisão de compra de um automóvel, analisando
os modelos, o design, os acabamentos, as cores, conduzindo-os e observando as
suas performances técnicas.
Este
serviço por ser intangível não permite ser apreciado facilmente pelo comprador,
porque não tem uma componente física, material, que permita observação e
análise prévia.
É
preciso utilizar um serviço para se saber se ele responde adequadamente às
expectativas dos consumidores. Ex. Concessionário.
O
consumidor de um gelado Olá, de um iogurte Danone ou de uma aparalhagem de som
Sony, desconhece onde, por quem e quando o produto foi fabricado.
São
três fases diferenciadas no tempo e no espaço pelos actores deste processo: a
produção, a distribuição e o consumo.
Quando
a TAAG transporta os seus passageiros de Luanda para Lisboa, a produção dos
serviços em terra a bordo, a distribuição e o consumo, fazem-se de forma
simultânea.
O
que significa que, para os serviços, a “fábrica” é o ponto de venda, o local
onde se encontram os consumidores/utilizadores, onde a produção e o consumo são
simultâneos.
A
produção da generalidade dos serviços pressupõe uma relação directa entre o
cliente e o pessoal em contacto
O
consumidor está em relação física com o prestador de serviços e este determina
uma relação de confiança.
Um
consumidor de serviços contribui para a qualidade desse serviço, pelo seu bom
ou mau humor, pelo seu grau de exigência, pela sua competencia, pela sua
experiência, pela forma como se envolve no acto de produção e consumo do
serviço. Cada cliente é diferente.
Quatro
categorias de serviços e produtos: Serviços: serviços puros: medico, consultor,
professor, cabeleireiro, trabalho temporário.
Serviços
com forte componente material: aluguer de automóvel, hotelaria, transporte aéreo.
Categorias
de serviços: Produtos com forte componente de serviços: Compra de automóvel,
televisão por cabo, informática.
Produtos
puros: Gasolina em livre serviço, pastelaria, CD áudio.
XIV. PLANEAMENTO DE COMUNICAÇÃO.
Com
esta análise pretende-se: Avaliar as potencialidades da comunicação em função
das oportunidades e ameaças do meio envolvente, inserindo a
empresa no seu contexto comunitário.
Determinar
os factores de sucesso das diversas componentes da comunicação, isto é,
ponderar os pontos fortes em que baseia a sua estratégia e as fraquezas
que deve procurar superar.
Analisar
e avaliar as forças e fraquezas da comunicação da empresa em função dos
concorrentes, de modo a identificar públicos-alvo e a direccionar as mensagens
institucionais ou de produto e serviço, procurando implementar um conjunto de
medidas, com o objectivo de obter vantagens mais competitivas.
Após
uma análise aprofundada sobre o SWOT da comunicação, desenvolve-se a estratégia
global de comunicação, que deve ser construída tendo por base os seguintes
parâmetros:
Objectivos: Objectivo global: o que se pretende como
resultado final de uma determinada campanha de comunicação. O objectivo global
subdivide-se em “N” objectivos secundários, de acordo com os resultados que se
pretende obter.
Objectivos secundários: subdivisão do objectivo
global. Os objectivos secundários no seu conjunto constituirão o resultado
pretendido como objectivo global.
Públicos: receptor das mensagens que se pretende transmitir.
Mensagem: o que se pretende transmitir.
Programa: conjunto de acções que se pretende
desenvolver.
Acções: actividades que vão dar resposta aos
objectivos previamente delineados.
Instrumentos: operacionalização das acções.
Calendarização: datas definidas para a realização
das acções.
Orçamentação: custos de produção e divulgação das
acções previamente programadas.
Deste modo, o planeamento estratégico de comunicação
deve ser sensível às alterações verificadas no contexto em que se desenvolve a
actividade da empresa, de modo a ser sensível às mudanças e aos desafios que se
levantam, procurando promover a imagem institucional ou dar a conhecer os seus
produtos e ou serviços. Assim, é possível traçar objectivos cada vez mais
ambiciosos, para garantir a continuidade da empresa e a obtenção de melhores
resultados no futuro.
COMUNICAÇÃO
GLOBAL:
A comunicação deve ser realizada através de um conjunto de técnicas que
constituem o mix da comunicação. A publicidade, promoção, relações públicas,
promoções, merchandising, eventos, patrocínios, mecenato são partes integrantes
desse mix.
As
técnicas que compõem o mix da comunicação devem ser analisadas e avaliadas no
processo de planeamento de uma estratégia de comunicação global.
O
mix da comunicação é utilizado pelas empresas modernas na gerência de um
complexo e incerto sistema de comunicação, planeando, implementando e
controlando os fluxos de informação.
A
comunicação global ao nível da empresa é constituída de 4 sistemas:
O
sistema de identificação (ser reconhecido para ser reconhecido) são todos os
meios destinados a facilitar o reconhecimento da empresa e dos seus produtos:
nomes, marcas, logótipos, design, produto.
O
sistema de comunidade comercial (comunicar para vender): as ferramentas são a
publicidade, a promoção de vendas, o marketing directo.
O
sistema de comunicação de pertença (comunicar para partilhar valores e
interesses comuns): favorece a adesão, a cooperação, o sentimento de pertença,
no seio da empresa e parceiros.
O
sistema de auditoria e de controlo (feedback): para que a comunicação seja
eficaz é preciso: uma vigilância atenta dos mercados, da tecnologia, da
concorrência; uma preocupação em dialogar (feedback) e uma medição sistemática
dos efeitos da comunicação.
XV. FUNÇÕES DE COMUNICAÇÃO NA EMPRESA:
As
funções de comunicação na empresa são: função informativa, função de integração
ou funções de valores, função retroacção, função sinal, função comportamental
ou argumentativa, função de mudança e função de imagem.
Funções de comunicação na empresa: Função informativa: A comunicação deve atingir todas as pessoas que
gravitam em torno da empresa e que têm necessidade de interagir com a empresa.
Função de integração ou
funções de valores: consiste em desenvolver na empresa, ao
pessoal interno e externo valores que vão para além da função económica.
Função
de integração: Diz respeito ao pessoal interno da empresa em que se
transmite os valores da empresa.
Desenvolve-se
o sentimento de inclusão que ultrapassa a função económica da empresa.
Função
retroacção: Trata-se do retorno da informação de baixo para
cima, permitindo que todos os que emitiram mensagens as reencontrem e controlem
a sua compreensão. Comunicação é relação por isso deve haver retorno para o
diálogo. O pessoal interno deve poder exprimir-se, explicar as causas do seu
mal-estar ou do seu descontentamento.
Função
sinal:
Consiste em emitir sinais e outras mensagens capazes de ir todas no mesmo
sentido. Levando a empresa a ser entendida como um todo coerente. Esta função é
importante na comunicação interna que utiliza muitos vectores passivos. Papel
de carta, vestuário e design veiculam a informação, as ordens, os métodos e
induzem a cultura da empresa.
Função
comportamental:
Procura dar ordens pedir explicitamente que se encaminhe numa direcção precisa.
Permite concretizar as decisões, fazendo-o colectivamente. Permite indicar
ordens claras e indispensáveis que tranquilizem o pessoal. Todo indivíduo
necessita, de obedecer a uma ordem vinda de uma autoridade estatutária, à qual
pertence ainda orientar toda a gente para uma mesma direcção.
A
função de mudança:
A comunicação é um meio para a mudança da imagem, mentalidade, atitudes,
relação e maneira de trabalhar com outros.
Função
imagem:
Transmite-se ao público uma boa imagem da empresa. Os Meios de comunicação a utilizar: Jornal: tem
sentido de oportunidade, beneficia o anunciante que pretende transmitir uma
mensagem rápida e convidativa a um grande número de pessoas, enquadrada
geográfica, social e profissionalmente. Rádio: Leva
a mensagem a qualquer parte. Faz simultaneamente o papel do veículo nacional e
local. A Televisão: É
caracterizada pela credibilidade e realismo com capacidade persuasora, atinge
alvos seleccionados na sua categoria socioeconómica, em maior número. A Internet:
É o primado da globalização da comunicação. Funciona como uma fonte de
informação adicional aos tradicionais.
XVI. CONDIÇÕES PARA UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ.
Os princípios de uma boa comunicação:
Não
querer dizer de mais: Uma das leis fundamentais da comunicação é a de que,
quanto mais complexa é a mensagem emitida, menos oportunidades tem de ser
percebida, compreendida e retida pelo destinatário. As pessoas a quem dirigem
as suas comunicações estão saturadas de informação e de mensagens de produto
que não lhes interessam.
A
repetição e a redundância: É preciso repetir sem cessar a mesma mensagem, para
que ela tenha uma hipótese de se impor num universo extremamente concorrencial.
A repetição é um princípio sobretudo da comunicação publicitária. As outras
formas de comunicação, como as relações públicas, funcionam mais pelo princípio
da redundância: diz-se a mesma coisa de diferentes maneiras.
A
continuidade e a duração: A repetição e redundância supõem que as acções de
comunicação se desenvolvam na continuidade. O imperativo a continuidade é
essencial. Mas as políticas de comunicação têm dois defeitos: Os investimentos
fazem-se muitas vezes de forma irregular no tempo; Os posicionamentos e as
promessas mudam demasiado. Todos os grandes exemplos de comunicação bem
sucedida têm como ponto comum a continuidade: o mesmo posicionamento, a mesma
promessa, o mesmo estilo, muitas vezes os mesmos media e a mesma agência.
A
continuidade permite à marca a conquista de um território de comunicação. Neste
espaço, a marca torna-se dona e senhora; mesmo que a promessa de base seja
pouco original, ela consegue captar a atenção do consumidor. Assim os sumos
Compal, como slogan “Compal é mesmo natural” conquistaram esse espaço na mente
do consumidor.
Por
um lado, diz respeito a vários produtos diferentes, assim como à empresa no seu
conjunto (comunicação institucional). Por outro lado, utiliza um grande número
de vectores: publicidade, relações públicas, patrocínios, operações
promocionais, merchandising.
É
necessário assegurar a unidade, a coerência das mensagens emitidas, que devem
ser convergentes ou complementares e não contraditórias.
Para
garantir tal coerência é importante definir, na empresa, uma política global de
comunicação.
Obrigação
de verdade: Acreditamos, muitas vezes, que a comunicação em
geral, e a publicidades em particular podem dizer um pouco “não importa o quê”,
desde que denotem fantasia, humor ou espectáculo. Não há dúvidas de que os
consumidores sabem, presentemente, ler as mensagens nas entrelinhas. Uma
promessa deve ser forte; a sua forma pode ser exagerada, mas não pode ser
completamente falsa.
Obrigação
de verdade: Exemplo: João, esqueceste-te do meu aniversário, não foi? Não tonta,
anda cá fora. Cá fora, à porta: Vês aquela estrela? É tua! Oh! Tão linda! Não
me tinha já dado esta estrela no ano passado? Não… era outra.
Deve ser respeitada uma
tripla obrigação: A verdade do produto (performances
essenciais). A verdade da empresa
(identidade, cultura). A verdade dos
consumidores (adaptada às suas expectativas fundamentais).
A
comunicação política é o exemplo de comunicação que não respeita a verdade do
produto (as promessas eleitorais), nem a verdade da empresa (no caso, a personalidade
do candidato e do seu partido), nem a verdade dos consumidores, que não gostam
muito da verborreia dos políticos.
BIBLIOGRAFIA:
- KATZ, Bernard, Comunicação poder da empresa. Editora
clássica, Lisboa, 1989.
-LINDON, Denis
et alli, Mercator XXI, Teoria e prática do marketing,
Dom Quixote, Lisboa, 2004.
-WESTWOOD, John,
Como redigir um plano de Marketing, práticas de gestão.
Europa-america, Lisoba, 1999.
- TEIXEIRA, Sebastião.
Gestão das organizações. Ed. MCGraw Hill. Lisboa. 1999.
-RASQUILHA,
Joaquim Caetano, Gestão e Planeamento de Comunicação.
Quimera editora, 2007.
- RASQUILHA,
Joaquim Caetano, Gestão da Comunicação. Quimera editora,
2007.
-RODRIGUES,
Adriano Duarte, As técnicas da Comunicação e da informação,
ed. Presença, Lisboa, 1999.
-WOLF, Mauro,
As teorias de comunicação, ed. Presença, Lisboa, 2003.
-FISKE, John,
Introdução ao Estudo da comunicação, ed. Asa,
Lisboa.1990.
-Departamento de
Comunicação Social do CELAM, Comunicação: Missão e
desafio. Ed. Paulinas, 1988. S. Paulo.
-Dicionário de
Teologia Moral, ed. Paulus. S. Paulo.1997.
-Manual de psicossociologia
das organizações. Ed. MCGraw Hill. Lisboa 2001.
JUSTIÇA SOCIAL
PROGRAMA
E BIBLIOGRAFIA.
A
RAZÃO DO CURSO:
A
justiça social uma questão, Antropológica, Ética, Moral, Sociológica, Política
e Econômica.
I.
CONCEITO
DE JUSTIÇA SOCIAL.
1.1.
Tentativas de definição.
1.2.
A justiça em Platão.
1.3.
A justiça em Aristóteles.
1.4.
A justiça em S. Agostinho.
1.5.
A justiça em S. Tomás de Aquino.
II.
As raízes antropológicas da Justiça Social.
2.1.
A pessoa, primeira raíz antropologica.
2.2.
A pessoa, como ipseidade e relacionalidade.
2.3.
A Pessoa como subjectividade e alteridade.
III.
A
evolução histórica de justiça social
3.1.
A génese de justiça social.
3.2.
Abertura ao processo dinâmico da história.
IV.
Justiça social na doutrina social da Igreja.
4.1.
A noção de doutrina social da Igreja
4.2.fundamento
da doutrina social
4.3.
Características da doutrina social
4.4.
Contexto em que nasceu a doutrina social.
4.5.
Linhas mestras da doutrina social.
V. O Universal humano da justiça.
5.1.
Significado geral e especifico de justiça.
5.2.
Direito e justiça: ordem jurídica e ordem moral.
5.3.
A justiça moral e social.
VI. Tipologia da justiça.
6.1.
A justiça geral e legal.
6.2.
A justiça particular.
6.3.
A justiça comutativa.
6.4.
A justiça distributiva.
VII. Instancias actuais e novas vias de justiça.
7.1.
Justiça e pessoa.
7.2.
Justiça e desenvolvimento.
7.3.
Justiça e libertação.
7.4.
Justiça e solidariedade.
I.
Conceito
de justiça.
1.1. Tentativas de
definição.
Justiça cósmica:
ocupação por cada coisa do seu lugar e adequação ao seu fim, segundo a lei
reguladora da ordem universal.(Os Verdes)
Justiça
divina: é a infalível perfeição da vontade de
Deus e da sua atuação em relação aos homens.
Justiça
univesal: virtude ética total ou plenitude
da bondade moral que na perspetiva bíblica e cristã, é sinonimo de
santidade.
Justiça
particular: diz respeito as relações sociais e
consistente no hábito da vontade que inclina o homem a dar a cada um o seu
direito.
Justiça
objectiva: é a simples atribuição a cada um do que
lhe é devido, qualquer que seja o ânimo do agente.
Justiça funcional e institucional:
é
actividade jurisdicional ou de administração da justiça.
Justiça
legal: é a norma, valor, fim ou principio regulador da
vida social, politica e jurídica, com conteúdo e alcance variáveis consoante as
concepções adoptadas.
A Justiça em Aristóteles. Aristóteles
nasceu em Estagira na Calcídica
(384 a.C e morreu em 322 a.C.). Filósofo grego, é considerado um
dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico.
Para elaborar sua teoria da justiça, Aristóteles parte de uma definição de
senso comum: "A justiça é a virtude
que nos leva a desejar o que é
justo " . No pensamento de Aristóteles há uma distinção entre dois tipos de justiça:
legal e igual - marca dois modos de se estabelecer o que é devido a outrem:
pela lei ou pela igualdade . A Justiça é uma virtude social. O Homem é justo
quando habitualmente não retira mais nem menos. é a constante e perpetua
vontade de dar a cada um o seu direito.
1.4.
A Justiça em S. Agostinho.
Agostinho
de Hipona nasceu em Tagaste 13 de Novembro de 354
e morreu em Hipona, 28 de Agosto de 430 foi um bispo
católico, teólogo e filósofo, considerado pelos católicos santo
e Doutor da Igreja. A
concepção de justiça de Agostinho propõe uma ordem global de vida individual e
em sociedade.
1.5. A JUSTIÇA EM S. TOMAS DE AQUINO.
São
Tomás de Aquino nasceu em Roccasecca em 1225 e faleceu em Fossanova, 7 de Março
1274) foi um frade dominicano, teólogo, distinto expoente da filosofia
escolástica. Na obra “Suma Teológica” desenvolve uma doutrina sistemática da
justiça como virtude cardeal, de índole social, definindo-a como hábito segundo
o qual, com constante e perpétua vontade, se dá a cada qual o seu direito. Aqui,
a justiça assume a modalidade da relação social. É a virtude que relaciona e
vincula os homens entre si e na sociedade segundo o critério de igualdade. No
conceito de Tomas, é justo o que corresponde ao outro segundo a igualdade.
II.AS
RAIZES ANTROPOLOGICAS DA JUSTIÇA SOCIAL.
Há
três raízes fundamentais que iluminam o sentido de justiça que são: a pessoa, o
outro e a sociedade.
A
Pessoa:
A busca do
sentido do homem conduz-nos, através dos diferentes níveis de consideração, à
descoberta de que no fundo de toda essa complexa realidade que chamamos “ser
humano” aparece a “pessoa” como núcleo último irredutível. A pessoa constitui o
“centro da existência humana”, (Karl Rahner). A pessoa é como que a estrutura
última de todo o humano.
A Pessoa como ipseidade
e relacionalidade: Há duas dimensões que concorrem para a entidade última
do ser pessoa e que são inseparáveis e complementares: a ipseidade e a
relacionalidade.
A ipseidade é uma componente ontológica da pessoa que alude à realidade
mais profunda de sustentação do ser humano. É a dimensão do “em si”, a fonte
das iniciativas pessoais. Isto funda a ideia de que a pessoa humana é
irredutível a um objecto, sendo um ego.sujeito inviolável, livre, criativo e
responsável. O
“ser-si-mesmo” encontra-se de uma ou outra maneira em todos os fenómenos
humanos. Onde esta falha não se realiza mais o homem enquanto homem.
A ipseidade abre-nos definitivamente a pessoa enquanto capaz de
assumir-se a si mesma.
A Relacionalidade: A Relacionalidade alude
àquela componente igualmente constitutiva da pessoa que impede que o “em si” se
esgoste na esterilidade de uma impossível auto-realização sem rosto. Este é
o rosto projectivo do “em si” da pessoa; sua dimensão de “ser-em-relação”
(o ser-com e o ser-para). Sem relacionalidade fica mutilado o sentido real do
“eu”. A explicação do “eu” inclui a presença do outro: a relacionalidade
torna-se indispensável para a compreensão da ipseidade. No entanto, na
relacionalidade encontramos já, a nível ontológico, o primeiro apoio
antropológico sobre o qual se deve fundamentar a justiça. Essa se
estabelece sobre a base de uma adequada harmonia das pessoas consigo mesmas e
da rectidão de relações com os demais.
Alteridade: o outro: A pessoa vive numa tensão relacional entre a
subjectividade e a alteridade (o
outro). Nenhuma pessoa está fechada em
si mesma. De facto, a pessoa humana só realiza na medida em que está em relação
com os demais, através duma dinâmica dialogal. Nenhuma pessoa está fechada em si mesma. Todas as
correntes ideológicas da história que quiseram encerrar o homem em si mesmo,
procurando absolutizar as suas prerrogativas ôntico-axiologicas
sem referencia ao outro, desembocaram inevitavelmente num
subjectivismo/individualismo fechado. De facto, a pessoa humana só realiza
na medida em que está em relação com os demais, através duma dinâmica dialogal.
Entretanto, existe uma alteridade horizontal
e outra vertical. A alteridade horizontal é aquela que nos coloca diante
do nosso semelhante (o outro que é como eu). Daqui decorre a justiça
horizontal, aquela relacionada aos outros numa reciprocidade simétrica
entre a auto-realização e a altero-realização.
Do ponto de vista da realização social do homem, a auto-realização
equivale sempre a altero- realização, pois o homem não persegue uma realização
intimística, orientada para dentro de si, mas para fora. Neste sentido podemos
dizer que o existir humano é um co-existir, o viver humano é um com-viver.
Assim, a consciência-experiencia da subjectividade é contemporaneamente
consciência experiência da alteridade. Alteridade vertical coloca-nos numa
inter-relação transcendente com o Ser supremo, o totalmente Outro, o Tu
Absoluto. Aqui não existe uma relação de reciprocidade simétrica, mas uma
relação de dependência ontológico-criatural da pessoa humana do Ser Supremo e
transcendente. Decorre desta relação a chamada justiça teologal que consiste em
atribuir a Deus tudo aquilo que lhe é devido: Reconhecimento, honra, gloria,
adoração.
A SOCIEDADE: O homem é um ser social. A vida do homem em
sociedade desenrola-se através de contactos entre pessoas. A vida social é uma
vida de relação.
III. EVOLUÇÃO HISTORICA
DE JUSTIÇA SOCIAL.
3.1. A
GENESE DE JUSTIÇA SOCIAL
O Direito como uma concepção mais pessoal e real, proporcionou à justiça
um carácter dinâmico e mais reformista da ordem a garantir. “ passou-se da
concepção do direito e da justiça como manutenção da ordem social a uma
concepção dinâmica do direito e da
justiça como postulado de mudança social”. Trata-se em primeiro lugar em
salvaguardar o direito primário da pessoa humana no contexto de uma
sociedade em transformação. A Justiça
liberta-se de uma legalidade solidificada sobre um modelo passado de vida
económico-politico-social para estar mais aberta a receber as exigências de liberdade
e igualdade demandadas pelos novos sistemas técnico-produtivas e pelas
novas sensibilidades da consciência humana. Estamos a nos referir da justiça legal para que
possa encontrar o carácter e o papel da justiça geral ( Aristóteles e S.
Tomás). É uma questão de devolver à justiça legal o seu objecto específico que
é o bem comum. A partir destas novas concepções nestes contextos desenvolve-se na
história a noção de justiça social. A sociedade moderna é sensível as questões
de justiça social e já não se reduz a um apanágio socialista, até porque o
magistério social da Igreja, a partir da encíclica Quadragésimo anno, de Pio XI
(1931) tornou-se um indicativo magisterial de notável alcance e incidência
ético-social. A justiça submerge como uma consciência crítica, e
denuncia todas as injustiças cometidas em nome da lei, das instituições e
estruturas na qual esta toma corpo. Ou seja, não se deve considerar a lei a
norma que não seja justa. A justiça social encarrega-se de todos os desajustes
entre lei e direito e esforça-se por restabelecer sua harmonia. A justiça social, como consciência inovadora
procura estabelecer efectivamente uma nova ordem social, ou seja, à justiça
exigida para os novos problemas do mundo de hoje. A justiça social surge assim
como justiça do bem comum entendido em relação com os novos equilíbrios
que é preciso determinar ou predeterminar para sua garantia. Desta feita a justiça social tem carácter “incoativo”;
uma vez adquiridas para a justiça legal as novas exigências. A Justiça social
tem também carácter profético porque tende a prevenir as injustiças
do sistema, a alargar os confins do direito e de sua tutela institucional,
exercendo um papel preventivo dos conflitos e violência sociais e garante da
paz social. Sendo assim, podemos dizer que a justiça social esta
estreitamente relacionada com a questão social, ou seja com os diversos
desequilíbrios nas relações sociais determinados pelas mudanças
cientifico-tecnicas e económico-produtivos, evidenciadas por uma mais aguda
consciência dos direitos humanos e por si mesmas pedem nova justiça. A primeira questão social, na qual se busca a
formação mesma da noção de justiça social foi a questão operária, nascida com a
revolução industrial no Século XIX, numa época de grandes transformações
sociais. “Segundo Pierre Léon, o
que é novo no século XIX não é o facto de haver dominação dos países poderosos
(militar, tecnológica e economicamente), sobre outros menos aptos para o
desenvolvimento e para a independência. Este tipo de dominação vinha já de
séculos anteriores. A novidade do século XIX surge, segundo aquele historiador,
ao nível da intensidade e da espessura das terras económicas, do fluxo de saída
de homens e para fora da Europa e da substituição das correntes e dos
interesses seculares dos negócios pelas obrigações da industrialização desigual
no Mundo… O “subdesenvolvimento”, herdeiro do conceito do “mundo dominado” ou
“atrasado”, revelar-se-à no século XX e será resultante do explosivo encontro
entre dinamismo demográfico e fraco desenvolvimento económico . A revolução industrial pode ser vista como um
processo pelo qual a sociedade adquiriu domínio sobre grandes fontes de energia
inanimada, desenvolvendo e empregando a tecnica, ou seja a aplicação dos
princípios científicos às actividades económicas. Surgem em consequência desta
revolução industrial, transformações profundas nas estruturas institucional,
cultural, politica e social. A tradicional divisão da justiça (tipologia da
justiça) não respondia suficientemente ao conflito patrões-operarios. A origem
do conflito é empresa capitalista, a proletarização do trabalho, as mudanças
radicais nas relações produtivas.
Revolução industrial, questão operaria: Demografica :Uma nova estrutura
demografica.Crescimento da população. Procura de bens industriais . Transformações agricolas .Emparcelamento.
Arroteamentos de drenagens. Novo sistema de rotação das culturas . Criação de
gado. Mecanização. Ampliação dos mercados. Interno e Externo :Livre
circulção de produtos, capitais e mão de obra, procura de combustivel,
alimentos, têxteis, transportes. Expansão do comercio internacional e colonial:
a rota triangular, a Inglaterra previlegiado. Tendencia altista dos preços.
Acumulação de forças produtivas Apelo ao mercado. Progressos tecnicos: maquinismo, divisão do
trabalho, dinamização bancaria. Aumento da produção e da produtividade, lucro
acrescido do Capitalismo Industrial.
Há aqui princípio e causa de grandes injustiças, autoproduzidas em
sistema perverso de multiplicação de lucros e de exploração do trabalho. Perante este cenário, a chamada justiça legal
estava inoperante ou era cúmplice, provocando graves consequências sobre o bem
comum e para a paz social. A questão social adquiriu hoje dimensões mundiais.
“Converteu-se em questão de subdsenvolvimento”
Sabe-se que a questão operária e a questão dramática do
subdesenvolvimento são determinados pelo lucro desmedido e exploração em escala
mundial reduzindo à miséria e à fome povos e continentes inteiros.
A questão operaria e do subdesenvolvimento popularizou a atenção da justiça social. Não queremos
aqui silenciar outras questões que surgem no tecido social. No entanto há que
começar a reflectir seriamente na questão social em relação com a segregação de
diferentes níveis: Uma questão feminina de emancipação e paridade de
dignidade da mulher;
Uma questão dos anciãos em relação com o envelhecimento da população e
segurança de velhice.
Uma questão demográfica motivada
pela superpopulação mundial;
Uma questão ecológica, pela
degradação do meio ambiente e as alterações da biosfera;
Uma questão nuclear em relação com o risco radioactivo.
Perante estas questões a justiça social surge como justiça de nova ordem
social; uma ordem de instituições e estruturas nas quais tome corpo a justiça,
a fim de que a sociedade possa desenvolver-se em harmonia e beneficiosa
“sinergia”.
Justiça social e questão
social: Desiquilibrios nas
relações sociais determinadas pelas mudanças tecnico-cientifico e
economico-produtivas.
Breve historial da
justiça social: O conceito de justiça social : recente
Formulação Moral e ético.
Origem: Revolução Industrial
Mudanças Profundas: Social, ética, Politica.
Social: Conflito Patrão e Operários. Empresa capitalista. Proletarização
. Mudanças radicais nas relações produtivas. Multiplicação de lucro. Exploração
do trabalho.
Ético: Dignidade humana .
Contributo da justiça social
à justiça legal: Justiça
geral ou legal: Norma objectiva, relações sociais.
Objecto próprio da
justiça: Regular as relações com
outro. A justiça social é balança: Subjectividade. Alteridade.
QUESTÕES SOCIAIS: Questão de subdsenvolvimento . Miséria . Fome. Segregação.
racial. Questão do género. Questão da velhice. Demográfica. Ecológica. Nuclear.
Questão social dimensão
mundial: Questão de
subdsenvolvimento . Miséria. Fome.
Outras questões de
justiça social: Segregação racial. Questão do género.
Outras questões de
justiça social: Questão da
velhice. Demográfica. Ecológica. Nuclear.
IV. A JUSTIÇA SOCIAL NA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA.
NOÇÃO:
DOUTRINA SOCIAL DA
IGREJA:
A nova expressão Justiça social foi introduzida no léxico do Magistério
social da Igreja pelo Papa Pio XI. Duas razões para a expressão:
1. A urgência de adequar o conceito de justiça à complexa e pertinente
novidade da questão social.
2. A pertinência metodologica de apoiar-se na originalidade do pensamento
de S. Tomás.
O Papa procura assumir a categoria da justiça social, aplicando-a a
premente situação social ligada a hormonização dos respectivos direitos
relativos ao capital e ao trabalho. Considera a Justiça Social em relação à
propriedade privada e com a justa distribuição da riqueza aos individuos e
grupos da mesma sociedade.
Em nome da justiça social, o Papa pede reformas profundas que garantam um
salário que corresponda não apenas ao trabalho em si, mas também ao ónus
familiar. Defende ainda as empresas contra a propotência da autoridade pública
que faria pesar sobre eles encargos injustificados.
Emergem aqui o objecto da justiça social que é a promoção do Bem
comum.
A organização de todos os âmbitos da vida social, jurídica, económica e
política dos povos deveria subornar-se ao critério da justiça social orientada
para a promoção do bem comum. A justiça legal de Tomás de Aquino pode ser
chamada também justiça social porque orientam o pensamento e acção pastorais em
relação aos problemas concretos da sociedade.
FUNDAMENTOS DA DOUTRINA
SOCIAL DA IGREJA.
O Clamor dos oprimidos, como vítimas de uma história que produz ao mesmo
tempo concentração de renda e exclusão social, consolida-se a opção
preferencial aos pobres.
A palavra de Deus: Antigo e Novo Testamento, como luz que ilumina a
realidade e desnuda as contradições da organização social e política em
confronto com o plano da criação. A sabedoria e a experiência multissecular do
Magistério da Igreja, em que se desenvolve uma série de orientações
fundamentais baseadas no mandamento do amor ao próximo.
A prática quotodiana dos cristãos e das comunidades eclesiais junto aos
sectores marginalizados, pobres. Através de acções desse tipo surgem soluções
criativas e novas organizações. A Produção teológica, como reflexão a partir da
fé que acompanha a práxis dos cristãos, com especial atenção para a teologia da
libertação,negra, política femenina.
A contribuição da ciência em suas mais variadas disciplinas, como
aproximação aos dados de uma realidade sempre cambiante. Suporte das ciências
socias e humanas para um conhecimento mais profundo do relacionamento entre as
pessoas e as sociedades. Abertura à riqueza inesgotável de pessoas, culturas e
povos distintos. Processo em que prevalece o ecumenismo e o diálogo
inter-religioso e em que aquilo que nos une é bem mais do que aquilo que nos
separa.
O pluralismo cultural e religioso faz do planeta um grande mosaico de
experiências humanas, o que exige um intercâmbio contínuo e reciprocamento
enriquecedor.
DOUTRINA
SOCIAL DA IGREJA.
São conjuntos de escritos, mensagens, cartas, enciclicas, exortações,
pronunciamentos, declarações que compõem o pensamento do Magisterio católico a
respeito da chamada questão social. O ensinamento origina-se do encontro da
mensagem evangélica, e de suas exigencias éticas, com os problemas que surgem
na vida da sociedade. As questões que daí emergem passam a ser matéria para a
reflexão moral que amadurece na Igreja
por meio da pesquisa cientifica, e inclusive mediante a experiencia da
comunidade cristã. Esta doutrina projecta-se sobre os aspectos éticos da vida,
sem descuidar dos aspectos técnicos do problema, para julgá-los com critério
moral. Baseando-se em principios sempre válidos, leva consigo julgamentos
contingentes, já que se desenvolve em função das circunstancias dinamicas da
história e se orienta essencialmente para acção ou práxis cristã.
ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA.
1. Exigências éticas derivadas da dimensão social do Evangelho.
2. Imperativos da realidade socioeconômica e político-cultural do mundo
em que vivemos.
3. Reflexão moral que confronta a mensagem evangélica com a situação
histórica.
4. Acção ou práxis sociotransformadora.
LINHAS
MESTRAS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA.
Centralidade e dignidade da pessoa. O primado do trabalho sobre o capital.
O bem comum. O desenvolvimento integral. O papel do estado. Propriedade
privada.
CENTRALIDADE E
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: diz respeito a promoção integral
do homem, a liberdade de expressão e de
religião, a defesa incondicional da vida, o combate preconceito, discriminação
e racismo.A dignidade da pessoa humana deve ser o objectivo último da produção
de bens, da organização política e das expressões culturais.
O ser humano é autor, centro e fim do desenvolvimento econômico. Por
isso, a urgência na promoção integral do homem, a liberdade de expressão e de
religião, a defesa incondicional da vida, o combate a todo tipo de preconceito,
a discriminação , racismo, a pobreza, a fome e
a violência. A dignidade humana passa necessariamente em criar
condições reais de vida, promovendo os direitos
fundamentais: a alimentaçã, saúde, educação, trabalho, habitação.
A PRIORIDADE DO
TRABALHO SOBRE O CAPITAL: levanta
questões relativas ao salário justo, à subsistencia familiar e ao desemprego.
Pelo trabalho o ser humano se realiza plenamente, ao mesmo tempo colabora
com a obra da criação. Pelo trabalho o ser humano transforma as coisas e
transforma-se a si mesmo e a convivência
com os demais. Pelo trabalho o ser
humano poderá fazer de sua vida e de seu espírito uma constante transformação,
tal como pelas suas próprias mãos, o ser humano é capaz de modificar a matéria
bruta em algo novo e útil.
Por isso, deve-se exigir um salário justo, lutar contra a subsistência
familiar e contra o desemprego. Para tal deve-se defender e reafirmar a
primazia do trabalho sobre a acumulação de lucros por parte do capital.
Em suma, buscando a perfeição de sua obra, o trabalhador pode, ao mesmo
tempo, iniciar o processo de aperfeiçoamento de si mesmo e da sociedade.
O BEM COMUM: Ter em conta a função social da propriedade,
destino universal dos bens, deveres do Estado para com o bem-estar da
população, a participação de todos na busca do bem comum. O bem comum está
acima do individualismo, dos interesses de classe e do lucro privado.
O bem de cada um está subordinado ao bem comum. O Estado é responsável
pela defesa dos direitos econômicos, sociais e culturais de cada cidadão. O bem
comum orienta-nos para a função social da propriedade, o destino universal dos
bens e os deveres do Estado para com o bem-estar da população e a participação
de todos na busca do bem comum.
DESENVOLVIMENTO
INTEGRAL: chama atenção a diferença abismal entre o crescimento
economico e desenvolvimento social.
O desenvolvimento é o novo nome da paz. E a paz é fruto da justiça, ou
seja na justa distribuição dos bens do progresso.
A tecnologia deve ser um instrumento a serviço do homem e do bem comum.
O PAPEL DO ESTADO:
O Estado deve ter como obrigação: a previdência social, a saúde publica,
a educação, a abertura de novos postos de trabalho, a garantia dos direitos dos
trabalhadores: O Estado deve respeitar o principio da Subidiariedade que
havemos de falar mais adiante. Este principio diz que o Estado não deve tomar
sobre si as tarefas que podem ser realizadas pelas organizações da sociedade
civil nem jogar sobre estas o peso de certos encargos que são de competência do
Estado.
O Estado deve intermediar tensões entre capital e trabalho, patrões e
empregados.
O Estado deve construir relações internacionais que possam garantir a
paz.
PROPRIEDADE PRIVADA: Trata-se em compreender o uso correto, pois toda a
propriedade, antes de ser um bem pessoal e privado, deve estar subordinada aos
interesses maiores da sociedade, ou seja
ao bem comum. A
propriedade privada tem uma função social, por isso, as urgencias básicas e
prementes de garantir a vida estão acima da simples manutenção do título.
Aplicação
pratica do conceito.
As conseqüências extraídas deste conceito são radicais: para a justiça social,
os seres humanos, considerados como pessoas, são iguais e, portanto, toda
desigualdade em aspectos constitutivos da pessoa, como é o caso das suas
necessidades materiais básicas, deve ser afastada.
Assim, pois, os regimes de seguro e de previdência em geral não devem
diferenciar-se notavelmente, qualquer que seja o sector em que os
beneficiários exerçam a sua actividade ou de que tirem seus proveitos.
A previdência deve ser considerada como "um bom instrumento para
atenuar a diferença entre as diversas classes sociais." O conceito de justiça social, na ética social
cristã, faz exigências bem precisas, portanto, excluindo a possibilidade de
receber qualquer conteúdo: a consideração do ser humano apenas na sua condição
de pessoa exige que todos sejam considerados na sua igual dignidade.
Assim, na previdência social, deve ser buscada, por uma
exigência de justiça social, a maior igualdade possível entre os benefícios:
"não corresponde às normas da justiça social e da equidade o
estabelecimento de um sistema de seguros e de previdência social para os
agricultores, inferior ao das outras categorias sociais. Assim, pois, os
regimes de seguro e de previdência em geral não devem diferenciar-se
notavelmente, qualquer que seja o setor em que os beneficiários exerçam
a sua atividade ou de que tirem seus proveitos.
No plano socio-econômico, isto significa igualdade material.
CARACTERISTICAS.
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA. As caracteristicas da Doutrina Social da
Igreja encontram-se na encíclica Centisimus Ano.
A Doutrina Social da Igreja justifica-se a partir da atenção ao homem
real e concreto, entendido como ser social, que vive em sociedade.
A Doutrina Social da Igreja preocupa-se com todos os demais problemas que
afetam o homem.
A vida em sociedade é condição necessária, para a conservação da espécie
humana, para o progresso material e moral. Só em sociedade o homem pode
assegurar a sua subsistência, satisfazer as suas necessidades e prosseguir os
seus fins.
O homem vive em
sociedade. Sociedade
que reune as seguintes requisitos:
Forma conjugada de actuação: agirem concertadamente para a obtenção de um
fim. (grupo que vê futebol não é sociedade).
Existência de
finalidades comuns: o grupo tem de ter uma finalidade colectiva
independente das finalidades individuais de cada um dos membros do grupo. Os
diversos membros colaboram na prossecução do fim colectivo, através dos seus
contributos individuais. Há cooperação e auxílio mútuo entre os sujeitos do
agrupamento(na praça há finalides diferentes de compra e venda).
Estabilidade: deve manter-se alguma permanencia e duração. (os
que ajudam vitimas de cheias).
Sociedade é um aglomerado de pessoas que, através de uma forma conjugada
de actuação, prosseguem finalidades comuns, de um modo estável e a pessoa
concreta vive nesta sociedade.
A Doutrina Social da Igreja é fundamento e estímulo para a ação, torna-se-á digna de crédito pelo
testemunho das obras: é ai que encontra sentido a opção preferencial pelos
pobres.
A mensagem social encontra credibilidade pelo testemunho das obras. A
opção não deve ser descriminatoria. A Doutrina Social da Igreja exige a
promoção da justiça: não só dando do supérfluo, mas ajudando os povos a entrar
no círculo do desenvolvimento, transformando as estruturas, criando órgãos
internacionais de controle e orientação. Ajudar povos inteiros excluidos ou
marginalizados a entrarem no circulo do desenvolvimento econômico e humano e
faz-se usando o superfluo, porque o mundo produz em abundancia, alterando os
estilos de vida, os modelos de produção e de consumo.
ENCICLICAS.
RERUM NOVARUM.
Escrita pelo Papa Leão XIII em 1891.
1-8: Define os direitos e deveres
do capital e do trabalho.
9-12: A família, pequena sociedade doméstica, é também ela anterior ao
Estado, e goza de direitos e deveres próprio.
3-20: O contributo da Igreja é fundamental. Inumeras organazições da
Igreja procuram melhorar as condições de vida dos trabalhadores.
21-25: A Igreja não se limita a apontar as soluções de fundo, mas procura
aplicá-las: pela formação das pessoas.
26-35: O Estado compete colaborar pela justiça das suas leis e da sua
admnistração, procurando o bem de todos, mas promovendo os interesses dos
pobres.
36-45: As associações de patrões e de trabalhadores têm um papel
importante no apoio aos seus membros e na regulamentação das relações de
trabalho, evitando intervenções excessivas do Estado.
QUADRAGESIMO ANNO.
A Encíclica Quadragesimo anno de Pio XI, de 1931, é a primeira das
Encíclicas sociais a utilizar o termo "justiça social".
1-15:Questão social, aniversario da Rerum Novarum.
16-40: Nascimento da Ciencia social da Igreja Católica.
41-52: A Missão da Igreja é encaminhar todos para a felicidade eterna,
mas não pode deixar de intervir também em tudo o que se refere á moral.
53-75: A riqueza nasce das mãos de quem trabalha, mas também das
matérias-primas e das forças da natureza que o Criador nos deu.
76-98: Empreender a reforma das instituições.
99-126: Quando o capital não respeita a dignidade humana dos operários é
injustiça.
127-148: A raiz do mal está em muitos procurarem-se a si, mais que todo e
acima de todos.
BENIGNITAS ET
HUMANITAS.
1-6: O nascimento da esperança a partir da destruição da guerra para uma
renovação profunda do mundo.
7-13: Crescimento da tendencia democratica é condição para a criação de
um sistema de governo mais compatível com a dignidade humana e a liberdade dos
cidadãos.
14-19: O direito do cidadão em democracia consiste em manifestar o seu
parecer sobre os deveres e sacrificios que lhe são impostos.
20-30: Os direitos e deveres do
Estado democratico e que deve exercer no sentido da ordem absoluta dos seres e
dos fins.
31-41. A democracia exige uma grande maturidade moral de cada cidadão.
42-47: Os povos sentem o desejo de tomar nas mãos as rédeas do seu
próprio destino.
POPULORUM PROPRESSIO.
Escrita pelo Papa Leão XIII em 1891.
1-11: Os paises pobres sofrem as desigualdades de riqueza, de
abastecimentos alimentares e de exercicio de poder.
12-21:Fala do desenvolvimento autentico do ser humano.
22-33: O mundo foi criado para assegurar às pessoas os bens necessários à
vida e os instrumentos para o seu progresso.
34-42: A economia e a tecnologia devem servir a humanidade. O crescimento
económico depende do progresso social.
43-60: As Nações ricas devem: prestar auxilio material, estabelecer
melhores relações comerciais com os paises pobres e viabilizar a caridade
universal.
61-70: A justiça social apela a um comercio internacional mais humano e
moral e com igualdade de oportunidades para todos.
71-87: A solidariedade dos pais ricos para com os pobres em enviar
peritos e tecnicos devem permanecer
depois dos programas terminarem.
LABOREM EXERCENS.
Escrita pelo Papa João Paulo II.
0-3: O trabalho é uma das
caracteristicas que distinguem o ser humano de outras criaturas.
4-10: O trabalho é uma dimensão
essencial da vida humana. Pelo trabalho o homem alcança o domínio sobre a
terra.
11-15: Fala do conflito entre ocapital e trabalho. Conflito
sócio-económico ideologico entre o liberalismo e marxismo.
16-23: Fala do respeito pelos direitos dos trabalhadores como critério
adequado e fundamental para a estruturação da economia.
SOLLICITUDO REI
SOCIALIS.
Esta enciclica foi escrita pelo
Papa João Paulo II.
1-4: A solicitude social da Igreja
tem como fim o desenvolvimento autêntico da pessoa e da sociedade.
5-10: A paz só será possível num mundo dominado pela solicitude de todos
pelo bem comum do género humano.
11-26: A situçaão do mundo actual:
miséria, alargamento do fosso Norte-Sul que compromete a unidade do género
humano.
LABOREM EXERCENS.
Escrita pelo Papa João Paulo II.
27-34: A acumulação de bens e serviços não basta para a felicidade.
35-40: A falta de vontade politica é um obstáculo para o desenvolvimento.
41-45: Não se deve reduzir a problema tecnico aquilo que diz respeito à
dignidade da pessoa e dos povos.
46-49: O desenvolvimento deve ser também cultural e religioso.
V.
O UNIVERSAL HUMANO DA JUSTIÇA.
A ideia de justiça é conceito imposto à consciência
como critério exiológico-normativo. Coexiste com a consciência ética da
humanidade e do indivíduo.
SIGNIFICADO GERAL E
ESPECIFICO DE JUSTIÇA:
A justiça identificada com a moralidade é a virtude que induz a cumprir o
devido como simples exigência da ordem e da harmonia.
Significado
geral. O
significado geral da justiça apresenta-se como uma atitude consciente à instância ética do “dever”
e ordena seu cumprimento. A Justiça é neste sentido a expressão da moralidade
humana: atitude adequada.
O significado geral nos
remete para o conceito aristotélico da justiça como virtude que convida a
cumprir o que é justo; para a definição de justiça de Platão: “fazer cada um o
seu dever”.
SIGNIFICADO ESPECIFICO DE JUSTIÇA.
Por seu lado o
significado específico de justiça assume como modalidade
a relação social. É a atitude que relaciona e vincula os homens entre si e na sociedade segundo o critério de
igualdade.
Aspectos
distintivos da justiça:
a alteridade: a
justiça diz sempre e por si mesma relação ao outro, pois não existe justiça
para consigo mesmo.
a obrigatoriedade:
o dever de sujeito agente correlativo ao direito do outro a exigir respeito e
reparação.
a
igualdade: que
estabelece a qualidade da relação e a medida do devido: “é justo o que
corresponde ao outro segundo a igualdade”(S. Tomás de Aquino): Justiça é a
virtude pela qual se atribui a cada um o seu com vontade constante e perfeita.
DIREITO
E JUSTIÇA: A ORDEM JURIDICA E ORDEM MORAL DA JUSTIÇA.
A justiça é a atitude
humana suscitada pela presença do direito. O Direito é o ser de uma pessoa ou
seja aquilo que lhe pertence e corresponde como próprio e inalienável e suscita
no outro o dever de respeito, da atribuição ou da restituição. A justiça é a
virtude que assume este dever e lhe dá cumprimento.
A
ORDEM JURIDICA DA JUSTIÇA.
Extrai sua capacidade
de exigência no direito em si mesmo. O primeiro vínculo da justiça é a ordem jurídica que é um vínculo exterior e objectivo ligado à força incoercível do
direito, do bem devido. A medida da justiça é estabelecida pelo critério da
igualdade na relação. O direito é um bem objectivamente tal, com independência
de mim, da acolhida-adesão de minha liberdade. Como tal é fonte de ordem
jurídica, distinta da ordem moral. Isto quer dizer que se pode ser justo pelo
simples e formal reconhecimento e respeito do direito alheio. O direito uma vez
codificado e garantido pela lei, pode ser respeitado como simples cumprimento
legal, ou também como coerção da lei.
A justiça vincula a
título jurídico e ético. É
atitude e acto humano e como tal participa de uma ordem moral que lhe confere
consistência nova.
A ordem moral não se justapõe à ordem jurídica, mas assume,
integra e eleva ao nível do reconhecimento pessoal e do encontro interpessoal.
O respeito formal ou legal do direito fica assim subtraído ao perigo do
anonimato; a própria observância formal e legal é elevada a adesão e
cumprimento pessoal; a conveniência cede ou vai acompanhada da benevolência.
O Tipo de relação
social que a justiça social se propõe a regular:
Sendo um conceito moral, o conceito de justiça diz respeito a realização de
um determinado bem. Sendo assim, deve-se determinar o bem que a justiça social
persegue. A justiça diz respeito à acção humana. Deve-se especificar, qual é o
tipo de actividade em que a justiça social é aplicada. Em seguida, deve-se
explorar como se manifestam na espécie justiça social, os elementos do género
justiça: alteridade, dever e adequação.
Regulação
da justiça.
A alteridade aponta para o facto da justiça só ter lugar entre sujeitos distintos.
Não diz respeito às relações do sujeito consigo mesmo.
O dever
significa que algo será atribuído a alguém por uma "necessidade
racional" e não por caridade, generosidade e amizade.
A adequação diz respeito ao modo de determinação daquilo que é devido, ou seja, a
justiça proporciona um critério para a determinação do que é devido.
A fórmula
genérica da justiça se expressa nos seguintes termos: "dar a cada um o que
lhe é devido".
A relação regulada pela justiça social
A relação
regulada pela justiça social: o indivíduo e a comunidade.
A
tradição identificou três: a relação do indivíduo com outro indivíduo (relação
de parte com a parte)
A relação da comunidade com o indivíduo
(relação do todo com a parte)
A relação do indivíduo com a comunidade
(relação da parte com o todo).
A justiça comutativa trata da relação entre dois indivíduos. Ela trata,
portanto, na terminologia da tradição, de relações da parte com a parte no
interior do todo social.
A justiça distributiva tem como objecto as relações da comunidade com os
seus membros. Ela distribui aquilo que pertence à comunidade (bens ou encargos)
entre os indivíduos que a compõem.
A justiça social, por sua vez, trata das relações do indivíduo com a
comunidade.
Deste modo, a justiça social, trata daquilo que é devido à comunidade e
determinar quais são os deveres em relação a todos os membros da comunidade.
Assim, a justiça social, ao regular as relações do indivíduo com a
comunidade, não faz mais do que regular as relações do indivíduo com outros
indivíduos, considerados apenas na sua condição de membros da comunidade.
Objecto da justiça
social.
A justiça social tem
por objecto o bem comum.
Na justiça social, visa-se
directamente o bem comum. O ser humano é considerado "em comum", como
diz Tomás de Aquino.
Numa sociedade de iguais, isto significa que o outro é considerado,
simplesmente por sua condição de pessoa humana, membro da comunidade.
Assim, o que é devido a um é devido a todos, e o benefício de um recai
sobre todos.
Por exemplo, no direito ambiental, o acto de não poluir é algo
devido não a este ou àquele indivíduo, mas é devido a todos os membros da
comunidade.
O direito penal, nesta perspectiva, é uma expressão da justiça
social: protege-se a pessoa humana como tal, e não este ou aquele membro.
Por isso, uma ofensa a um membro é uma ofensa a toda comunidade, e a sua
punição (em alguns casos) não depende da iniciativa do indivíduo singular, mas
é assumida por um órgão da comunidade.
A existência da pena deve-se à justiça social, ao passo que a
quantificação da pena fica a cargo da justiça comutativa.
A actividade própria da
justiça social: o reconhecimento.
A justiça incide sobre um determinado tipo de actividade social. Deste
modo, numa actividade social de distribuição de bens e encargos, tem-se a
justiça distributiva como padrão orientador.
A actividade própria da
justiça social: o reconhecimento.
Na actividade de troca de bens, ou de um modo mais amplo, nas relações
intersubjectivas, está presente a justiça comutativa.
A justiça social regula uma prática social mais complexa, a prática do
"reconhecimento.
Por reconhecimento, entende-se aqui a prática de considerar o outro como
sujeito de direito ou pessoa, isto é, como um ser que é "fim em si
mesmo" e que possui uma "dignidade"que é o fundamento de
direitos e deveres.
Um sujeito de direito ou pessoa só se constitui como tal se for
reconhecido por outro sujeito de direito ou pessoa: "O imperativo do
direito é portanto: sê uma pessoa e respeita os outros como pessoas". A
justiça social diz respeito precisamente a esta prática de mútuo reconhecimento
no interior de uma comunidade.
A justiça social suprime toda sorte de privilégios, no sentido de uma
desigualdade de direitos. Cada um só possui os direitos que aceita para os
outros, ou seja, cada um é sujeito de direito na mesma medida em que reconhece
o outro como sujeito de direito. Na medida em que os demais membros não
reconhecem os direitos de alguém, este fica desobrigado de reconhecer os
direitos dos demais.
A recusa no reconhecimento destrói a comunidade dos sujeitos de direito.
Aquele que não é reconhecido como sujeito de direitos no interior da
comunidade, também não é sujeito de deveres.
Na medida em que os demais membros não reconhecem os direitos de alguém,
este não é obrigado em reconhecer os direitos dos demais.
A alteridade na justiça
social: a pessoa humana:
Deve-se determinar o outro, que é o sujeito beneficiado na relação de
justiça.
Quanto ao sujeito da justiça comutativa é abstracto.
Como afirma Aristóteles, "a lei somente considera a espécie do dano
e trata como iguais aquele que comete a injustiça e aquele que a sofre"
isto é, a lei não leva em consideração as qualidades pessoais daquele que
provocou um dano e daquele que o sofreu, no momento de determinar o valor de
uma indemnização.
O sujeito que provocou o dano é considerado somente na sua qualidade de ofensor
e aquele que o sofreu é considerado apenas como vítima, sendo abstraídas
todas as suas qualidades pessoais e sociais.
VI. Tipologia da justiça.
A Tipologia de Justiça divide-se em Justiça geral, justiça legal e em Justiça
particular.
A justiça dá firmeza, promove e
defende o direito dos indivíduos e grupos. A justiça dá forma e alenta modos
diferentes de equilíbrio, segundo os diversos direitos em jogo: justiça geral e
particular, segundo os diversos sujeitos do direito e do correlativo dever: a
justiça comutativa, distributiva e legal.
Justiça geral ou legal.
A Justiça geral ou legal tem como
objecto o Bem comum. O Bem Comum é o
direito próprio da sociedade, bem de todos. É o Conjunto de condições da
vida social que permitem aos grupos e aos particulares alcançar a própria
perfeição.
Justiça geral.
Ordena as opções e os actos das partes ao bem do todo. Orienta tudo ao
bem comum.
Fundamento da justiça
geral e legal.
Estrutura social e sociável do ser humano.
Sujeito de direito é a sociedade, cujo bem todos os membros e grupos
particulares são obrigados a perseguir com o cumprimento dos seus respectivos
deveres.
Justiça legal.
É a justiça geral que toma corpo na lei que a codifica e formula suas
exigências. A justiça legal vincula o
legislador a tornar-se em promotor e garante de leis justas. A justiça legal
obriga a sociedade a observar as leis como contribuição ao bem comum.
Função da justiça
legal.
Denunciar como injusta actividade particularista e classista. Transgressão
da lei e evasão de suas obrigações. Corrigir a ideia que o bem comum não é de
ninguém.
Perigo da justiça legal.
Há Influência do voluntarismo:
justiça legal é um decreto arbitrário da autoridade estatal. A justiça legal é lei positiva. Garante da
ordem constituída.
Consequência.
Surge como a Justiça encrustada na
lei e fonte de prevílegios e diferenças entre pessoas grupos sociais.
O Carácter da justiça
legal.
Justiça social: defende e promove
o direito segundo nexos diversos, mediante os quais os indivíduos e os grupos
entram em relação entre si e com a sociedade. Defende o direito transpessoal,
em beneficio das pessoas em sociedade.
Justiça particular:
comutativa e distributiva.
A justiça particular: é uma virtude puramente social. Assim o homem é
justo quando habitualmente não retira mais do que a sua parte dos bens em
disputa no grupo social, nem menos do que a sua parte das dívidas, dos encargos
e dos trabalhos.
Justiça particular:
Na concepção judaico-cristã, a justiça reporta-se a Deus e à Sua Lei, que
visa o Paraíso. A Lei de Deus, critério de justiça, representa um ideal de
ordem de valores e de comportamentos na vida dirigida a uma perfeição
representada ou premiada com um Paraíso. É a justiça Moral concretizada na
Santidade.
A justiça particular surge como um princípio de ordenação da vida em
sociedade que pretende fundamentar a conduta do homem.
É a justiça particular que censura, perspectiva e hierarquiza todos os
valores morais e culturais existentes na sociedade.
É a justiça do bem privado: ela ordena ao bem de uma pessoa particular ou
de um grupo de pessoas com personalidade moral.
Justiça particular:
comutativa e distributiva.
A partir do momento em que a pessoa individual ou grupo particular pode
ser sujeito de direito na estreita individualidade e autonomia e como membro
duma sociedade, a justiça particular assume respectivamente duas formas: a
comutativa e a distributiva.
A justiça comutativa.
Regula a justa relação entre pessoas singulares ou grupos de pessoas. É
uma relação de justiça inter-individual onde ambas as partes são reciprocamente
sujeitos de direitos e de deveres ou uma parte como sujeito de direito e outra
como sujeito do respectivo dever.
Este é o tipo de justiça vigente nos contratos e nas operações de câmbio.
Ela é caracterizada pela perfeita alteridade e paridade das partes e dá a cada
um segundo uma avaliação numérica, aritmética, ou seja, quantitativamente bem
definido (igualdade aritmética).
Função da justiça
comutativa.
Se a justiça comutativa rege as relações interpessoais, então a sua
função consiste em corrigir os desequilíbrios que se verifiquem nas relações
recíprocas entre os membros da
sociedade. É a estas relações que se destina a justiça comutativa, razão pela
qual esta espécie de justiça também se designa de justiça correctiva ou
rectificadora.
A justiça comutativa pretende evitar que cada uma das partes contrapostas
numa determinada relação jurídica receba, ou dê, de mais ou de menos. Visa
restabelecer ou corrigir os desequilibrios que se verifiquem nas relações
interpessoais. (ex. Enrequicimentos ilicitos).
Princípios da justiça
comutativa.
Principio de Igualdade: A justiça comutativa, que preside directamente às
relações contratuais, é orientada por um critério de igualdade aritmética de
natureza objectiva e também subjectiva.
Principio de
reciprocidade.
Só se pode exigir dos outros aquilo que se considere ser justo e que os
outros exigissem de nós se nos encontrássemos na mesma situação. Para que o
vínculo jurídico que liga os diversos sujeitos que se relacionam seja justo, é
necessário que estes se encontrem numa situação inicial equivalente.
Situação inicial equivalente ou seja a sua posição relativa não pode ser
de molde a que um deles fique submetido ao arbítrio do outro.
Se a falta de equivalência existente entre as partes é de tal monta que
uma delas actua em condições que não possam ser positivamente valoradas em
termos de reciprocidade, daí resultando benefícios que não tenham justificação
à luz do princípio da igualdade, a relação é uma relação injusta, viola a
justiça comutativa.
Justiça distributiva.
A justiça distributiva é uma das três especies da justiça que segue o
criterio de alteridade. A justiça distributiva no geral diz respeito aos
deveres da sociedade na distribuição dos bens comuns para com os seus
membros.
Rege-se segundo um critério de igualdade proporcional que atende à
finalidade da distribuição e à situação dos sujeitos (méritos e necessidades). É
a justiça própria das relações de subordinação e pertence ao direito
público.
Alguns conceitos de
justiça distributiva.
Vamos falar do Bem comum da Proporcionalidade
e do Direito Público.
O Bem Comum.
É função da autoridade politica de uma Nação cuidar do bem comum,
coordenar e animar as iniciativas das pessoas, das famílias e dos grupos no
sentido da criação continuada. O Estado
deve facilitar que a sociedade desenvolva as forças produtivas e sua própria
organização. O bem comum exige das autoridades políticas a ampliação e o acesso
do maior número de pessoas às condições materiais que lhe permitam vida digna,
irradicando a pobreza. Recorda-se que a pessoa humana é fim e o poder público é
meio. Sendo assim o Estado deve estar ao serviço das pessoas: Matendo a ordem e
a paz. Construindo melhores condições de vida. Facilitando aos cidadãos para
que tenham acesso às condições e bens
para uma vida mais humana.
Há dois princípios que regem o Bem comum e que são, dum lado
complementares e por outro, em tensão dialéctica, orientando o serviço do
Estado ao bem comum. Estes princípios são o da Solidariedade e o da subsidiariedade.
Princípio da
solidadariedade.
Este princípio exige a superação de todo o individualismo pessoal e
grupal como o corporativismo. A solidariedade tem como fundamento a
antropologia influenciada pela concepção judaico-cristã que diz que não se pode
ser feliz plenamente, se o outro não é feliz ou ainda, não se é inteiramente
livre se interaje com quem não tem condições de liberdade.
A solidariedade requer também que cada cidadão se sinta responsável pelo
outro e que esteja determinado a agir de uma forma concreta ao serviço dos
outros. A solidariedade é determinação firme e perseverante de se empenhar pelo
bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos
verdadeiramente responsáveis por todos.
Sendo assim, segundo este principio, defende a intervenção directa do
Estado, sobretudo a autoridade central na correcção das assemetrias regionais,
estimulando o desenvolvimento das provincias, para que não haja pronvincias
pobres e ricas.
Princípio de
subsidiariedade.
Este princípio obriga que as decisões das autoridades sejam tomadas o
mais próximo das pessoas, das famílias, dos grupos , (autarquias). Ou seja o
Estado deve proteger e estimular a iniciativa dos cidadãos, visando à autonomia.
Princípio da
proporcionalidade:
De acordo com este princípio, cada regra de Direito tem de escolher os
meios adequados ao fim que pretende atingir e que justificou o seu
aparecimento, não podendo optar por meios excessivos ou desajustados para o alcançar.
Ou seja,há na justiça uma ideia de proporção em que o direito positivo
concretiza-se entre os factos e as consequências, entre o que se dá e o que se
recebe, o que se exige e o que se presta, entre os delitos e as penas e na
distribuição dos direitos e dos deveres correlativos (confere lei do Talião).
Direito público.
O direito público é a que respeita ao Estado. O direito público rege-se
pelos critérios do interesse, de qualidade
da posição do sujeito na relação jurídica.
Critério de interesse:
São normas de direito público as que respeitam o interesse geral da
comunidade e que as normas jurídicas
prossigam o interesse público, ou seja é direito público quando a norma
prossegue directa, predominantemente ou essencialmente o interesse geral da comunidade.
Critério de qualidade
do sujeito:
Este atende a qualidade do sujeito na relação ou situação regulada pela
norma juridica em causa. Este criterio distintivo deixa de se situar na própria
norma jurídica e passa para a situação ou relação jurídica regulada por ela.
Critério de posição:
O Estado, assim como qualquer outra pessoa colectiva pública, é dotada de
uma autoridade, designada por poder de mando ou poder de autoridade, de que os
outros sujeitos juridicos não gozam. Este poder permite a quem dele for titular
intervir nas relações juridicas numa posição de superioridade , de autoridade.
Só o Estado, e em certa medida outras pessoas colectivas públicas, é que
podem ser titulares do poder de mando. Esta exclusividade justifica-se na
medida em que é, fundamentalmente, ao Estado que cabe prosseguir os interesses
gerais da sociedade.
Justiça distributiva.
O modelo da igualdade quantitativa
tem seu reflexo, com critérios de justiça, no plano de nexos
comutativos. Não se pode determinar aqui com o critério do equilibrio
comutativo nem com o do mesmo indistintamente para todos.
Com relação a sociedade, os
particulares acham-se em condições e situações diferentes, que requerem por si
mesmas nexos equitativos necessariamente diversos. Há que ter em conta a
diversidade de méritos e de capacidades e também limitações e necessidades dos
cidadãos. Assim, a atribuição do direito segundo a justiça não pode ser uma
divisão em partes numericamente iguais, nem a contrapartida exacta de impostos
e prestações (legitima unicamente nas relações estritamente comutativas entre
Estado e cidadão).
Mas, a distribuição tem de ser
feita em partes proporcionalmente iguais. A igualdade não se obtém por
determinação aritmética, mas geometrica. Ele legitima a distribuição diversa de
bens e de cargos na sociedade sem faltar à justiça, senão dando-lhe
cumprimento.
Na justiça distributiva, o sujeito passivo é o indivíduo em relação à
sociedade ou comunidade de pertença. Este, por sua vez, aparece como sujeito
activo por meio dos seus órgãos oficiais.
O objecto da justiça é repartir proporcionalmente os beneficios e os ónus
da sociedade entre os seus membros (cargos oficiais, benefícios, segurança
social, subsídios). A justiça distributiva regula a justa relação entre a
sociedade e os seus componentes. O sujeito de direito é o indivíduo (ou grupo)
enquanto membro da sociedade.
À Sociedade compete o respectivo dever. Esta dá a cada um quanto este tem o direito de
esperar do bem comum. Este direito não é estabelecido na base dum critério de
avaliação objectiva e quantitativa do devido, mas tendo em conta também algumas
condições subjectivas (contributos, méritos, necessidades, responsabildades,
funções.
Assim, o dar é mais um subdividir,repartir, distribuir a partir de
critérios proporcionais e geometricos. O equilibrio rigidamente quantitativo
não seria aqui igualdade, mas igualitarismo, e por isso mesmo uma injustiça. Legitima-se
sim o Estado baseado no mérito, que responde ao critério de “cada um segundo
suas qualidades e merecimentos”.
Como já nos referimos, o critério que preside a repartição dos bens
comuns aos membros da sociedade é o da igualdade proporcional, ou seja,
proporção entre bens e pessoas.
E o Estado do bem estar social, que responde ao critério de “ a cada segundo
sua indigência e necessidade”.
Perigos da justiça
distributiva.
A negligência relativamente à justiça distributiva pode ser variada: Determinação abusiva e arbitraria dos bens e
serviços sociais correspondentes às partes; Repartição política do poder; Clientelismo
de cargos e benefícios sociais; Insenção injustificada e discriminatório de
cargos sociais.
Objectivo da Justiça
distributiva:
Para prosseguir a justiça distributiva há que ter em consideração não só
as finalidades a atingir com a distribuição (por exemplo, de apoio à terceira
idade), mas também a situação dos vários sujeitos que dela vão beneficiar (por
exemplo, as suas necessidades).
Regula a justa relação entre a sociedade e os seus componentes. O
sujeito de direito é o individuo ou grupo enquanto membro da sociedade. À
sociedade compete o respectivo dever.
Resumindo:
Tipologia da justiça divide-se em: justiça geral ou legal e justiça
particular. A justiça geral ou legal tem
como objecto o bem comum. Por sua vez a Justiça particular divide-se em justiça
comutativa e distributiva .Na justiça comutativa há uma perfeita alteridade e
paridade das partes, dando a cada um segundo uma avaliação númerica,
aritmetica, ou seja quantitativamente bem definido. Justiça distributiva regula
a justa relação entre a sociedade e os seus componentes, o objecto da justiça é repartir
proporcionalmente os benefícos e os ónus da sociedade.
VII: INSTANCIAS ACTUAIS
E NOVAS VIAS DE JUSTIÇA:
A HISTÓRIA DAS GRANDES
DECLARAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS.
PERÍODOS IMPORTANTES.
PERÍODOS IMPORTANTES.
A questão dos Direitos Humanos divide-se em dois grandes períodos
importantes: antes e depois da 2ª grande guerra mundial.
Antes de 1945: Os direitos humanos, do ponto de vista histórico, foram
conhecidos ao longo dos séculos antes de tudo uma conquista a nível nacional e
só depois internacional. Foram assim formulados em Declarações, Constituições,
Códigos.
Podemos citar o Código de Hamurabi (17 séculos a.C.); o Decálogo, o Édito
de Nantes (13 de Abril de 1548), o Habeas Corpus (1679), a Declaração dos
Direitos da Virgínia (12 de Junho de 1776), a Declaração de independência dos
Estados Unidos da América (04 de Julho de 1776), a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão, a Constituição da República francesa (03 de Setembro de
1791), a Constituição dos Estados Unidos Mexicanos (05 de Fevereiro de 1917).
A nível internacional antes da 2ª guerra mundial, a questão dos Direitos
Humanos teve três preocupações fundamentais:
O Direito humanitário: protecção das vítimas dos conflitos armados, pela
Convenção de Genebra da Cruz Vermelha, a imunidade da população civil diante do
uso de armas de destruição massiva.
A proibição de certas
práticas degradantes e desumanas: as primeiras convenções anti-esclavagistas (sec. XIX), a primeira
Convenção que proibia o tráfico de mulheres (Paris 8 de Maio de 1904),
A Protecção de alguns
grupos sociais: minorias
religiosas, minorias nacionais, protecção dos refugiados, das crianças.
A Assembleia da Sociedade das Nações adoptou ao 26 de Setembro de 1924 a
Declaração dos Direitos da Criança (Declaração de Genebra).
DURANTES E DEPOIS DA 2ª
GUERRA MUNDIAL:
As atrocidades da 2ª guerra mundial levaram o mundo a uma maior
sensibilidade pelos direitos humanos e a buscar os instrumentos jurídicos para
protecção dos mesmos a nível internacional.
Na Conferencia de S. Francisco a 25 de Abril de 1945 é aprovada a Carta
das Nações Unidas que entra em vigor a 24 de Outubro de 1945. Esta carta
oferece um quadro importante sobre os Direitos humanos.
Foi criado também a comissão dos direitos humanos. Essa comissão vai
contribuir bastante na promoção e protecção dos direitos humanos. Teve o mérito
de elaborar a Declaração Universal dos Direitos do Homem adoptada a 8 de
Dezembro de 1948 pela Assembleia Geral da ONU, proclamando-a como o “ideal comum
que se deve estender a todos os povos e nações”.
Em África a nível da OUA (Organização da Unidade Africana) temos a Carta
Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, adoptada a 21 de Junho de 1981,
pela cimeira de Nairobi da OUA tendo entrado em vigor a 21 de Outubro de 1986.
Foi criada a Comissão africana dos Direitos do Homem e dos Povos pela
Conferência dos Chefes de Estados e de Governo em 1987.
A elaboração dessa Carta obedeceu a dois princípios fundamentais que
estão na base do Direito internacional dos direitos do homem: o Universalismo e
o regionalismo.
O primeiro principio evocado na Declaração de S. Francisco, foi
proclamado pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e pelos pactos e
Convenções internacionais relativos aos direitos humanos.
O Carácter universal específico dos direitos humanos provém da própria
essência do homem. Apesar das suas diferenças socioculturais, o homem é sempre
homem em todas as partes do mundo.
Quanto ao princípio do
regionalismo, deve-se aos
aspectos particulares e específicos do continente que não podem ser ignorados
quando se trata de traçar estratégias para a promoção e tutela dos direitos
humanos.
Justiça e pessoa:
A conotação essencial da justiça como virtude social é a alteridade, ou
seja, a justiça não pode coisificar o
direito descuidando o alter, a pessoa, que é em tudo o sujeito.
O próprio direito não existe com independência das pessoas, isto porque
todo o direito é mediação temática do direito subsisitente que é a pessoa. Colocando a pessoa no centro da
justiça e do direito, evita-se o
objectivismo, consequência da dimensão de coisa da justiça. E já não será
possível fazer o jogo do mais forte que em nome da justiça, o poderoso exclui e
marginaliza o mais fraco que não pode fazer valer o seu direito. Ou ainda cair
no perigo de fazer do direito um previlégio em que os pobres e menos
afortunados seriam apenas dignos de beneficência e esmola.
Pelo contrário há consciência da existência de bens que competem à pessoa
toda e que, consequentemente, se lhe deve reconhecer com justiça. Não se trata
de benevolencia, mas sim de justiça quando se reconhece e se dá a pessoa um bem
a que tem direito.
Sinais de justiça
atenta à pessoa:
Os sinais de uma justiça mais atenta à pessoa e a seus direitos
fundamentais são mais evidentes hoje. Pois todos os bens expressões do ser e do
dever ser humanos, que constituem e salvaguardam a dignidade da pessoa e que a
consciência da humanidade foi reconhendo
como direitos fundamentais e universais do homem.
Concretizados por sua vez nas exigências nas quais tomam corpo para ser
reconhecidos e tutelados de maneira efectiva.
Declaração dos direitos
do homem:
O expoente da consciencia humana da justiça na época moderna é a
declaração dos direitos humanos da ONU. Pois, desses direitos fizeram porta-voz
as diversas declarações que se foram sucedendo na época moderna, entre as quais
destaca-se por autoridade e amplitude de consenso a Declaração da ONU de
10.10.48.
A consciencia desses direitos do homem é fonte de inspiração da justiça
constitucional como justiça legal primária, ponto de referencia a todo poder e
actividade legislativa. Esses direitos apelam
à consciências e as comprometem com a independencia da lei. Ou seja,
prescindindo-se de toda a legislação, porque têm sua origem não na lei mas sim
na pessoa humana.
Os direitos comprometem apesar da lei e em alguns casos contra a lei,
quando esta deixa de garantir ou é contraria aos direitos humanos, porque a lei
não esta por cima deles mas sim abaixo.
É composto por 30 artigos.
Artigo 1° :Todos os seres humanos nascem livres e iguais
em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns
para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2° :Todos os seres humanos podem invocar os direitos e
as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma,
nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião
política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou
de qualquer outra situação. Além
disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico
ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse
país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma
limitação de soberania.
Artigo 3°: Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à
segurança pessoal.
Artigo 4° : Ninguém será
mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos,
sob todas as formas, são proibidos.
Artigo 5° :Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 6°: Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento,
em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.
Artigo 7° :Todos são iguais perante a lei e, sem distinção,
têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual
contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer
incitamento a tal discriminação .
Artigo 8°:Toda a pessoa direito a recurso efectivo para as
jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos
fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9°: Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou
exilado.
Artigo 10° :Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a
que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal
independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das
razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.
Artigo 11°: Toda a pessoa acusada de um acto delituoso
presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no
decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa
lhe sejam asseguradas.
Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua
prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou
internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que
era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.
Artigo 12° : Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua
vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem
ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a
pessoa tem direito a protecção da lei.
Artigo 13° :Toda a pessoa tem o direito de livremente circular
e escolher a sua residência no interior de um Estado. Toda a pessoa tem o
direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de
regressar ao seu país.
Artigo 14° :Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de
procurar e de beneficiar de asilo em outros países. Este direito não pode,
porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de
direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das
Nações Unidas.
Artigo 15° :Todo o indivíduo tem direito a ter uma
nacionalidade. Ninguém pode ser
arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de
nacionalidade.
Artigo 16° :A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o
direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça,
nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução,
ambos têm direitos iguais.
O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos
futuros esposos. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e
tem direito à proteção desta e do Estado.
Artigo 17° :Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito
à propriedade. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18°:Toda a pessoa tem direito à liberdade de
pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de
mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a
religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado,
pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19°: Todo o indivíduo tem direito à liberdade de
opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas
suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de
fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.
Artigo 20°:Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e
de associação pacíficas. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma
associação.
Artigo 21° : Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na
direcção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por
intermédio de representantes livremente escolhidos. Toda a pessoa tem direito
de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país. A vontade do povo é o fundamento da autoridade
dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a
realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou
segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22° : Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem
direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos
direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço
nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos
de cada país.
Artigo 23°: Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre
escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à
protecção contra o desemprego. Todos têm
direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória,
que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana,
e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de
se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.
Artigo 24°: Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos
lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as
férias periódicas pagas.
Artigo 25°: Toda a pessoa tem direito a um nível de vida
suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar,
principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência
médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à
segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou
noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias
independentes da sua vontade. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e
a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do
matrimônio, gozam da mesma protecção social.
Artigo 26° : Toda a pessoa tem direito à educação. A educação
deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental.
O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em
plena igualdade, em função do seu mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao
reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos
raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações
Unidas para a manutenção da paz.
Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de
educação a dar aos filhos.
Artigo 27° : Toda a pessoa tem o direito de tomar parte
livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no
progresso científico e nos benefícios que deste resultam. Todos têm direito à protecção dos interesses
morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou
artística da sua autoria.
Artigo 28° : Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano
social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos
os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.
Artigo 29° : O indivíduo tem deveres para com a comunidade,
fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua
personalidade.
No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está
sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a
promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a
fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do
bem-estar numa sociedade democrática.
Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos
contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 30° : Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser
interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou
indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum
acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.
JUSTIÇA E LIBERTAÇÃO:
Entre as nações em vias de
desenvolvimento emergiu uma nova instância de justiça como libertação, como
liberdade de toda forma de miséria e humilhação que impede estruturalmente a homens e a povos toda a emancipação e promoção.
A primeira via de desenvolvimento é a libertação da extrema pobreza, de opressão económica,
politica e cultural.
Surgiu a questão de modelo de desenvolvimento: imerso numa cultura que privilegia o ter, o
desenvolvimento terminou por acreditar
uma imagem redutora do progresso humano.
Estas sociedades projectaram um
modelo economicista e consumista.
A libertação é o novo nome do desenvolvimento. Dadas as condições de
miséria e opressão em que se encontram povos inteiros e dada uma cultura do
desenvolvimento humanamente empobrecedora, a justiça do desenvolvimento deve
ser vivida como compromisso de libertação.
O desenvolvimento autentico é: integral, promove o humanismo completo. Um
desenvolvimento só económico escraviza o homem .Um desenvolvimento que não
inclua as dimensões culturais, transcendentes e religiosas do homem e da
sociedade, não liberta. O ser humano é
totalmente livre somente quando é ele mesmo, na plenitude de seus direitos e
deveres; o mesmo vale para toda a sociedade em seu conjunto.
JUSTIÇA E
SOLIDARIEDADE.
FUNDAMENTOS DA
SOLIDARIEDADE:
Os homens e os povos são cada vez mais interdependentes e o mundo
caminha para a unificação (organizações internacionais e regionais). Diante
desta realidade, a acção pela justiça converte-se em demanda exigente e em
compromisso eficaz de solidariedade em todos os níveis.
O entrelaçamento das interdependências e a unificação social por obra dos
modernos meios de comunicação e de interacção devem converter-se
em integração econômico-política, seguindo uma dinâmica expansiva de
cooperação e de compartilha social.
Com efeito, quanto mais se unifica o mundo, tanto mais superam as
obrigações das pessoas e os grupos
particulares, estendendo-se progressivamente ao mundo inteiro.
São as obrigações de justiça, a qual faz cargo da qualidade humana
da actual socialização do mundo, a fim de que esta não se decida em detrimento
dos mais fracos, mas envolva todos num progresso social harmónico.
A solidariedade deve ser uma exigência e compromisso de justiça em
todas as nações e sociedades, assumindo desta forma o carácter de programa e de
estrutura política, sendo que as ajudas e as aportações são consideradas como
direitos e deveres que comprometem os membros
de uma comunidade a uma repartição equitativa. É o estado de direito.
A solidariedade é uma questão de justiça
a nível transnacional porque há povos que necessitam de ajudas e contribuições e estas são uma
questão de sobrevivência para estas pessoas. Ou em países onde há o
vazio de uma autoridade política supranacional e de uma justiça internacional
eficiente tornando inúteis as melhores declarações e intenções, deixando à
mercê da espontaneidade e da conjuntura toda a expressão concreta da
solidariedade.
Neste tempo predominam os interesses nacionais; os direitos do veto
dominam politicamente os deveres de consenso. Comunica-se cada vez mais, no
entanto, compartilha-se muito pouco.
Hoje urge resolver a questão do bem comum universal e com poderes públicos, estruturas e meios
mundiais. Estes puderes públicos devem estar em condições de actuar de maneira
eficiente em escala mundial.
O desenvolvimento integral do homem não pode ter lugar sem o
desenvolvimento solidário da humanidade.
A justiça esta atenta à promoção de toda a pessoa e ao bem de todas as
pessoas e da comunidade humana, superando qualquer fronteira, étnica ou
temporal:
Temos obrigações para com todos e não podemos desinteressar-nos dos que
virão depois de nós e engrandecer o recinto da família humana. A solidariedade
universal, que é um facto e para nós um beneficio, é também um dever.
É um dever de justiça que busca o direito da pessoa. Busca o direito dos
povos. A obra da justiça será a paz, a acção do direito, a calma e a
tranquilidade perpétua.
Bibliografia consultada.
1. RADBRUCH,
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Fontes, S. Paulo, 2004.
2. JUSTO, A.
Santos, Introdução ao estudo do
direito, Coimbra, 3ª edição, 2006.
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4. João Paulo
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Almeida Manuel, Introdução ao Direito
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Enciclopédia Luso-Brasileira, Verbo.
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de Teologia Moral, Paulus, 1997.
8. Temas da
Doutrina Social da Igreja, Projecto
Nacional de Evangelização, caderno 1, Paulinas, 2004.
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Igreja Católica, S. Paulo, 1994.
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14. QUIVY,
Raymond e CAMPENHOUDT, LucVan, Manual
de Investigação em Ciências Sociais ,
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15. Vários
autores. Caminhos da Justiça e da Paz, Doutrina Social da Igreja. Documentos de
1891 a 1991. 4ª Edição. Editora Reis dos Livros. 2002.
16. NEVES,
Tony, Angola justiça e Paz nas intervenções da Igreja Católica 1989-2002. Texto
editora, Portugal, 2012.
COMUNICAÇÃO
EMPRESARIAL
OBJECTIVOS
PROGRAMA
BIBLIOGRAFIA
OBJECTIVOS
Adopção de um modelo
teórico para a interpretação e resolução prática de situações de vida
empresarial.
Compreensão da
importância da comunicação no sucesso da empresa.
Valorização de uma
postura comunicação consciente.
Caracterizar e
relacionar os diferentes elementos do processo de comunicação ao interpretar
situações concretas.
Explicar os
pressupostos de uma comunicação eficaz na empresa.
Comunicar de uma forma
sintética, convicta e clara.
PROGRAMA.
I.
Fundamentos teóricos e principais acepções de comunicação.
Conceito de
Comunicação.
Processo e contexto de
comunicação.
A Importancia da
comunicação.
O conteúdo da
comunicação.
II.
Etapas de uma estrategia de comunicação.
A comunicação global ao
nível da empresa.
III.
Condições para uma Comunicação eficaz.
Os principios de uma
boa comunicação.
A elaboração de uma
estrategia global de comunicação.
IV.
OS TIPOS DE COMUNICAÇÃO
Comunicação
institucional
Comunicação de produto.
Relações com os media.
Comunicação interna.
Relações publicas na
internet.
Relações com a
comunidade.
Relações
governamentais.
Comunicação financeira.
Comunicaçã ambiental.
Comunicação de crise.
1.
CONCEITO DE COMUNICAÇÃO.
“Communis”, do latim, é tornar algo em comum, à disposição de
todos. Do conceito comunicação juntando
sempre o adjectivo “social”
indica-nos os fenómenos ligados a inter-relação
humana. A esta inter-relação
junta-se no geral o complexo mundo tecnológico dos meios de massa como a imprensa, cinema, rádio, televisão,
espectáculos visuais, auditivas e audiovisuais.
O conceito nos remete
também para o conjunto de disciplinas
das ciências sociais que capacitam os profissionais ligados ao mundo da
comunicação no desempenho do seu trabalho em diferentes sectores sociais.
O SER E DEVER –SER DA
COMUNICAÇÃO: O Conceito de comunicação nos remete
na tensão entre o “ser” e o “dever-ser” .
O “ser” da
Comunicação: “tanto na linguagem
corrente como na científica costuma-se usar o vocábulo “comunicação” para descrever
processos de emissão, condução e percepção de mensagem mediante o uso de canais
e de signos”
Sob este ponto de vista
que acabamos de nos referir, o conceito aparece ligado aos meios de
transmissão, como a informação e a produção de signos e significação. Ou
seja a comunicação é informação e significação.
Quanto ao dever-ser,
abrange mais as pessoas como sujeitos conscientes e livres trocando as suas
mensagens. Aqui as pessoas não se reduzem a um mero “emissor” nem tão
pouco a “receptor” condicionados a estímulos.
Esta inter-relação
humana leva-nos a comunidade ou comunhão remetendo para o sentido original do
conceito em latim “communis, communitas, communio”.
As novas tecnologias de
comunicação tiveram o seu desenvolvimento partindo sempre da base inerente à
natureza social do homem. Ou seja,
os novos meios vieram só ampliar uma capacidade preexistente no homem e
facilitar uma função essencial da comunicação inter-humana.
A expressão e a
difusão.
A expressão é
o uso de linguagem ou signos, estes podem ser verbais como não verbais com o
fim intencional, consciente ou inconsciente de manifestar ou dar a conhecer
ideias, sentimentos, experiências e vivências.
A difusão é a
disseminação de mensagens num âmbito social relativamente amplo. No entanto
estes dois elementos não são comunicações por si sós.
Há comunicação
autêntica numa situação de diálogo entre
duas ou mais pessoas, que implica sempre a participação ativa, livre e autónoma
das pessoas em interação, o que constitui o fundamento da comunicação
humana.
Portanto, a partir do
nível do “dever-ser” em que se descobre a participação dialógica como
ideal no horizonte das relações sociais do homem em todos os tempos podemos
atravessar a história e a cultura humanas na busca de meios que pudessem superar
e aperfeiçoar a comunicação inter-pessoal limitada no espaço e no tempo.
A COMUNICAÇÃO NA
HISTORIA HUMANA.
O homem, como ser
social, foi sempre comunicativo. A natureza do homem é de ser social. O homem
nasceu para viver em comunidade. “ Com efeito, sendo dotado de sentimentos e
de razão, precisa de comunicar” (cfr. A. Santos Justo, Introdução ao Estudo do
Direito, pg. 16). Assim, “a necessidade e o conjunto de realidades
designadas mediante o conceito ‘comunicação social são tão antigo como o próprio
ser humano.
Para percebermos este “ser
comunicativo e social do homem” vamos percorrer a história para
mostrarmos os esforços que o homem foi fazendo até tornar a comunicação mais
humana.
O fenómeno de
comunicação humana, inerente à sua essência social, passou por varias fases ao
longo da história.
Na Mnemónica o
ser humano serviu-se de objectos naturais e artificiais como suporte material
de transmissão de dados ou mensagens com intenção de memória.
Na Pictórica, o homem representa
objectos e situações do dia-a-dia usando a pintura rupestre com finalidade
mágico-religiosa.
Na etapa Ideográfica,
que é também da linguagem hieroglífica, o homem consegue fazer associação de
símbolos pictográficos com objectos, acções e ideias.
Na fase Fonética há
representação de sons articulados da linguagem oral a partir da invenção do alfabeto,
(na Fenícia, cerca de 3000 a. C).
A história das culturas
dos homens nos mostra que houve sempre a grande preocupação de descobrir meios
e suportes materiais para o intercâmbio de mensagens de uma parte para a outra.
Dos meios que
encontramos em varias culturas apontamos o emprego dos sinais de fumaça, do
fogo das tochas, do tam-tam dos tambores, estes com grande
expressividade também nas nossas culturas africanas.
Porém, estes meios
foram superados por outros, como as tábuas de argila, a pedra, o bronze
gravados. Estes meios suportavam mensagens que podiam durar e circular
através dos espaços geográficos, enquanto que os primeiros eram fugaz e
limitados.
No entanto, o que veio
mesmo contribuir para o desenvolvimento da linguagem escrita, foi sem duvida o papiro
(das canas das margens do Nilo), o pergaminho e o papel (da China).
Estes meios podiam transmitir a mensagem à distância e no espaço.
O objectivo destes
meios todos usados pelos homens das diferentes etapas históricas e culturas e
que fizemos referência acima era sem dúvida informar, fazer crónica,
exprimir as ideias e sentimentos.
Os correios que
surgiram no império egípcio no ano 2400 a.C., foram uma forma de transmissão de
notícias e que deram origem a telecomunicações internacional com objectivo
comercial e politica. “As pedras gravadas e as tabuinhas de madeira dos
gregos, colocados em lugares públicos para fazerem conhecidas as mensagens
oficiais, constituíram a origem dos cartazes e dos períodos murais”.
O teatro grego e o
romano estão também na origem de comunicação social. Os actores faziam
representação simbólica e a audiência era composta pelo público pertencente as
diversas camadas sociais. A base do teatro era as gestas épicas cantadas pelos
líricos. “ As obras teatrais, nas quais se combinava a musica coral com a
recitação e os gestos dramáticos, expressavam a reflexão sobre o passado
mitológico, sobre o destino do homem e também sobre a actualidade politica,
proposta à consciência do espectador com um propósito crítico.” (Ibidem, pg.
17).
A invenção de imprensa
por Gutemberg, “ que em 1456 publica o primeiro livro impresso na Europa,
veio operar uma notável revolução na difusão das ideias” (Cfr. Alberto Arons de
Carvalho et alli, Direito da Comunicação Social, pg.17).
A leitura já não
pertencia a um grupo restrito e privilegiado. Os livros começam a chegar na
língua de cada um e atingindo uma larga maioria da população alfabetizada. A
invenção da litografia (1796) segue-se o invento da fotografia
(1814), a fabricação da primeira máquina impressora a vapor.
Outros sistemas de
transmissão de mensagens à distância que se juntam ao mundo da comunicação
foram com certeza os caminhos de ferros, a navegação marítima e fluvial a
vapor, a telegrafia a radiotelefonia e a televisão, o telégrafo de Morse
(1837), o linótipo (1866), o telefone (1877 por Graham Bell).
A esta história da
comunicação social e já com as bases da fotografia que incorpora a imagem à
imprensa, vai surgir o cinema. As primeiras projecções se realizam em 1895, na
altura o cinema era mudo. No entanto, com a invenção da primeira película
sonora em 1927 vai melhorar substancialmente este meio de comunicação de
massas.
O cinema surge para entreter as massas e depois passa para ser usada para
formar o publico recorrendo aos géneros documental, histórico e didáctico.
Em 1909 inventa-se o
rádio a partir da telegrafia sem fio. A descoberta da onda curta veio
revolucionar este meio de comunicação de massas e deve-se também a sua
utilização na Primeira Guerra mundial. O rádio foi usado para a difusão de
notícias, audições musicais, representações dramáticas e programas educativos. A
este meio veio juntar-se a televisão.
As novas tecnologias a
que fizemos referência associam as telecomunicações por satélite e a
informática dos computadores, tornando desta maneira possível o acesso massivo
a estes meios. Assim qualquer pessoa pode ter uma televisão em casa, ter um
telefone, um receptor de rádio e receber mensagens informativas, formativas e
recreativas e podendo seleccionar os programas quando conectado à linha
telefónica ou do cabo de fibra óptica. A rede digital de serviços integrados
com base no funcionamento de bancos de dados proporciona todos estes serviços.
1.3. CONCEITO
DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.
Para reforçar a imagem
de uma empresa junto do público de interesse e da opinião pública, a
comunicação empresarial oferece um conjunto de actividades, acções, estratégias
e produtos para atingir tal objectivo. Ou seja, a comunicação empresarial, é
uma ferramenta importante quando se trata em defender a imagem da empresa
diante dos empregados, consumidores, fazedores de opinião, classe política,
empresarial, accionistas, comunidade académica, financeira e jornalistas.
Sendo assim, a
comunicação empresarial capacita o Professional a trabalhar com diferentes
públicos, cuidando do conteúdo, do discurso e da linguagem tendo
em conta a concorrência do mercado, as novas tecnologias e a
diversificação dos meios de comunicação social. Ou
seja, na empresa, a comunicação empresarial, diz respeito a supervisão da
assessoria de imprensa, do planeamento, da implementação, da condução de acções
de comunicação interna e externa, o cuidado com a imagem e com a marca da
empresa. Por outras palavras, a actividade principal da comunicação
empresarial é definir uma estratégia para as empresas.
Por isso é que se exige do profissional de comunicação empresarial uma
visão global do mercado local e internacional e do próprio mundo de negócios.
Portanto, o profissional de comunicação empresarial é capacitado a ser um
executivo, um gestor, capaz de planear estrategicamente, o esforço de
comunicação da empresa.
Não deixa de adquirir os conhecimentos, as habilidades nas práticas
profissionais, executar tarefas simples como fazer relatórios e ter bom
relacionamento com os meios de comunicação.
A comunicação empresarial é sem dúvidas uma ferramenta capital de
comunicação porque visa melhorar a imagem de uma empresa, do produto, do
relacionamento com os funcionários e com o público-alvo.
A comunicação empresarial ajuda o profissional a saber analisar, a
planear, a ouvir e agir de acordo com as necessidades das empresas, valorizando
acima de tudo os produtos, as marcas e funcionários. O sucesso da empresa
depende de uma boa comunicação empresarial.
1.4.
As barreiras e problemas da comunicação.
As barreiras e problemas na comunicação surgem quando há falhas na rede.
Esta rede é composta por sete elementos fundamentais: Comunicador, Codificação,
Mensagem, Meio, Código significativo, Receptor e Feedback.
Há falhas na
comunicação quando alguém
numa empresa é sistematicamente o último a saber das novidades, ou a conhecer a
sua demissão pelos corredores.
Quando há resistência na mudança.
Quando algo de errado acontece com um dos elementos que compõem a
comunicação, o resultado torna-se ineficaz e pode ser muito perigoso para as
empresas.
Estes ruídos mostram que algo de errado não está bem na empresa e precisa
de ser atacado: promovendo uma discussão a respeito destes ecos comunicativos.
Para começar é necessário conhecer o ambiente da empresa e a própria
cultura.
É preciso entender o ambiente de uma empresa. Factores importantes com
impacto na cultura de uma empresa podem ser o ponto principal de uma comunicação
ineficaz. Portanto, a liderança deve ter a capacidade de agir e providenciar a
mudança de cultura na empresa.
Para mudar é preciso conversar, se reunir, comunicar e informar.
As informações devem ser compartilhadas com os membros da empresa a fim
de garantir melhor harmonia no grupo.
planear a comunicação de maneira sinérgica e integrada; abrir e tornar
mais equilibrados os fluxos da comunicação; tornar simétricos o marketing
institucional e o marketing comercial; valorizar e enfatizar canais participativos
de comunicação; estabelecer uma identidade (transparente e forte) para
projecção externa; criar uma linguagem sistémica e uniforme; valorizar o
pensamento criativo; acreditar na comunicação como um poder organizacional;
reciclar periodicamente o corpo de profissionais; investir maciçamente em
informações; ajustar os programas de marketing social ao contexto
sóciopolítico; valorizar os programas de comunicação informal; assessorar, não
apenas executar programa de comunicação; focar a comunicação para prioridades e
ter coragem para assumir riscos e gerar inovações.
O planeamento de uma comunicação de maneira sinérgica e integrada e a crença na comunicação como um poder da empresa são as estratégias principais a não descurar.
Uma comunicação sinérgica e
integrada é a possibilidade de não se
esconder nada aos membros da empresa.
Não se deve guardar segredo a ninguém. No entanto não deve haver confusão entre informação sigilosa com divulgação correcta
dos factos diarios de uma empresa.
Uma comunicação sinérgica é capaz de integrar clima sócio-organizacional
com as comunicações entre todos os departamentos de uma empresa.
Outro esforço a fazer neste campo
é citar fontes. Ou seja, não se
deve falar em acções sem sujeito. A preocupação neste processo deve ser a de
citar a fonte e divulgar os autores. A partir de uma comunicação clara e
objectiva, garantimos o não-surgimento de ruídos e o constante disse-me-disse.
Outra estratégia de comunicação empresarial é a valorização da
comunicação como poder da própria empresa.
A empresa deve divulgar o seu trabalho tanto para o público interno
quanto para o externo. Esta divulgação faz-se através de um boletim
informativo, do quadro-mural, da intranet, da extranet, e do comunicado geral.
2.
PROCESSOS E CONTEXTO DA
COMUNICAÇÃO.
A palavra comunicação na sua origem latina nos remete para a comunhão, em
colocar as ideias, os pensamentos e os sentimentos em comum com gestos e
palavras.
Comunicar é tornar comum, à disposição da comunidade, uma informação, um
pensamento, uma ideia, um sentimento, uma atitude.
No entanto, para tornar comum esta informação, ideia ou atitude, é
necessario conhecer e dominar todo sistema da comunicação.
Basicamente este sistema é composto por quatro elementos: a fonte, a
mensagem, o destinatario e vetor.
Para transmitir no seu estado o significado é necessário traduzir o mesmo
significado (a codificação) num conjunto estruturado de significantes, que,
conhecidos por convenção, são interpretados (descodificados) pelo receptor.
Codificador-fonte:
Quando uma fonte de comunicação escolhe o meio através do qual pretende
influênciar o receptor, codifica a mensagem para obter a resposta desejada.
Para aumentar a fidelidade, dentro da fonte, há pelo menos quatro espécies de
factores: habilidade de comunicação, atitudes, nível de conhecimento e posição
no sistema sociocultural.
Descodificador-receptor:
O descodificador-receptor, para aumentar a fidelidade de recepção deve
conter, também quatro espécies de factores: habilidade comunicadoras, atitudes,
nível de conhecimento, situação no contexto social.
Se o receptor não tem capacidade de ouvir, de ler, de pensar, não será
capaz de receber e descodificar as mensagens enviadas pela fonte.
Os códigos:
O significado remete-nos para o conceito de códigos.
Um código é qualquer grupo de
símbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter significação para alguém.
Os idiomas são códigos.
A lingua umbundu é um código: contém elementos (sons, letras, palavras).
A lingua umbundu é um código: contém elementos (sons, letras, palavras)
que dispostos em certas ordens, têm significação, e que dispostos noutras não
têm.
Código é tudo o que contém um grupo de elementos (vocabulário) e um
conjunto de métodos para combinar esses elementos de forma significativa
(sintaxe).
Ao codificar há que decidir sobre: qual o código; quais os elementos do
código e qual o método de estrutura dos elementos que vamos escolher.
O Feed-back:
O feed-back fecha o sistema, tornando-o dinâmico. É o procedimento que
utilizamos diariamente quando conversamos. A comunicação é, então, denominada
comunicação nos dois sentidos.
O feedback proporciona à fonte informação perante o sucesso ou insucesso
do seu objectivo. E, a partir dele o controle de futuras mensagens que queira
codificar.
O feedback torna as fontes e os receptores de comunicação
interdependentes.
Entre duas pessoas, a comunicação permite
feedback máximo. A fonte tem possibilidade de mudar quase
instantaneamente a sua mensagem.
O feedback influencia comportamentos posteriores da fonte, porque é
obrigada a levar em conta as respostas que recebeu.
Se o feedback é bom (positivo) a fonte mantém a sua mensagem. Se o
feedback é mau (negativo) a fonte modifica a sua mensagem para aumentar as suas
possibilidades.
O
sistema de comunicação:
Segundo Lasswell (Harold
Dwight) o processo de comunicação sintetiza-se em torno de cinco perguntas
básicas:
Quem comunica? A fonte ou comunicador.
A quem? O receptor.
O quê? A mensagem.
Como? O canal.
Com que resultado?
Quem comunica? Princípios:
Quanto mais digno, credível ou prestigiado for julgado o comunicador,
menos manipulador será considerado e maior será a tendência para aceitar as
suas conclusões.
A eficiência de um comunicador aumenta se expressar alguns pontos de
vista que coincidem com os da audiência.
A opinião da audiência sobre o comunicador reflecte-se imediatamente na
opinião que terá da sua mensagem.
Quem comunica? Que fontes. Nas empresas as fontes de comunicação podem
ser muito numerosas. São principalmente as empresas e os seus produtos, os
dirigentes e os colaboradores, os consumidores associados, os diversos grupos
de pressão. Em torno destas fontes é necessário conhecer as fontes que a
empresa domina e as que não são dominadas e preocupar-se também com a imagem
destas fontes e o seu impacto na comunicação.
A quem comunica: o
receptor:
O público tende a ouvir as comunicações que são favoráveis ou naturais às
suas predisposições ou seja, às suas crenças.
Quando mais interessado estiver num assunto mais atenção selectiva dispensará
à mensagem e ao comunicador. Comunicações neutras não funcionam.
A comunicação que atinja um interesse real da audiência influi mais na
opinião do que as comunicações de teor generalista. Razão porque a mensagem dirigida a uma audiência
específica é mais eficaz do que aquela que é dirigida a toda a gente.
A quem comunica? É necessário conhecer os alvos para definir o alvo
global e o centro do alvo. O centro do alvo, considerado à parte do alvo
global, tem um interesse essencial e é absolutamente necessário tocá-lo com
eficácia. A comunicação estará suficientemente dirigida quando se procede em
duas etapas, privilegiando, em primeiro lugar, os líderes que farão repercurtir
a mensagem com maior credibilidade. Esses líderes devem ser identificados e
determinados com precisão.
O quê: a mensagem:
Se a audiência for amigável, se a posição for a única a ser apresentada
deve-se apresentar apenas um dos lados da questão, ou seja, um dos lados do
argumento (comícios, publicidade).
Se a audiência começar a discordar então apresentar os dois lados da
posição.
Fortes apelos ao medo causam demasiada tensão e, por isso, são menos
eficientes que os apelos fracos.
É mais eficiente colocar a
conclusão no final da mensagem do que deixar a audiência tirar as suas próprias
conclusões.
Não é possível estabelecer se é o início ou o fim da mensagem que deve
estar o assunto mais importante.
O quê se comunica e a mensagem a trasmitir deve constituir a preocupação
em comunicação empresarial.
Na comunicação espera-se, obviamente resultados para se saber se os
objectivos da comunicação foram alcançados.
Quem comunica, a quem, o quê, como e com que resultado são perguntas
simples de serem formuladas. No entanto, as respostas são difíceis porque
ajudam a fazer um bom diagnóstico da comunicação da empresa.
Canal:
Na comunicação, a fonte tem de escolher um veículo para transportar a sua
mensagem, isto é o canal.
A palavra canal pode ter, pelo menos, três sentidos:
Como mecanismo de ligação.
Como veículo.
Como transportador de veículos.
Para transmitir uma
mensagem oral ou ter uma conversa, em primeiro lugar, preciso ser capaz de
falar (ter voz) e o outro ser capaz de ouvir, ou seja preciso ter um mecanismo
de ligação.
Depois, para que as
minhas palavras cheguem ao outro, é preciso que se codifiquem em sinais sonoros
(ondas sonoras), que o outro oiça, que haja um veículo de mensagem.
Para que as palavras
tenham a possibilidade de chegar ao outro é necessário ter um suporte que as
sustente: o ar, isto é, que haja um transportador de veículos.
Em comunicação social
há que escolher um veículo mais adequado para transportar a mensagem.
Da escolha do canal
depende a mairo ou menor fidelidade de transmissão da mensagem.
Como: canal:
Não há um meio de
comunicação melhor para tudo. Todos os meios são bons e devem ser utilizados
consoante as circunstâncias. Cada situação é única.
Em suma:
A fonte determina o
modo como elabora e entrega a mensagem. E quando descodificamos a mensagem,
fazemos inferências sobre o objectivo da fonte, das suas habilidades de
comunicação, das suas atitudes, do seu conhecimento, da sua condição.
Ao decifrar uma
mensagem, procuramos tirar ilações sobre o tipo de pessoa que a emitiu.
2.1. A IMPORTÂNCIA DA
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.
“Estamos longe de ver a
comunicação empresarial como filosofia de gestão e, bem assim, longe de ter
gestores que compreendam a importância de gerir a comunicação” (João Moreira
Santos).
A empresa é um sistema.
Como unidade socioeconómica voltada para a produção de um bem de consumo ou serviço,
a empresa é um sistema que reúne capital, trabalho, normas, políticas e
tecnologia.
Uma empresa, contudo,
não tem apenas por objectivo gerar bens económicos para uma relação de troca
entre produtor e consumidor. Procura também desempenhar um papel significativo
no tecido social, missão que deve cumprir qualquer que seja o contexto
político.
O papel formador da
empresa dentro dos sistemas sociopolíticos, a sua contribuição social através
da criação de empregos, da descoberta de processos, de avanços tecnológicos, da
elaboração de estratégias, produtos e serviços contribuem decisivamente para o
progresso das comunidades. Por outro lado, é graça a à produção de bens e
serviços que a empresa cria condições para a viabilizar. Conciliando aspectos
sociais e económicos, a empresa ajusta-se à missão para que foi idealizada.
Assim sendo, cada vez
mais, a comunicação empresarial assume um papel preponderante nas empresas
modernas.
Diferente para inovar,
competir para vencer, são conceitos assimilados e dissecados na renovada
conjuntura de mercado.
Os gestores de
comunicação são uma realidade. Eles existem. Eles estão aí. São técnicos
especializados numa área das mais qualificadas e complexas do sistema
empresarial: a Comunicação.
2.2. AS PRINCIPAIS
VERTENTES DE COMUNICAÇÃO:
Os três níveis:
As comunicações
técnicas, geralmente pouco atractivas.
As comunicações
cognitivas, inerentes aos comportamentos individuais.
As comunicações
normativas, orientadas para a transmissão de normas e valores a ser exercidos
nas várias situações funcionais.
Os três fluxos:
O Fluxo descendente: do
topo para a base (da administração para os administrados).
O fluxo ascendente (da
base para o topo (dos empregados para a administração).
O fluxo horizontal ou
lateral (a troca de informações entre directores ou entre técnicos).
2.3. CONTEÚDO
DA COMUNICAÇÃO:
São as mensagens
especializadas: informação administrativa (informação contabilística);
informação de gestão (indicadores financeiros,
económico, técnico e comercial);
informação de integração (técnico comercial
situação actual da empresa).
3.OS
TIPOS DE COMUNICAÇÃO.
INSTITUCIONAL.
PRODUTO.
INTERNA.
FINANCEIRA.
AMBIENTAL.
CRISE.
RELAÇÕES COM MEDIA.
RELAÇÕES PUBLICAS NA
INTERNET.
RELAÇÕES COM A
COMUNIDADE LOCAL.
RELAÇÕES GOVERNAMENTAL.
3. 1. COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL.
As relações de longo
prazo entre a empresa e os públicos é um processo complexo e lento porque
trata-se da construção da Imagem Global da empresa que por sua vez decorre dos
conceitos de imagem e de notoriedade.
De facto a imagem de
uma empresa é o resultado de múltiplas acções de comunicação e desempenha um
papel fundamental na prossecução dos seus objectivos comerciais.
Qualquer empresa surge
aos olhos dos consumidores, fornecedores, entidades públicas com que se
relaciona, comunidade financeira, colectividade com uma determinada imagem
favorável ou desfavorável.
Essa imagem decorre de
múltiplos factores, que não apenas dos seus produtos ou serviços, tais como os
suportes físicos, o pessoal em contacto, a organização, os elementos da imagem
visual, as acções de comunicação e os meios de comunicação.
A Imagem Global de empresa deve resultar de uma estratégia de
comunicação.
A imagem da empresa
junto dos seus públicos é vital para assegurar a longevidade de uma empresa
através da criação de um capital de confiança.
Factores que concorem
para imagem de uma empresa.
Público interno: Confiança(aniversários,
festividades); Estimular (concursos, ofertas; Informar(jornal interno,
revistas, quadros informativos, intranet); Envolver (concursos, reuniões,
jornal, clubes, intranet); Credibilizar: (patrocínios, mecenato); Dar a face
(congressos, seminários, serviço público).
Parceiros, consumidores, distribuidores, fornecedores:
Notoriedade (inaugurações, lançamentos, feiras e salões, congressos,
seminários; Confiança: festividades, atendimento, pós-venda, imprensa;
Estimular(concursos, feiras, salões, exposições); Informar(imprensa, brochuras,
jornal interno, extranet); Envolver (concursos, feiras, ofertas);
Credibilizar(congressos, seminários, patrocínios, mecenatos); Dar a
face(imprensa, brochuras, video-empresas).
Líderes de opinião,
comunidade financeira: Notoriedade (convites para congressos,
seminários, visita a instalações, lançamentos); Confiança (participação em
eventos, relatórios, portas abertas); Estimular (participação em encontros,
ofertas); Informar(imprensa, brochuras, portas abertas, site próprio);Envolver
(participação em encontros); Credibilizar (convites para congressos,
seminários. Dar a face (reuniões, congressos, seminários.
Sindicatos, associações
profissionais: Notoriedade: (brochuras, participação
em congressos, colóquios); Confiança(reuniões, artigos em revistas);
Estimular(debates); Informar(imprensa, jornal interno); Envolver(inaugurações,
lançamentos); Credibilizar(encontros); Dar a face (debates, reuniões).
Órgãos de comunicação
social: Notoriedade(encontros, aniversários,
inaugurações); Confiança(encontros, lançamentos); Estimular(encontros
regulares, reuniões informativas); Informar ( dossier da imprensa, site
próprio); Envolver(encontros regulares); Credibilizar(convites para participar
em acontecimentos); Dar a face( reuniões, encontros, visitas).
Comunidade local, órgão
de soberania, admnistração local: Notoriedade(eventos,
imprensa, acções de serviço público); Confiança(causas sociais, protecção do
ambiente, espécie em perigo); Estimular(mecenato, convites para participar em
eventos); Informar(imprensa, conferências, colóquios, seminários, site
próprio); Envolver(participação em eventos); Credibilizar(Mecenato, acções de
serviço público); Dar a face( realização de manifestações culturais, defesa do
ambiente).
Público em geral: Notoriedade( patrocínios, mecenato, feiras,
imprensa); Confiança(portas abertas, protecção do ambiente);
Estimular(concursos, patrocínios, acções na internet); Informar(imprensa,
divulgação de acontecimentos, site próprio); Envolver(imprensa, concursos);
Credibilizar (congressos, seminários, protecção do ambiente); Dar a face(
exposições, feiras, protecção do ambiente).
COMUNICAÇÃO
DE PRODUTO:
A Comunicação de
produto é eficaz e credivel quando a empresa aposta nas relações publicas. Ao
lançar um novo produto é importante que a empresa crie uma relação de confiança
junto dos consumidores.
3.1.IDENTIDADE:
IDENTIDADE FISICA DA
MARCA: a marca é um conjunto de signos,
formas, cores e sons facilmente identificados pelo consumidor.
ELEMENTOS DA
IDENTIDADE.
O Nome: é o mais
importante elemento da indentidade. Patronimico: quando têm o nome do fundador,
ex: Sacoor Brothers, Amorin.
A Sigla: é o resultado
da denominação de uma empresa e fruto da comunicação. Exemplo: BPC, BFA.
O Evocativo: a marca
lembra a categoria do produto que identifica, exemplo: Microsoft.
A Marca deFantasia: um
significado prévio, ex: imaginarium, Olá, Pala-Pala.
A Marca de família:
O Somatario de nomes:
denominação das restruturação como Mota-engil.
AS QUALIDADES DE UM
NOME DE MARCA:
O nome deve ser:
Curto: não mais de três sílabas e de
fácil memorização.
Sem conotações
indesejáveis.
Internacional: alguns
nomes são dificeis.
Disponível e
defensáveis juridicamente: exemplo Coca-cola.
Não restritivo: o nome
deve permitir extensões para outras marcas.
Historial:
Quanto ao historial ter em conta
os seguintes elementos : O Nascimento oficial da empresa; o fundador da empresa,
as razões de surgimento, os objectivos, o portfolio, a concorrência, o serviços, a gestão, os funcionários e a posição
de mercado.
I.
BIBLIOGRAFIA.
-LINDON,
Denis et alli, Mercator XXI, Teoria e prática do marketing,
Dom Quixote,Lisboa, 2004.
-WESTWOOD,
John, Como redigir um plano de
Marketing, práticas de gestão. Europa-america, Lisoba,1999.
-RODRIGUES,
Adriano Duarte, As tecnicas da
Comunicação e da informação, ed. Presença, Lisboa,1999.
-WOLF,
Mauro, As teorias de comunicação,
ed. Presença, Lisboa,2003.
-FISKE,
John, Introdução ao Estudo da
comunicação, ed. Asa, Lisboa.1990.
-Departamento
de Comunicação Social do CELAM, Comunicação:
Missão e desafio. Ed. Paulinas,1988. S. Paulo.
-Dicionario
de Teologia Moral, ed. Paulus. S. Paulo.1997.
-Manual
de psicosociologia das organizações. Ed. MCGraw Hill. Lisboa 2001.
-
TEIXEIRA, Sebastião. Gestão das
organizações. Ed. MCGraw Hill. Lisboa. 1999.
Gaudêncio
Sangando,CSSp
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
ORIGEM, IDENTIDADE E MISSÃO DA VIDA
RELIGIOSA.
I.
A ORIGEM DA
VIDA RELIGIOSA.
A origem da vida religiosa está enraizada na doutrina e no exemplo
de Cristo, “ a caridade perfeita por
meio dos conselhos evangélicos tem a sua origem na doutrina e nos exemplos do
divino mestre e brilha como um sinal luminoso do reino dos céus “ (P.C. nº 1).
“Através da profissão dos conselhos
evangélicos, os traços característicos de Jesus-virgem, pobre e obediente
adquirem uma típica e permanente visibilidade no meio do mundo” (Vita
consecreta, 1). O religioso torna
visível os traços característico de Cristo através da publicidade da vida
consagrada na Igreja. Assim, a vida religiosa torna-se uma experiência de vida
no tempo, porque foram “homens e
mulheres, que pela prática dos conselhos evangélicos procuraram seguir Cristo
com maior liberdade e imitá-lo mais de perto, consagrando, cada um a seu modo a
própria vida a Deus” (P.C. nº 1).
Por isso, a urgência de reflectir sobre a dimensão histórica do projecto
da vida religiosa para que se possa adaptar as condições do mundo e da própria
igreja. Vista nesta dimensão, a vida religiosa é um organismo vivo porque
nasce, cresce, decai e também pode morrer. “ Esta é a causa de que, como árvore que se ramifica esplêndida e pujante
no campo do Senhor, partindo de semente posta por Deus, se tenham desenvolvido
formas diversas de vida solitária ou comunitária e variedade de famílias que
aumentam os recursos, quer para proveito dos próprios membros, quer para o bem
de todo o Corpo de Cristo (LG 43; 46, PC 1; AG 18).
A vida religiosa, mesmo que não faça parte da hierarquia da Igreja, no
entanto, brota, em circunstâncias concretas, da vida e santidade da igreja. A
vida religiosa é um dom de Deus a sua igreja, por meio do Espírito Santo. “ A vida religiosa, dom à Igreja, está
colocada mesmo no coração da Igreja, como elemento decisivo para a sua Missão”
(Cfr. Vita Consecrata, n. 3).
Vemos na história da igreja, no princípio os padres do deserto (séculos
IV e V) abriram caminho as mais variadas formas de institutos que fazem hoje
com que a igreja esteja preparada para
toda obra boa e em qualquer parte do mundo. Ou seja, os membros de uma
congregação religiosa presentes num determinado país devem ter a consciência
que são parte integrante da Igreja local. Não são uma ilha isolada. A sua acção
apostólica e social estão em função da Igreja local. Lembrar ainda que os
cristãos que abraçaram alguma forma de vida religiosa, não o fizeram para viver
à margem da igreja particular e
universal, mas para viver mais radicalmente aquilo que lhe é essencial: o evangelho anunciado por Jesus e encarnado
por sua Pessoa. A vida religiosa quer tornar presente de novo no mundo o
modo existencial que o Filho de Deus
assumiu a fim de cumprir a vontade do Pai enquanto viveu no mundo (LG 14).
A vida religiosa tal como hoje existe, codificada, estruturada
e regulada até seus mínimos
pormenores, é fruto de longo processo histórico, “ O Código de Direito Canónico tem o grande mérito de ter unificado as
diversas espécies de vida consagrada numa mesma categoria, chamando-a com um
nome novo… Os institutos de vida consagrada são portanto, as formas históricas
concretas, institucionais e aprovadas pelo ordenamento jurídico da Igreja”
(cfr. Emilio Sumbelelo. Introdução à
Vida Consagrada na Perspectiva Canónica, Secretariado Diocesano de Pastoral
Uije 2008). Se a historia é uma continuidadade vivente na qual o hoje nasce do
ontem e floresce o amanhã, no hoje da vida religiosa vive e vibra todo o seu
passado. A historia da vida religiosa não é simplesmente algo que sucedeu, mas
algo que continua caminhando, evoluindo, progredindo. Somente através de
conhecimento completo de seu passado, poder-se-á alcançar conhecimento exacto
do que é actualmente a vida religiosa. A história nos ajuda a compreender.
Alias, a história da vida religiosa constitui uma parte da história da
salvação.
A história ajuda-nos a reconstruir um acontecimento do passado, para
imitá-lo e refuta-lo e perceber seu valor permanente. A história é mestra da
vida, porque pela história nos tornamos precavidos diante de determinados
acontecimentos e tornamo-nos sábios desde a própria raiz da vida e da
experiência que nos vão propor de modo adequado diante de qualquer
acontecimento.
As formas que a vida religiosa assumiu, ao longo dos séculos, falam de
continuidade. Se a vida religiosa hoje se encontra, em
situação difícil, comprometida, como a falta de vocações e pessoal
missionário, a não renovação do pessoal, deve-se encontrar o fio condutor que
legitime sua continuidade; e para isso melhor caminho é a nova leitura da
história da vida consagrada. Talvez, depois de percorrer esse longo cominho,
desde sua origem até hoje, os religiosos estarão em melhores condições de
explicar a situação actual da vida religiosa.
Prevaleu até então a ideia, de que a vida religiosa surgira já perfeita,
uma vez para sempre, desde suas próprias origens; e, por conseguinte, todas as formas de vida religiosa sucessivas eram
tais somente na medida que se conformavam com esse protótipo ideal primário,
original, primigênio, de modo que cada nova forma de vida religiosa era
aprovada e reconhecida como tal contanto que reconhecesse e justificasse sua
conexão com as formas religiosa anteriores.
Segundo esta mentalidade, a historia da vida religiosa seria a historia
de uma prolongada decadência. As formas sucessivas nada mais seriam do que uma
cadeia de instituições religiosas, procedendo umas das outras, com tendência
progressiva para a mitigação das observâncias religiosas precedentes, até
chegar, na actualidade, aos institutos seculares, os quais já nãos são vida
religiosa propriamente dita.
Há uma teoria contrária que defende que a vida religiosa teria surgido
nas suas origens como germe que se irá aperfeiçoando através dos séculos até
desembocar nos institutos seculares que seria o último estádio, mais perfeito,
da vida consagrada na igreja.
A história da igreja demonstra algo muito distinto dessas duas teorias. É
certo que, ao longo dos séculos a vida religiosa aperfeiçoou sempre mais as suas estruturas. Mas não é menos certo que
as diversas formas não provêm umas das outras, nem por decadência nem por aperfeiçoamento progressivo, mas que cada uma
delas surge da vida e da santidade da igreja, de modo autónomo, por mais que em
caso algum se prescinda, consciente ou inconscientemente, de toda a tradição
anterior da vida religiosa, ainda que não falte em algum caso a rejeição
consciente das forma anteriores de vida religiosa como não aptas para expressar
o próprio projecto de vida recebido do Espírito. Devemos ter a certeza de que
tudo o brota na Igreja esta inserido na sua tradição viva.
A historia demonstra ainda que as diversas formas de vida religiosa não
podem ser enquadradas em definição unívoca, porque cada uma delas é uma
experiência existencial e, por isso mesmo, única e irrepetível, e foram
marcando as diversas encruzilhadas que correspondem a outras tantas situações
socioculturais eclesiais novas às quais, por serem portadores de novas
exigências, era necessário dar também respostas novas. O próprio concilio
Vaticano II apresenta a vida religiosa como resposta carismática a uma leitura
nova do evangelho.
A importância decisiva da história para iluminar a natureza específica da
vida religiosa é avaliada pela necessidade de nova adaptação da mesma às novas
situações da igreja e do mundo exigidas
pelo Vaticano II (PC 2). Isso significa que os religiosos de cada época têm que
renunciar às interpretações teóricas e existenciais dos que os precederam. O
que não significa, todavia, que seja necessário prescindir de toda a tradição
anterior, antes, o contrário. Toda a tradição anterior da vida religiosa tem
que ser incorporada, a partir de sua dimensão mais profunda, por que os
religiosos de todos os tempos têm que experimentar-se a si mesmos dentro de uma
continuidade espiritual com aqueles que os precederam, seja no próprio
instituto em particular, seja na vida religiosa em geral.
Todas as épocas de renovação da vida religiosa se caracterizam por grande
desejo de retorno as suas origens. Mas a vida religiosa, em momento concreto da
sua história, não pode extrair, sem mais, do seu passado uma fórmula magica que
solucione todos os problemas, porque cada época, como cada facto histórico, é
una, única e irrepetível.
2. IDENTIDADE DA VIDA RELIGIOSA.
Os elementos da identidade da vida religiosa são: a finalidade, o
espírito, o carisma e a legislação.
Os Institutos da vida religiosa, à luz do Concilio Vaticano II ensaiaram
diferentes caminhos para o reencontro com a sua própria identidade que passa
pela busca da finalidade, do espírito, do carisma e da legislação dos
institutos da vida religiosa.
A finalidade do instituto:
Segundo o documento P.C.2 do Concilio Vaticano II, cada instituto tinha de
apresentar a sua finalidade própria, ou seja “contribui ao bem da igreja que cada instituto tenha seu carácter e seu
fim peculiar”(PC2).
Antes do Vaticano II em todas as congregações de vida religiosa existia
uma nítida distinção entre o fim
primário e secundário. O fim primário que era comum em todos os institutos religiosos consistia
sempre em buscar a glória de Deus e a santificação dos membros da congregação
religiosa.
Por sua vez, o fim secundário era apresentado como a dedicação da
actividade apostólica do instituto, como a educação, a assistência aos doentes,
o apostolado directo da palavra, catequese e outras.
Espírito próprio de cada
instituto: o fundador religioso consegue catalisar as aspirações religiosas
de seu tempo de tal maneira que se constitui mestre espiritual que agrupa discípulos em torno de si. Assim, os
fundadores dos institutos são também criadores de escola de espiritualidade, porque o seu carisma fundacional e seu
modo peculiar de viver o evangelho deverão ser transmitidos ao instituto por
ele fundado.
No entanto, institutos religiosos com escola de espiritualidade são muito
poucos. Outras famílias religiosas em seus capítulos gerais de renovação,
ensaiaram o caminho para definir sua identidade peculiar. Entretanto,
perceberam que aquilo que parecia, tão especificamente próprio, não o é tanto,
mas é compartilhado com todo o povo de Deus. Na realidade, foi a melhor
conclusão a que se pôde chegar, porque esses religiosos demonstraram assim a
sua conexão com a espiritualidade cristã que é comum a todos os baptizados,
sendo assim, esta espiritualidade cristã, comum a todos não pode a pode ser património exclusivo de nenhum
instituto de vida religiosa.
Carisma do fundador: o carisma
deveria contribuir para diferenciar seus discípulos e o retorno ao fundador
deveria ser o caminho adequado para explicitar a identidade profunda dos
institutos.
O fundador ao criar uma família religiosa, define os seus fins e teor de
vida e configuram o seu espírito.
No entanto, encontramos algumas dificuldades. Há fundadores que não
deixaram nenhum escrito, outros ainda fundaram varias congregações muito
diversas entre si; há os que abandonaram o instituto por eles fundados e,
contudo continuam muito florescentes na igreja.
Legislação particular dos
institutos: cada instituto religioso tem sua legislação própria:
constituições, directório, disposições capitulares. Nesta legislação
descreve-se um modo peculiar de viver e actuar, que deveria diferenciar um
instituto de todos os outros.
O caminho da história: este é
sem dúvidas o caminho para especificar bem a identidade de cada instituto
religioso. O que cada instituto tem de próprio, de exclusivo, de
intransferível, é que ele existe tal como sua própria história o fez. Há um
momento determinado da historia que o momento
fundacional. Assim como ocorre com as origens da igreja tem função
prototípica para o resto da sua história. O regresso as origens faz descobrir a
exemplaridade e a raiz primeira, de onde dimanará toda a vida do instituto
através do tempo. Um instituto religioso não nasce acabado, perfeito, momento
da sua fundação, mas evolui, muda, desenvolve-se. Na origem há elementos
constitutivos que permanecem para sempre.
1.2 DIVERSAS FORMAS DE VIDA
CONSAGRADA.
A vida consagrada é uma entre muitas formas de vida, como “uma árvore plantada por Deus e
maravilhosamente ramificada no campo do Senhor” (LG, 43). Esta variedade de
formas de vida, quer solitária, quer
comum, e de famílias religiosas brota do Espírito Santo que leva os crentes
a aderir ao Senhor e a servir os homens de variadas maneiras.
Estas diversas formas de vida Consagrada são: a vida eremítica, as
virgens consagradas, a vida religiosa, os institutos seculares e as sociedades
de vida apostoloca (cfr. Catecismo da igreja católica n.920).
3. A MISSÃO DA VIDA RELIGIOSA.
Na realidade, a missão, antes de ser caracterizada pelas obras externas
que absovem muitos dos religiosos em obras socias, como na educação e na saúde,
define-se pelo tornar presente o próprio Cristo no mundo, através do testemunho
pessoal. Na verdade, o consagrado quanto mais se deixa conformar com Cristo,
tanto mais o torna presente no mundo e operante para a salvação dos homens
(Cfr. V.C. no72).
Nesta Missão que o Consagrada se lança e abraça, deve ter confiar
totalmente em Cristo, pois, É preciso “confiar em Deus como se tudo dependesse
d’Ele e, ao mesmo tempo, empenhar-se generosamente como se tudo dependesse de
nós (V.C.73).
“Aqueles que professam os conselhos evangélicos têm, pois, por missão,
antes de mais, viver a sua consagração. Mas, porque, precisamente em virtude da
sua consagração, se votam ao serviço da Igreja, têm obrigação de trabalhar de
modo especial na obra missionaria, segundo o modo próprio do seu instituto
(cfr. Catecismo da Igreja Católica n932).
A Missão do consagrado não é outra senão a de buscar constantemente a
beleza divina e que o consagrado esta chamado
a cuidar esta mesma imagem em toda a parte, sobretudo a “imagem deformada nos rostos de irmãos e
irmãs: rostos desfigurados pela fome; rostos desiludidos pelas promessas
politicas; rostos humilhados de quem vê desprezada a própria cultura; rostos
assustados pela violência quotidiana e indiscriminada; rostos angustiados de
menores; rostos de mulheres ofendidas e humilhadas; rostos cansados de
migrantes sem um digno acolhimento; rostos de idosos sem as mínimas condições
para uma vida digna”.
Concluímos a nossa reflexão dizendo que a vida religiosa é uma
experiência de vida no tempo, porque são “homens
e mulheres, que pela prática dos conselhos evangélicos procuraram seguir Cristo
com maior liberdade e imitá-lo mais de perto, consagrando, cada um a seu modo a
própria vida a Deus” (cfr. P.C.nº1).
Gaudêncio Sangando,CSSp
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ESPIRITUALIDADE MARIANA EM LIBERMANN.
I. ESPIRITUALIDADE.
Que é espiritualidade cristã?
Na Igreja escutamos frequentemente a palavra “espiritualidade”. Sabemos
que tem relação com nossa fé e com os ensinamentos de Deus, mas muitos não conhecem seu significado exacto.
Textos bíblicos: Jesus multiplica os pães e os peixes para alimentar a multidão
(Mt 14, 13-21; Mc 6, 35-43; Lc 9, 12-17).
Que espírito tinha Jesus?
Jesus fala a Zaqueu que subiu na árvore.
(Lc 19, 1-10).
Jesus ressuscita um jovem.
(Lc 7,11-17).
Jesus e as crianças.
(Mt 19-13-15; Mc 10,13-16; Lc 18,15-17).
Vemos o espírito de Jesus quando olhamos como fala e como se relaciona com as pessoas. Podemos ver, concretizado, o espírito de Jesus em seus encontros com os demais.
Considerar a espiritualidade como “fé vivida” ajuda-nos a entender o que significa “espiritualidade”. A espiritualidade tem a ver com o seguimento do espírito de Jesus, com o modo como vivemos nossa fé.
Uma possível definição de espiritualidade: é a atitude fundamental de fé, de uma pessoa que conforma seu pensamento e sua acção ao espírito de Jesus. Podemos dizer que tipo de espírito habita em uma pessoa vendo como actua e fala.
Conhecemos que espírito move Jesus observando como actua e o que diz. A maneira de actuar das pessoas e o que fazem nos revela sua espiritualidade, por exemplo: Se alguém dedica muito tempo a rezar o terço, a ajoelhar-se diante da imagem de Maria, a visitar capelas de Nossa Senhora e diz amiúde que gostaria de ser como a Santíssima Virgem, dizemos que tem uma “Espiritualidade mariana.”.
Se alguém tenta viver uma vida simples, partilha o que tem com os pobres e demonstra pouco interesse pelo dinheiro e pelas coisas materiais, podemos dizer que tem uma “espiritualidade franciscana” (S. Francisco de Assis é o ponto de partida desta espiritualidade).
Se alguém vive uma vida de oração e de trabalho, dividindo seu dia em tempos de trabalho e tempos de oração, podemos dizer que tem uma “espiritualidade beneditina” (S. Bento de Nursia é o inspirador desta espiritualidade).
Há muitos tipos de espiritualidade. As espiritualidades Mariana, Inaciana, Dominicana, Carmelita, Franciscana, Beneditina, Espiritana são tipos diferentes de espiritualidade cristã. A espiritualidade cristã é a fé cristã feita vida. Outras religiões, como o Judaísmo, o Hinduísmo e o Islamismo, têm suas próprias crenças e sua própria espiritualidade. ([1])
Depois de termos compreendido a espiritualidade, gostaria convidar-vos a viajar no mundo da Sagrada Escritura. Da Bíblia vamos perceber melhor a espiritualidade mariana. Ou seja, o papel de Maria na nossa história de salvação. Quando falamos de Maria, vemos o protagonismo de mulheres escolhidas por Deus na história da nossa salvação. Quem são estas mulheres?
Antes de passarmos à espiritualidade mariana na vida do nosso fundador, vamos primeiro percorrer a Sagrada Escritura e percebermos como a mulher teve um papel relevante na história da nossa salvação.
Para tal servimo-nos da Teologia no feminino.
A Teologia do Feminino
Reflexão tirada das Escrituras Hebraicas:
Um grupo completo de mulheres foi convocado para garantir que Moisés se tornasse aquilo que Deus tinha planeado que fosse: o chefe do seu povo. Quem era esta gente que possibilitou a Moisés tornar-se o servo escolhido de Deus? Havia uma teia completa de mulheres que garantiram a vida de Moisés para que pudesse cumprir o plano de Javé.
Shiprah e Puah, as parteiras hebraicas no Egipto, eram mulheres tementes a Deus e, elas próprias, mães. Desobedeceram às ordens do Faraó para que se matassem todos os bebés de sexo masculino que tivessem nascido de mulheres hebraicas, fazendo, assim, com que o número de Judeus aumentasse. Talvez tenham sido elas a salvar Moisés (Êx 1:15-22). Embora fossem escravas, elas não se deixaram intimidar pelo rei e pela sua corte.
A filha do Faraó: Ela salvou Moisés da sua cesta nas margens do rio Nilo e criou-o na casa real até à idade adulta (Êx 2:2-10). Ela é símbolo duma pessoa de autoridade a tomar a iniciativa de ultrapassar uma lei injusta.
A Mãe de Moisés: Ela desafia o Faraó e amamenta o seu bebé durante alguns meses. Quando ele atinge os três meses de idade, ela esconde-o na cesta e coloca-o no rio Nilo.
Miriam, a irmã de Moisés, que “ficou de longe a ver o que lhe iria acontecer”. Quando a filha do Faraó deu pela cesta e encontrou o bebé, Miriam saiu do seu esconderijo e tomou posição, oferecendo-se para ir procurar uma ama para o bebé, e foi buscar a sua mãe.
Ao reflectirmos sobre a nossa vocação, não deveríamos esquecer a “rede” de pessoas implicadas na sua realização. Para podermos apreciar mais a fundo a nossa chamada ao seguimento de Jesus, é útil perguntarmo-nos de vez em quando: quais foram as pessoas que Deus colocou à minha volta para garantir a minha escolha logo desde o seio de minha mãe? (44).
Reflexão tirada do Evangelho de São João:
Há sete ocasiões no Evangelho de São João em que uma mulher cumpre um papel importante na comunidade e na pregação da Boa Nova:
1. Maria, nas bodas de Caná (2:1-11). Ela indica a lei principal do Evangelho: “Fazei tudo o que Ele vos pedir”.
4. Marta confessa a sua fé no Messias, o Filho de Deus. Nos outros Evangelhos, a pessoa que faz esta solene profissão de fé é Pedro (Mt 16:16). No Evangelho de João, a pessoa que faz esta profissão solene de fé é uma mulher, Marta (11:27).
5. Maria unge os pés de Jesus para o dia do seu enterro (12:7). Ela foi a única pessoa que entendeu e aceitou Jesus como Messias-Servo destinado a morrer na cruz. Uma pessoa que morresse na cruz não podia ser enterrada ou embalsamada. Por esta razão, Maria actuou antecipadamente e ungiu o corpo de Jesus. Ela é o modelo para os outros discípulos. Pedro não tinha aceitado Jesus como Messias Servo (13:87).
6. Aos pés da cruz, as palavras “Mulher, eis o teu filho”; “Eis a tua mãe” (19:25-27).
A Igreja nasceu aos pés da cruz. Maria é o modelo da comunidade cristã.
7. Maria Madalena é convocada para anunciar a Boa Notícia aos seus irmãos (20:11-
18). Ela recebe uma ordem - uma “ordenação” - sem a qual todas as outras
ordenações dadas aos apóstolos não teriam tido valor algum.
Nestas sete ocasiões é sempre uma mulher que é apresentada de forma positiva. Ela ajuda Jesus na descoberta e no cumprimento da sua missão. As dores do parto são o símbolo do sofrimento que traz à luz uma nova vida (16:21) (45).
II. MARIA NA VIDA E OBRA DE FRANCISCO LIBERMANN.
O Nome:
Jacob Libermann foi baptizado a 24 de Dezembro de 1826 com o nome de Francisco Maria Paulo. E neste dia dizia neo convertido “ quando a água baptismal correu sobre a minha cabeça de Judeu, nesse preciso momento comecei a amar Maria, que antes detestava”.
Na formação:
Francisco Libermann tem uma afeição ao Coração de Maria quando diz: “ O Imaculado Coração de Maria é um tesouro. Jesus Cristo depôs nele uma tal plenitude de graças e de favores que pode saciar não só o mundo inteiro, mas cem mil mundos e muitos mais ainda… Maria diz: vinde repousar no meu repousar nomeu Coração; o meu querido Filho colocou em mim uma tão grande abundância que eu tenho com que vos saciar a todos”.
A confiança extrema de Libermann a Maria o leva a aconselhar os seus irmãos a correrem para Maria: “irmão querido, vá, corra, lance-se nos braços desta tão querida e santa Mãe; vá dizer-lhe com confiança, simplicidade, ternura e amor”.
Libermann orienta os seus seminaristas a contemplar o interior do Coração de Maria revelando a sua experiência pessoal: “meu caríssimo amigo, que o admirável interior da Santíssima Virgem é perfeitamente semelhante ao de Jesus…”.
Na fundação da Congregação:
Libermann recebeu a ordem do Imaculado Coração de Maria para fundar o instituto missionário para a salvação da raça preta. Libermann enfrenta dois problemas: não era padre e sem experiência de Missão. Por isso era difícil fundar uma Congregação de missionários. No entanto, Libermann tem a plena confiança no Imaculado Coração de Maria, dizendo: “Desde o começo desta difícil empresa, toda a nossa confiança estava nos favores do Coração da nossa santíssima Mãe. Apesar das dificuldades que, humanamente falando, ultrapassavam muito a nossa fraqueza, nós mantivemos sempre uma grande certeza de sucesso… sentia em mim um impulso forte e um sentimento de confiança muito grande no Imaculado Coração de Maria.”
Libermann quando escrevia a Regra Provisória visitou todas as Igrejas dedicadas à Virgem e decide consagrar a Obra dos Negros ao Imaculado Coração de Maria. Esta regra começa assim: Tudo para a maior glória do Nosso Pai Celeste em Jesus Cristo nosso Senhor pelo seu divino Espírito em união ao Imaculado Coração de Maria.
Na sequência de uma peregrinação a Nossa Senhora de Loreto, Francisco Libermann regressa a Roma melhor de saúde.
O padre Libermann está certo de que a fusão entre a Congregação do Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria em 1848 é obra de Maria. Libermann não receia perder o nome e não via nenhum obstáculo, “ pois perderíamos o nosso nome entre os homens, que passarão a chamar-nos “Espiritanos”, mas não nos agarremos às palavras; agarremo-nos sim às realiadades; nós não deixaremos de ser de Maria, nem de ser sacerdotes do seu Imaculado Coração”[2]
III. UMA CONGREGAÇÃO MARIANA.
A natureza da Congregação é mariana, pois “respondemos a este apelo num Instituto religioso missionário, Congregação do Espírito Santo sob a protecção do Coração Imaculado de Maria”[3]. O Espírito Apostólico dos missionários têm como modelo Maria, porque “tomando Maria como modelo, vivemos a nossa missão na docilidade ao Espírito Santo”[4].
A própria consagração vive-se sob a protecção do Coração Imaculado de Maria. A nossa vida de oração passa por Maria. Assim, celebramos dum modo especial a festa do Coração Imaculado de Maria. “Temos também a peito a nossa piedade para com a Virgem Maria, inspirando-se nas orações da Igreja e na tradição espiritana. A reza do terço do Rosário faz parte desta tradição”. [5]
MARIA E O ZELO APOSTOLICO.
O Sucesso da evangelização espiritana em Angola em particular e no geral em Africa foi graças a intuição mariana de Libermann. Ou seja, O padre Libermann enviou os seus missionários tendo como mãe Maria. Esta espiritualidade concretiza-se ainda mais quando se associa à missão o rosto femenino.
“Para adquirir a santidade e o zelo e preciso trabalhar, com o socorro de Deus, a retirar os obstáculos (que se opõem ao que Deus quer fazer em nós); o que faz que a Virgem Santa tenha sido tão santa, é que a graça nunca encontrou nela obstáculos.
Maria não foi pregar o Evangelho de seu Filho, mas sofreu no seu coração, eis o único apostolado de Maria. Pois bem: não foi ela maior que todos os Apóstolos?
Não há vida apostólica sem intimidade com Cristo. Pelo Espírito Santo, Maria está unida, de maneira única, à vida e à missão de seu Filho.
Sim, faça-se em mim segundo a tua palavra. Maria dá o seu consentimento ao Espírito Santo, e não resiste. Sem ser apostola e sem correr mundo para anunciar o Evangelho, mas pelo seu Sim ma anunciação e frente à cruz, ela é um modelo para os apóstolos. Com Maria, digamos esse Sim, faça-se em mim segundo a tua palavra. Tão necessário ao apostolo e à testemunha de Cristo.
Libermann, em Roma, ao redigir a regra dos seus missionários, tem uma experiência que o surpreende. Le Vavasseur, que foi o primeiro a ter a ideia de uma associação de padres para os negros, tinha-lhe escrito: “empreender esta obra é como lançar-se num mar sem fundo de desprezo, de ignomínias, de contradições e de dificuldades… da parte dos brancos… dos negros e dos outros padres. Você vê, por conseguinte, que homens são necessários… são necessárias almas que não possam viver não cruzes…”
Durante meses, mas em vão, Libermann procura uma regra de vida para missionários heróicos, sozinho contra todos. Por fim, depois de correr varias igrejas consagradas a Maria, tem uma intuição: Achei-me decidido a consagrar a obra ao santíssimo Coração de Maria… puz imediatamente mãos à obra…e tive uma visão tão clara que de um só golpe adquiri uma visão de conjunto.
Toma uma decisão que se lhe impõe: achei-me decidido. Vê a missão segundo uma perspectiva nova: Tive uma visão clara, de um só golpe. Por fim, vê o modelo a propor aos seus missionários: não a cruz dos cruzados partindo à conquista de Jerusalém, mas a cruz tal como Maria, mãe de Jesus, a viveu na sua carne e na sua fé. Certamente, o missionário terá que sofrer e lutar, mas à maneira de Maria, de pé junto a seu Filho crucificado.
A intuição de Libermann nasce em terreno preparado. “Quando a água do baptismo se derramou sobre a minha cabeça de judeu, no mesmo instante amei Maria, que, antes, destava.” Desde o seu baptismo, ele não separa Jesus de sua mãe. Durante doze anos, vive com os sulpiciannos e os eudistas para quem Maria tem grande lugar. A piedadade mariana está viva no séc. XIX. Le Vavasseur e Tisserant, iniciadores da obra dos negros, sem combinar entre si recomendam ambos a 02 de Fevereiro de 1839 a obra dos negros a Nossa Senhora das Vitórias. Foi também em Nossa Senhora de Fourvière que Libermann obteve a confirmação da sua vocação missionaria.
Quando consagra a obra nascente ao sagrado Coração de Maria, Libermann não pensa unicamente nem sobretudo na piedade mariana mas antes na vida apostólica. Escreveu já aos iniciadores da obra que serão eles próprios os principais obstáculos à obra que Deus lhes confia. Você é um grande obstáculo aos desígnios de misericórdia para com essas pobres almas que lhe são tão queridas. Tema pôr obstáculos, pelas suas infidelidades, aos seus desígnios de bondade e de doçura. Para Libermann o principal obstáculo é o missionário que resiste ao Espírito Santo.
A anunciação (Lc 1,26-38) é a fonte de tudo o que admiramos no coração de Maria. Diz Libermann, que lê a sua história na história de Maria. Alegra-te amada. Libermann tornou-se cirstão descobrindo etse amor de Deus, como são Paulo: Cristo amou-me e entregou-se por mim; a fé cristã começa com este reconhecimento do amor de Deus: Quem não ama, não descobriu Deus. Tantos homens sentem-se sós, sem valor; mas muitos, também, reconhecem este amor e vivem maravilhados por ele. O anjo diz a Maria: Darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus; a descoberta do amor de Deus traz consigo a descoberta de uma missão; em Maria, Deus cumpre as suas promessas: Maria pergunta. Como será isso?
A missão está acima das nossas forças, nós advínhamos os obstáculos. O anjo diz: o Espírito Santo virá sobre ti; confiando uma missão, Deus dá o seu Espírito para a realizar. Maria consente: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Esta disponibilidade é a condição para se ser apóstolo.
Junto da cruz de Jesus estava de pé sua mãe (jo. 19,25-27). Pela fé ela une-se ao amor de seu Filho que dá a vida por todos; ela diz de novo sim da anunciação na fé e na dor. Libermann contempla o coração de Maria, “coração eminentemente apostólico e todo ele inflamado de desejos da glória de Deus e da salvação das almas. Considerá-lo-emos modelo perfeito do zelo apostólico de que deveremos estar devorados e fonte abundante e sempre aberta onde deveremos ir beber. O Espírito Santo gravou profundamente no coração eminentemente apostólico de Maria esta verdade de que a vida e a alma do apostolado são a generosidade e o espírito de sacrifício.
Jesus, perfeita imagem de Deus, revela o mistério de Deus e a vocação do homem e do apostolo; e Maria, pela sua fé, pela união a sue Filho, pela disponibilidade para o Espirot, mostra como é o modelo para responder a esta vocação.
Não se trata de palavras bonitas: “ Que não lhe chegue ser um santo com devoçõezinhas, contentando-se com uma oraçazinha à Virgem, onde se dizem coisas bonitas.
Senhor Jesus, concedeste a tua Mãe estar unida, pela fé e de maneira única, à tua vida, à tua missão, à tua paixão. Por ela, ensina-nos a não resistirmos ao teu Espírito Santo para vivermos a missão que nos confias.
O imprevisto faz parte da vida de Maria e da nossa.
Senhor, por Maria, ensina-nos a dizer: sim, que tudo se faça em mim segundo a tua palavra. Senhor Jesus, chamas mulheres e homens a seguir-te, ao serviço de teus irmãos, dá-lhes e dá-lhes a generosidade e o espírito de sacrifício que enchem o coração de Maria.
Maria não foi pregar o Evangelho pelo mundo fora; sofreu em seu coração e este é o seu único apostolado. Quando as dificuldades (doenças, oposições, mesmo o nosso pecado) põem em causa o nosso desejo de servir, ensina-nos, por Maria, a dizer: Sim, seja feita a tua vontade e não a minha”. [6]
IV. EXPRESSÃO MARIANA NA MISSÃO.
O nome dado a alguém tem sempre um significado especial porque exprime sentimentos, marca etapas da vida. Por isso, vamos falar das igrejas e capelas dedicadas a Maria, das orações e grupos marianos.
4.1: Igrejas e capelas.
4.2: Orações marianas.
4.3: Grupos marianos.
V. MARIA NA FAMILIA DO RELIGIOSO.
“A família é o ponto de partida das demais sociedades. É que sem família não há Nação, não há Estado, não há Igreja” acrescentamos nós não há Vida Religiosa.
Este ano é dedicado a família: Família, levanta-te e caminha. Na nossa cultura a mulher ocupa um lugar fundamental na família. Aliás, somos de cultura matrilinear.
Sendo assim vamos nos debruçar profundamente da influencia da família na vida do religioso e seguimos de perto as reflexões do padre Matungulu Otene no seu ensaio de uma espiritualidade banto dos votos.
Assim vamos falar da pobreza religiosa na relação coma família.
Antes de passarmos a esta reflexão gostaria dar apresentar o meu ponto de vista no toca a relação do religioso com a família.
Viemos de famílias, medias ou pobres. A nossa relação com a família, mesmo sendo religiosos deve ser de membros da família segundo o grau.
O que notei por exemplo entre os espiritanos portugueses há muita proximidade com a família. Vivem em família os acontecimentos marcantes. Recebem muito apoio da própria família.
Com relação aos religiosos africanos, noto também muita proximidade com a família. Dizia o nosso provincial Mauricio Kamuto na Missa dos votos temporários a 08 de Dezembro do Munhino: “ Os religiosos são os que ajudam mais os seus pais, enquanto que os irmãos casados estão preocupados com os seus maridos ou esposas”.
Agora, quando se trata da pobreza, como é que vivemos a nossa relação familiar?
A pobreza para o religioso negro-africano nas relações com a família (pag. 39-45).
A POBREZA PARA O RELIGIOSO NEGRO-AFRICANO NAS RELAÇÕES COM A MESMA FAMILIA.
Jesus , no Evangelho, está em constante reprimenda com os fariseus porque estes, em vez de ajudar eus pais, pretendem dar o dizimo ao Templo. Frequentemente também, nós religiosos negro-africanos somos confrontados com este tipo de problema e muitas vezes não sabemos como resolver tal questão. Um bom número dos nossos familiares vive efectivamente numa pobreza que beira à miséria. E o nosso voto de pobreza está longe de convencer os familiares, como também à maioria das pessoas, porque na realidade não somos ricos que parecemos levar uma vida pobre? A nossa pobreza não é facilmente percebida como um verdadeiro sinal do Reino?
Como viver com Cristo pobre, quando vemos miséria daqueles que são a carne de nossa carne, a vida de nossa vida?[7]
Notas Bibliograficas:
[2] A. Amato, A.Gilberto, A. Aubert, M. Isidro, Maria e o Espírito Santo, pg. 154.
[3] RVE. 2.
[4] RVE. 4.
[5] RVE.99.1;2;3.
[6] Arsène Aubert, Orar 15 dias com François Libermann, pg. 63-68.
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