BIBLIOGRAFIA




SUMÁRIO.



I.                   FUNDAMENTOS TEÓRICOS.

1.1.Conceito de comunicação.


O conceito de comunicação nos remete para a sua etimologia latina “Communis”, do latim, é tornar algo em comum, à disposição de todos. Do conceito comunicação juntando sempre o adjectivo “social” indica-nos os fenômenos ligados a inter-relação humana. A esta inter-relação junta-se no geral o complexo mundo tecnológico dos meios de massa como a imprensa, cinema, rádio, televisão, espectáculos visuais, auditivas e audiovisuais.
O conceito nos remete também para o conjunto de disciplinas das ciências sociais que capacitam os profissionais ligados ao mundo da comunicação no desempenho do seu trabalho em diferentes sectores sociais.

1.2.         O Ser e dever-ser da comunicação.

 O Conceito de comunicação nos remete na tensão entre o “ser” e o “dever-ser”. O “ser” da Comunicação: “tanto na linguagem corrente como na científica costuma-se usar o vocábulo “comunicação” para descrever processos de emissão, condução e percepção de mensagem mediante o uso de canais e de signos”. Sob este ponto de vista que acabamos de nos referir, o conceito aparece ligado aos meios de transmissão, como a informação e a produção de signos e significação. Ou seja a comunicação é informação e significação.
Quanto ao dever-ser, abrange mais as pessoas como sujeitos conscientes e livres trocando as suas mensagens. Aqui as pessoas não se reduzem a um mero “emissor” nem tão pouco a “receptor” condicionados a estímulos.
Esta inter-relação humana leva-nos a comunidade ou comunhão remetendo para o sentido original do conceito em latim “communis, communitas, communio”.
As novas tecnologias de comunicação tiveram o seu desenvolvimento partindo sempre da base inerente à natureza social do homem.  Ou seja, os novos meios vieram só ampliar uma capacidade preexistente no homem e facilitar uma função essencial da comunicação inter-humana.

1.3. A expressão e a difusão.


A expressão é o uso de linguagem ou signos, estes podem ser verbais como não-verbais com o fim intencional, consciente ou inconsciente de manifestar ou dar a conhecer ideias, sentimentos, experiências e vivências.
A difusão é a disseminação de mensagens num âmbito social relativamente amplo. No entanto estes dois elementos não são comunicações por si sós.
Há comunicação autêntica numa situação de diálogo entre duas ou mais pessoas, que implica sempre a participação ativa, livre e autónoma das pessoas em interação, o que constitui o fundamento da comunicação humana.  
Portanto, a partir do nível do “dever-ser” em que se descobre a participação dialógica como ideal no horizonte das relações sociais do homem em todos os tempos podemos atravessar a história e a cultura humanas na busca de meios que pudessem superar e aperfeiçoar a comunicação inter-pessoal limitada no espaço e no tempo.

1.4.A comunicação na História humana.

O homem, como ser social, foi sempre comunicativo. A natureza do homem é de ser social. O homem nasceu para viver em comunidade. “Com efeito, sendo dotado de sentimentos e de razão, precisa de comunicar” (cfr. A. Santos Justo, Introdução ao Estudo do Direito, pg. 16). Assim, “a necessidade e o conjunto de realidades designadas mediante o conceito ‘comunicação social são tão antigo como o próprio ser humano.
Para percebermos este “ser comunicativo e social do homem” vamos percorrer a história para mostrarmos os esforços que o homem foi fazendo até tornar a comunicação mais humana.
O fenómeno de comunicação humana, inerente à sua essência social, passou por várias fases ao longo da história.
Na Mnemónica o ser humano serviu-se de objectos naturais e artificiais como suporte material de transmissão de dados ou mensagens com intenção de memória.
 Na Pictórica, o homem representa objectos e situações do dia-a-dia usando a pintura rupestre com finalidade mágico-religiosa.
Na etapa Ideográfica, que é também da linguagem hieroglífica, o homem consegue fazer associação de símbolos pictográficos com objectos, acções e ideias.
Na fase Fonética há representação de sons articulados da linguagem oral a partir da invenção do alfabeto, (na Fenícia, cerca de 3000 a. C).
A história das culturas dos homens nos mostra que houve sempre a grande preocupação de descobrir meios e suportes materiais para o intercâmbio de mensagens de uma parte para a outra.
Dos meios que encontramos em várias culturas apontamos o emprego dos sinais de fumaça, do fogo das tochas, do tam-tam dos tambores, estes com grande expressividade também nas nossas culturas africanas.
Porém, estes meios foram superados por outros, como as tábuas de argila, a pedra, o bronze gravados. Estes meios suportavam mensagens que podiam durar e circular através dos espaços geográficos, enquanto os primeiros eram fugazes e limitados.
No entanto, o que veio mesmo contribuir para o desenvolvimento da linguagem escrita, foi sem dúvida o papiro (das canas das margens do Nilo), o pergaminho e o papel (da China). Estes meios podiam transmitir a mensagem à distância e no espaço.
O objectivo destes meios  usados pelos homens das diferentes etapas históricas e culturas e que fizemos referência acima era sem dúvida informar, fazer crónica, exprimir as ideias e sentimentos.
Os correios que surgiram no império egípcio no ano 2400 a.C., foram uma forma de transmissão de notícias e que deram origem a telecomunicações internacional com objectivo comercial e política. “As pedras gravadas e as tabuinhas de madeira dos gregos, colocados em lugares públicos para fazerem conhecidas as mensagens oficiais, constituíram a origem dos cartazes e dos períodos murais”
O teatro grego e o romano estão também na origem de comunicação social. Os actores faziam representação simbólica e a audiência era composta pelo público pertencente as diversas camadas sociais. A base do teatro era as gestas épicas cantadas pelos líricos. “As obras teatrais, nas quais se combinava a musica coral com a recitação e os gestos dramáticos, expressavam a reflexão sobre o passado mitológico, sobre o destino do homem e também sobre a actualidade politica, proposta à consciência do espectador com um propósito crítico.” (Ibidem, pg. 17).
A invenção de imprensa por Gutemberg, que em 1456 publica o primeiro livro impresso na Europa, veio operar uma notável revolução na difusão das ideias” (Cfr. Alberto Arons de Carvalho et alli, Direito da Comunicação Social, pg.17).
A leitura já não pertencia a um grupo restrito e privilegiado. Os livros começam a chegar na língua de cada um e atingindo uma larga maioria da população alfabetizada. A invenção da litografia (1796) segue-se o invento da fotografia (1814), a fabricação da primeira máquina impressora a vapor.
Outros sistemas de transmissão de mensagens à distância que se juntam ao mundo da comunicação foram com certeza os caminhos de ferros, a navegação marítima e fluvial a vapor, a telegrafia a radiotelefonia e a televisão, o telégrafo de Morse (1837), o linótipo (1866), o telefone (1877 por Graham Bell).
A esta história da comunicação social e já com as bases da fotografia que incorpora a imagem à imprensa, vai surgir o cinema. As primeiras projecções se realizam em 1895, na altura o cinema era mudo. No entanto, com a invenção da primeira película sonora em 1927 vai melhorar substancialmente este meio de comunicação de massas.
O cinema surge para entreter as massas e depois passa para ser usada para formar o público recorrendo aos géneros documental, histórico e didáctico.
Em 1909 inventa-se o rádio a partir da telegrafia sem fio. A descoberta da onda curta veio revolucionar este meio de comunicação de massas e deve-se também a sua utilização na Primeira Guerra mundial. O rádio foi usado para a difusão de notícias, audições musicais, representações dramáticas e programas educativos. Depois veio juntar-se a televisão.
As novas tecnologias a que fizemos referência associam as telecomunicações por satélite e a informática dos computadores, tornando desta maneira possível o acesso massivo a estes meios. Assim qualquer pessoa pode ter uma televisão em casa, ter um telefone, um receptor de rádio e receber mensagens informativas, formativas e recreativas e podendo seleccionar os programas quando conectado à linha telefónica ou do cabo de fibra óptica. A rede digital de serviços integrados com base no funcionamento de bancos de dados proporciona todos estes serviços.

II.                CONCEITO DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.


A Comunicação das empresas visa criar consentimento e aprovação no corpo social da empresa facilitando a cooperação e participação dos empregados. A comunicação empresarial é um processo simbólico (expressivo-emocional), que reforça ou modifica os sentimentos dos empregados e o público. Ela desenvolve-se em três níveis: A Comunicação técnica (pouco atractiva, técnica, informativa); a comunicação cognitiva (comportamentos); a comunicação normativa (Normas, valores).
O objectivo da comunicação empresarial é o de aproximar do nível de expressividade dos empregados, melhorando os fluxos da comunicação no processo da comunicação na empresa. Os fluxos são: descendente, ascendente e horizontal. Sendo o Fluxo descendente aquele que vai do topo para base; Fluxo ascendente da base para o topo; Fluxo horizontal entre os escalões hierárquicos semelhantes.
Portanto, o crescimento da empresa depende da envolvencia dos empregados no processo da comunicação dentro da empresa: na tomada das decisões, com mecanismos de consulta oferecendo desta forma a possibilidade de influir nas decisões fundamentais da empresa. Sendo assim, a comunicação na empresa assenta em quatro sistemas: o sistema de identificação, de comunicação comercial, o sistema de comunicação de pertença e o sistema de auditoria e de controlo.
Este sistema compreende todos os meios  que facilitam o reconhecimento da empresa e dos seus produtos: nomes, marcas, logotipos, design e produto.
Uma boa identificação da empresa aumenta o espírito do consumidor e só a comunicação é capaz de fazer a diferença. A comunicação de marketing usa as ferramentas da comunicação comercial com objectivos comerciais como  a publicidade, a promoção das vendas e o  marketing directo.
A comunicação facilita a partilha de valores favorecendo a adesão, a cooperação, o sentimento de pertença entre a empresa, os seus parceiros e o seu público mais próximo.
A comunicação empresarial é uma ferramenta importante quando se trata em defender a imagem da empresa diante dos empregados, consumidores, fazedores de opinião, classe política, empresarial, accionistas, comunidade académica, financeira e jornalistas.
Sendo assim, a comunicação empresarial capacita o profissional a trabalhar com diferentes públicos, cuidando do conteúdo, do discurso e da linguagem tendo em conta a concorrência do mercado, as novas tecnologias e a diversificação dos meios de comunicação social.
Para reforçar a imagem de uma empresa junto do público de interesse e da opinião pública, a comunicação empresarial oferece um conjunto de actividades, acções, estratégias e produtos para atingir tal objectivo.
A comunicação empresarial, diz respeito a supervisão da assessoria de imprensa, do planeamento, da implementação, da condução de acções de comunicação interna e externa, o cuidado com a imagem e com a marca da empresa. Por outras palavras, a actividade principal da comunicação empresarial é definir uma estratégia para as empresas.
Por isso é que se exige do profissional de comunicação empresarial uma visão global do mercado local e internacional e do próprio mundo de negócios.
Portanto, o profissional de comunicação empresarial é capacitado a ser um executivo, um gestor, capaz de planear estrategicamente, o esforço de comunicação da empresa.
Não deixa de adquirir os conhecimentos, as habilidades nas práticas profissionais, executar tarefas simples como fazer relatórios e ter bom relacionamento com os meios de comunicação.
A comunicação empresarial é sem dúvidas uma ferramenta capital de comunicação porque visa melhorar a imagem de uma empresa, do produto, do relacionamento com os funcionários e com o público-alvo.  
A comunicação empresarial ajuda o profissional a saber analisar, a planear, a ouvir e agir de acordo com as necessidades das empresas, valorizando acima de tudo os produtos, as marcas e funcionários. O sucesso da empresa depende de uma boa comunicação empresarial.
Portanto, o termo empresarial concorre com os termos institucional, global, integrada, corporativa, organizacional ou de marca e o conceito tem quase tantas formulações quantos os autores. Duas orientações se impõem: a primeira centra-se no produto, no serviço e na marca, denominando-se comunicação de marketing, e a segunda fixa-se na própria empresa, chamando-se empresarial.
Sendo assim, a comunicação tem um papel fundamental na empresa e não pode resumir-se a uma transmissão de informações e de decisões, modo como  muitos responsáveis a olham.
A insuficiência de diálogo e sentimento de não participar nas reuniões causam sempre desmotivação profunda dos empregados. A cultura da comunicação deve inscrever-se num método de investigação do mais e elevado nível de motivação, nos instrumentos de gestão e nas estratégias de mudança.
O fim da comunicação empresarial é aumentar a eficácia da empresa: participa na gestão, na estratégia e nas decisões. Com efeito, o lançamento de um produto é limitado se não for conceptualizado e a aplicação de uma decisão é impossível se ela não for facilmente compreensível. Uma organização exige uma imagem institucional; esta não existe se não houver valores, mas estes não serão partilhados se não forem explícitos. Assim, comunicar é partilhar, comunicar é explicitar.

2.1. As barreiras e problemas da comunicação.


Os obstáculos à comunicação dividem-se em dois grupos: obstáculos devido à personalidade: auto-suficiência, congelamento das avaliações, geografite e tendência para complicar.
Devido a linguagem: confusão entre factos e opiniões, manipulação das palavras abstractas, desencontros, indiscriminação, polarização, polissémia, falsa identidade e barreiras verbais.
A comunicação humana é essencialmente individual e por isso afectada pela personalidade e linguagem. Ou seja, os obstáculos e problemas de comunicação são devidos à personalidade e à linguagem.

2.2.Obstáculos devidos à personalidade:


Auto-suficiência: dois princípios falsos: é possível saber-se tudo sobre alguma coisa ou o que sei, engloba tudo quanto há sobre o assunto.
Um bom líder empresarial é aquele que começa por admitir não saber. É deste não saber que nasce a ideia de ficar a saber.
Congelamento das avaliações: as pessoas mudam. O homem nasce, cresce e desenvolve-se e morre. Assim acontece com as empresas e sociedades.
Avaliações congeladas são não acreditar na mudança.

2.3.Geografite:


A geografite surge quando o indivíduo se impressiona com os sentimentos, imaginações, palpites, pressentimentos, preconceitos e deduções em vez de reflectir a partir da realidade, objectos, coisas, acontecimentos e pessoas.

2.4.         Tendência para complicar:


A existência dos tabus nas sociedades primitivas confirma a tendência universal para a complicação: na religião, na política, na cultura, na arte, na ciência, na empresa…
Complicar é a forma mais antiga de esconder a ignorância ou de enganar.

2.5.         Obstáculos devidos à linguagem:


Confusão entre factos e opiniões: facto é acontecimento, coisa, acção feita. Os factos não se discutem.
A opinião é o modo de ver, é um conjutura e são temas de discussão.

2.6.         Manipulação das palavras abstratas:


Cada palavra é metade de quem a diz e metade de quem a ouve. Clarificando as palavras abstratas, antes de utilizá-las, é um passso importante para o entendimento entre os homens.

2.7.         Desencontros:


Os desencontros acontecem quando não se partilha o significado das palavras: as mesmas palavras significam coisas diferentes e palavras diferentes significam coisas iguais.
A comunicação é construtiva quando admitimos não compreender. O líder nasce quando aprende a dizer “não sei”.

2.8.         Indiscriminação:


A indiscriminação é obstaculo à comunicação por rotular as pessoas, as coisas, os acontecimentos, criando dogmas.

2.9.        Polizarizações.


Polarização é a tendência de reconhecer apenas os extremos, neglegenciando as posições intermediárias: quem não está comigo está contra mim.


2.10.   Falsa Identidade em Palavras.


Duas coisas iguais a uma terceira são iguais entre si; é verdade para um silogismo, mas não é para uma situação real.
A falsa identidade baseada em palavras é uma ameaça permanente ao entendimento entre os homens.

2.11.       POLISSEMIA.


É uma multiplicidade de sentidos para cada vocabulo. A polissemia é um obstáculo à comunicação. É uma caracteristica inseparavel das palavras que nos servem para expressar ideias, pensamentos ou emoções.

2.12.       AS BARREIRAS VERBAIS.


As barreiras verbais são obstáculos à concretização de uma boa comunicação.
Toda palavra vem carregada de afectividade e a sua significação é sempre subjectiva.
Estas barreiras são emocionais; expressão repetida com exagero, alcunhas, defeitos de pronúncia, falar bairrista, exibicionismos.

2.13.       NÍVEIS DE BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO:


Os níveis de barreiras encontradas na comunicação são três: o primeiro nível relacionado com problemas técnicos, o segundo com os problemas semânticos e o último a influência ou eficácia na comunicação.
Os problemas técnicos: são relativos à precisão na transmissão de informações do emissor para o receptor; enquanto os problemas semânticos são aqueles em que a interpretação do significado pelo receptor é diferente do emissor; e a influência ou eficácia diz respeito ao êxito da resposta desejada pelo emissor em influenciar o receptor. Pois que o receptor, no geral, espera ouvir o que espera ouvir: A experiência passada leva-nos a esperar ouvir a mesma mensagem em circunstâncias semelhantes.
O receptor tem a tendência em desvalorizar as informações recebidas porque entram em conflito com o que já sabemos e não mudamos.
Avaliar a fonte: Avaliação da fonte pode ajudar o receptor a apreender o sentido pretendido pelo emissor
Percepções diferentes: as palavras, os actos e os factos são percebidos à luz dos valores e das pressões ambientais do receptor.
Palavras com significações diferentes: as palavras são símbolos e por isso podem ter significações diferentes para as pessoas. Termos especializados.
Sinais não-verbais incoerentes: o tom de voz, a expressão facial, postura do corpo ajuda ou complica a comunicação.
Efeitos das emoções: afectam a interpretação de uma mensagem de interesse reagindo defensivamente ou agressividade.
Ruído: Ter capacidade de perceber mensagens que interessam dos ruídos.
As barreiras e problemas na comunicação surgem quando há falhas na rede. Esta rede é composta por sete elementos fundamentais: Comunicador, Codificação, Mensagem, Meio, Código significativo, Receptor e Feedback.
Há falhas na comunicação quando alguém numa empresa é sistematicamente o último a saber das novidades, ou a conhecer a sua demissão pelos corredores. Quando há resistência na mudança.  Quando algo de errado acontece com um dos elementos que compõem a comunicação, o resultado torna-se ineficaz e pode ser muito perigoso para as empresas.
Estes ruídos mostram que algo de errado não está bem na empresa e precisa de ser atacado: promovendo uma discussão a respeito destes ecos comunicativos.
Para começar é necessário conhecer o ambiente da empresa e a própria cultura. É preciso entender o ambiente de uma empresa. Factores importantes com impacto na cultura de uma empresa podem ser o ponto principal de uma comunicação ineficaz. Portanto, a liderança deve ter a capacidade de agir e providenciar a mudança de cultura na empresa.
Para mudar é preciso conversar, se reunir, comunicar e informar. As informações devem ser compartilhadas com os membros da empresa a fim de garantir melhor harmonia no grupo.
Planear a comunicação de maneira sinérgica e integrada; abrir e tornar mais equilibrados os fluxos da comunicação; tornar simétrico o marketing institucional e o marketing comercial; valorizar e enfatizar canais participativos de comunicação;
Estabelecer uma identidade (transparente e forte) para projecção externa; criar uma linguagem sistémica e uniforme; valorizar o pensamento criativo; acreditar na comunicação como um poder organizacional;
Reciclar periodicamente o corpo de profissionais; investir maciçamente em informações; ajustar os programas de marketing social ao contexto sociopolítico; valorizar os programas de comunicação informal;
Assessorar, não apenas executar programa de comunicação; focar a comunicação para prioridades e ter coragem para assumir riscos e gerar inovações.
O planeamento de uma comunicação de maneira sinérgica e integrada e a crença na comunicação como um poder da empresa são as estratégias principais a não descurar.
Uma comunicação sinérgica e integrada é a possibilidade de não se esconder nada aos membros da empresa. Não se deve guardar segredo a ninguém. No entanto não deve haver confusão entre informação sigilosa com divulgação correcta dos factos diários de uma empresa.
Uma comunicação sinérgica é capaz de integrar clima sócio-organizacional com as comunicações entre todos os departamentos de uma empresa.  Outro esforço a fazer neste campo é citar fontes. Ou seja, não se deve falar em acções sem sujeito. A preocupação neste processo deve ser a de citar a fonte e divulgar os autores. A partir de uma comunicação clara e objectiva, garantimos o não-surgimento de ruídos e o constante disse-me-disse.
Outra estratégia de comunicação empresarial é a valorização da comunicação como poder da própria empresa.
A empresa deve divulgar o seu trabalho tanto para o público interno quanto para o externo. Esta divulgação faz-se através de um boletim informativo, do quadro-mural, da intranet, da extranet, e do comunicado geral.

III. PROCESSOS E CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO.

3.1. O processo de comunicação.

A palavra comunicação na sua origem latina nos remete para a comunhão, em colocar as ideias, os pensamentos e os sentimentos em comum com gestos e palavras.
Comunicar é tornar comum, à disposição da comunidade, uma informação, um pensamento, uma ideia, um sentimento, uma atitude.
No entanto, para tornar comum esta informação, ideia ou atitude, é necessário conhecer e dominar todo sistema da comunicação.
Basicamente este sistema é composto por quatro elementos: a fonte, a mensagem, vector e o destinatário.

3.2. O sistema de comunicação:

Para transmitir no seu estado o significado é necessário traduzir o mesmo significado (a codificação) num conjunto estruturado de significantes, que, conhecidos por convenção, são interpretados (descodificados) pelo receptor.
Codificador-fonte:Quando uma fonte de comunicação escolhe o meio através do qual pretende influenciar o receptor, codifica a mensagem para obter a resposta desejada. Para aumentar a fidelidade, dentro da fonte, há pelo menos quatro espécies de factores: habilidade de comunicação, atitudes, nível de conhecimento e posição no sistema sociocultural.
Descodificador-receptor: O descodificador-receptor, para aumentar a fidelidade de recepção deve conter, também quatro espécies de factores: habilidades comunicadoras, atitudes, nível de conhecimento, situação no contexto social.
Se o receptor não tem capacidade de ouvir, de ler, de pensar, não será capaz de receber e descodificar as mensagens enviadas pela fonte.
Os códigos: O significado remete-nos para o conceito de códigos.
Um código é qualquer grupo de símbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter significação para alguém. Os idiomas são códigos. A língua umbundu é um código: contém elementos (sons, letras, palavras). A língua umbundu é um código: contém elementos (sons, letras, palavras) que dispostos em certas ordens, têm significação, e que dispostos noutras não têm.
Código é tudo o que contém um grupo de elementos (vocabulário) e um conjunto de métodos para combinar esses elementos de forma significativa (sintaxe).
Ao codificar há que decidir sobre: qual o código; quais os elementos do código e qual o método de estrutura dos elementos que vamos escolher.

3.3. O Feed-back:


O feed-back fecha o sistema, tornando-o dinâmico. É os procedimentos que utilizamos diariamente quando conversamos. A comunicação é, então, denominada comunicação nos dois sentidos.
O feedback proporciona à fonte informação perante o sucesso ou insucesso do seu objectivo. E, a partir dele o controle de futuras mensagens que queira codificar. O feedback torna as fontes e os receptores de comunicação interdependentes.
Entre duas pessoas, a comunicação permite feedback máximo. A fonte tem possibilidade de mudar quase instantaneamente a sua mensagem.
O feedback influencia comportamentos posteriores da fonte, porque é obrigada a levar em conta as respostas que recebeu.
Se o feedback é bom (positivo) a fonte mantém a sua mensagem. Se o feedback é mau (negativo) a fonte modifica a sua mensagem para aumentar as suas possibilidades.
Segundo Lasswell  (Harold Dwight) o processo de comunicação sintetiza-se em torno de cinco perguntas básicas: Quem comunica? A fonte ou comunicador. A quem? O receptor. O quê? A mensagem. Como? O canal. Com que resultado? O feedback.

3.4. PRINCÍPIOS DO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO: QUEM?

Quanto mais digno, credível ou prestigiado for julgado o comunicador, menos manipulador será considerado e maior será a tendência para aceitar as suas conclusões.
A eficiência de um comunicador aumenta se expressar alguns pontos de vista que coincidem com os da audiência.
A opinião da audiência sobre o comunicador reflecte-se imediatamente na opinião que terá da sua mensagem.
Quem comunica? Que fontes. Nas empresas as fontes de comunicação podem ser muito numerosas. São principalmente as empresas e os seus produtos, os dirigentes e os colaboradores, os consumidores associados, os diversos grupos de pressão. Em torno destas fontes é necessário conhecer as fontes que a empresa domina e as que não são dominadas e preocupar-se também com a imagem destas fontes e o seu impacto na comunicação.
A quem comunica: o receptor. O público tende a ouvir as comunicações que são favoráveis ou naturais às suas predisposições ou seja, às suas crenças.
Quando mais interessado estiver num assunto mais atenção selectiva dispensará à mensagem e ao comunicador. Comunicações neutras não funcionam.
A comunicação que atinja um interesse real da audiência influi mais na opinião do que as comunicações de teor generalista. Razão porque a mensagem dirigida a uma audiência específica é mais eficaz do que aquela que é dirigida a toda a gente.
A quem comunica? É necessário conhecer os alvos para definir o alvo global e o centro do alvo. O centro do alvo, considerado à parte do alvo global, tem um interesse essencial e é absolutamente necessário tocá-lo com eficácia. A comunicação estará suficientemente dirigida quando se procede em duas etapas, privilegiando, em primeiro lugar, os líderes que farão repercutir a mensagem com maior credibilidade. Esses líderes devem ser identificados e determinados com precisão.
O quê: a mensagem: Se a audiência for amigável, se a posição for a única a ser apresentada deve-se apresentar apenas um dos lados da questão, ou seja, um dos lados do argumento (comícios, publicidade).
Se a audiência começar a discordar então apresentar os dois lados da posição.
Fortes apelos ao medo causam demasiada tensão e, por isso, são menos eficientes que os apelos fracos.
É mais eficiente colocar a conclusão no final da mensagem do que deixar a audiência tirar as suas próprias conclusões.
Não é possível estabelecer se é o início ou o fim da mensagem que deve estar o assunto mais importante.
O quê se comunica e a mensagem a transmitir deve constituir a preocupação em comunicação empresarial.
Na comunicação espera-se, obviamente resultados para se saber se os objectivos da comunicação foram alcançados.
Quem comunica, a quem, o quê, como e com que resultado são perguntas simples de serem formuladas. No entanto, as respostas são difíceis porque ajudam a fazer um bom diagnóstico da comunicação da empresa.
Canal: Na comunicação, a fonte tem de escolher um veículo para transportar a sua mensagem, isto é o canal.A palavra canal pode ter, pelo menos, três sentidos:Como mecanismo de ligação.Como veículo.Como transportador de veículos.
Para transmitir uma mensagem oral ou ter uma conversa, em primeiro lugar, preciso ser capaz de falar (ter voz) e o outro ser capaz de ouvir, ou seja preciso ter um mecanismo de ligação.
Depois, para que as minhas palavras cheguem ao outro, é preciso que se codifiquem em sinais sonoros (ondas sonoras), que o outro oiça, que haja um veículo de mensagem.
Para que as palavras tenham a possibilidade de chegar ao outro é necessário ter um suporte que as sustente: o ar, isto é, que haja um transportador de veículos.
Em comunicação social há que escolher um veículo mais adequado para transportar a mensagem.
Da escolha do canal depende a maior ou menor fidelidade de transmissão da mensagem.
Como: canal: Não há um meio de comunicação melhor para tudo. Todos os meios são bons e devem ser utilizados consoante as circunstâncias. Cada situação é única.
Em suma: A fonte determina o modo como elabora e entrega a mensagem. E quando descodificamos a mensagem, fazemos inferências sobre o objectivo da fonte, das suas habilidades de comunicação, das suas atitudes, do seu conhecimento, da sua condição.
Ao decifrar uma mensagem, procuramos tirar ilações sobre o tipo de pessoa que a emitiu.

IV.                A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.

“Estamos longe de ver a comunicação empresarial como filosofia de gestão e, bem assim, longe de ter gestores que compreendam a importância de gerir a comunicação” (João Moreira Santos).
A empresa é um sistema. Como unidade socioeconómica voltada para a produção de um bem de consumo ou serviço, a empresa é um sistema que reúne capital, trabalho, normas, políticas e tecnologia.
Uma empresa, contudo, não tem apenas por objectivo gerar bens económicos para uma relação de troca entre produtor e consumidor. Procura também desempenhar um papel significativo no tecido social, missão que deve cumprir qualquer que seja o contexto político.
O papel formador da empresa dentro dos sistemas sociopolíticos, a sua contribuição social através da criação de empregos, da descoberta de processos, de avanços tecnológicos, da elaboração de estratégias, produtos e serviços contribuem decisivamente para o progresso das comunidades. Por outro lado, é graça à produção de bens e serviços que a empresa cria condições para a viabilizar. Conciliando aspectos sociais e económicos, a empresa ajusta-se à missão para que foi idealizada.
Assim sendo, cada vez mais, a comunicação empresarial assume um papel preponderante nas empresas modernas.
Diferente para inovar, competir para vencer, são conceitos assimilados e dissecados na renovada conjuntura de mercado.  
Os gestores de comunicação são uma realidade no mercado de trabalho e nas empresas. São técnicos especializados numa área das mais qualificadas e complexas do sistema empresarial: a Comunicação.

V.                AS PRINCIPAIS VERTENTES DE COMUNICAÇÃO:

As vertentes de comunicação são de três níveis:  As comunicações técnicas, geralmente pouco atractivas. As comunicações cognitivas, inerentes aos comportamentos individuais. As comunicações normativas, orientadas para a transmissão de normas e valores a ser exercidos nas várias situações funcionais.
As vertentes juntam os três fluxos, que já foram referidos no conceito de comunicação empresarial:  O Fluxo descendente: do topo para a base (da administração para os administrados). O fluxo ascendente (da base para o topo (dos empregados para a administração). O fluxo horizontal ou lateral (a troca de informações entre directores ou entre técnicos). Estas são as mensagens especializadas: informação administrativa (informação contabilística); Informação de gestão (indicadores financeiros, económico, técnico e comercial); Informação de integração (técnico comercial situação actual da empresa).

VI.              OS TIPOS DE COMUNICAÇÃO.

Os tipos de comunicação são: Relações públicas, comunicação institucional, comunicação do produto, comunicação interna, comunicação financeira, comunicação ambiental, comunicação de crise, relações com média, relações públicas na internet, relações com a comunidade local e relações governamentais.

6.1.RELAÇÕES PÚBLICAS.


As Relações públicas são as actividades desenvolvidas por uma empresa ou grupo, tendo em vista o estabelecimento e a manutenção das boas relações entre os membros do grupo e entre os grupos e os diferentes sectores da opinião pública. É um esforço deliberado, planificado e permanente para estabelecer e manter mútua compreensão entre uma organização e o seu público.

As relações públicas são um conjunto de técnicas e de processos destinados a promover a imagem de uma instituição e a assegurar a boa vontade do público relativamente a ela, à sua prática e aos serviços que presta ou pretende prestar à colectividade.

As atribuições de um departamento de relações públicas são: recolher e centralizar toda a informação; informar o público que vai ser afectado pelas decisões; informar os responsáveis pela organização sobre os resultados e o seu público; estabelecer uma comunicação constante.

Política das Relações públicas: são duas frentes: interna e externa.
Interna: composta pela estrutura organizacional interna, agrupa normas, princípios, directrizes e a comunidade de trabalhadores. Neste campo, há que criar e manter um fluxo de informações que abranja todos os sectores da organização, procurando estabelecer mecanismos de resposta adequados entre os dois pólos da empresa: administração e administrados.
Frente externa: compreende o sistema competitivo, a área geográfica em que se situa a empresa, o Governo, os grupos especializados da sociedade, os consumidores.
No campo exterior, a estratégia de comunicação visa atingir o sistema competitivo. As empresas, na sua maioria, dependem de outras. São dependentes e, ao mesmo tempo, concorrentes.
Princípios da comunicação ou comunicação institucional: Quem detêm o poder tem o dever de informar. Os administrados têm o direito à informação. Baseia-se em valores humanos das instituições pelos valores democráticos da comunidade.
A política de comunicação diz respeito ao entendimento assumido pela instituição de que a informação constitui um pressuposto fundamental para obter a integração dos administradores nos seus objectivos.
O entendimento, por parte da instituição, das vantagens em utilizar na comunidade o potencial de liderança que a opinião dos trabalhadores assume na difusão das mensagens institucionais. Um trabalhador bem informado funciona como um líder de opinião na difusão das mensagens.
O respeito da instituição relativamente ao direito da comunidade em aceder à realidade institucional.
Princípio da vizinhança: defende que a instituição se deve comportar como um bom vizinho, na perspectiva de uma realidade comunitária de lealdade concorrencial. Quanto maior for a proximidade social dos públicos em relação à instituição, maior deve ser a atenção que eles merecem dos profissionais de Relações públicas.
Princípio de cidadania: contribuir para que a cada trabalhador da instituição seja conferida a qualidade de cidadão da comunidade a que pertence.
A empresa para veicular a sua imagem e influenciar os seus públicos dispõe de vários meios:
Contactos pessoais: encontros, congressos, reuniões, associações profissionais ou social, acolhimento e integração dos trabalhadores, formação.
Eventos: encontros, colóquios, seminários, concursos, conferência de imprensa, festas, exposições.
Publicações: Relatório anual, folhetos, artigos, jornal, revista, audiovisuais, cartazes, quadros informativos, manual de acolhimento.
Patrocínio: Apoio financeiro a manifestações desportivo, cultural com contrapartida de visibilidade do patrocinador.
Mecenato: apoio financeiro cultural sem contrapartida.
Actividade de serviço público: defesa do ambiente e animais, causas sociais, educação.
As relações públicas constituem um conjunto de actividades que concorrem para a realização do objectivo da instituição: criar e manter a boa imagem junto dos seus públicos desenvolvendo vários tipos de comunicação.

6.2.COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL.


A comunicação institucional baseia-se em quatro pontos: valor humano e democrático: informação. Dever de informar e o direito de receber a informação.
A informação íntegra os administrados.

Um trabalhador bem informado é um líder de opinião na difusão da mensagem
Respeito da instituição ao direito da comunidade em aceder à realidade institucional.

De facto a imagem de uma empresa é o resultado de múltiplas acções de comunicação e desempenha um papel fundamental na prossecução dos seus objectivos comerciais.
Qualquer empresa surge aos olhos dos consumidores, fornecedores, entidades públicas com que se relaciona, comunidade financeira, colectividade com uma determinada imagem favorável ou desfavorável.
Essa imagem decorre de múltiplos factores, que não apenas dos seus produtos ou serviços, tais como os suportes físicos, o pessoal em contacto, a organização, os elementos da imagem visual, as acções de comunicação e os meios de comunicação.
A Imagem Global de empresa deve resultar de uma estratégia de comunicação.  A imagem da empresa junto dos seus públicos é vital para assegurar a longevidade de uma empresa através da criação de um capital de confiança.
Factores que concorrem para imagem de uma empresa: Público interno: Confiança (aniversários, festividades); Estimular (concursos, ofertas; Informar (jornal interno, revistas, quadros informativos, intranet); Envolver (concursos, reuniões, jornal, clubes, intranet); Credibilizar: (patrocínios, mecenato); Dar a face (congressos, seminários, serviço público).
Parceiros, consumidores, distribuidores, fornecedores: Notoriedade (inaugurações, lançamentos, feiras e salões, congressos, seminários; Confiança: festividades, atendimento, pós-venda, imprensa; Estimular (concursos, feiras, salões, exposições); Informar (imprensa, brochuras, jornal interno, extranet); Envolver (concursos, feiras, ofertas); Credibilizar (congressos, seminários, patrocínios, mecenatos); Dar a face (imprensa, brochuras, video-empresas).
Líderes de opinião, comunidade financeira: Notoriedade (convites para congressos, seminários, visita a instalações, lançamentos); Confiança (participação em eventos, relatórios, portas abertas); Estimular (participação em encontros, ofertas); Informar (imprensa, brochuras, portas abertas, site próprio); Envolver (participação em encontros); Credibilizar (convites para congressos, seminários. Dar a face (reuniões, congressos, seminários.
Sindicatos, associações profissionais: Notoriedade: (brochuras, participação em congressos, colóquios); Confiança (reuniões, artigos em revistas); Estimular (debates); Informar (imprensa, jornal interno); Envolver (inaugurações, lançamentos); Credibilizar (encontros); Dar a face (debates, reuniões).
Órgãos de comunicação social: Notoriedade (encontros, aniversários, inaugurações); Confiança (encontros, lançamentos); Estimular (encontros regulares, reuniões informativas); Informar (dossier da imprensa, site próprio); Envolver (encontros regulares); Credibilizar (convites para participar em acontecimentos); Dar a face (reuniões, encontros, visitas).
Comunidade local, órgão de soberania, administração local: Notoriedade (eventos, imprensa, acções de serviço público); Confiança (causas sociais, protecção do ambiente, espécie em perigo); Estimular (mecenato, convites para participar em eventos); Informar (imprensa, conferências, colóquios, seminários, site próprio); Envolver (participação em eventos); Credibilizar (Mecenato, acções de serviço público); Dar a face (realização de manifestações culturais, defesa do ambiente);
Público em geral: Notoriedade (patrocínios, mecenato, feiras, imprensa); Confiança (portas abertas, protecção do ambiente); Estimular (concursos, patrocínios, acções na internet); Informar (imprensa, divulgação de acontecimentos, site próprio); Envolver (imprensa, concursos); Credibilizar (congressos, seminários, protecção do ambiente); Dar a face (exposições, feiras, protecção do ambiente).

6.3.COMUNICAÇÃO DE PRODUTO.


A Comunicação de produto é eficaz e credível quando a empresa aposta nas relações públicas. Ao lançar um novo produto é importante que a empresa crie uma relação de confiança junto dos consumidores.
Deve-se desenvolver uma estratégia de comunicação do produto integrado num bom plano de marketing
A comunicação eficaz de um produto é uma vantagem competitiva que pode ajudar a conquistar o público-alvo com suas mensagens de marketing. Seja seu produto um bem de consumo, durável ou de vestuário, uma estratégia de comunicação do produto é parte integrante de um bom plano de marketing. A melhor estratégia aumenta a possibilidade de que a sua mensagem chegue ao público-alvo e aumente as vendas.

6.4.Público-alvo.

Decida qual o mercado-alvo para a sua comunicação de produto. Divida os clientes em segmentos como clientes em potencial, novos, antigos e estrela. Direcione mensagens de comunicação e ofertas promocionais diferentes para cada segmento. Para clientes novos, use comunicações que assegurem que eles fiquem satisfeitos com suas primeiras compras e incentive-os a comprar novamente através de cupons de desconto e ofertas. Para os clientes-estrela, proporcione comunicações de produtos personalizados com base em seus padrões de compra e considere usar e-mails pessoais ou telefonemas para garantir sua satisfação.

6.5.Comunicações eficazes.


Uma comunicação eficaz visa preparar o comprador a adquirir com satisfação o serviço ou produto da empresa. Nas comunicações para o grande público, inclua informações de conhecimento, detalhes específicos do produto e as razões pelas quais seus produtos são melhores que os do concorrente. Essa abordagem generalizada chega aos clientes em vários níveis de conhecimento do produto. Para as mensagens-alvo que atingem os clientes existentes, encha as comunicações com as opções de compra do produto e que ajudem na hora de decidir pela compra. Incentive as decisões rápidas de compra, oferecendo promoções especiais por tempo limitado.

6.6.Mistura de comunicação ou mix de comunicação.


São vários os métodos para se comunicar com os clientes. Use e-mail,  anúncios em revistas, cartões postais, outdoors, mostruário de lojas, embalagem de produtos, mala-direta e outros métodos de publicidade que atingem seu público-alvo. Crie um site repleto de informações que ofereça especificações do produto, chat para tirar dúvidas e depoimentos de clientes. Seu objectivo com essa mistura de comunicação é usar métodos suficientes para chegar a todos os clientes na forma que eles preferirem.

6.7.Mensagens

A empresa deve desenvolver  mensagens do seu produto em torno de um tema coeso. Usar a mesma mensagem incrementa a marca do produto, reforça seu tema e aumenta o conhecimento do produto. Use um tema racional baseado no valor ou na utilidade do produto. Temas baseados na emoção devem ser usados em produtos de auto-ajuda e produtos caros. O objectivo da mensagem do seu produto deve ser criar uma resposta emocional a ele e impulsionar os clientes a comprar o seu produto.

6.8.RELAÇÕES COM OS MEDIA:


Os média têm uma dupla função: são um público destinatário da mensagem da empresa e um veículo desta mensagem. Os média ajudam os outros públicos a formar opiniões. Os responsáveis das empresas devem ser pessoas preparadas para comunicar de forma adequada e regular com os meios de comunicação social.
As formas de comunicação com os média incluem as conferência de imprensa: quando há um acontecimento importante que a empresa pretende divulgar em simultâneo a um conjunto de órgãos de comunicação social.
Entrevistas: trata-se de desenvolver um tema a um número restrito de jornalistas.
Press-Release: trata-se em divulgar algo relevante para um conjunto alargado de órgãos de comunicação social.
Internet: é quando se disponibiliza a informação on-line para consulta dos jornalistas.

6.9.COMUNICAÇÃO INTERNA.


Os públicos internos são um veículo de divulgação externa da imagem da empresa. A comunicação interna exige uma coerência com a comunicação externa. Visa motivar e envolver o público interno. Esta comunicação assegura uma forte coerência de todas as actividades e dá garantias de grande eficácia na sua implementação.


Criar espaços de comunicação na internet para comunicar com o público, como facebook, blogger, website.

Envolver a comunidade local com actividade com directo para as pessoas cria uma relação de confiança e solidifica o relacionamento com público e líderes locais.

O Estado tem um papel regulador sobre os agentes económicos, como empresas, organizações. A comunicação deve ser direccionada para este público para fazer sobressair os interesses, questões e problemas desses agentes. A comunicação junto do Estado visa influenciar a sua política para conduzir da melhor maneira a sua actuação, tomando em consideração os interesses desses agentes.


A Comunicação financeira assume um papel de relevo nas comunicações das empresas junto dos públicos: clientes, fornecedores, accionistas e a banca e junto da comunidade financeira, local e mundial.


A Comunicação ambiental deve sensibilizar os diversos públicos: associações ambientais e os poderes públicos para a actuação das empresas ou organizações no campo do ambiente. Na comunicação ambiental deve estar bem claro a influência e responsabilidade no ecossistema.





A empresa deve comunicar quando se confronta com uma diversidade de situações adversas, crise. A gestão de crise é preventiva quando se procura evitar e neutralizar potenciais crises: porta-vozes, montagem de sistemas de alerta e identificação de possíveis cenários de crise e desenvolvimento de relações com grupos de pressão.
Comunicação de crise consiste em minimizar o impacto negativo das crises, definindo estratégias previamente preparadas, elaborando comunicados com o público.

VII.          COMUNICAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL.

7.1.RELAÇÕES COM OS MEDIA:


Os média constituem um público destinatário da mensagem da empresa e um veículo dessa mensagem e ajudam outros públicos a formar opiniões.
Assim os responsáveis das empresas devem estar preparados para comunicar de forma adequada e regular com os órgãos de comunicação social, num clima de confiança.
Este esforço inclui: sessões de média training, desenvolvimento de press kits temáticos e de áreas temáticas em sites, para dar rápida e eficaz resposta à comunicação com os média.

7.2.A INFLUENCIA DOS MEDIA.

A relação com a televisão é estabelecida com base na atenção e na emoção. Este factor facilita a fidelização.
A rádio é um meio quente, funcionando bem na notoriedade e no despertar do interesse.
A imprensa ao nível dos jornais e revistas informativas, acciona a componente racional, sendo privilegiada para a transmissão das características e da operacionalidade do produto, de modo a levar à experimentação.
A internet pode reunir todas estas funcionalidades.

7.3.FORMAS DE COMUNICAÇÃO COM OS MEDIA:

Formas de comunicação
Oportunidade de realização
Conferência de imprensa
Acontecimento muito relevante que a empresa pretende divulgar em simultâneo a um conjunto de órgãos de comunicação social.
Entrevistas
Tema para desenvolver com um número restrito de jornalistas, habitualmente sem sobreposição no mesmo sector.
Press-Release
Acontecimento com alguma relevância para divulgação junto de um conjunto alargado de órgãos de comunicação social.
Internet (Press Room On-line)
Disponibilização de informação on-line para consulta pelos jornalistas.

VIII.       IDENTIDADE DA EMPRESA.


Os elementos da identidade são: o nome, a sigla, o evocativo, a marca. Historial, razões do surgimento, objectivos, portfolio, concorrência, Serviços, Gestão, funcionários, posição do Mercado e Receitas.

O nome é o mais importante elemento da identidade e este pode ser patronímico quando tem o nome do fundador, ex: Teixeira Duarte Angola, Bento Kangamba, Santos Bikuku.

Sigla: é o resultado da denominação de uma empresa e fruto da comunicação. Exemplo: BPC, BFA, TDA.

Evocativo: a marca lembra a categoria do produto que identifica, exemplo: Microsoft, Apple.

A marca é um conjunto de signos, formas, cores e sons facilmente identificados pelo consumidor. Ela pode ser a marca de fantasia: um significado prévio, ex: imaginarium, Olá, Pala-Pala. A marca de família: Somatório de nomes: denominação da reestruturação como Mota-engil.

O nome deve ser: Curto: não mais de três sílabas e de fácil memorização. Sem conotações indesejáveis. Internacional: alguns nomes são difíceis. Disponíveis e defensáveis juridicamente: exemplo Coca-cola. Não restritivo: o nome deve permitir extensões para outras marcas.


IX.              A COMUNICAÇÃO GLOBAL A NÍVEL DA EMPRESA:

9.1.TIPOS DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.

FONTES CONTROLADAS:

Publicidade: pelos mass media, internet, ATM, transportes publicos, casas de banho, e locais de venda;
Comunicação não publicitária: Relações públicas, publicações e sites da empresa;
Ferramenta de venda:força de vendas, merchandising e promoções;
Produto: nome da marca e símbolos da marca, design-produto.
Aparencia exterior da empresa (locais, mobiliário, sinalética); pessoal em contacto com público, dirigentes da empresa.


Fontes exterior a empresa: prescritores, distribuidores, imprensa, passa-palavra, grupos da internet.

Uma grande variedade de meios: Tudo comunica: Os meios de comunicação de que pode dispor uma empresa são muito numerosos e variados. Alguns são inteiramente dominados pela empresa, é o caso da publicidade; outros escapam ao controlo da empresa é o caso do boato.

Alguns meios são impessoais, ou seja, não envolvem um contacto directo, cara a cara, entre o emissor e o receptor da mensagem: é o caso da publicidade pelos mass media.
Outros como as visitas da força de vendas, envolvem um contacto pessoal.
Muitos são pagos, por vezes muito onerosos, mas alguns, como os press  releases ou o comportamento do pessoal da empresa nos seus contactos com o público, não exigem custos específicos importantes.
O conjunto dos meios de comunicação classificam-se em quatro categorias: Os meios de comunicação em sentido estrito. Meios de acção de marketing com forte conteúdo de comunicação; A empresa e o pessoal; As fontes exteriores à empresa.
MEIOS DE COMUNICAÇÃO ESTRITO:
 Os meios de comunicação em sentido estrito, são aqueles cuja única função é comunicar: Os mass media tradicionais (televisão, imprensa, rádio, outdoors e cinema) a publicidade nos locais de venda.
E outros meios menos tradicionais, como a Internet, as caixas ATM, os transportes públicos até mesmo as casas de banho; a publicidade nos locais de venda;
A comunicação não publicitaria, cuja principal ferramenta são as relações públicas.
Os meios de acção de marketing com forte conteúdo de comunicação:Trata-se de um conjunto de ferramentas de venda e aspectos da política de produto.
O produto é um vector essencial da comunicação da empresa. Comunica através da forma, design-produto, e pelo nome da marca.
A empresa e os seus colaboradores: A empresa pode também ser um importante vector de comunicação: pela aparência exterior (identidade visual da empresa) e pelo pessoal e dirigentes.
Identidade visual da empresa: é tudo o que o público e os clientes podem ver dela. Os principais elementos de identidade visual de uma empresa são os locais e os símbolos gráficos: Local de empresa, símbolos gráficos.
LOCAIS DA EMPRESA: a sua importância como vector de comunicação é particularmente importante nas empresas de serviços, como os bancos, que recebem frequentemente os seus clientes. Nestes casos a arquitectura exterior dos locais, a sua arrumação interior, a decoração e o mobiliário têm um papel importante na formação da imagem da empresa sugerindo, conforme o caso, o prestígio, a segurança, a discrição, a eficácia, o modernismo ou a tradição.
SÍMBOLOS GRÁFICOS: trata-se essencialmente do “logo”, que se encontra no papel de carta, nos camiões de entrega. Procura-se dar uma coerência e uma atractividade a todos estes factores de comunicação através das técnicas de sinalética.
Os colaboradores da empresa: Quando, por inerência das suas funções, os colaboradores da empresa têm que manter contactos directos -pessoais, telefónicos ou epistolares -com o público, tornam-se, por vezes, o vector de comunicação mais importante da empresa.
É o caso dos bancos: a imagem que deles fazem os clientes depende mais da maneira como são acolhidos e tratados pelo pessoal comercial do que qualquer outro factor. Assim a formação do pessoal comercial é um aspecto essencial da política de comunicação.
Os dirigentes da empresa:Em certos casos a imagem de uma empresa, aos olhos do público, está estritamente ligada à do patrão, é o caso de Bill Gates.
No geral quanto aos produtos envolventes (automóveis, electrodomésticos, produtos de beleza) os clientes tiram as informações de fontes exteriores.
Os distribuidores: na medida em que desempenham um papel de conselheiros junto dos próprios clientes; é o caso dos electrodomésticos, dos audiovisuais, do vestuário.
Os prescritores, líderes de opinião e pessoas consideradas no seu meio como competentes em determinado domínio (automóvel, alimentação, vinhos de marca).
A imprensa, particularmente a especializada.
O boato entre os consumidores, que é a primeira forma de comunicação sobre os produtos.

TIPOS DE COMUNICAÇÃO DE ACORDO COM O CONTROLO EXERCIDO PELA EMPRESA.


A.    FONTES CONTROLADAS PELA EMPRESA.
1. Meios de comunicação em sentido estrito.
Publicidade: pelos mass media tradicionais, internet e locais de venda.
Comunicação não publicitária: relações públicas: relações imprensa, publicações e sites institucionais.
2. Outros meios de acção com forte conteúdo de comunicação:
Ferramenta de vendas: força de vendas, merchandising, marketing relacional, operações promocionais. O Produto: o nome da marca e símbolos da marca, design do produto.
3. A empresa e o pessoal:
Aparência exterior da empresa (locais, mobiliário, sinalética); pessoal em contacto com o público, dirigentes da empresa.
B. FONTES NÃO CONTROLADAS PELA EMPRESA.
4. As fontes exteriores à empresa:
Prescritores, distribuidores, imprensa, passa a palavra e news groups na internet.


A arquitectura de comunicação desenvolve-se nos seguintes sistemas: Sistema de identificação. Sistema de comunicação comercial. Sistema de comunicação de pertença. Sistema de auditoria e de controlo. Sistema de identificação: Ser reconhecido para ser conhecido; politica de nomes e marcas, sistema de identificação sonora e visual, logótipo, linha gráfica. Sistema de comunicação comercial: Comunicar para vender: notoriedade, imagem, publicidade produtos e marcas, promoção de vendas, marketing relacional, marchandising, atendimento pessoal a atendimento telefónico.

Sistema de comunicação de pertença: Comunicar para partilhar valores e interesses comuns: comunicação externa: comunicação institucional, financeira e de recrutamento; comunicação interna: comunicação biunívoca com os colaboradores.
Sistema de auditoria e de controlo: Organizar o feedback: estudo de comunicação da empresa e das dos seus concorrentes, controlo da eficácia dos programas.

Auditoria de comunicação. Definição de uma política global de comunicação. Da estratégia de marketing à estratégia de comunicação. Mix da comunicação. Concepção dos programas de comunicação. Realização dos programas. Medição dos resultados e correcção de desvios.
A comunicação não é apenas uma variável do marketing-mix. Numa empresa, a comunicação é também o institucional. A comunicação do presidente, a relações com a imprensa. A comunicação interna deve ser parte integrante da política de comunicação interna.
A empresa deve ter um plano director de imagem, a médio e longo prazo, que lhe permita integrar coerentemente o tipo de comunicação emanada da mesma.
Um plano de comunicação adequado deve ter em conta os objectivos estratégicos definidos em termos de marketing, sem que tal implique que os objectivos tácticos a atingir sejam absolutamente coincidentes.

XI.              DIAGNÓSTICO DA COMUNICAÇÃO (SWOT).

10.1. Análise situacional:


É o processo que nos ajuda e nos permite: Rever o clima económico e negocial; a considerar onde é que se posiciona a empresa nos mercados estratégicos e áreas chave de vendas; a observar os pontos fortes e fracos da empresa; a sua organização, o seu desempenho e os seus produtos chave; a comparar a empresa com os competidores e a identificar as oportunidades e as ameaças da empresa. Os resultados desta análise são incluídos no plano de comunicação e de marketing que são: Suposições de venda, produtos chave e áreas de vendas chave.

O processo chave usado na análise situacional é a análise SWOT. SWOT quer dizer: Forças, Fraquezas, Oportunidade e Ameaças. As Forças e Fraquezas tal como se relacionam com as nossas oportunidades e ameaças no mercado (Strenghts and Weaknesses as they relate to our Opportunities and Threats in the marketplaces).
Os pontos fortes e fracos referem-se à empresa e aos seus produtos, enquanto as oportunidades e ameaças são normalmente vistas como factores externos sobre os quais a sua empresa não tem nenhum controlo.
A análise SWOT envolve compreender e analisar os seus pontos fortes e fracos e identificar as ameaças ao negócio bem como as oportunidades no mercado. Pode depois tentar explorar os pontos fortes, ultrapassar as suas fraquezas, agarrar as oportunidades e defender-se das ameaças.
Esta é uma das partes mais importantes do processo do planeamento. A análise SWOT formula as questões que lhe permitirão decidir se a sua empresa e o produto estarão à altura de concretizarem o seu plano e quais serão as restrições.
Ao fazer uma análise SWOT é normal listar os pontos fortes, as fraquezas, oportunidades e ameaças na mesma página. Faz-se isto segmentando a página em quatro quadrados e colocando os pontos fortes e fracos nos quadrados superiores e as oportunidades e ameaças nos quadrados inferiores.
O número de SWOTs individuais dependerá do alcance do seu plano. Primeiro deve fazer uma SWOT à sua empresa e à sua organização. Também deve fazer o mesmo para os seus competidores principais e para os seus produtos, áreas geográficas e segmentos de mercado cobertos pelo plano.

RESUMO:

A análise SWOT refere-se à empresa, a organização de vendas, a um produto, a uma área geográfica e a um segmento de mercado.
Ao mesmo tempo que considera dados de vendas históricos para a sua empresa, precisa de recolher informação que lhe permitirá pô-la em perspectiva. Tal envolve a pesquisa de mercado: recolha de informação acerca dos mercados e posterior análise no contexto do marketing dos produtos.
Dependendo do alcance do plano, os dados de vendas podem ser divididos em tabelas separadas geograficamente, por produto, por indústria ou sob todas estas categorias. Terminar a pesquisa de mercado e a recolha de dados históricos acerca da sua empresa e dos seus produtos é apenas o primeiro passo. Precisa de analisar esta informação e apresentá-la duma forma que possa ser usada para o planeamento. A análise situacional é um processo que o ajudará nessa tarefa.

XII.          OBJECTIVOS E ALVOS DA COMUNICAÇÃO.

Num mercado de livre concorrência a comunicação será o factor diferenciador entre as empresas, apesar da comum atitude de marketing. A atitude de marketing visa a tomada de decisões em função dos consumidores. O que se vai produzir; fixar o preço; rede de distribuição; o que se vai comunicar.
O marketing é um conjunto de métodos e de meios de que a empresa dispõe para promover, nos públicos pelos quais se interessa, os comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios objectivos.
Os objectivos e alvos da comunicação dentro de uma estratégia de comunicação remete-nos a definição do marketing-mix.


Mix de comunicação constitui um conjunto de técnicas de comunicação realizadas através da publicidade, promoção, relações públicas, promoções, merchandising, eventos, patrocínios e mecenatos.

Implicitamente na definição de marketing estão descritos os objectivos de comunicação: que é um conjunto de métodos e de meios de que a empresa dispõe para promover a empresa.
Os alvos da comunicação: são os públicos pelos quais se interessa, os comportamentos favoráveis à realização dos seus próprios objectivos;
A escolha de um conjunto ou eixo de comunicação: prende-se com a decisão estratégica baseada nos pontos mais fortes que o produto ou o serviço oferecem.
Não é campanha publicitária, mas sim, o enfoque que agarre o produto ao consumidor.
Objectivo do marketing de comunicação: Os objectivos são o que se quer alcançar;
As estratégias: As estratégias são o modo como temos de lá chegar.
Um objectivo de marketing: Um objectivo de marketing preocupa-se com o equilíbrio entre produtos e os seus mercados. Relaciona-se com quais os produtos que queremos vender em que mercados.
Os meios: Os meios de alcançar estes objectivos, usando preços, promoção e distribuição são estratégias de marketing.
Os objectivos e estratégias: No nível seguinte estarão os objectivos de pessoal e as estratégias de pessoal, objectivos de publicidade e estratégias de publicidade.
As tácticas: Segue-se depois tácticas são planos de acção e orçamentos, tudo para nos permitir alcançar os nossos objectivos.
Os objectivos do marketing: Os objectivos do marketing relacionam-se com qualquer um dos seguintes pontos: Vender produtos existentes em mercados existentes. Vender produtos existentes em novos mercados. Vender produtos em mercados existentes. Vender novos produtos em novos mercados. Os objectivos de marketing têm de ser definidos e quantificáveis para que possa existir um alvo alcançável a que se possa apontar. Deverão ser definidos de tal forma que, quando o seu plano de marketing for implementado, o desempenho real possa ser comparado com o objectivo.
Têm de ser expressos em termos de valores ou de quotas de mercado, e termos vagos tais como crescimento, melhoria ou maximização não devem usados.

XIII.       NOÇÃO DE SERVIÇO.

13.1.AS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS SERVIÇOS:  


Serviços imateriais: quem compra ou consome um produto, ele pode ser observado, tocado, experimentado. Isto fundamenta a decisão de compra de um automóvel, analisando os modelos, o design, os acabamentos, as cores, conduzindo-os e observando as suas performances técnicas.
Este serviço por ser intangível não permite ser apreciado facilmente pelo comprador, porque não tem uma componente física, material, que permita observação e análise prévia.
É preciso utilizar um serviço para se saber se ele responde adequadamente às expectativas dos consumidores. Ex. Concessionário.

O consumidor de um gelado Olá, de um iogurte Danone ou de uma aparalhagem de som Sony, desconhece onde, por quem e quando o produto foi fabricado.
São três fases diferenciadas no tempo e no espaço pelos actores deste processo: a produção, a distribuição e o consumo.
Quando a TAAG transporta os seus passageiros de Luanda para Lisboa, a produção dos serviços em terra a bordo, a distribuição e o consumo, fazem-se de forma simultânea.
O que significa que, para os serviços, a “fábrica” é o ponto de venda, o local onde se encontram os consumidores/utilizadores, onde a produção e o consumo são simultâneos.
A produção da generalidade dos serviços pressupõe uma relação directa entre o cliente e o pessoal em contacto
O consumidor está em relação física com o prestador de serviços e este determina uma relação de confiança.
Um consumidor de serviços contribui para a qualidade desse serviço, pelo seu bom ou mau humor, pelo seu grau de exigência, pela sua competencia, pela sua experiência, pela forma como se envolve no acto de produção e consumo do serviço. Cada cliente é diferente.
Quatro categorias de serviços e produtos: Serviços: serviços puros: medico, consultor, professor, cabeleireiro, trabalho temporário.
Serviços com forte componente material: aluguer de automóvel, hotelaria, transporte aéreo.
Categorias de serviços: Produtos com forte componente de serviços: Compra de automóvel, televisão por cabo, informática.
Produtos puros: Gasolina em livre serviço, pastelaria, CD áudio.

XIV.       PLANEAMENTO DE COMUNICAÇÃO.


Com esta análise pretende-se: Avaliar as potencialidades da comunicação em função das oportunidades e ameaças do meio envolvente, inserindo a empresa no seu contexto comunitário.
Determinar os factores de sucesso das diversas componentes da comunicação, isto é, ponderar os pontos fortes em que baseia a sua estratégia e as fraquezas que deve procurar superar.
Analisar e avaliar as forças e fraquezas da comunicação da empresa em função dos concorrentes, de modo a identificar públicos-alvo e a direccionar as mensagens institucionais ou de produto e serviço, procurando implementar um conjunto de medidas, com o objectivo de obter vantagens mais competitivas.
Após uma análise aprofundada sobre o SWOT da comunicação, desenvolve-se a estratégia global de comunicação, que deve ser construída tendo por base os seguintes parâmetros:
Objectivos: Objectivo global: o que se pretende como resultado final de uma determinada campanha de comunicação. O objectivo global subdivide-se em “N” objectivos secundários, de acordo com os resultados que se pretende obter.
Objectivos secundários: subdivisão do objectivo global. Os objectivos secundários no seu conjunto constituirão o resultado pretendido como objectivo global.
Públicos: receptor das mensagens que se pretende transmitir.
Mensagem: o que se pretende transmitir.
Programa: conjunto de acções que se pretende desenvolver.
Acções: actividades que vão dar resposta aos objectivos previamente delineados.
Instrumentos: operacionalização das acções.
Calendarização: datas definidas para a realização das acções.
Orçamentação: custos de produção e divulgação das acções previamente programadas.
Deste modo, o planeamento estratégico de comunicação deve ser sensível às alterações verificadas no contexto em que se desenvolve a actividade da empresa, de modo a ser sensível às mudanças e aos desafios que se levantam, procurando promover a imagem institucional ou dar a conhecer os seus produtos e ou serviços. Assim, é possível traçar objectivos cada vez mais ambiciosos, para garantir a continuidade da empresa e a obtenção de melhores resultados no futuro.
COMUNICAÇÃO GLOBAL: A comunicação deve ser realizada através de um conjunto de técnicas que constituem o mix da comunicação. A publicidade, promoção, relações públicas, promoções, merchandising, eventos, patrocínios, mecenato são partes integrantes desse mix.
As técnicas que compõem o mix da comunicação devem ser analisadas e avaliadas no processo de planeamento de uma estratégia de comunicação global.
O mix da comunicação é utilizado pelas empresas modernas na gerência de um complexo e incerto sistema de comunicação, planeando, implementando e controlando os fluxos de informação.
A comunicação global ao nível da empresa é constituída de 4 sistemas:
O sistema de identificação (ser reconhecido para ser reconhecido) são todos os meios destinados a facilitar o reconhecimento da empresa e dos seus produtos: nomes, marcas, logótipos, design, produto.
O sistema de comunidade comercial (comunicar para vender): as ferramentas são a publicidade, a promoção de vendas, o marketing directo.
O sistema de comunicação de pertença (comunicar para partilhar valores e interesses comuns): favorece a adesão, a cooperação, o sentimento de pertença, no seio da empresa e parceiros.
O sistema de auditoria e de controlo (feedback): para que a comunicação seja eficaz é preciso: uma vigilância atenta dos mercados, da tecnologia, da concorrência; uma preocupação em dialogar (feedback) e uma medição sistemática dos efeitos da comunicação.

XV.          FUNÇÕES DE COMUNICAÇÃO NA EMPRESA:

As funções de comunicação na empresa são: função informativa, função de integração ou funções de valores, função retroacção, função sinal, função comportamental ou argumentativa, função de mudança e função de imagem.
Funções de comunicação na empresa: Função informativa: A comunicação deve atingir todas as pessoas que gravitam em torno da empresa e que têm necessidade de interagir com a empresa.
Função de integração ou funções de valores: consiste em desenvolver na empresa, ao pessoal interno e externo valores que vão para além da função económica.
Função de integração: Diz respeito ao pessoal interno da empresa em que se transmite os valores da empresa.
Desenvolve-se o sentimento de inclusão que ultrapassa a função económica da empresa.
Função retroacção: Trata-se do retorno da informação de baixo para cima, permitindo que todos os que emitiram mensagens as reencontrem e controlem a sua compreensão. Comunicação é relação por isso deve haver retorno para o diálogo. O pessoal interno deve poder exprimir-se, explicar as causas do seu mal-estar ou do seu descontentamento.
Função sinal: Consiste em emitir sinais e outras mensagens capazes de ir todas no mesmo sentido. Levando a empresa a ser entendida como um todo coerente. Esta função é importante na comunicação interna que utiliza muitos vectores passivos. Papel de carta, vestuário e design veiculam a informação, as ordens, os métodos e induzem a cultura da empresa.
Função comportamental: Procura dar ordens pedir explicitamente que se encaminhe numa direcção precisa. Permite concretizar as decisões, fazendo-o colectivamente. Permite indicar ordens claras e indispensáveis que tranquilizem o pessoal. Todo indivíduo necessita, de obedecer a uma ordem vinda de uma autoridade estatutária, à qual pertence ainda orientar toda a gente para uma mesma direcção.
A função de mudança: A comunicação é um meio para a mudança da imagem, mentalidade, atitudes, relação e maneira de trabalhar com outros.
Função imagem: Transmite-se ao público uma boa imagem da empresa. Os Meios de comunicação a utilizar: Jornal: tem sentido de oportunidade, beneficia o anunciante que pretende transmitir uma mensagem rápida e convidativa a um grande número de pessoas, enquadrada geográfica, social e profissionalmente. Rádio: Leva a mensagem a qualquer parte. Faz simultaneamente o papel do veículo nacional e local. A Televisão: É caracterizada pela credibilidade e realismo com capacidade persuasora, atinge alvos seleccionados na sua categoria socioeconómica, em maior número. A Internet: É o primado da globalização da comunicação. Funciona como uma fonte de informação adicional aos tradicionais.

XVI.       CONDIÇÕES PARA UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ.

Os princípios de uma boa comunicação: 

Não querer dizer de mais: Uma das leis fundamentais da comunicação é a de que, quanto mais complexa é a mensagem emitida, menos oportunidades tem de ser percebida, compreendida e retida pelo destinatário. As pessoas a quem dirigem as suas comunicações estão saturadas de informação e de mensagens de produto que não lhes interessam.
A repetição e a redundância: É preciso repetir sem cessar a mesma mensagem, para que ela tenha uma hipótese de se impor num universo extremamente concorrencial. A repetição é um princípio sobretudo da comunicação publicitária. As outras formas de comunicação, como as relações públicas, funcionam mais pelo princípio da redundância: diz-se a mesma coisa de diferentes maneiras.
A continuidade e a duração: A repetição e redundância supõem que as acções de comunicação se desenvolvam na continuidade. O imperativo a continuidade é essencial. Mas as políticas de comunicação têm dois defeitos: Os investimentos fazem-se muitas vezes de forma irregular no tempo; Os posicionamentos e as promessas mudam demasiado. Todos os grandes exemplos de comunicação bem sucedida têm como ponto comum a continuidade: o mesmo posicionamento, a mesma promessa, o mesmo estilo, muitas vezes os mesmos media e a mesma agência.
A continuidade permite à marca a conquista de um território de comunicação. Neste espaço, a marca torna-se dona e senhora; mesmo que a promessa de base seja pouco original, ela consegue captar a atenção do consumidor. Assim os sumos Compal, como slogan “Compal é mesmo natural” conquistaram esse espaço na mente do consumidor.
A coerência global: A comunicação emitida por uma empresa deve ser multiforme mas integrada:
Por um lado, diz respeito a vários produtos diferentes, assim como à empresa no seu conjunto (comunicação institucional). Por outro lado, utiliza um grande número de vectores: publicidade, relações públicas, patrocínios, operações promocionais, merchandising.
É necessário assegurar a unidade, a coerência das mensagens emitidas, que devem ser convergentes ou complementares e não contraditórias.
Para garantir tal coerência é importante definir, na empresa, uma política global de comunicação.
Obrigação de verdade: Acreditamos, muitas vezes, que a comunicação em geral, e a publicidades em particular podem dizer um pouco “não importa o quê”, desde que denotem fantasia, humor ou espectáculo. Não há dúvidas de que os consumidores sabem, presentemente, ler as mensagens nas entrelinhas. Uma promessa deve ser forte; a sua forma pode ser exagerada, mas não pode ser completamente falsa.
Obrigação de verdade: Exemplo: João, esqueceste-te do meu aniversário, não foi? Não tonta, anda cá fora. Cá fora, à porta: Vês aquela estrela? É tua! Oh! Tão linda! Não me tinha já dado esta estrela no ano passado? Não… era outra.
Deve ser respeitada uma tripla obrigação: A verdade do produto (performances essenciais). A verdade da empresa (identidade, cultura). A verdade dos consumidores (adaptada às suas expectativas fundamentais).
A comunicação política é o exemplo de comunicação que não respeita a verdade do produto (as promessas eleitorais), nem a verdade da empresa (no caso, a personalidade do candidato e do seu partido), nem a verdade dos consumidores, que não gostam muito da verborreia dos políticos.

                        BIBLIOGRAFIA:

- KATZ, Bernard, Comunicação poder da empresa. Editora clássica, Lisboa, 1989.
-LINDON, Denis et alli,  Mercator XXI,  Teoria e prática do marketing,  Dom Quixote, Lisboa, 2004.
-WESTWOOD, John,  Como redigir um plano de Marketing, práticas de gestão.  Europa-america, Lisoba, 1999.
- TEIXEIRA, Sebastião.  Gestão das organizações. Ed. MCGraw Hill. Lisboa. 1999.
-RASQUILHA, Joaquim Caetano,  Gestão e Planeamento de Comunicação. Quimera editora, 2007.  
- RASQUILHA, Joaquim Caetano,  Gestão da Comunicação. Quimera editora, 2007.
-RODRIGUES, Adriano Duarte,  As técnicas da Comunicação e da informação,  ed. Presença, Lisboa, 1999.
-WOLF, Mauro,  As teorias de comunicação, ed. Presença, Lisboa, 2003.
-FISKE, John,  Introdução ao Estudo da comunicação,  ed. Asa, Lisboa.1990.
-Departamento de Comunicação Social do CELAM,  Comunicação:  Missão e desafio. Ed. Paulinas, 1988. S. Paulo.  
-Dicionário de Teologia Moral, ed. Paulus. S. Paulo.1997.
-Manual de psicossociologia das organizações. Ed. MCGraw Hill. Lisboa 2001.




















JUSTIÇA SOCIAL
PROGRAMA E BIBLIOGRAFIA.
A RAZÃO DO CURSO:
A justiça social uma questão, Antropológica, Ética, Moral, Sociológica, Política e Econômica.
I.                   CONCEITO DE JUSTIÇA SOCIAL.
1.1. Tentativas de definição.
1.2. A justiça em Platão.
1.3. A justiça em Aristóteles.
1.4. A justiça em S. Agostinho.
1.5. A justiça em S. Tomás de Aquino.
II.                 As raízes antropológicas da Justiça Social.
2.1. A pessoa, primeira raíz antropologica.
2.2. A pessoa, como ipseidade e relacionalidade.
2.3. A Pessoa como subjectividade e alteridade.
III.             A evolução histórica de justiça social
3.1. A génese de justiça social.
3.2. Abertura ao processo dinâmico da história.
IV. Justiça social na doutrina social da Igreja.
4.1. A noção de doutrina social da Igreja
4.2.fundamento da doutrina social
4.3. Características da doutrina social
4.4. Contexto em que nasceu a doutrina social.
4.5. Linhas mestras da doutrina social.
V. O Universal humano da justiça.
5.1. Significado geral e especifico de justiça.
5.2. Direito e justiça: ordem jurídica e ordem moral.
5.3. A justiça moral e social.
VI. Tipologia da justiça.
6.1. A justiça geral e legal.
6.2. A justiça particular.
6.3. A justiça comutativa.
6.4. A justiça distributiva.
VII. Instancias actuais e novas vias de justiça.
7.1. Justiça e pessoa.
7.2. Justiça e desenvolvimento.
7.3. Justiça e libertação.
7.4. Justiça e solidariedade.
I.                   Conceito de justiça.
1.1. Tentativas de definição.
 Justiça cósmica: ocupação por cada coisa do seu lugar e adequação ao seu fim, segundo a lei reguladora da ordem universal.(Os Verdes)
Justiça divina: é a infalível perfeição da vontade de Deus e da sua atuação em relação aos homens.
Justiça univesal: virtude ética total ou plenitude da bondade moral que na perspetiva bíblica e cristã, é sinonimo de santidade.
Justiça particular: diz respeito as relações sociais e consistente no hábito da vontade que inclina o homem a dar a cada um o seu direito.
Justiça objectiva: é a simples atribuição a cada um do que lhe é devido, qualquer que seja o ânimo do agente.
 Justiça funcional e institucional: é actividade jurisdicional ou de administração da justiça.
Justiça legal: é a norma, valor, fim ou principio regulador da vida social, politica e jurídica, com conteúdo e alcance variáveis consoante as concepções adoptadas.
A Justiça em Aristóteles. Aristóteles nasceu em Estagira  na Calcídica (384 a.C e morreu em 322 a.C.). Filósofo grego, é considerado um dos maiores pensadores de todos os tempos e criador do pensamento lógico. Para elaborar sua teoria da justiça, Aristóteles parte de uma definição de senso comum: "A justiça  é a virtude que nos leva  a desejar o que é justo  " .  No pensamento de Aristóteles  há uma distinção entre dois tipos de justiça: legal e igual - marca dois modos de se estabelecer o que é devido a outrem: pela lei ou pela igualdade . A Justiça é uma virtude social. O Homem é justo quando habitualmente não retira mais nem menos. é a constante e perpetua vontade de dar a cada um o seu direito.
1.4. A Justiça em S. Agostinho.
Agostinho de Hipona nasceu em Tagaste 13 de Novembro de 354 e morreu em Hipona, 28 de Agosto de 430 foi um bispo católico, teólogo e filósofo, considerado pelos católicos santo e Doutor da Igreja. A concepção de justiça de Agostinho propõe uma ordem global de vida individual e em sociedade.
1.5.  A JUSTIÇA EM S. TOMAS DE AQUINO.
São Tomás de Aquino nasceu em Roccasecca em 1225 e faleceu em Fossanova, 7 de Março 1274) foi um frade dominicano, teólogo, distinto expoente da filosofia escolástica. Na  obra “Suma Teológica”  desenvolve uma doutrina sistemática da justiça como virtude cardeal, de índole social, definindo-a como hábito segundo o qual, com constante e perpétua vontade, se dá a cada qual o seu direito. Aqui, a justiça assume a modalidade da relação social. É a virtude que relaciona e vincula os homens entre si e na sociedade segundo o critério de igualdade. No conceito de Tomas, é justo o que corresponde ao outro segundo a igualdade.
II.AS RAIZES ANTROPOLOGICAS DA JUSTIÇA SOCIAL.
Há três raízes fundamentais que iluminam o sentido de justiça que são: a pessoa, o outro e a sociedade.
A Pessoa:
 A busca do sentido do homem conduz-nos, através dos diferentes níveis de consideração, à descoberta de que no fundo de toda essa complexa realidade que chamamos “ser humano” aparece a “pessoa” como núcleo último irredutível. A pessoa constitui o “centro da existência humana”, (Karl Rahner). A pessoa é como que a estrutura última de todo o humano.
A Pessoa como ipseidade e relacionalidade: Há duas dimensões que concorrem para a entidade última do ser pessoa e que são inseparáveis e complementares: a ipseidade e a relacionalidade.
A ipseidade é uma componente ontológica da pessoa que alude à realidade mais profunda de sustentação do ser humano. É a dimensão do “em si”, a fonte das iniciativas pessoais. Isto funda a ideia de que a pessoa humana é irredutível a um objecto, sendo um ego.sujeito inviolável, livre, criativo e responsável. O “ser-si-mesmo” encontra-se de uma ou outra maneira em todos os fenómenos humanos. Onde esta falha não se realiza mais o homem enquanto homem.
A ipseidade abre-nos definitivamente a pessoa enquanto capaz de assumir-se a si mesma.
A Relacionalidade: A Relacionalidade alude àquela componente igualmente constitutiva da pessoa que impede que o “em si” se esgoste na esterilidade de uma impossível auto-realização sem rosto. Este é o rosto projectivo do “em si” da pessoa; sua dimensão de “ser-em-relação” (o ser-com e o ser-para). Sem relacionalidade fica mutilado o sentido real do “eu”. A explicação do “eu” inclui a presença do outro: a relacionalidade torna-se indispensável para a compreensão da ipseidade. No entanto, na relacionalidade encontramos já, a nível ontológico, o primeiro apoio antropológico sobre o qual se deve fundamentar a justiça. Essa se estabelece sobre a base de uma adequada harmonia das pessoas consigo mesmas e da rectidão de relações com os demais.
Alteridade: o outro: A pessoa vive numa tensão relacional entre a subjectividade  e a alteridade (o outro).  Nenhuma pessoa está fechada em si mesma. De facto, a pessoa humana só realiza na medida em que está em relação com os demais, através duma dinâmica dialogal. Nenhuma pessoa está fechada em si mesma. Todas as correntes ideológicas da história que quiseram encerrar o homem em si mesmo, procurando absolutizar as suas prerrogativas ôntico-axiologicas sem referencia ao outro, desembocaram inevitavelmente num subjectivismo/individualismo fechado. De facto, a pessoa humana só realiza na medida em que está em relação com os demais, através duma dinâmica dialogal. Entretanto, existe uma alteridade horizontal  e outra vertical. A alteridade horizontal é aquela que nos coloca diante do nosso semelhante (o outro que é como eu). Daqui decorre a justiça horizontal, aquela relacionada aos outros numa reciprocidade simétrica entre a auto-realização e a altero-realização.   Do ponto de vista da realização social do homem, a auto-realização equivale sempre a altero- realização, pois o homem não persegue uma realização intimística, orientada para dentro de si, mas para fora. Neste sentido podemos dizer que o existir humano é um co-existir, o viver humano é um com-viver. Assim, a consciência-experiencia da subjectividade é contemporaneamente consciência experiência da alteridade. Alteridade vertical coloca-nos numa inter-relação transcendente com o Ser supremo, o totalmente Outro, o Tu Absoluto. Aqui não existe uma relação de reciprocidade simétrica, mas uma relação de dependência ontológico-criatural da pessoa humana do Ser Supremo e transcendente. Decorre desta relação a chamada justiça teologal que consiste em atribuir a Deus tudo aquilo que lhe é devido: Reconhecimento, honra, gloria, adoração.
A SOCIEDADE: O homem é um ser social. A vida do homem em sociedade desenrola-se através de contactos entre pessoas. A vida social é uma vida de relação.
III. EVOLUÇÃO HISTORICA DE JUSTIÇA SOCIAL.
3.1.  A GENESE DE JUSTIÇA SOCIAL
O Direito como uma concepção mais pessoal e real, proporcionou à justiça um carácter dinâmico e mais reformista da ordem a garantir. “ passou-se da concepção do direito e da justiça como manutenção da ordem social a uma concepção dinâmica  do direito e da justiça como postulado de mudança social”. Trata-se em primeiro lugar em salvaguardar o direito primário da pessoa humana no contexto de uma sociedade em transformação.   A Justiça liberta-se de uma legalidade solidificada sobre um modelo passado de vida económico-politico-social para estar mais aberta a receber as exigências de liberdade e igualdade demandadas pelos novos sistemas técnico-produtivas e pelas novas sensibilidades da consciência humana. Estamos a nos referir da justiça legal para que possa encontrar o carácter e o papel da justiça geral ( Aristóteles e S. Tomás). É uma questão de devolver à justiça legal o seu objecto específico que é o bem comum. A partir destas novas concepções nestes contextos desenvolve-se na história a noção de justiça social. A sociedade moderna é sensível as questões de justiça social e já não se reduz a um apanágio socialista, até porque o magistério social da Igreja, a partir da encíclica Quadragésimo anno, de Pio XI (1931) tornou-se um indicativo magisterial de notável alcance e incidência ético-social. A justiça submerge como uma consciência crítica, e denuncia todas as injustiças cometidas em nome da lei, das instituições e estruturas na qual esta toma corpo. Ou seja, não se deve considerar a lei a norma que não seja justa. A justiça social encarrega-se de todos os desajustes entre lei e direito e esforça-se por restabelecer sua harmonia. A justiça social, como consciência inovadora procura estabelecer efectivamente uma nova ordem social, ou seja, à justiça exigida para os novos problemas do mundo de hoje. A justiça social surge assim como justiça do bem comum entendido em relação com os novos equilíbrios que é preciso determinar ou predeterminar para sua garantia. Desta feita a justiça social tem carácter “incoativo”; uma vez adquiridas para a justiça legal as novas exigências. A Justiça social tem também carácter profético porque tende a prevenir as injustiças do sistema, a alargar os confins do direito e de sua tutela institucional, exercendo um papel preventivo dos conflitos e violência sociais e garante da paz social. Sendo assim, podemos dizer que a justiça social esta estreitamente relacionada com a questão social, ou seja com os diversos desequilíbrios nas relações sociais determinados pelas mudanças cientifico-tecnicas e económico-produtivos, evidenciadas por uma mais aguda consciência dos direitos humanos e por si mesmas pedem nova justiça. A primeira questão social, na qual se busca a formação mesma da noção de justiça social foi a questão operária, nascida com a revolução industrial no Século XIX, numa época de grandes transformações sociais. “Segundo Pierre Léon, o que é novo no século XIX não é o facto de haver dominação dos países poderosos (militar, tecnológica e economicamente), sobre outros menos aptos para o desenvolvimento e para a independência. Este tipo de dominação vinha já de séculos anteriores. A novidade do século XIX surge, segundo aquele historiador, ao nível da intensidade e da espessura das terras económicas, do fluxo de saída de homens e para fora da Europa e da substituição das correntes e dos interesses seculares dos negócios pelas obrigações da industrialização desigual no Mundo… O “subdesenvolvimento”, herdeiro do conceito do “mundo dominado” ou “atrasado”, revelar-se-à no século XX e será resultante do explosivo encontro entre dinamismo demográfico e fraco desenvolvimento económico . A revolução industrial pode ser vista como um processo pelo qual a sociedade adquiriu domínio sobre grandes fontes de energia inanimada, desenvolvendo e empregando a tecnica, ou seja a aplicação dos princípios científicos às actividades económicas. Surgem em consequência desta revolução industrial, transformações profundas nas estruturas institucional, cultural, politica e social. A tradicional divisão da justiça (tipologia da justiça) não respondia suficientemente ao conflito patrões-operarios. A origem do conflito é empresa capitalista, a proletarização do trabalho, as mudanças radicais nas relações produtivas.
Revolução industrial, questão operaria: Demografica :Uma nova estrutura demografica.Crescimento da população. Procura de bens  industriais . Transformações agricolas .Emparcelamento. Arroteamentos de drenagens. Novo sistema de rotação das culturas . Criação de gado. Mecanização. Ampliação dos mercados. Interno e Externo :Livre circulção de produtos, capitais e mão de obra, procura de combustivel, alimentos, têxteis, transportes. Expansão do comercio internacional e colonial: a rota triangular, a Inglaterra previlegiado. Tendencia altista dos preços. Acumulação de forças produtivas Apelo ao mercado. Progressos tecnicos: maquinismo, divisão do trabalho, dinamização bancaria. Aumento da produção e da produtividade, lucro acrescido do Capitalismo Industrial.
Há aqui princípio e causa de grandes injustiças, autoproduzidas em sistema perverso de multiplicação de lucros e de exploração do trabalho. Perante este cenário, a chamada justiça legal estava inoperante ou era cúmplice, provocando graves consequências sobre o bem comum e para a paz social. A questão social adquiriu hoje dimensões mundiais. “Converteu-se em questão de subdsenvolvimento”
Sabe-se que a questão operária e a questão dramática do subdesenvolvimento são determinados pelo lucro desmedido e exploração em escala mundial reduzindo à miséria e à fome povos e continentes inteiros.
A questão operaria e do subdesenvolvimento popularizou  a atenção da justiça social. Não queremos aqui silenciar outras questões que surgem no tecido social. No entanto há que começar a reflectir seriamente na questão social em relação com a segregação de diferentes níveis: Uma questão feminina de emancipação e paridade de dignidade da mulher;
Uma questão dos anciãos em relação com o envelhecimento da população e segurança de velhice.
 Uma questão demográfica motivada pela superpopulação mundial;
 Uma questão ecológica, pela degradação do meio ambiente e as alterações da biosfera;
Uma questão nuclear em relação com o risco radioactivo.
Perante estas questões a justiça social surge como justiça de nova ordem social; uma ordem de instituições e estruturas nas quais tome corpo a justiça, a fim de que a sociedade possa desenvolver-se em harmonia e beneficiosa “sinergia”.
Justiça social e questão social: Desiquilibrios nas relações sociais determinadas pelas mudanças tecnico-cientifico e economico-produtivas.
Breve historial da justiça social: O conceito de justiça social : recente
Formulação Moral e ético.
Origem: Revolução Industrial
Mudanças Profundas: Social, ética, Politica.
Social: Conflito Patrão e Operários. Empresa capitalista. Proletarização . Mudanças radicais nas relações produtivas. Multiplicação de lucro. Exploração do trabalho.
Ético: Dignidade humana .
Contributo da justiça social à justiça legal: Justiça geral ou legal: Norma objectiva, relações sociais.
Objecto próprio da justiça: Regular as relações com outro. A justiça social é balança: Subjectividade. Alteridade.
QUESTÕES SOCIAIS: Questão de subdsenvolvimento . Miséria . Fome. Segregação. racial. Questão do género. Questão da velhice. Demográfica. Ecológica. Nuclear.
Questão social dimensão mundial: Questão de subdsenvolvimento . Miséria. Fome.
Outras questões de justiça social: Segregação racial. Questão do género.
Outras questões de justiça social: Questão da velhice. Demográfica. Ecológica. Nuclear.
IV.  A JUSTIÇA SOCIAL NA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA.
NOÇÃO:
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA:
A nova expressão Justiça social foi introduzida no léxico do Magistério social da Igreja pelo Papa Pio XI. Duas razões para a expressão:
1. A urgência de adequar o conceito de justiça à complexa e pertinente novidade da questão social.
2. A pertinência metodologica de apoiar-se na originalidade do pensamento de S. Tomás.
 O Papa procura assumir a categoria da justiça social, aplicando-a a premente situação social ligada a hormonização dos respectivos direitos relativos ao capital e ao trabalho. Considera a Justiça Social em relação à propriedade privada e com a justa distribuição da riqueza aos individuos e grupos da mesma sociedade.
Em nome da justiça social, o Papa pede reformas profundas que garantam um salário que corresponda não apenas ao trabalho em si, mas também ao ónus familiar. Defende ainda as empresas contra a propotência da autoridade pública que faria pesar sobre eles encargos injustificados.
Emergem aqui o objecto da justiça social que é a promoção do Bem comum.
A organização de todos os âmbitos da vida social, jurídica, económica e política dos povos deveria subornar-se ao critério da justiça social orientada para a promoção do bem comum. A justiça legal de Tomás de Aquino pode ser chamada também justiça social porque orientam o pensamento e acção pastorais em relação aos problemas concretos da sociedade.
FUNDAMENTOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA.
O Clamor dos oprimidos, como vítimas de uma história que produz ao mesmo tempo concentração de renda e exclusão social, consolida-se a opção preferencial aos pobres.
A palavra de Deus: Antigo e Novo Testamento, como luz que ilumina a realidade e desnuda as contradições da organização social e política em confronto com o plano da criação. A sabedoria e a experiência multissecular do Magistério da Igreja, em que se desenvolve uma série de orientações fundamentais baseadas no mandamento do amor ao próximo.
A prática quotodiana dos cristãos e das comunidades eclesiais junto aos sectores marginalizados, pobres. Através de acções desse tipo surgem soluções criativas e novas organizações. A Produção teológica, como reflexão a partir da fé que acompanha a práxis dos cristãos, com especial atenção para a teologia da libertação,negra, política femenina.
A contribuição da ciência em suas mais variadas disciplinas, como aproximação aos dados de uma realidade sempre cambiante. Suporte das ciências socias e humanas para um conhecimento mais profundo do relacionamento entre as pessoas e as sociedades. Abertura à riqueza inesgotável de pessoas, culturas e povos distintos. Processo em que prevalece o ecumenismo e o diálogo inter-religioso e em que aquilo que nos une é bem mais do que aquilo que nos separa.
O pluralismo cultural e religioso faz do planeta um grande mosaico de experiências humanas, o que exige um intercâmbio contínuo e reciprocamento enriquecedor.
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA.
São conjuntos de escritos, mensagens, cartas, enciclicas, exortações, pronunciamentos, declarações que compõem o pensamento do Magisterio católico a respeito da chamada questão social. O ensinamento origina-se do encontro da mensagem evangélica, e de suas exigencias éticas, com os problemas que surgem na vida da sociedade. As questões que daí emergem passam a ser matéria para a reflexão moral  que amadurece na Igreja por meio da pesquisa cientifica, e inclusive mediante a experiencia da comunidade cristã. Esta doutrina projecta-se sobre os aspectos éticos da vida, sem descuidar dos aspectos técnicos do problema, para julgá-los com critério moral. Baseando-se em principios sempre válidos, leva consigo julgamentos contingentes, já que se desenvolve em função das circunstancias dinamicas da história e se orienta essencialmente para acção ou práxis cristã.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA.
1. Exigências éticas derivadas da dimensão social do Evangelho.
2. Imperativos da realidade socioeconômica e político-cultural do mundo em que vivemos.
3. Reflexão moral que confronta a mensagem evangélica com a situação histórica.
4. Acção ou práxis sociotransformadora.
LINHAS MESTRAS DA DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA.
Centralidade e dignidade da pessoa. O primado do trabalho sobre o capital. O bem comum. O desenvolvimento integral. O papel do estado. Propriedade privada.
CENTRALIDADE E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA:   diz respeito a promoção integral do homem, a  liberdade de expressão e de religião, a defesa incondicional da vida, o combate preconceito, discriminação e racismo.A dignidade da pessoa humana deve ser o objectivo último da produção de bens, da organização política e das expressões culturais.
O ser humano é autor, centro e fim do desenvolvimento econômico. Por isso, a urgência na promoção integral do homem, a liberdade de expressão e de religião, a defesa incondicional da vida, o combate a todo tipo de preconceito, a discriminação , racismo, a pobreza, a fome e  a violência. A dignidade humana passa necessariamente em criar condições reais de vida, promovendo os direitos  fundamentais: a alimentaçã, saúde, educação, trabalho, habitação.
A PRIORIDADE DO TRABALHO SOBRE O CAPITAL: levanta questões relativas ao salário justo, à subsistencia familiar e ao desemprego.
Pelo trabalho o ser humano se realiza plenamente, ao mesmo tempo colabora com a obra da criação. Pelo trabalho o ser humano transforma as coisas e transforma-se a si mesmo e  a convivência com os demais. Pelo trabalho  o ser humano poderá fazer de sua vida e de seu espírito uma constante transformação, tal como pelas suas próprias mãos, o ser humano é capaz de modificar a matéria bruta em algo novo e útil.
Por isso, deve-se exigir um salário justo, lutar contra a subsistência familiar e contra o desemprego. Para tal deve-se defender e reafirmar a primazia do trabalho sobre a acumulação de lucros por parte do capital.
Em suma, buscando a perfeição de sua obra, o trabalhador pode, ao mesmo tempo, iniciar o processo de aperfeiçoamento de si mesmo e da sociedade.
O BEM COMUM: Ter em conta a função social da propriedade, destino universal dos bens, deveres do Estado para com o bem-estar da população, a participação de todos na busca do bem comum. O bem comum está acima do individualismo, dos interesses de classe e do lucro privado.
O bem de cada um está subordinado ao bem comum. O Estado é responsável pela defesa dos direitos econômicos, sociais e culturais de cada cidadão. O bem comum orienta-nos para a função social da propriedade, o destino universal dos bens e os deveres do Estado para com o bem-estar da população e a participação de todos na busca do bem comum.
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL: chama atenção  a diferença abismal entre o crescimento economico e desenvolvimento social.
O desenvolvimento é o novo nome da paz. E a paz é fruto da justiça, ou seja na justa distribuição dos bens do progresso.
A tecnologia deve ser um instrumento a serviço do homem e do bem comum.
O PAPEL DO ESTADO:
O Estado deve ter como obrigação: a previdência social, a saúde publica, a educação, a abertura de novos postos de trabalho, a garantia dos direitos dos trabalhadores: O Estado deve respeitar o principio da Subidiariedade que havemos de falar mais adiante. Este principio diz que o Estado não deve tomar sobre si as tarefas que podem ser realizadas pelas organizações da sociedade civil nem jogar sobre estas o peso de certos encargos que são de competência do Estado.
O Estado deve intermediar tensões entre capital e trabalho, patrões e empregados.
O Estado deve construir relações internacionais que possam garantir a paz.
PROPRIEDADE PRIVADA: Trata-se em compreender o uso correto, pois toda a propriedade, antes de ser um bem pessoal e privado, deve estar subordinada aos interesses maiores da sociedade, ou  seja ao bem comum. A propriedade privada tem uma função social, por isso, as urgencias básicas e prementes de garantir a vida estão acima da simples manutenção do título.
Aplicação pratica do conceito.
As conseqüências extraídas deste conceito são radicais: para a justiça social, os seres humanos, considerados como pessoas, são iguais e, portanto, toda desigualdade em aspectos constitutivos da pessoa, como é o caso das suas necessidades materiais básicas, deve ser afastada.
Assim, pois, os regimes de seguro e de previdência em geral não devem diferenciar-se notavelmente, qualquer que seja o sector em que os beneficiários exerçam a sua actividade ou de que tirem seus proveitos.
A previdência deve ser considerada como "um bom instrumento para atenuar a diferença entre as diversas classes sociais." O conceito de justiça social, na ética social cristã, faz exigências bem precisas, portanto, excluindo a possibilidade de receber qualquer conteúdo: a consideração do ser humano apenas na sua condição de pessoa exige que todos sejam considerados na sua igual dignidade.
Assim,  na  previdência social, deve ser buscada, por uma exigência de justiça social, a maior igualdade possível entre os benefícios: "não corresponde às normas da justiça social e da equidade o estabelecimento de um sistema de seguros e de previdência social para os agricultores, inferior ao das outras categorias sociais. Assim, pois, os regimes de seguro e de previdência em geral não devem diferenciar-se notavelmente, qualquer que seja o setor em que os beneficiários exerçam a sua atividade ou de que tirem seus proveitos.
No plano socio-econômico, isto significa igualdade material.
CARACTERISTICAS.
DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA. As caracteristicas da Doutrina Social da Igreja encontram-se na encíclica Centisimus Ano.
A Doutrina Social da Igreja justifica-se a partir da atenção ao homem real e concreto, entendido como ser social, que vive em sociedade.
A Doutrina Social da Igreja preocupa-se com todos os demais problemas que afetam o homem.
A vida em sociedade é condição necessária, para a conservação da espécie humana, para o progresso material e moral. Só em sociedade o homem pode assegurar a sua subsistência, satisfazer as suas necessidades e prosseguir os seus fins.
O homem vive em sociedade. Sociedade que  reune as seguintes requisitos:
Forma conjugada de actuação: agirem concertadamente para a obtenção de um fim. (grupo que vê futebol não é sociedade).
Existência de finalidades comuns:  o grupo tem de ter uma finalidade colectiva independente das finalidades individuais de cada um dos membros do grupo. Os diversos membros colaboram na prossecução do fim colectivo, através dos seus contributos individuais. Há cooperação e auxílio mútuo entre os sujeitos do agrupamento(na praça há finalides diferentes de compra e venda).
Estabilidade: deve manter-se alguma permanencia e duração. (os que ajudam vitimas de cheias).
Sociedade é um aglomerado de pessoas que, através de uma forma conjugada de actuação, prosseguem finalidades comuns, de um modo estável e a pessoa concreta vive nesta sociedade.
A Doutrina Social da Igreja é fundamento e estímulo para  a ação, torna-se-á digna de crédito pelo testemunho das obras: é ai que encontra sentido a opção preferencial pelos pobres.
A mensagem social encontra credibilidade pelo testemunho das obras. A opção não deve ser descriminatoria. A Doutrina Social da Igreja exige a promoção da justiça: não só dando do supérfluo, mas ajudando os povos a entrar no círculo do desenvolvimento, transformando as estruturas, criando órgãos internacionais de controle e orientação. Ajudar povos inteiros excluidos ou marginalizados a entrarem no circulo do desenvolvimento econômico e humano e faz-se usando o superfluo, porque o mundo produz em abundancia, alterando os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo.
ENCICLICAS.
RERUM NOVARUM.
Escrita pelo Papa Leão XIII em 1891.
1-8:  Define os direitos e deveres do capital e do trabalho.
9-12: A família, pequena sociedade doméstica, é também ela anterior ao Estado, e goza de direitos e deveres próprio.
3-20: O contributo da Igreja é fundamental. Inumeras organazições da Igreja procuram melhorar as condições de vida dos trabalhadores.
21-25: A Igreja não se limita a apontar as soluções de fundo, mas procura aplicá-las: pela formação das pessoas.
26-35: O Estado compete colaborar pela justiça das suas leis e da sua admnistração, procurando o bem de todos, mas promovendo os interesses dos pobres.
36-45: As associações de patrões e de trabalhadores têm um papel importante no apoio aos seus membros e na regulamentação das relações de trabalho, evitando intervenções excessivas do Estado.
QUADRAGESIMO ANNO.
A Encíclica Quadragesimo anno de Pio XI, de 1931, é a primeira das Encíclicas sociais a utilizar o termo "justiça social".
1-15:Questão social, aniversario da Rerum Novarum.
16-40: Nascimento da Ciencia social da Igreja Católica.
41-52: A Missão da Igreja é encaminhar todos para a felicidade eterna, mas não pode deixar de intervir também em tudo o que se refere á moral.
53-75: A riqueza nasce das mãos de quem trabalha, mas também das matérias-primas e das forças da natureza que o Criador nos deu.
76-98: Empreender a reforma das instituições.
99-126: Quando o capital não respeita a dignidade humana dos operários é injustiça.
127-148: A raiz do mal está em muitos procurarem-se a si, mais que todo e acima de todos.
BENIGNITAS ET HUMANITAS.
1-6: O nascimento da esperança a partir da destruição da guerra para uma renovação profunda do mundo.
7-13: Crescimento da tendencia democratica é condição para a criação de um sistema de governo mais compatível com a dignidade humana e a liberdade dos cidadãos.
14-19: O direito do cidadão em democracia consiste em manifestar o seu parecer sobre os deveres e sacrificios que lhe são impostos.
20-30: Os direitos  e deveres do Estado democratico e que deve exercer no sentido da ordem absoluta dos seres e dos fins.
31-41. A democracia exige uma grande maturidade moral de cada cidadão.
42-47: Os povos sentem o desejo de tomar nas mãos as rédeas do seu próprio destino.
POPULORUM PROPRESSIO.
Escrita pelo Papa Leão XIII em 1891.
1-11: Os paises pobres sofrem as desigualdades de riqueza, de abastecimentos alimentares e de exercicio de poder.
12-21:Fala do desenvolvimento autentico do ser humano.
22-33: O mundo foi criado para assegurar às pessoas os bens necessários à vida e os instrumentos para o seu progresso.
34-42: A economia e a tecnologia devem servir a humanidade. O crescimento económico depende do progresso social.
43-60: As Nações ricas devem: prestar auxilio material, estabelecer melhores relações comerciais com os paises pobres e viabilizar a caridade universal.
61-70: A justiça social apela a um comercio internacional mais humano e moral e com igualdade de oportunidades para todos.
71-87: A solidariedade dos pais ricos para com os pobres em enviar peritos e tecnicos devem permanecer  depois dos programas terminarem.
LABOREM EXERCENS.
Escrita pelo Papa João Paulo II.
0-3:  O trabalho é uma das caracteristicas que distinguem o ser humano de outras criaturas.
4-10:  O trabalho é uma dimensão essencial da vida humana. Pelo trabalho o homem alcança o domínio sobre a terra.
11-15: Fala do conflito entre ocapital e trabalho. Conflito sócio-económico ideologico entre o liberalismo e marxismo.
16-23: Fala do respeito pelos direitos dos trabalhadores como critério adequado e fundamental para a estruturação da economia.
SOLLICITUDO REI SOCIALIS.
 Esta enciclica foi escrita pelo Papa João Paulo II.
1-4:  A solicitude social da Igreja tem como fim o desenvolvimento autêntico da pessoa e da sociedade.
5-10: A paz só será possível num mundo dominado pela solicitude de todos pelo bem comum do género humano.
11-26:  A situçaão do mundo actual: miséria, alargamento do fosso Norte-Sul que compromete a unidade do género humano.
LABOREM EXERCENS.
Escrita pelo Papa João Paulo II.
27-34: A acumulação de bens e serviços não basta para a felicidade.
35-40: A falta de vontade politica é um obstáculo para o desenvolvimento.
41-45: Não se deve reduzir a problema tecnico aquilo que diz respeito à dignidade da pessoa e dos povos.
46-49: O desenvolvimento deve ser também cultural e religioso.
V.                O UNIVERSAL HUMANO DA JUSTIÇA.
A ideia de justiça é conceito imposto à consciência como critério exiológico-normativo. Coexiste com a consciência ética da humanidade e do indivíduo.
SIGNIFICADO GERAL E ESPECIFICO DE JUSTIÇA:
A justiça identificada com a moralidade é a virtude que induz a cumprir o devido como simples exigência da ordem e da harmonia.
Significado geral. O significado geral da justiça apresenta-se como uma atitude  consciente à instância ética do “dever” e ordena seu cumprimento. A Justiça é neste sentido a expressão da moralidade humana: atitude adequada.
O significado geral nos remete para o conceito aristotélico da justiça como virtude que convida a cumprir o que é justo; para a definição de justiça de Platão: “fazer cada um o seu dever”.
SIGNIFICADO  ESPECIFICO DE JUSTIÇA.
Por seu lado o significado específico de justiça assume como modalidade a relação social. É a atitude que relaciona e vincula os homens  entre si e na sociedade segundo o critério de igualdade.
Aspectos distintivos da justiça:
a alteridade: a justiça diz sempre e por si mesma relação ao outro, pois não existe justiça para consigo mesmo.
a obrigatoriedade: o dever de sujeito agente correlativo ao direito do outro a exigir respeito e reparação.
a igualdade: que estabelece a qualidade da relação e a medida do devido: “é justo o que corresponde ao outro segundo a igualdade”(S. Tomás de Aquino): Justiça é a virtude pela qual se atribui a cada um o seu com vontade constante e perfeita.
DIREITO E JUSTIÇA: A ORDEM JURIDICA E ORDEM MORAL DA JUSTIÇA.
A justiça é a atitude humana suscitada pela presença do direito. O Direito é o ser de uma pessoa ou seja aquilo que lhe pertence e corresponde como próprio e inalienável e suscita no outro o dever de respeito, da atribuição ou da restituição. A justiça é a virtude que assume este dever e lhe dá cumprimento.
A ORDEM JURIDICA  DA JUSTIÇA.
Extrai sua capacidade de exigência no direito em si mesmo. O primeiro vínculo da justiça é a ordem jurídica que é um vínculo exterior e objectivo ligado à força incoercível do direito, do bem devido. A medida da justiça é estabelecida pelo critério da igualdade na relação. O direito é um bem objectivamente tal, com independência de mim, da acolhida-adesão de minha liberdade. Como tal é fonte de ordem jurídica, distinta da ordem moral. Isto quer dizer que se pode ser justo pelo simples e formal reconhecimento e respeito do direito alheio. O direito uma vez codificado e garantido pela lei, pode ser respeitado como simples cumprimento legal, ou também como coerção da lei.
A justiça vincula a título jurídico e ético. É atitude e acto humano e como tal participa de uma ordem moral que lhe confere consistência nova.
A ordem moral não se justapõe à ordem jurídica, mas assume, integra e eleva ao nível do reconhecimento pessoal e do encontro interpessoal. O respeito formal ou legal do direito fica assim subtraído ao perigo do anonimato; a própria observância formal e legal é elevada a adesão e cumprimento pessoal; a conveniência cede ou vai acompanhada da benevolência.
O Tipo de relação social que a justiça social se propõe a regular:
Sendo um conceito moral, o conceito de justiça diz respeito a realização de um determinado bem. Sendo assim, deve-se determinar o bem que a justiça social persegue. A justiça diz respeito à acção humana. Deve-se especificar, qual é o tipo de actividade em que a justiça social é aplicada. Em seguida, deve-se explorar como se manifestam na espécie justiça social, os elementos do género justiça: alteridade, dever e adequação.
Regulação da justiça.
A alteridade aponta para o facto da justiça só ter lugar entre sujeitos distintos. Não diz respeito às relações do sujeito consigo mesmo.  
O dever significa que algo será atribuído a alguém por uma "necessidade racional" e não por caridade, generosidade e amizade. 
A adequação diz respeito ao modo de determinação daquilo que é devido, ou seja, a justiça proporciona um critério para a determinação do que é devido.
A fórmula genérica da justiça se expressa nos seguintes termos: "dar a cada um o que lhe é devido".
A relação regulada pela justiça social
A relação regulada pela justiça social: o indivíduo e a comunidade.
A tradição identificou três: a relação do indivíduo com outro indivíduo (relação de parte com a parte)
 A relação da comunidade com o indivíduo (relação do todo com a parte)
 A relação do indivíduo com a comunidade (relação da parte com o todo).
A justiça comutativa trata da relação entre dois indivíduos. Ela trata, portanto, na terminologia da tradição, de relações da parte com a parte no interior do todo social.  
A justiça distributiva tem como objecto as relações da comunidade com os seus membros. Ela distribui aquilo que pertence à comunidade (bens ou encargos) entre os indivíduos que a compõem.
A justiça social, por sua vez, trata das relações do indivíduo com a comunidade.  
Deste modo, a justiça social, trata daquilo que é devido à comunidade e determinar quais são os deveres em relação a todos os membros da comunidade.  
Assim, a justiça social, ao regular as relações do indivíduo com a comunidade, não faz mais do que regular as relações do indivíduo com outros indivíduos, considerados apenas na sua condição de membros da comunidade.
Objecto da justiça social.
A justiça social tem por objecto o bem comum. 
 Na justiça social, visa-se directamente o bem comum. O ser humano é considerado "em comum", como diz Tomás de Aquino.
Numa sociedade de iguais, isto significa que o outro é considerado, simplesmente por sua condição de pessoa humana, membro da comunidade.
Assim, o que é devido a um é devido a todos, e o benefício de um recai sobre todos.
Por exemplo, no direito ambiental, o acto de não poluir é algo devido não a este ou àquele indivíduo, mas é devido a todos os membros da comunidade.
O direito penal, nesta perspectiva, é uma expressão da justiça social: protege-se a pessoa humana como tal, e não este ou aquele membro.
Por isso, uma ofensa a um membro é uma ofensa a toda comunidade, e a sua punição (em alguns casos) não depende da iniciativa do indivíduo singular, mas é assumida por um órgão da comunidade.
A existência da pena deve-se à justiça social, ao passo que a quantificação da pena fica a cargo da justiça comutativa.
A actividade própria da justiça social: o reconhecimento.
A justiça incide sobre um determinado tipo de actividade social. Deste modo, numa actividade social de distribuição de bens e encargos, tem-se a justiça distributiva como padrão orientador.
A actividade própria da justiça social: o reconhecimento.
Na actividade de troca de bens, ou de um modo mais amplo, nas relações intersubjectivas, está presente a justiça comutativa.
A justiça social regula uma prática social mais complexa, a prática do "reconhecimento.
Por reconhecimento, entende-se aqui a prática de considerar o outro como sujeito de direito ou pessoa, isto é, como um ser que é "fim em si mesmo" e que possui uma "dignidade"que é o fundamento de direitos e deveres.
Um sujeito de direito ou pessoa só se constitui como tal se for reconhecido por outro sujeito de direito ou pessoa: "O imperativo do direito é portanto: sê uma pessoa e respeita os outros como pessoas". A justiça social diz respeito precisamente a esta prática de mútuo reconhecimento no interior de uma comunidade.
A justiça social suprime toda sorte de privilégios, no sentido de uma desigualdade de direitos. Cada um só possui os direitos que aceita para os outros, ou seja, cada um é sujeito de direito na mesma medida em que reconhece o outro como sujeito de direito. Na medida em que os demais membros não reconhecem os direitos de alguém, este fica desobrigado de reconhecer os direitos dos demais.
A recusa no reconhecimento destrói a comunidade dos sujeitos de direito. Aquele que não é reconhecido como sujeito de direitos no interior da comunidade, também não é sujeito de deveres.
Na medida em que os demais membros não reconhecem os direitos de alguém, este não é obrigado em reconhecer os direitos dos demais.
A alteridade na justiça social: a pessoa humana:
Deve-se determinar o outro, que é o sujeito beneficiado na relação de justiça.
Quanto ao sujeito da justiça comutativa é abstracto.
Como afirma Aristóteles, "a lei somente considera a espécie do dano e trata como iguais aquele que comete a injustiça e aquele que a sofre" isto é, a lei não leva em consideração as qualidades pessoais daquele que provocou um dano e daquele que o sofreu, no momento de determinar o valor de uma indemnização.
O sujeito que provocou o dano é considerado somente na sua qualidade de ofensor e aquele que o sofreu é considerado apenas como vítima, sendo abstraídas todas as suas qualidades pessoais e sociais.
VI. Tipologia da justiça.
A Tipologia de Justiça divide-se em Justiça geral, justiça legal e em Justiça particular.
A justiça  dá firmeza, promove e defende o direito dos indivíduos e grupos. A justiça dá forma e alenta modos diferentes de equilíbrio, segundo os diversos direitos em jogo: justiça geral e particular, segundo os diversos sujeitos do direito e do correlativo dever: a justiça comutativa, distributiva e legal.
Justiça geral ou legal.
A Justiça geral ou legal tem  como objecto o Bem comum. O Bem Comum é o  direito próprio da sociedade, bem de todos. É o Conjunto de condições da vida social que permitem aos grupos e aos particulares alcançar a própria perfeição.
Justiça geral.
Ordena as opções e os actos das partes ao bem do todo. Orienta tudo ao bem comum.
Fundamento da justiça geral e legal.
Estrutura social e sociável do ser humano.
Sujeito de direito é a sociedade, cujo bem todos os membros e grupos particulares são obrigados a perseguir com o cumprimento dos seus respectivos deveres.
Justiça legal.
É a justiça geral que toma corpo na lei que a codifica e formula suas exigências.  A justiça legal vincula o legislador a tornar-se em promotor e garante de leis justas. A justiça legal obriga a sociedade a observar as leis como contribuição ao bem comum.
Função da justiça legal.
Denunciar como injusta actividade particularista e classista. Transgressão da lei e evasão de suas obrigações. Corrigir a ideia que o bem comum não é de ninguém.
Perigo  da justiça legal.
 Há Influência do voluntarismo: justiça legal é um decreto arbitrário da autoridade estatal.  A justiça legal é lei positiva. Garante da ordem constituída.
Consequência.
 Surge como a Justiça encrustada na lei e fonte de prevílegios e diferenças entre pessoas grupos sociais.
O Carácter da justiça legal.
Justiça social:  defende e promove o direito segundo nexos diversos, mediante os quais os indivíduos e os grupos entram em relação entre si e com a sociedade. Defende o direito transpessoal, em beneficio das pessoas em sociedade.
Justiça particular: comutativa e distributiva.
A justiça particular: é uma virtude puramente social. Assim o homem é justo quando habitualmente não retira mais do que a sua parte dos bens em disputa no grupo social, nem menos do que a sua parte das dívidas, dos encargos e dos trabalhos.
Justiça particular:
Na concepção judaico-cristã, a justiça reporta-se a Deus e à Sua Lei, que visa o Paraíso. A Lei de Deus, critério de justiça, representa um ideal de ordem de valores e de comportamentos na vida dirigida a uma perfeição representada ou premiada com um Paraíso. É a justiça Moral concretizada na Santidade.
A justiça particular surge como um princípio de ordenação da vida em sociedade que pretende fundamentar a conduta do homem.
É a justiça particular que censura, perspectiva e hierarquiza todos os valores morais e culturais existentes na sociedade.
É a justiça do bem privado: ela ordena ao bem de uma pessoa particular ou de um grupo de pessoas com personalidade moral.
Justiça particular: comutativa e distributiva.
A partir do momento em que a pessoa individual ou grupo particular pode ser sujeito de direito na estreita individualidade e autonomia e como membro duma sociedade, a justiça particular assume respectivamente duas formas: a comutativa e a distributiva.
A justiça comutativa.
Regula a justa relação entre pessoas singulares ou grupos de pessoas. É uma relação de justiça inter-individual onde ambas as partes são reciprocamente sujeitos de direitos e de deveres ou uma parte como sujeito de direito e outra como sujeito do respectivo dever.
Este é o tipo de justiça vigente nos contratos e nas operações de câmbio. Ela é caracterizada pela perfeita alteridade e paridade das partes e dá a cada um segundo uma avaliação numérica, aritmética, ou seja, quantitativamente bem definido (igualdade aritmética).
Função da justiça comutativa.
Se a justiça comutativa rege as relações interpessoais, então a sua função consiste em corrigir os desequilíbrios que se verifiquem nas relações recíprocas entre  os membros da sociedade. É a estas relações que se destina a justiça comutativa, razão pela qual esta espécie de justiça também se designa de justiça correctiva ou rectificadora.
A justiça comutativa pretende evitar que cada uma das partes contrapostas numa determinada relação jurídica receba, ou dê, de mais ou de menos. Visa restabelecer ou corrigir os desequilibrios que se verifiquem nas relações interpessoais. (ex. Enrequicimentos ilicitos).
Princípios da justiça comutativa.
Principio de Igualdade: A justiça comutativa, que preside directamente às relações contratuais, é orientada por um critério de igualdade aritmética de natureza objectiva e também subjectiva.
Principio de reciprocidade.
Só se pode exigir dos outros aquilo que se considere ser justo e que os outros exigissem de nós se nos encontrássemos na mesma situação. Para que o vínculo jurídico que liga os diversos sujeitos que se relacionam seja justo, é necessário que estes se encontrem numa situação inicial equivalente.
Situação inicial equivalente ou seja a sua posição relativa não pode ser de molde a que um deles fique submetido ao arbítrio do outro.
Se a falta de equivalência existente entre as partes é de tal monta que uma delas actua em condições que não possam ser positivamente valoradas em termos de reciprocidade, daí resultando benefícios que não tenham justificação à luz do princípio da igualdade, a relação é uma relação injusta, viola a justiça comutativa.
Justiça distributiva.
A justiça distributiva é uma das três especies da justiça que segue o criterio de alteridade. A justiça distributiva no geral diz respeito aos deveres da sociedade na distribuição dos bens comuns para com os seus membros.
Rege-se segundo um critério de igualdade proporcional que atende à finalidade da distribuição e à situação dos sujeitos (méritos e necessidades). É a justiça própria das relações de subordinação e pertence ao direito público.
Alguns conceitos de justiça distributiva.
Vamos falar do Bem comum  da Proporcionalidade e do Direito Público.
O Bem Comum.
É função da autoridade politica de uma Nação cuidar do bem comum, coordenar e animar as iniciativas das pessoas, das famílias e dos grupos no sentido da criação continuada.  O Estado deve facilitar que a sociedade desenvolva as forças produtivas e sua própria organização. O bem comum exige das autoridades políticas a ampliação e o acesso do maior número de pessoas às condições materiais que lhe permitam vida digna, irradicando a pobreza. Recorda-se que a pessoa humana é fim e o poder público é meio. Sendo assim o Estado deve estar ao serviço das pessoas: Matendo a ordem e a paz. Construindo melhores condições de vida. Facilitando aos cidadãos para que  tenham acesso às condições e bens para uma vida mais humana.
Há dois princípios que regem o Bem comum e que são, dum lado complementares e por outro, em tensão dialéctica, orientando o serviço do Estado ao bem comum. Estes princípios são o da Solidariedade e o da subsidiariedade.
Princípio da solidadariedade.
Este princípio exige a superação de todo o individualismo pessoal e grupal como o corporativismo. A solidariedade tem como fundamento a antropologia influenciada pela concepção judaico-cristã que diz que não se pode ser feliz plenamente, se o outro não é feliz ou ainda, não se é inteiramente livre se interaje com quem não tem condições de liberdade.
A solidariedade requer também que cada cidadão se sinta responsável pelo outro e que esteja determinado a agir de uma forma concreta ao serviço dos outros. A solidariedade é determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos.
Sendo assim, segundo este principio, defende a intervenção directa do Estado, sobretudo a autoridade central na correcção das assemetrias regionais, estimulando o desenvolvimento das provincias, para que não haja pronvincias pobres e ricas.
Princípio de subsidiariedade.
Este princípio obriga que as decisões das autoridades sejam tomadas o mais próximo das pessoas, das famílias, dos grupos , (autarquias). Ou seja o Estado deve proteger e estimular a iniciativa dos cidadãos, visando à autonomia.
Princípio da proporcionalidade:
De acordo com este princípio, cada regra de Direito tem de escolher os meios adequados ao fim que pretende atingir e que justificou o seu aparecimento, não podendo optar por meios excessivos ou desajustados para o alcançar. Ou seja,há na justiça uma ideia de proporção em que o direito positivo concretiza-se entre os factos e as consequências, entre o que se dá e o que se recebe, o que se exige e o que se presta, entre os delitos e as penas e na distribuição dos direitos e dos deveres correlativos (confere lei do Talião).
Direito público.
O direito público é a que respeita ao Estado. O direito público rege-se pelos critérios  do interesse, de qualidade da posição do sujeito na relação jurídica.
Critério de interesse:
São normas de direito público as que respeitam o interesse geral da comunidade e que as normas jurídicas  prossigam o interesse público, ou seja é direito público quando a norma prossegue directa, predominantemente ou essencialmente o interesse geral da comunidade.
Critério de qualidade do sujeito:
Este atende a qualidade do sujeito na relação ou situação regulada pela norma juridica em causa. Este criterio distintivo deixa de se situar na própria norma jurídica e passa para a situação ou relação jurídica regulada por ela.
Critério de posição:
O Estado, assim como qualquer outra pessoa colectiva pública, é dotada de uma autoridade, designada por poder de mando ou poder de autoridade, de que os outros sujeitos juridicos não gozam. Este poder permite a quem dele for titular intervir nas relações juridicas numa posição de superioridade , de autoridade.
Só o Estado, e em certa medida outras pessoas colectivas públicas, é que podem ser titulares do poder de mando. Esta exclusividade justifica-se na medida em que é, fundamentalmente, ao Estado que cabe prosseguir os interesses gerais da sociedade.
Justiça distributiva.
O modelo da igualdade quantitativa  tem seu reflexo, com critérios de justiça, no plano de nexos comutativos. Não se pode determinar aqui com o critério do equilibrio comutativo nem com o do mesmo indistintamente para todos.
Com relação  a sociedade, os particulares acham-se em condições e situações diferentes, que requerem por si mesmas nexos equitativos necessariamente diversos. Há que ter em conta a diversidade de méritos e de capacidades e também limitações e necessidades dos cidadãos. Assim, a atribuição do direito segundo a justiça não pode ser uma divisão em partes numericamente iguais, nem a contrapartida exacta de impostos e prestações (legitima unicamente nas relações estritamente comutativas entre Estado e cidadão).
 Mas, a distribuição tem de ser feita em partes proporcionalmente iguais. A igualdade não se obtém por determinação aritmética, mas geometrica. Ele legitima a distribuição diversa de bens e de cargos na sociedade sem faltar à justiça, senão dando-lhe cumprimento.
Na justiça distributiva, o sujeito passivo é o indivíduo em relação à sociedade ou comunidade de pertença. Este, por sua vez, aparece como sujeito activo por meio dos seus órgãos oficiais.
O objecto da justiça é repartir proporcionalmente os beneficios e os ónus da sociedade entre os seus membros (cargos oficiais, benefícios, segurança social, subsídios). A justiça distributiva regula a justa relação entre a sociedade e os seus componentes. O sujeito de direito é o indivíduo (ou grupo) enquanto membro da sociedade.
À Sociedade compete o respectivo dever. Esta  dá a cada um quanto este tem o direito de esperar do bem comum. Este direito não é estabelecido na base dum critério de avaliação objectiva e quantitativa do devido, mas tendo em conta também algumas condições subjectivas (contributos, méritos, necessidades, responsabildades, funções.
Assim, o dar é mais um subdividir,repartir, distribuir a partir de critérios proporcionais e geometricos. O equilibrio rigidamente quantitativo não seria aqui igualdade, mas igualitarismo, e por isso mesmo uma injustiça. Legitima-se sim o Estado baseado no mérito, que responde ao critério de “cada um segundo suas qualidades e merecimentos”.
Como já nos referimos, o critério que preside a repartição dos bens comuns aos membros da sociedade é o da igualdade proporcional, ou seja, proporção entre bens e pessoas.
E o Estado do bem estar social, que responde ao critério de “ a cada segundo sua indigência e necessidade”.
Perigos da justiça distributiva.
A negligência relativamente à justiça distributiva pode ser variada:  Determinação abusiva e arbitraria dos bens e serviços sociais correspondentes às partes; Repartição política do poder; Clientelismo de cargos e benefícios sociais; Insenção injustificada e discriminatório de cargos sociais.
Objectivo da Justiça distributiva:
Para prosseguir a justiça distributiva há que ter em consideração não só as finalidades a atingir com a distribuição (por exemplo, de apoio à terceira idade), mas também a situação dos vários sujeitos que dela vão beneficiar (por exemplo, as suas necessidades).
Regula  a justa relação  entre a sociedade e os seus componentes. O sujeito de direito é o individuo ou grupo enquanto membro da sociedade. À sociedade compete o respectivo dever.
Resumindo:
Tipologia da justiça divide-se em: justiça geral ou legal e justiça particular.  A justiça geral ou legal tem como objecto o bem comum. Por sua vez a Justiça particular divide-se em justiça comutativa e distributiva .Na justiça comutativa há uma perfeita alteridade e paridade das partes, dando a cada um segundo uma avaliação númerica, aritmetica, ou seja quantitativamente bem definido. Justiça distributiva regula a justa relação entre a sociedade e os seus componentes,  o objecto da justiça é repartir proporcionalmente os benefícos e os ónus da sociedade.
VII: INSTANCIAS ACTUAIS E NOVAS VIAS DE JUSTIÇA:
A HISTÓRIA DAS GRANDES DECLARAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS.
PERÍODOS IMPORTANTES.
A questão dos Direitos Humanos divide-se em dois grandes períodos importantes: antes e depois da 2ª grande guerra mundial.
Antes de 1945: Os direitos humanos, do ponto de vista histórico, foram conhecidos ao longo dos séculos antes de tudo uma conquista a nível nacional e só depois internacional. Foram assim formulados em Declarações, Constituições, Códigos.
Podemos citar o Código de Hamurabi (17 séculos a.C.); o Decálogo, o Édito de Nantes (13 de Abril de 1548), o Habeas Corpus (1679), a Declaração dos Direitos da Virgínia (12 de Junho de 1776), a Declaração de independência dos Estados Unidos da América (04 de Julho de 1776), a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a Constituição da República francesa (03 de Setembro de 1791), a Constituição dos Estados Unidos Mexicanos (05 de Fevereiro de 1917).
A nível internacional antes da 2ª guerra mundial, a questão dos Direitos Humanos teve três preocupações fundamentais:
O Direito humanitário: protecção das vítimas dos conflitos armados, pela Convenção de Genebra da Cruz Vermelha, a imunidade da população civil diante do uso de armas de destruição massiva.
A proibição de certas práticas degradantes e desumanas: as primeiras convenções anti-esclavagistas (sec. XIX), a primeira Convenção que proibia o tráfico de mulheres (Paris 8 de Maio de 1904),
A Protecção de alguns grupos sociais: minorias religiosas, minorias nacionais, protecção dos refugiados, das crianças.
A Assembleia da Sociedade das Nações adoptou ao 26 de Setembro de 1924 a Declaração dos Direitos da Criança (Declaração de Genebra).
DURANTES E DEPOIS DA 2ª GUERRA MUNDIAL:
As atrocidades da 2ª guerra mundial levaram o mundo a uma maior sensibilidade pelos direitos humanos e a buscar os instrumentos jurídicos para protecção dos mesmos a nível internacional.
Na Conferencia de S. Francisco a 25 de Abril de 1945 é aprovada a Carta das Nações Unidas que entra em vigor a 24 de Outubro de 1945. Esta carta oferece um quadro importante sobre os Direitos humanos.
Foi criado também a comissão dos direitos humanos. Essa comissão vai contribuir bastante na promoção e protecção dos direitos humanos. Teve o mérito de elaborar a Declaração Universal dos Direitos do Homem adoptada a 8 de Dezembro de 1948 pela Assembleia Geral da ONU, proclamando-a como o “ideal comum que se deve estender a todos os povos e nações”.
Em África a nível da OUA (Organização da Unidade Africana) temos a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos, adoptada a 21 de Junho de 1981, pela cimeira de Nairobi da OUA tendo entrado em vigor a 21 de Outubro de 1986.
Foi criada a Comissão africana dos Direitos do Homem e dos Povos pela Conferência dos Chefes de Estados e de Governo em 1987.
A elaboração dessa Carta obedeceu a dois princípios fundamentais que estão na base do Direito internacional dos direitos do homem: o Universalismo e o regionalismo.
O primeiro principio evocado na Declaração de S. Francisco, foi proclamado pela Declaração Universal dos Direitos do Homem e pelos pactos e Convenções internacionais relativos aos direitos humanos.
O Carácter universal específico dos direitos humanos provém da própria essência do homem. Apesar das suas diferenças socioculturais, o homem é sempre homem em todas as partes do mundo.
Quanto ao princípio do regionalismo, deve-se aos aspectos particulares e específicos do continente que não podem ser ignorados quando se trata de traçar estratégias para a promoção e tutela dos direitos humanos.
Justiça e pessoa:
A conotação essencial da justiça como virtude social é a alteridade, ou seja,  a justiça não pode coisificar o direito descuidando o alter, a pessoa, que é em tudo o sujeito.
O próprio direito não existe com independência das pessoas, isto porque todo o direito é mediação temática do direito subsisitente que  é a pessoa. Colocando a pessoa no centro da justiça e do direito, evita-se  o objectivismo, consequência da dimensão de coisa da justiça. E já não será possível fazer o jogo do mais forte que em nome da justiça, o poderoso exclui e marginaliza o mais fraco que não pode fazer valer o seu direito. Ou ainda cair no perigo de fazer do direito um previlégio em que os pobres e menos afortunados seriam apenas dignos de beneficência e esmola.
Pelo contrário há consciência da existência de bens que competem à pessoa toda e que, consequentemente, se lhe deve reconhecer com justiça. Não se trata de benevolencia, mas sim de justiça quando se reconhece e se dá a pessoa um bem a que tem direito.
Sinais de justiça atenta à pessoa:
Os sinais de uma justiça mais atenta à pessoa e a seus direitos fundamentais são mais evidentes hoje. Pois todos os bens expressões do ser e do dever ser humanos, que constituem e salvaguardam a dignidade da pessoa e que a consciência da humanidade foi reconhendo  como direitos fundamentais e universais do homem.
Concretizados por sua vez nas exigências nas quais tomam corpo para ser reconhecidos e tutelados de maneira efectiva.
Declaração dos direitos do homem:
O expoente da consciencia humana da justiça na época moderna é a declaração dos direitos humanos da ONU. Pois, desses direitos fizeram porta-voz as diversas declarações que se foram sucedendo na época moderna, entre as quais destaca-se por autoridade e amplitude de consenso a Declaração da ONU de 10.10.48.
A consciencia desses direitos do homem é fonte de inspiração da justiça constitucional como justiça legal primária, ponto de referencia a todo poder e actividade legislativa. Esses direitos apelam  à consciências e as comprometem com a independencia da lei. Ou seja, prescindindo-se de toda a legislação, porque têm sua origem não na lei mas sim na pessoa humana.
Os direitos comprometem apesar da lei e em alguns casos contra a lei, quando esta deixa de garantir ou é contraria aos direitos humanos, porque a lei não esta por cima deles mas sim abaixo.
É composto por 30 artigos.
Artigo 1° :Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2° :Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.  Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3°: Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
 Artigo 4° : Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.
Artigo 5° :Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 6°: Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.
Artigo 7° :Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação .
Artigo 8°:Toda a pessoa direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.
Artigo 9°: Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo 10° :Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.
Artigo 11°: Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.
Artigo 12° : Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Artigo 13° :Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.
Artigo 14° :Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 15° :Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.  Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 16° :A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.
Artigo 17° :Toda a pessoa, individual ou colectiva, tem direito à propriedade. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18°:Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.
Artigo 19°: Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.
Artigo 20°:Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21° : Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.  A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22° : Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.
Artigo 23°: Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.  Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.
Artigo 24°: Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.
Artigo 25°: Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.
Artigo 26° : Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos.
Artigo 27° : Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.  Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28° : Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.
Artigo 29° : O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 30° : Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.
JUSTIÇA E LIBERTAÇÃO:
 Entre as nações em vias de desenvolvimento emergiu uma nova instância de justiça como libertação, como liberdade de toda forma de miséria e humilhação que impede estruturalmente  a homens e a povos  toda a emancipação e promoção.
A primeira via de desenvolvimento é a libertação  da extrema pobreza, de opressão económica, politica e cultural.
Surgiu a questão de modelo de desenvolvimento:  imerso numa cultura que privilegia o ter, o desenvolvimento  terminou  por acreditar  uma imagem redutora do progresso humano.
Estas sociedades projectaram  um modelo economicista e consumista.
A libertação é o novo nome do desenvolvimento. Dadas as condições de miséria e opressão em que se encontram povos inteiros e dada uma cultura do desenvolvimento humanamente empobrecedora, a justiça do desenvolvimento deve ser vivida como compromisso de libertação.
O desenvolvimento autentico é: integral, promove o humanismo completo. Um desenvolvimento só económico escraviza o homem .Um desenvolvimento que não inclua as dimensões culturais, transcendentes e religiosas do homem e da sociedade,  não liberta. O ser humano é totalmente livre somente quando é ele mesmo, na plenitude de seus direitos e deveres; o mesmo vale para toda a sociedade em seu conjunto.
JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE.
FUNDAMENTOS DA SOLIDARIEDADE:
Os homens e os povos são cada vez mais interdependentes e o mundo caminha para a unificação (organizações internacionais e regionais). Diante desta realidade, a acção pela justiça converte-se em demanda exigente e em compromisso eficaz de solidariedade em todos os níveis.
O entrelaçamento das interdependências e a unificação social por obra dos modernos meios de comunicação e de interacção devem converter-se em integração econômico-política, seguindo uma dinâmica expansiva de cooperação e de compartilha social.
Com efeito, quanto mais se unifica o mundo, tanto mais superam as obrigações  das pessoas e os grupos particulares, estendendo-se progressivamente ao mundo inteiro.
São as obrigações de justiça, a qual faz cargo da qualidade humana da actual socialização do mundo, a fim de que esta não se decida em detrimento dos mais fracos, mas envolva todos num progresso social harmónico.
A solidariedade deve ser uma exigência e compromisso de justiça em todas as nações e sociedades, assumindo desta forma o carácter de programa e de estrutura política, sendo que as ajudas e as aportações são consideradas como direitos e deveres que comprometem os membros  de uma comunidade a uma repartição equitativa. É o estado de direito.
A solidariedade é uma questão de justiça  a nível transnacional porque há povos que necessitam   de ajudas e contribuições e estas são uma questão de sobrevivência para estas pessoas. Ou em países onde há o vazio de uma autoridade política supranacional e de uma justiça internacional eficiente tornando inúteis as melhores declarações e intenções, deixando à mercê da espontaneidade e da conjuntura toda a expressão concreta da solidariedade.
Neste tempo predominam os interesses nacionais; os direitos do veto dominam politicamente os deveres de consenso. Comunica-se cada vez mais, no entanto, compartilha-se muito pouco.
Hoje urge resolver a questão do bem comum universal e  com poderes públicos, estruturas e meios mundiais. Estes puderes públicos devem estar em condições de actuar de maneira eficiente em escala mundial.
O desenvolvimento integral do homem não pode ter lugar sem o desenvolvimento solidário da humanidade.
A justiça esta atenta à promoção de toda a pessoa e ao bem de todas as pessoas e da comunidade humana, superando qualquer fronteira, étnica ou temporal:
Temos obrigações para com todos e não podemos desinteressar-nos dos que virão depois de nós e engrandecer o recinto da família humana. A solidariedade universal, que é um facto e para nós um beneficio, é também um dever.
É um dever de justiça que busca o direito da pessoa. Busca o direito dos povos. A obra da justiça será a paz, a acção do direito, a calma e a tranquilidade perpétua.
Bibliografia consultada.
1. RADBRUCH, Gustav, Filosofia do Direito, Martins Fontes, S. Paulo, 2004.
2. JUSTO, A. Santos, Introdução ao estudo do direito, Coimbra, 3ª edição, 2006.
3. MARTINI, Maria Carlo, Ética, S. Paulo, 1993.
4. João Paulo II, A Solicitude Social da Igreja, A.O. Braga.
5. RIBEIRO, de Almeida Manuel, Introdução ao Direito para as Ciências Sociais, Universidade Técnica de Lisboa & Instituto Superior de Ciências Sociais e Politicas, 2006.
6. Enciclopédia Luso-Brasileira, Verbo.
7. Dicionário de Teologia Moral, Paulus, 1997.
8. Temas da Doutrina Social da Igreja, Projecto Nacional de Evangelização, caderno 1, Paulinas, 2004.
9. CAMPOS, de Narino José, Temas do Catecismo da Igreja Católica, S. Paulo, 1994.
10. Catecismo da Igreja Católica, Coimbra editora, 1993.
11. Vaticano II, Constituições, Decretos e Declarações, Coimbra, 1998
12. EIRÓ, Pedro, Noções Elementares de Direito, Verbo, 1997.
13. QUEIRÓS, Cristina, Direitos Fundamentais e Sociais, Coimbra, 2006.
14. QUIVY, Raymond e CAMPENHOUDT, LucVan, Manual de Investigação em Ciências Sociais, Gradiva, 2005,
15. Vários autores. Caminhos da Justiça e da Paz, Doutrina Social da Igreja. Documentos de 1891 a 1991. 4ª Edição. Editora Reis dos Livros. 2002.
16. NEVES, Tony, Angola justiça e Paz nas intervenções da Igreja Católica 1989-2002. Texto editora, Portugal, 2012.
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COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

OBJECTIVOS
PROGRAMA
BIBLIOGRAFIA
OBJECTIVOS
Adopção de um modelo teórico para a interpretação e resolução prática de situações de vida empresarial.
Compreensão da importância da comunicação no sucesso da empresa.
Valorização de uma postura comunicação consciente.
Caracterizar e relacionar os diferentes elementos do processo de comunicação ao interpretar situações concretas.
Explicar os pressupostos de uma comunicação eficaz na empresa.
Comunicar de uma forma sintética, convicta e clara.
PROGRAMA.
I. Fundamentos teóricos e principais acepções de comunicação.
Conceito de Comunicação.
Processo e contexto de comunicação.
A Importancia da comunicação.
O conteúdo da comunicação.
II. Etapas de uma estrategia de comunicação.
A comunicação global ao nível da empresa.
III. Condições para uma Comunicação eficaz.
Os principios de uma boa comunicação.
A elaboração de uma estrategia global de comunicação.
IV. OS TIPOS DE COMUNICAÇÃO
Comunicação institucional
Comunicação de produto.
Relações com os media.
Comunicação interna.
Relações publicas na internet.
Relações com a comunidade.
Relações governamentais.
Comunicação financeira.
Comunicaçã ambiental.
Comunicação de crise.
1.      CONCEITO DE COMUNICAÇÃO.
Communis”, do latim, é   tornar algo em comum, à disposição de todos.  Do conceito comunicação juntando sempre o adjectivo “social” indica-nos os fenómenos ligados a inter-relação humana. A esta inter-relação junta-se no geral o complexo mundo tecnológico dos meios de massa como a imprensa, cinema, rádio, televisão, espectáculos visuais, auditivas e audiovisuais.
O conceito nos remete também para o conjunto de disciplinas das ciências sociais que capacitam os profissionais ligados ao mundo da comunicação no desempenho do seu trabalho em diferentes sectores sociais.
O SER E DEVER –SER DA COMUNICAÇÃO: O Conceito de comunicação nos remete na tensão entre o “ser” e o “dever-ser” .
 O “ser” da Comunicação: “tanto na linguagem corrente como na científica costuma-se usar o vocábulo “comunicação” para descrever processos de emissão, condução e percepção de mensagem mediante o uso de canais e de signos”
Sob este ponto de vista que acabamos de nos referir, o conceito aparece ligado aos meios de transmissão, como a informação e a produção de signos e significação. Ou seja a comunicação é informação e significação.
Quanto ao dever-ser, abrange mais as pessoas como sujeitos conscientes e livres trocando as suas mensagens. Aqui as pessoas não se reduzem a um mero “emissor” nem tão pouco a “receptor” condicionados a estímulos.
Esta inter-relação humana leva-nos a comunidade ou comunhão remetendo para o sentido original do conceito em latim “communis, communitas, communio”.
As novas tecnologias de comunicação tiveram o seu desenvolvimento partindo sempre da base inerente à natureza social do homem.  Ou seja, os novos meios vieram só ampliar uma capacidade preexistente no homem e facilitar uma função essencial da comunicação inter-humana.
A expressão e a difusão.
A expressão é o uso de linguagem ou signos, estes podem ser verbais como não verbais com o fim intencional, consciente ou inconsciente de manifestar ou dar a conhecer ideias, sentimentos, experiências e vivências.
A difusão é a disseminação de mensagens num âmbito social relativamente amplo. No entanto estes dois elementos não são comunicações por si sós.
Há comunicação autêntica  numa situação de diálogo entre duas ou mais pessoas, que implica sempre a participação ativa, livre e autónoma das pessoas em interação, o que constitui o fundamento da comunicação humana. 
Portanto, a partir do nível do “dever-ser” em que se descobre a participação dialógica como ideal no horizonte das relações sociais do homem em todos os tempos podemos atravessar a história e a cultura humanas na busca de meios que pudessem superar e aperfeiçoar a comunicação inter-pessoal limitada no espaço e no tempo.
A COMUNICAÇÃO NA HISTORIA HUMANA.
O homem, como ser social, foi sempre comunicativo. A natureza do homem é de ser social. O homem nasceu para viver em comunidade. “ Com efeito, sendo dotado de sentimentos e de razão, precisa de comunicar” (cfr. A. Santos Justo, Introdução ao Estudo do Direito, pg. 16). Assim, “a necessidade e o conjunto de realidades designadas mediante o conceito ‘comunicação social são tão antigo como o próprio ser humano.
Para percebermos este “ser comunicativo e social do homem” vamos percorrer a história para mostrarmos os esforços que o homem foi fazendo até tornar a comunicação mais humana.
O fenómeno de comunicação humana, inerente à sua essência social, passou por varias fases ao longo da história.
Na Mnemónica o ser humano serviu-se de objectos naturais e artificiais como suporte material de transmissão de dados ou mensagens com intenção de memória.
 Na Pictórica, o homem representa objectos e situações do dia-a-dia usando a pintura rupestre com finalidade mágico-religiosa.
Na etapa Ideográfica, que é também da linguagem hieroglífica, o homem consegue fazer associação de símbolos pictográficos com objectos, acções e ideias.
Na fase Fonética há representação de sons articulados da linguagem oral a partir da invenção do alfabeto, (na Fenícia, cerca de 3000 a. C).
A história das culturas dos homens nos mostra que houve sempre a grande preocupação de descobrir meios e suportes materiais para o intercâmbio de mensagens de uma parte para a outra.
Dos meios que encontramos em varias culturas apontamos o emprego dos sinais de fumaça, do fogo das tochas, do tam-tam dos tambores, estes com grande expressividade também nas nossas culturas africanas.
Porém, estes meios foram superados por outros, como as tábuas de argila, a pedra, o bronze gravados. Estes meios suportavam mensagens que podiam durar e circular através dos espaços geográficos, enquanto que os primeiros eram fugaz e limitados.
No entanto, o que veio mesmo contribuir para o desenvolvimento da linguagem escrita, foi sem duvida o papiro (das canas das margens do Nilo), o pergaminho e o papel (da China). Estes meios podiam transmitir a mensagem à distância e no espaço.
O objectivo destes meios todos usados pelos homens das diferentes etapas históricas e culturas e que fizemos referência acima era sem dúvida informar, fazer crónica, exprimir as ideias e sentimentos.
Os correios que surgiram no império egípcio no ano 2400 a.C., foram uma forma de transmissão de notícias e que deram origem a telecomunicações internacional com objectivo comercial e politica. “As pedras gravadas e as tabuinhas de madeira dos gregos, colocados em lugares públicos para fazerem conhecidas as mensagens oficiais, constituíram a origem dos cartazes e dos períodos murais”.
O teatro grego e o romano estão também na origem de comunicação social. Os actores faziam representação simbólica e a audiência era composta pelo público pertencente as diversas camadas sociais. A base do teatro era as gestas épicas cantadas pelos líricos. “ As obras teatrais, nas quais se combinava a musica coral com a recitação e os gestos dramáticos, expressavam a reflexão sobre o passado mitológico, sobre o destino do homem e também sobre a actualidade politica, proposta à consciência do espectador com um propósito crítico.” (Ibidem, pg. 17).
A invenção de imprensa por Gutemberg, “ que em 1456 publica o primeiro livro impresso na Europa, veio operar uma notável revolução na difusão das ideias” (Cfr. Alberto Arons de Carvalho et alli, Direito da Comunicação Social, pg.17).
A leitura já não pertencia a um grupo restrito e privilegiado. Os livros começam a chegar na língua de cada um e atingindo uma larga maioria da população alfabetizada. A invenção da litografia (1796) segue-se o invento da fotografia (1814), a fabricação da primeira máquina impressora a vapor.
Outros sistemas de transmissão de mensagens à distância que se juntam ao mundo da comunicação foram com certeza os caminhos de ferros, a navegação marítima e fluvial a vapor, a telegrafia a radiotelefonia e a televisão, o telégrafo de Morse (1837), o linótipo (1866), o telefone (1877 por Graham Bell).
A esta história da comunicação social e já com as bases da fotografia que incorpora a imagem à imprensa, vai surgir o cinema. As primeiras projecções se realizam em 1895, na altura o cinema era mudo. No entanto, com a invenção da primeira película sonora em 1927 vai melhorar substancialmente este meio de comunicação de massas.
O cinema surge para entreter as massas e depois passa para ser usada para formar o publico recorrendo aos géneros documental, histórico e didáctico.
Em 1909 inventa-se o rádio a partir da telegrafia sem fio. A descoberta da onda curta veio revolucionar este meio de comunicação de massas e deve-se também a sua utilização na Primeira Guerra mundial. O rádio foi usado para a difusão de notícias, audições musicais, representações dramáticas e programas educativos. A este meio veio juntar-se a televisão.
As novas tecnologias a que fizemos referência associam as telecomunicações por satélite e a informática dos computadores, tornando desta maneira possível o acesso massivo a estes meios. Assim qualquer pessoa pode ter uma televisão em casa, ter um telefone, um receptor de rádio e receber mensagens informativas, formativas e recreativas e podendo seleccionar os programas quando conectado à linha telefónica ou do cabo de fibra óptica. A rede digital de serviços integrados com base no funcionamento de bancos de dados proporciona todos estes serviços.
1.3.  CONCEITO DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.
Para reforçar a imagem de uma empresa junto do público de interesse e da opinião pública, a comunicação empresarial oferece um conjunto de actividades, acções, estratégias e produtos para atingir tal objectivo. Ou seja, a comunicação empresarial, é uma ferramenta importante quando se trata em defender a imagem da empresa diante dos empregados, consumidores, fazedores de opinião, classe política, empresarial, accionistas, comunidade académica, financeira e jornalistas.
Sendo assim, a comunicação empresarial capacita o Professional a trabalhar com diferentes públicos, cuidando do conteúdo, do discurso e da linguagem tendo em conta a concorrência do mercado, as novas tecnologias e a diversificação dos meios de comunicação social. Ou seja, na empresa, a comunicação empresarial, diz respeito a supervisão da assessoria de imprensa, do planeamento, da implementação, da condução de acções de comunicação interna e externa, o cuidado com a imagem e com a marca da empresa. Por outras palavras, a actividade principal da comunicação empresarial é definir uma estratégia para as empresas.
Por isso é que se exige do profissional de comunicação empresarial uma visão global do mercado local e internacional e do próprio mundo de negócios.
Portanto, o profissional de comunicação empresarial é capacitado a ser um executivo, um gestor, capaz de planear estrategicamente, o esforço de comunicação da empresa.
Não deixa de adquirir os conhecimentos, as habilidades nas práticas profissionais, executar tarefas simples como fazer relatórios e ter bom relacionamento com os meios de comunicação.
A comunicação empresarial é sem dúvidas uma ferramenta capital de comunicação porque visa melhorar a imagem de uma empresa, do produto, do relacionamento com os funcionários e com o público-alvo. 
A comunicação empresarial ajuda o profissional a saber analisar, a planear, a ouvir e agir de acordo com as necessidades das empresas, valorizando acima de tudo os produtos, as marcas e funcionários. O sucesso da empresa depende de uma boa comunicação empresarial.
1.4. As barreiras e problemas da comunicação.
As barreiras e problemas na comunicação surgem quando há falhas na rede. Esta rede é composta por sete elementos fundamentais: Comunicador, Codificação, Mensagem, Meio, Código significativo, Receptor e Feedback.
Há falhas na comunicação quando alguém numa empresa é sistematicamente o último a saber das novidades, ou a conhecer a sua demissão pelos corredores.
Quando há resistência na mudança.  
Quando algo de errado acontece com um dos elementos que compõem a comunicação, o resultado torna-se ineficaz e pode ser muito perigoso para as empresas.
Estes ruídos mostram que algo de errado não está bem na empresa e precisa de ser atacado: promovendo uma discussão a respeito destes ecos comunicativos.
Para começar é necessário conhecer o ambiente da empresa e a própria cultura.
É preciso entender o ambiente de uma empresa. Factores importantes com impacto na cultura de uma empresa podem ser o ponto principal de uma comunicação ineficaz. Portanto, a liderança deve ter a capacidade de agir e providenciar a mudança de cultura na empresa.
Para mudar é preciso conversar, se reunir, comunicar e informar.
As informações devem ser compartilhadas com os membros da empresa a fim de garantir melhor harmonia no grupo.
planear a comunicação de maneira sinérgica e integrada; abrir e tornar mais equilibrados os fluxos da comunicação; tornar simétricos o marketing institucional e o marketing comercial; valorizar e enfatizar canais participativos de comunicação; estabelecer uma identidade (transparente e forte) para projecção externa; criar uma linguagem sistémica e uniforme; valorizar o pensamento criativo; acreditar na comunicação como um poder organizacional; reciclar periodicamente o corpo de profissionais; investir maciçamente em informações; ajustar os programas de marketing social ao contexto sóciopolítico; valorizar os programas de comunicação informal; assessorar, não apenas executar programa de comunicação; focar a comunicação para prioridades e ter coragem para assumir riscos e gerar inovações.
O planeamento de uma comunicação de maneira sinérgica e integrada e  a crença na comunicação como um poder  da empresa são as estratégias  principais a não descurar.
Uma comunicação  sinérgica e integrada é  a possibilidade de não se esconder nada aos membros da empresa.
Não se deve guardar segredo a ninguém. No entanto não  deve haver confusão entre  informação sigilosa com divulgação correcta dos factos diarios de uma empresa.
Uma comunicação sinérgica é capaz de integrar clima sócio-organizacional com as comunicações entre todos os departamentos de uma empresa.
Outro esforço a fazer neste campo  é citar fontes. Ou seja,  não se deve falar em acções sem sujeito. A preocupação neste processo deve ser a de citar a fonte e divulgar os autores. A partir de uma comunicação clara e objectiva, garantimos o não-surgimento de ruídos e o constante disse-me-disse.
Outra estratégia de comunicação empresarial é a valorização da comunicação como poder da própria empresa.
A empresa deve divulgar o seu trabalho tanto para o público interno quanto para o externo. Esta divulgação faz-se através de um boletim informativo, do quadro-mural, da intranet, da extranet, e do comunicado geral.
2.      PROCESSOS E CONTEXTO DA COMUNICAÇÃO.
A palavra comunicação na sua origem latina nos remete para a comunhão, em colocar as ideias, os pensamentos e os sentimentos em comum com gestos e palavras.
Comunicar é tornar comum, à disposição da comunidade, uma informação, um pensamento, uma ideia, um sentimento, uma atitude.
No entanto, para tornar comum esta informação, ideia ou atitude, é necessario conhecer e dominar todo sistema da comunicação.
Basicamente este sistema é composto por quatro elementos: a fonte, a mensagem, o destinatario e vetor.
Para transmitir no seu estado o significado é necessário traduzir o mesmo significado (a codificação) num conjunto estruturado de significantes, que, conhecidos por convenção, são interpretados (descodificados) pelo receptor.
Codificador-fonte:
Quando uma fonte de comunicação escolhe o meio através do qual pretende influênciar o receptor, codifica a mensagem para obter a resposta desejada. Para aumentar a fidelidade, dentro da fonte, há pelo menos quatro espécies de factores: habilidade de comunicação, atitudes, nível de conhecimento e posição no sistema sociocultural.
Descodificador-receptor:
O descodificador-receptor, para aumentar a fidelidade de recepção deve conter, também quatro espécies de factores: habilidade comunicadoras, atitudes, nível de conhecimento, situação no contexto social.
Se o receptor não tem capacidade de ouvir, de ler, de pensar, não será capaz de receber e descodificar as mensagens enviadas pela fonte.
Os códigos:
O significado remete-nos para o conceito de códigos.
Um código  é qualquer grupo de símbolos capaz de ser estruturado de maneira a ter significação para alguém.
Os idiomas são códigos.
A lingua umbundu é um código: contém elementos (sons, letras, palavras).
A lingua umbundu é um código: contém elementos (sons, letras, palavras) que dispostos em certas ordens, têm significação, e que dispostos noutras não têm.
Código é tudo o que contém um grupo de elementos (vocabulário) e um conjunto de métodos para combinar esses elementos de forma significativa (sintaxe).
Ao codificar há que decidir sobre: qual o código; quais os elementos do código e qual o método de estrutura dos elementos que vamos escolher.
O Feed-back:
O feed-back fecha o sistema, tornando-o dinâmico. É o procedimento que utilizamos diariamente quando conversamos. A comunicação é, então, denominada comunicação nos dois sentidos.
O feedback proporciona à fonte informação perante o sucesso ou insucesso do seu objectivo. E, a partir dele o controle de futuras mensagens que queira codificar.
O feedback torna as fontes e os receptores de comunicação interdependentes.
Entre duas pessoas, a comunicação permite  feedback máximo. A fonte tem possibilidade de mudar quase instantaneamente a sua mensagem.
O feedback influencia comportamentos posteriores da fonte, porque é obrigada a levar em conta as respostas que recebeu.
Se o feedback é bom (positivo) a fonte mantém a sua mensagem. Se o feedback é mau (negativo) a fonte modifica a sua mensagem para aumentar as suas possibilidades.
O sistema de comunicação:
Segundo Lasswell  (Harold Dwight) o processo de comunicação sintetiza-se em torno de cinco perguntas básicas:
Quem comunica? A fonte ou comunicador.
A quem? O receptor.
O quê? A mensagem.
Como? O canal.
Com que resultado?
Quem comunica? Princípios:
Quanto mais digno, credível ou prestigiado for julgado o comunicador, menos manipulador será considerado e maior será a tendência para aceitar as suas conclusões.
A eficiência de um comunicador aumenta se expressar alguns pontos de vista que coincidem com os da audiência.
A opinião da audiência sobre o comunicador reflecte-se imediatamente na opinião  que terá da sua mensagem.
Quem comunica? Que fontes. Nas empresas as fontes de comunicação podem ser muito numerosas. São principalmente as empresas e os seus produtos, os dirigentes e os colaboradores, os consumidores associados, os diversos grupos de pressão. Em torno destas fontes é necessário conhecer as fontes que a empresa domina e as que não são dominadas e preocupar-se também com a imagem destas fontes e o seu impacto na comunicação.
A quem comunica: o receptor:
O público tende a ouvir as comunicações que são favoráveis ou naturais às suas predisposições ou seja, às suas crenças.
Quando mais interessado estiver num assunto mais atenção selectiva dispensará à mensagem e ao comunicador. Comunicações neutras não funcionam.
A comunicação que atinja um interesse real da audiência influi mais na opinião do que as comunicações de teor generalista. Razão  porque a mensagem dirigida a uma audiência específica é mais eficaz do que aquela que é dirigida a toda a gente.
A quem comunica? É necessário conhecer os alvos para definir o alvo global e o centro do alvo. O centro do alvo, considerado à parte do alvo global, tem um interesse essencial e é absolutamente necessário tocá-lo com eficácia. A comunicação estará suficientemente dirigida quando se procede em duas etapas, privilegiando, em primeiro lugar, os líderes que farão repercurtir a mensagem com maior credibilidade. Esses líderes devem ser identificados e determinados com precisão.
O quê: a mensagem:
Se a audiência for amigável, se a posição for a única a ser apresentada deve-se apresentar apenas um dos lados da questão, ou seja, um dos lados do argumento (comícios, publicidade).
Se a audiência começar a discordar então apresentar os dois lados da posição.
Fortes apelos ao medo causam demasiada tensão e, por isso, são menos eficientes que os apelos fracos.
É  mais eficiente colocar a conclusão no final da mensagem do que deixar a audiência tirar as suas próprias conclusões.
Não é possível estabelecer se é o início ou o fim da mensagem que deve estar o assunto mais importante.
O quê se comunica e a mensagem a trasmitir deve constituir a preocupação em comunicação empresarial.
Na comunicação espera-se, obviamente resultados para se saber se os objectivos da comunicação foram alcançados.
Quem comunica, a quem, o quê, como e com que resultado são perguntas simples de serem formuladas. No entanto, as respostas são difíceis porque ajudam a fazer um bom diagnóstico da comunicação da empresa.
Canal:
Na comunicação, a fonte tem de escolher um veículo para transportar a sua mensagem, isto é o canal.
A palavra canal pode ter, pelo menos, três sentidos:
Como mecanismo de ligação.
Como veículo.
Como transportador de veículos.
Para transmitir uma mensagem oral ou ter uma conversa, em primeiro lugar, preciso ser capaz de falar (ter voz) e o outro ser capaz de ouvir, ou seja preciso ter um mecanismo de ligação.
Depois, para que as minhas palavras cheguem ao outro, é preciso que se codifiquem em sinais sonoros (ondas sonoras), que o outro oiça, que haja um veículo de mensagem.
Para que as palavras tenham a possibilidade de chegar ao outro é necessário ter um suporte que as sustente: o ar, isto é, que haja um transportador de veículos.
Em comunicação social há que escolher um veículo mais adequado para transportar a mensagem.
Da escolha do canal depende a mairo ou menor fidelidade de transmissão da mensagem.
Como: canal:
Não há um meio de comunicação melhor para tudo. Todos os meios são bons e devem ser utilizados consoante as circunstâncias. Cada situação é única.
Em suma:
A fonte determina o modo como elabora e entrega a mensagem. E quando descodificamos a mensagem, fazemos inferências sobre o objectivo da fonte, das suas habilidades de comunicação, das suas atitudes, do seu conhecimento, da sua condição.
Ao decifrar uma mensagem, procuramos tirar ilações sobre o tipo de pessoa que a emitiu.
2.1. A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL.
“Estamos longe de ver a comunicação empresarial como filosofia de gestão e, bem assim, longe de ter gestores que compreendam a importância de gerir a comunicação” (João Moreira Santos).
A empresa é um sistema. Como unidade socioeconómica voltada para a produção de um bem de consumo ou serviço, a empresa é um sistema que reúne capital, trabalho, normas, políticas e tecnologia.
Uma empresa, contudo, não tem apenas por objectivo gerar bens económicos para uma relação de troca entre produtor e consumidor. Procura também desempenhar um papel significativo no tecido social, missão que deve cumprir qualquer que seja o contexto político.
O papel formador da empresa dentro dos sistemas sociopolíticos, a sua contribuição social através da criação de empregos, da descoberta de processos, de avanços tecnológicos, da elaboração de estratégias, produtos e serviços contribuem decisivamente para o progresso das comunidades. Por outro lado, é graça a à produção de bens e serviços que a empresa cria condições para a viabilizar. Conciliando aspectos sociais e económicos, a empresa ajusta-se à missão para que foi idealizada.
Assim sendo, cada vez mais, a comunicação empresarial assume um papel preponderante nas empresas modernas.
Diferente para inovar, competir para vencer, são conceitos assimilados e dissecados na renovada conjuntura de mercado. 
Os gestores de comunicação são uma realidade. Eles existem. Eles estão aí. São técnicos especializados numa área das mais qualificadas e complexas do sistema empresarial: a Comunicação.
2.2. AS PRINCIPAIS VERTENTES DE COMUNICAÇÃO:
Os três níveis: 
As comunicações técnicas, geralmente pouco atractivas.
As comunicações cognitivas, inerentes aos comportamentos individuais.
As comunicações normativas, orientadas para a transmissão de normas e valores a ser exercidos nas várias situações funcionais.
Os três fluxos: 
O Fluxo descendente: do topo para a base (da administração para os administrados).
O fluxo ascendente (da base para o topo (dos empregados para a administração).
O fluxo horizontal ou lateral (a troca de informações entre directores ou entre técnicos).
2.3.  CONTEÚDO DA COMUNICAÇÃO:
São as mensagens especializadas: informação administrativa (informação contabilística);
 informação de gestão (indicadores financeiros, económico, técnico e comercial);
 informação de integração (técnico comercial situação actual da empresa).
3.OS TIPOS DE COMUNICAÇÃO.
INSTITUCIONAL.
PRODUTO.
INTERNA.
FINANCEIRA.
AMBIENTAL.
CRISE.
RELAÇÕES COM MEDIA.
RELAÇÕES PUBLICAS NA INTERNET.
RELAÇÕES COM A COMUNIDADE LOCAL.
RELAÇÕES GOVERNAMENTAL.
3.      1. COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL.
As relações de longo prazo entre a empresa e os públicos é um processo complexo e lento porque trata-se da construção da Imagem Global da empresa que por sua vez decorre dos conceitos de imagem e de notoriedade.
De facto a imagem de uma empresa é o resultado de múltiplas acções de comunicação e desempenha um papel fundamental na prossecução dos seus objectivos comerciais.
Qualquer empresa surge aos olhos dos consumidores, fornecedores, entidades públicas com que se relaciona, comunidade financeira, colectividade com uma determinada imagem favorável ou desfavorável.
Essa imagem decorre de múltiplos factores, que não apenas dos seus produtos ou serviços, tais como os suportes físicos, o pessoal em contacto, a organização, os elementos da imagem visual, as acções de comunicação e os meios de comunicação.
A Imagem Global de  empresa deve resultar de uma estratégia de comunicação. 
A imagem da empresa junto dos seus públicos é vital para assegurar a longevidade de uma empresa através da criação de um capital de confiança.
Factores que concorem para imagem de uma empresa.
Público interno: Confiança(aniversários, festividades); Estimular (concursos, ofertas; Informar(jornal interno, revistas, quadros informativos, intranet); Envolver (concursos, reuniões, jornal, clubes, intranet); Credibilizar: (patrocínios, mecenato); Dar a face (congressos, seminários, serviço público).
Parceiros, consumidores, distribuidores, fornecedores: Notoriedade (inaugurações, lançamentos, feiras e salões, congressos, seminários; Confiança: festividades, atendimento, pós-venda, imprensa; Estimular(concursos, feiras, salões, exposições); Informar(imprensa, brochuras, jornal interno, extranet); Envolver (concursos, feiras, ofertas); Credibilizar(congressos, seminários, patrocínios, mecenatos); Dar a face(imprensa, brochuras, video-empresas).
Líderes de opinião, comunidade financeira: Notoriedade (convites para congressos, seminários, visita a instalações, lançamentos); Confiança (participação em eventos, relatórios, portas abertas); Estimular (participação em encontros, ofertas); Informar(imprensa, brochuras, portas abertas, site próprio);Envolver (participação em encontros); Credibilizar (convites para congressos, seminários. Dar a face (reuniões, congressos, seminários.
Sindicatos, associações profissionais: Notoriedade: (brochuras, participação em congressos, colóquios); Confiança(reuniões, artigos em revistas); Estimular(debates); Informar(imprensa, jornal interno); Envolver(inaugurações, lançamentos); Credibilizar(encontros); Dar a face (debates, reuniões).
Órgãos de comunicação social:  Notoriedade(encontros, aniversários, inaugurações); Confiança(encontros, lançamentos); Estimular(encontros regulares, reuniões informativas); Informar ( dossier da imprensa, site próprio); Envolver(encontros regulares); Credibilizar(convites para participar em acontecimentos); Dar a face( reuniões, encontros, visitas).
Comunidade local, órgão de soberania, admnistração local: Notoriedade(eventos, imprensa, acções de serviço público); Confiança(causas sociais, protecção do ambiente, espécie em perigo); Estimular(mecenato, convites para participar em eventos); Informar(imprensa, conferências, colóquios, seminários, site próprio); Envolver(participação em eventos); Credibilizar(Mecenato, acções de serviço público); Dar a face( realização de manifestações culturais, defesa do ambiente).
Público em geral:  Notoriedade( patrocínios, mecenato, feiras, imprensa); Confiança(portas abertas, protecção do ambiente); Estimular(concursos, patrocínios, acções na internet); Informar(imprensa, divulgação de acontecimentos, site próprio); Envolver(imprensa, concursos); Credibilizar (congressos, seminários, protecção do ambiente); Dar a face( exposições, feiras, protecção do ambiente).
COMUNICAÇÃO DE PRODUTO:
A Comunicação de produto é eficaz e credivel quando a empresa aposta nas relações publicas. Ao lançar um novo produto é importante que a empresa crie uma relação de confiança junto dos consumidores.
3.1.IDENTIDADE:
IDENTIDADE FISICA DA MARCA:  a marca é um conjunto de signos, formas, cores e sons facilmente identificados pelo consumidor.
ELEMENTOS DA IDENTIDADE.
O Nome: é o mais importante elemento da indentidade. Patronimico: quando têm o nome do fundador, ex: Sacoor Brothers, Amorin.
A Sigla: é o resultado da denominação de uma empresa e fruto da comunicação. Exemplo: BPC, BFA.
O Evocativo: a marca lembra a categoria do produto que identifica, exemplo: Microsoft.
A Marca deFantasia: um significado prévio, ex: imaginarium, Olá, Pala-Pala.
A Marca de família:
O Somatario de nomes: denominação das restruturação como Mota-engil.
AS QUALIDADES DE UM NOME DE MARCA:
O nome deve ser: Curto:  não mais de três sílabas e de fácil memorização.
Sem conotações indesejáveis.
Internacional: alguns nomes são dificeis.
Disponível e defensáveis juridicamente: exemplo Coca-cola.
Não restritivo: o nome deve permitir extensões para outras marcas.
Historial:
 Quanto ao historial ter em conta os seguintes elementos : O Nascimento oficial da empresa; o fundador da empresa, as razões de surgimento, os objectivos, o portfolio, a concorrência,  o serviços, a gestão,  os funcionários e a posição de mercado.

I.                   BIBLIOGRAFIA.
-LINDON, Denis et alli, Mercator XXI, Teoria e prática do marketing, Dom Quixote,Lisboa, 2004.
-WESTWOOD, John, Como redigir um plano de Marketing, práticas de gestão. Europa-america, Lisoba,1999.
-RODRIGUES, Adriano Duarte, As tecnicas da Comunicação e da informação, ed. Presença, Lisboa,1999.
-WOLF, Mauro, As teorias de comunicação, ed. Presença, Lisboa,2003.
-FISKE, John, Introdução ao Estudo da comunicação, ed. Asa, Lisboa.1990.
-Departamento de Comunicação Social do CELAM, Comunicação: Missão e desafio. Ed. Paulinas,1988. S. Paulo.
-Dicionario de Teologia Moral, ed. Paulus. S. Paulo.1997.
-Manual de psicosociologia das organizações. Ed. MCGraw Hill. Lisboa 2001.
- TEIXEIRA, Sebastião. Gestão das organizações. Ed. MCGraw Hill. Lisboa. 1999.
  
Gaudêncio Sangando,CSSp
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ORIGEM, IDENTIDADE E MISSÃO DA VIDA RELIGIOSA.
I.                   A ORIGEM DA VIDA RELIGIOSA.
A origem da vida religiosa está enraizada na doutrina e no exemplo de Cristo, “ a caridade perfeita por meio dos conselhos evangélicos tem a sua origem na doutrina e nos exemplos do divino mestre e brilha como um sinal luminoso do reino dos céus “ (P.C. nº 1).Através da profissão dos conselhos evangélicos, os traços característicos de Jesus-virgem, pobre e obediente adquirem uma típica e permanente visibilidade no meio do mundo” (Vita consecreta, 1).  O religioso torna visível os traços característico de Cristo através da publicidade da vida consagrada na Igreja. Assim, a vida religiosa torna-se uma experiência de vida no tempo, porque foram “homens e mulheres, que pela prática dos conselhos evangélicos procuraram seguir Cristo com maior liberdade e imitá-lo mais de perto, consagrando, cada um a seu modo a própria vida a Deus” (P.C. nº 1).
Por isso, a urgência de reflectir sobre a dimensão histórica do projecto da vida religiosa para que se possa adaptar as condições do mundo e da própria igreja. Vista nesta dimensão, a vida religiosa é um organismo vivo porque nasce, cresce, decai e também pode morrer. “ Esta é a causa de que, como árvore que se ramifica esplêndida e pujante no campo do Senhor, partindo de semente posta por Deus, se tenham desenvolvido formas diversas de vida solitária ou comunitária e variedade de famílias que aumentam os recursos, quer para proveito dos próprios membros, quer para o bem de todo o Corpo de Cristo (LG 43; 46, PC 1; AG 18).
A vida religiosa, mesmo que não faça parte da hierarquia da Igreja, no entanto, brota, em circunstâncias concretas, da vida e santidade da igreja. A vida religiosa é um dom de Deus a sua igreja, por meio do Espírito Santo. “ A vida religiosa, dom à Igreja, está colocada mesmo no coração da Igreja, como elemento decisivo para a sua Missão” (Cfr. Vita Consecrata, n. 3).
Vemos na história da igreja, no princípio os padres do deserto (séculos IV e V) abriram caminho as mais variadas formas de institutos que fazem hoje com que a igreja esteja preparada para toda obra boa e em qualquer parte do mundo. Ou seja, os membros de uma congregação religiosa presentes num determinado país devem ter a consciência que são parte integrante da Igreja local. Não são uma ilha isolada. A sua acção apostólica e social estão em função da Igreja local. Lembrar ainda que os cristãos que abraçaram alguma forma de vida religiosa, não o fizeram para viver à margem da igreja particular e universal, mas para viver mais radicalmente aquilo que lhe é essencial: o evangelho anunciado por Jesus e encarnado por sua Pessoa. A vida religiosa quer tornar presente de novo no mundo o modo  existencial que o Filho de Deus assumiu a fim de cumprir a vontade do Pai enquanto viveu no mundo (LG 14).
A vida religiosa tal como hoje existe, codificada, estruturada e regulada até seus mínimos pormenores, é fruto de longo processo histórico, “ O Código de Direito Canónico tem o grande mérito de ter unificado as diversas espécies de vida consagrada numa mesma categoria, chamando-a com um nome novo… Os institutos de vida consagrada são portanto, as formas históricas concretas, institucionais e aprovadas pelo ordenamento jurídico da Igreja” (cfr.  Emilio Sumbelelo. Introdução à Vida Consagrada na Perspectiva Canónica, Secretariado Diocesano de Pastoral Uije 2008). Se a historia é uma continuidadade vivente na qual o hoje nasce do ontem e floresce o amanhã, no hoje da vida religiosa vive e vibra todo o seu passado. A historia da vida religiosa não é simplesmente algo que sucedeu, mas algo que continua caminhando, evoluindo, progredindo. Somente através de conhecimento completo de seu passado, poder-se-á alcançar conhecimento exacto do que é actualmente a vida religiosa. A história nos ajuda a compreender. Alias, a história da vida religiosa constitui uma parte da história da salvação.
A história ajuda-nos a reconstruir um acontecimento do passado, para imitá-lo e refuta-lo e perceber seu valor permanente. A história é mestra da vida, porque pela história nos tornamos precavidos diante de determinados acontecimentos e tornamo-nos sábios desde a própria raiz da vida e da experiência que nos vão propor de modo adequado diante de qualquer acontecimento.
As formas que a vida religiosa assumiu, ao longo dos séculos, falam de continuidade. Se a vida religiosa hoje se encontra,  em situação difícil, comprometida, como a falta de vocações e pessoal missionário, a não renovação do pessoal, deve-se encontrar o fio condutor que legitime sua continuidade; e para isso melhor caminho é a nova leitura da história da vida consagrada. Talvez, depois de percorrer esse longo cominho, desde sua origem até hoje, os religiosos estarão em melhores condições de explicar a situação actual da vida religiosa.
Prevaleu até então a ideia, de que a vida religiosa surgira já perfeita, uma vez para sempre, desde suas próprias origens; e, por conseguinte, todas  as formas de vida religiosa sucessivas eram tais somente na medida que se conformavam com esse protótipo ideal primário, original, primigênio, de modo que cada nova forma de vida religiosa era aprovada e reconhecida como tal contanto que reconhecesse e justificasse sua conexão com as formas religiosa anteriores.
Segundo esta mentalidade, a historia da vida religiosa seria a historia de uma prolongada decadência. As formas sucessivas nada mais seriam do que uma cadeia de instituições religiosas, procedendo umas das outras, com tendência progressiva para a mitigação das observâncias religiosas precedentes, até chegar, na actualidade, aos institutos seculares, os quais já nãos são vida religiosa propriamente dita.
Há uma teoria contrária que defende que a vida religiosa teria surgido nas suas origens como germe que se irá aperfeiçoando através dos séculos até desembocar nos institutos seculares que seria o último estádio, mais perfeito, da vida consagrada na igreja.
A história da igreja demonstra algo muito distinto dessas duas teorias. É certo que, ao longo dos séculos a vida religiosa aperfeiçoou sempre mais  as suas estruturas. Mas não é menos certo que as diversas formas não provêm umas das outras, nem por decadência nem por aperfeiçoamento progressivo, mas que cada uma delas surge da vida e da santidade da igreja, de modo autónomo, por mais que em caso algum se prescinda, consciente ou inconscientemente, de toda a tradição anterior da vida religiosa, ainda que não falte em algum caso a rejeição consciente das forma anteriores de vida religiosa como não aptas para expressar o próprio projecto de vida recebido do Espírito. Devemos ter a certeza de que tudo o brota na Igreja esta inserido na sua tradição viva.
A historia demonstra ainda que as diversas formas de vida religiosa não podem ser enquadradas em definição unívoca, porque cada uma delas é uma experiência existencial e, por isso mesmo, única e irrepetível, e foram marcando as diversas encruzilhadas que correspondem a outras tantas situações socioculturais eclesiais novas às quais, por serem portadores de novas exigências, era necessário dar também respostas novas. O próprio concilio Vaticano II apresenta a vida religiosa como resposta carismática a uma leitura nova  do evangelho.
A importância decisiva da história para iluminar a natureza específica da vida religiosa é avaliada pela necessidade de nova adaptação da mesma às novas situações  da igreja e do mundo exigidas pelo Vaticano II (PC 2). Isso significa que os religiosos de cada época têm que renunciar às interpretações teóricas e existenciais dos que os precederam. O que não significa, todavia, que seja necessário prescindir de toda a tradição anterior, antes, o contrário. Toda a tradição anterior da vida religiosa tem que ser incorporada, a partir de sua dimensão mais profunda, por que os religiosos de todos os tempos têm que experimentar-se a si mesmos dentro de uma continuidade espiritual com aqueles que os precederam, seja no próprio instituto em particular, seja na vida religiosa em geral.
Todas as épocas de renovação da vida religiosa se caracterizam por grande desejo de retorno as suas origens. Mas a vida religiosa, em momento concreto da sua história, não pode extrair, sem mais, do seu passado uma fórmula magica que solucione todos os problemas, porque cada época, como cada facto histórico, é una, única e irrepetível.
2.  IDENTIDADE DA VIDA RELIGIOSA.
Os elementos da identidade da vida religiosa são: a finalidade, o espírito, o carisma e a legislação.
Os Institutos da vida religiosa, à luz do Concilio Vaticano II ensaiaram diferentes caminhos para o reencontro com a sua própria identidade que passa pela busca da finalidade, do espírito, do carisma e da legislação dos institutos da vida religiosa.
A finalidade do instituto: Segundo o documento P.C.2 do Concilio Vaticano II, cada instituto tinha de apresentar a sua finalidade própria, ou seja “contribui ao bem da igreja que cada instituto tenha seu carácter e seu fim peculiar”(PC2).
Antes do Vaticano II em todas as congregações de vida religiosa existia uma nítida distinção entre o fim primário e secundário. O fim primário que era comum  em todos os institutos religiosos consistia sempre em buscar a glória de Deus e a santificação dos membros da congregação religiosa.
Por sua vez, o fim secundário era apresentado como a dedicação da actividade apostólica do instituto, como a educação, a assistência aos doentes, o apostolado directo da palavra, catequese e outras.
Espírito próprio de cada instituto: o fundador religioso consegue catalisar as aspirações religiosas de seu tempo de tal maneira que se constitui mestre espiritual que agrupa discípulos em torno de si. Assim, os fundadores dos institutos são também criadores de escola de espiritualidade, porque o seu carisma fundacional e seu modo peculiar de viver o evangelho deverão ser transmitidos ao instituto por ele fundado.
No entanto, institutos religiosos com escola de espiritualidade são muito poucos. Outras famílias religiosas em seus capítulos gerais de renovação, ensaiaram o caminho para definir sua identidade peculiar. Entretanto, perceberam que aquilo que parecia, tão especificamente próprio, não o é tanto, mas é compartilhado com todo o povo de Deus. Na realidade, foi a melhor conclusão a que se pôde chegar, porque esses religiosos demonstraram assim a sua conexão com a espiritualidade cristã que é comum a todos os baptizados, sendo assim, esta espiritualidade cristã, comum a todos não pode a  pode ser património exclusivo de nenhum instituto de vida religiosa.
Carisma do fundador: o carisma deveria contribuir para diferenciar seus discípulos e o retorno ao fundador deveria ser o caminho adequado para explicitar a identidade profunda dos institutos.
O fundador ao criar uma família religiosa, define os seus fins e teor de vida e configuram o seu espírito.
No entanto, encontramos algumas dificuldades. Há fundadores que não deixaram nenhum escrito, outros ainda fundaram varias congregações muito diversas entre si; há os que abandonaram o instituto por eles fundados e, contudo continuam muito florescentes na igreja.
Legislação particular dos institutos: cada instituto religioso tem sua legislação própria: constituições, directório, disposições capitulares. Nesta legislação descreve-se um modo peculiar de viver e actuar, que deveria diferenciar um instituto de todos os outros.
O caminho da história: este é sem dúvidas o caminho para especificar bem a identidade de cada instituto religioso. O que cada instituto tem de próprio, de exclusivo, de intransferível, é que ele existe tal como sua própria história o fez. Há um momento determinado da historia que o momento fundacional. Assim como ocorre com as origens da igreja tem função prototípica para o resto da sua história. O regresso as origens faz descobrir a exemplaridade e a raiz primeira, de onde dimanará toda a vida do instituto através do tempo. Um instituto religioso não nasce acabado, perfeito, momento da sua fundação, mas evolui, muda, desenvolve-se. Na origem há elementos constitutivos que permanecem para sempre.
1.2 DIVERSAS FORMAS DE VIDA CONSAGRADA.
A vida consagrada é uma entre muitas formas de vida, como “uma árvore plantada por Deus e maravilhosamente ramificada no campo do Senhor” (LG, 43). Esta variedade de formas de vida, quer solitária, quer comum, e de famílias religiosas brota do Espírito Santo que leva os crentes a aderir ao Senhor e a servir os homens de variadas maneiras.
Estas diversas formas de vida Consagrada são: a vida eremítica, as virgens consagradas, a vida religiosa, os institutos seculares e as sociedades de vida apostoloca (cfr. Catecismo da igreja católica n.920).
3. A MISSÃO DA VIDA RELIGIOSA.
Na realidade, a missão, antes de ser caracterizada pelas obras externas que absovem muitos dos religiosos em obras socias, como na educação e na saúde, define-se pelo tornar presente o próprio Cristo no mundo, através do testemunho pessoal. Na verdade, o consagrado quanto mais se deixa conformar com Cristo, tanto mais o torna presente no mundo e operante para a salvação dos homens (Cfr. V.C. no72).
Nesta Missão que o Consagrada se lança e abraça, deve ter confiar totalmente em Cristo, pois, É preciso “confiar em Deus como se tudo dependesse d’Ele e, ao mesmo tempo, empenhar-se generosamente como se tudo dependesse de nós (V.C.73).
“Aqueles que professam os conselhos evangélicos têm, pois, por missão, antes de mais, viver a sua consagração. Mas, porque, precisamente em virtude da sua consagração, se votam ao serviço da Igreja, têm obrigação de trabalhar de modo especial na obra missionaria, segundo o modo próprio do seu instituto (cfr. Catecismo da Igreja Católica n932).
A Missão do consagrado não é outra senão a de buscar constantemente a beleza divina e que o consagrado esta chamado  a cuidar esta mesma imagem em toda a parte, sobretudo  a “imagem deformada nos rostos de irmãos e irmãs: rostos desfigurados pela fome; rostos desiludidos pelas promessas politicas; rostos humilhados de quem vê desprezada a própria cultura; rostos assustados pela violência quotidiana e indiscriminada; rostos angustiados de menores; rostos de mulheres ofendidas e humilhadas; rostos cansados de migrantes sem um digno acolhimento; rostos de idosos sem as mínimas condições para uma vida digna”.
Concluímos a nossa reflexão dizendo que a vida religiosa é uma experiência de vida no tempo, porque são “homens e mulheres, que pela prática dos conselhos evangélicos procuraram seguir Cristo com maior liberdade e imitá-lo mais de perto, consagrando, cada um a seu modo a própria vida a Deus” (cfr. P.C.nº1).
Gaudêncio Sangando,CSSp
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ESPIRITUALIDADE MARIANA EM LIBERMANN.
I.                   ESPIRITUALIDADE.

Que é espiritualidade cristã?
 
Na Igreja escutamos frequentemente a palavra “espiritualidade”. Sabemos
 
que tem relação com nossa fé e com os ensinamentos de Deus, mas muitos não conhecem seu significado exacto.
Textos bíblicos: Jesus multiplica os pães e os peixes para alimentar a multidão
 
(Mt 14, 13-21; Mc 6, 35-43; Lc 9, 12-17).
 
Que espírito tinha Jesus?
 
Jesus fala a Zaqueu que subiu na árvore.

(Lc 19, 1-10).
Jesus ressuscita um jovem.

(Lc 7,11-17).


Jesus e as crianças.
(Mt 19-13-15; Mc 10,13-16; Lc 18,15-17).
 
 Vemos o espírito de Jesus quando olhamos como fala e como se relaciona com as pessoas. Podemos ver, concretizado, o espírito de Jesus em seus encontros com os demais.
 
Considerar a espiritualidade como “fé vivida” ajuda-nos a entender o que significa “espiritualidade”. A espiritualidade tem a ver com o seguimento do espírito de Jesus, com o modo como vivemos nossa fé.

Uma possível definição de espiritualidade: é a atitude fundamental de fé, de uma pessoa que conforma seu pensamento e sua acção ao espírito de Jesus. Podemos dizer que tipo de espírito habita em uma pessoa vendo como actua e fala.
 
Conhecemos que espírito move Jesus observando como actua e o que diz. A maneira de actuar das pessoas e o que fazem nos revela sua espiritualidade, por exemplo: Se alguém dedica muito tempo a rezar o terço, a ajoelhar-se diante da imagem de Maria, a visitar capelas de Nossa Senhora e diz amiúde que gostaria de ser como a Santíssima Virgem, dizemos que tem uma “Espiritualidade mariana.”.
 
 Se alguém tenta viver uma vida simples, partilha o que tem com os pobres e demonstra pouco interesse pelo dinheiro e pelas coisas materiais, podemos dizer que tem uma “espiritualidade franciscana” (S. Francisco de Assis é o ponto de partida desta espiritualidade).
 
  Se alguém vive uma vida de oração e de trabalho, dividindo seu dia em tempos de trabalho e tempos de oração, podemos dizer que tem uma “espiritualidade beneditina” (S. Bento de Nursia é o inspirador desta espiritualidade).

Há muitos tipos de espiritualidade. As espiritualidades Mariana, Inaciana, Dominicana, Carmelita, Franciscana, Beneditina, Espiritana são tipos diferentes de espiritualidade cristã. A espiritualidade cristã é a fé cristã feita vida. Outras religiões, como o Judaísmo, o Hinduísmo e o Islamismo, têm suas próprias crenças e sua própria espiritualidade. ([1])

Depois de termos compreendido a espiritualidade, gostaria convidar-vos a viajar no mundo da Sagrada Escritura. Da Bíblia vamos perceber melhor a espiritualidade mariana. Ou seja, o papel de Maria na nossa história de salvação. Quando falamos de Maria, vemos o protagonismo de mulheres escolhidas por Deus na história da nossa salvação. Quem são estas mulheres?
 
Antes de passarmos à espiritualidade mariana na vida do nosso fundador, vamos primeiro percorrer a Sagrada Escritura e percebermos como a mulher teve um papel relevante na história da nossa salvação.

Para tal servimo-nos da Teologia no feminino.
 
 A Teologia do Feminino
 
Reflexão tirada das Escrituras Hebraicas:
 
Um grupo completo de mulheres foi convocado para garantir que Moisés se tornasse aquilo que Deus tinha planeado que fosse: o chefe do seu povo. Quem era esta gente que possibilitou a Moisés tornar-se o servo escolhido de Deus? Havia uma teia completa de mulheres que garantiram a vida de Moisés para que pudesse cumprir o plano de Javé.
 
Shiprah e Puah, as parteiras hebraicas no Egipto, eram mulheres tementes a Deus e, elas próprias, mães. Desobedeceram às ordens do Faraó para que se matassem todos os bebés de sexo masculino que tivessem nascido de mulheres hebraicas, fazendo, assim, com que o número de Judeus aumentasse. Talvez tenham sido elas a salvar Moisés (Êx 1:15-22). Embora fossem escravas, elas não se deixaram intimidar pelo rei e pela sua corte.
 
A filha do Faraó: Ela salvou Moisés da sua cesta nas margens do rio Nilo e criou-o na casa real até à idade adulta (Êx 2:2-10). Ela é símbolo duma pessoa de autoridade a tomar a iniciativa de ultrapassar uma lei injusta.
 
A Mãe de Moisés: Ela desafia o Faraó e amamenta o seu bebé durante alguns meses. Quando ele atinge os três meses de idade, ela esconde-o na cesta e coloca-o no rio Nilo.
 
Miriam, a irmã de Moisés, que “ficou de longe a ver o que lhe iria acontecer”. Quando a filha do Faraó deu pela cesta e encontrou o bebé, Miriam saiu do seu esconderijo e tomou posição, oferecendo-se para ir procurar uma ama para o bebé, e foi buscar a sua mãe.
 
Ao reflectirmos sobre a nossa vocação, não deveríamos esquecer a “rede” de pessoas implicadas na sua realização. Para podermos apreciar mais a fundo a nossa chamada ao seguimento de Jesus, é útil perguntarmo-nos de vez em quando: quais foram as pessoas que Deus colocou à minha volta para garantir a minha escolha logo desde o seio de minha mãe? (44).
 
Reflexão tirada do Evangelho de São João:
 
Há sete ocasiões no Evangelho de São João em que uma mulher cumpre um papel importante na comunidade e na pregação da Boa Nova:
 
1. Maria, nas bodas de Caná (2:1-11). Ela indica a lei principal do Evangelho: “Fazei tudo o que Ele vos pedir”.
 
2. A mulher samaritana torna-se a evangelizadora da sua terra (4:1-42). Ela é a primeira a receber de Jesus o grande segredo: o da sua identidade de ser o Messias: “Sou Eu, O que fala contigo” (4:26).
 
3. A mulher adúltera, na altura em que é perdoada por Jesus, torna-se juíza da sociedade patriarcal ( ou do poderio masculino) que a condenara (8:1-11).
 
4. Marta confessa a sua fé no Messias, o Filho de Deus. Nos outros Evangelhos, a pessoa que faz esta solene profissão de fé é Pedro (Mt 16:16).  No Evangelho de João, a pessoa que faz esta profissão solene de fé é uma mulher, Marta (11:27).
 
5. Maria unge os pés de Jesus para o dia do seu enterro (12:7). Ela foi a única pessoa que entendeu e aceitou Jesus como Messias-Servo destinado a morrer na cruz. Uma pessoa que morresse na cruz não podia ser enterrada ou embalsamada. Por esta razão, Maria actuou antecipadamente e ungiu o corpo de Jesus.  Ela é o modelo para os outros discípulos.  Pedro não tinha aceitado Jesus como Messias Servo (13:87).

6.  Aos pés da cruz, as palavras “Mulher, eis o teu filho”; “Eis a tua mãe” (19:25-27).

     A Igreja nasceu aos pés da cruz. Maria é o modelo da comunidade cristã.

7. Maria Madalena é convocada para anunciar a Boa Notícia aos seus irmãos (20:11-

     18). Ela recebe uma ordem - uma “ordenação” - sem a qual todas as outras

     ordenações dadas aos apóstolos não teriam tido valor algum.
 
Nestas sete ocasiões é sempre uma mulher que é apresentada de forma positiva. Ela ajuda Jesus na descoberta e no cumprimento da sua missão.  As dores do parto são o símbolo do sofrimento que traz à luz uma nova vida (16:21) (45).
 
II.                MARIA NA VIDA E OBRA DE FRANCISCO LIBERMANN.
 
O Nome:
 
Jacob Libermann foi baptizado a 24 de Dezembro de 1826 com o nome de Francisco Maria Paulo. E neste dia dizia neo convertido “ quando a água baptismal correu sobre a minha cabeça de Judeu, nesse preciso momento comecei a amar Maria, que antes detestava”.
 
Na formação:
 
Francisco Libermann tem uma afeição ao Coração de Maria quando diz: “ O Imaculado Coração de Maria é um tesouro. Jesus Cristo depôs nele uma tal plenitude de graças e de favores que pode saciar não só o mundo inteiro, mas cem mil mundos e muitos mais ainda… Maria diz: vinde repousar no meu repousar nomeu Coração; o meu querido Filho colocou em mim uma tão grande abundância que eu tenho com que vos saciar a todos”.
A confiança extrema de Libermann a Maria o leva a aconselhar os seus irmãos a correrem para Maria: “irmão querido, vá, corra, lance-se nos braços desta tão querida e santa Mãe; vá dizer-lhe com confiança, simplicidade, ternura e amor”.
 
Libermann orienta os seus seminaristas a contemplar o interior do Coração de Maria revelando a sua experiência pessoal: “meu caríssimo amigo, que o admirável interior da Santíssima Virgem é perfeitamente semelhante ao de Jesus…”.
 
Na fundação da Congregação:
 
Libermann recebeu a ordem do Imaculado Coração de Maria para fundar o instituto missionário para a salvação da raça preta. Libermann enfrenta dois problemas: não era padre e sem experiência de Missão. Por isso era difícil fundar uma Congregação de missionários. No entanto, Libermann tem a plena confiança no Imaculado Coração de Maria, dizendo: “Desde o começo desta difícil empresa, toda a nossa confiança estava nos favores do Coração da nossa santíssima Mãe. Apesar das dificuldades que, humanamente falando, ultrapassavam muito a nossa fraqueza, nós mantivemos sempre uma grande certeza de sucesso… sentia em mim um impulso forte e um sentimento de confiança muito grande no Imaculado Coração de Maria.”
 
Libermann quando escrevia a Regra Provisória visitou todas as Igrejas dedicadas à Virgem e decide consagrar a Obra dos Negros ao Imaculado Coração de Maria. Esta regra começa assim: Tudo para a maior glória do Nosso Pai Celeste em Jesus Cristo nosso Senhor pelo seu divino Espírito em união ao Imaculado Coração de Maria.
 
Na sequência de uma peregrinação a Nossa Senhora de Loreto, Francisco Libermann regressa a Roma melhor de saúde.
 
O padre Libermann está certo de que a fusão entre a Congregação do Espírito Santo e do Imaculado Coração de Maria em 1848 é obra de Maria. Libermann não receia perder o nome e não via nenhum obstáculo, “ pois perderíamos o nosso nome entre os homens, que passarão a chamar-nos “Espiritanos”, mas não nos agarremos às palavras; agarremo-nos sim às realiadades; nós não deixaremos de ser de Maria, nem de ser sacerdotes do seu Imaculado Coração”[2]


III.              UMA CONGREGAÇÃO MARIANA.
 
A natureza da Congregação é mariana, pois “respondemos a este apelo num Instituto religioso missionário, Congregação do Espírito Santo sob a protecção do Coração Imaculado de Maria”[3]. O Espírito Apostólico dos missionários têm como modelo Maria, porque “tomando Maria como modelo, vivemos a nossa missão na docilidade ao Espírito Santo”[4].
 
A própria consagração vive-se sob a protecção do Coração Imaculado de Maria. A nossa vida de oração passa por Maria. Assim, celebramos dum modo especial a festa do Coração Imaculado de Maria. “Temos também a peito a nossa piedade para com a Virgem Maria, inspirando-se nas orações da Igreja e na tradição espiritana. A reza do terço do Rosário faz parte desta tradição”. [5]
 
MARIA E O ZELO APOSTOLICO.
 
O Sucesso da evangelização espiritana em Angola em particular e no geral em Africa foi graças a intuição mariana de Libermann. Ou seja, O padre Libermann enviou os seus missionários tendo como mãe Maria. Esta espiritualidade concretiza-se ainda mais quando se associa à missão o rosto femenino.
 
“Para adquirir a santidade e o zelo e preciso trabalhar, com o socorro de Deus, a retirar os obstáculos (que se opõem ao que Deus quer fazer em nós); o que faz que a Virgem Santa tenha sido tão santa, é que a graça nunca encontrou nela obstáculos.
Maria não foi pregar o Evangelho de seu Filho, mas sofreu no seu coração, eis o único apostolado de Maria. Pois bem: não foi ela maior que todos os Apóstolos?
 
Não há vida apostólica sem intimidade com Cristo. Pelo Espírito Santo, Maria está unida, de maneira única, à vida e à missão de seu Filho.
 
Sim, faça-se em mim segundo a tua palavra. Maria dá o seu consentimento ao Espírito Santo, e não resiste. Sem ser apostola e sem correr mundo para anunciar o Evangelho, mas pelo seu Sim ma anunciação e frente à cruz, ela é um modelo para os apóstolos. Com Maria, digamos esse Sim, faça-se em mim segundo a tua palavra. Tão necessário ao apostolo e à testemunha de Cristo.
 
Libermann, em Roma, ao redigir a regra dos seus missionários, tem uma experiência que o surpreende. Le Vavasseur, que foi o primeiro a ter a ideia de uma associação de padres para os negros, tinha-lhe escrito: “empreender esta obra é como lançar-se num mar sem fundo de desprezo, de ignomínias, de contradições e de dificuldades… da parte dos brancos… dos negros e dos outros padres. Você vê, por conseguinte, que homens são necessários… são necessárias almas que não possam viver não cruzes…”
 
Durante meses, mas em vão, Libermann procura uma regra de vida para missionários heróicos, sozinho contra todos. Por fim, depois de correr varias igrejas consagradas a Maria, tem uma intuição: Achei-me decidido a consagrar a obra ao santíssimo Coração de Maria… puz imediatamente mãos à obra…e tive uma visão tão clara que de um só golpe adquiri uma visão de conjunto.
 
Toma uma decisão que se lhe impõe: achei-me decidido. Vê a missão segundo uma perspectiva nova: Tive uma visão clara, de um só golpe. Por fim, vê o modelo a propor aos seus missionários: não a cruz dos cruzados partindo à conquista de Jerusalém, mas a cruz tal como Maria, mãe de Jesus, a viveu na sua carne e na sua fé. Certamente, o missionário terá que sofrer e lutar, mas à maneira de Maria, de pé junto a seu Filho crucificado.
 
A intuição de Libermann nasce em terreno preparado. “Quando a água do baptismo se derramou sobre a minha cabeça de judeu, no mesmo instante amei Maria, que, antes, destava.” Desde o seu baptismo, ele não separa Jesus de sua mãe. Durante doze anos, vive com os sulpiciannos e os eudistas para quem Maria tem grande lugar. A piedadade mariana está viva no séc. XIX. Le Vavasseur e Tisserant, iniciadores da obra dos negros, sem combinar entre si recomendam ambos a 02 de Fevereiro de 1839 a obra dos negros a Nossa Senhora das Vitórias. Foi também em Nossa Senhora de Fourvière que Libermann obteve a confirmação da sua vocação missionaria.
 
Quando consagra a obra nascente ao sagrado Coração de Maria, Libermann não pensa unicamente nem sobretudo na piedade mariana mas antes na vida apostólica. Escreveu já aos iniciadores da obra que serão eles próprios os principais obstáculos à obra que Deus lhes confia. Você é um grande obstáculo aos desígnios de misericórdia para com essas pobres almas que lhe são tão queridas. Tema pôr obstáculos, pelas suas infidelidades, aos seus desígnios de bondade e de doçura.  Para Libermann o principal obstáculo é o missionário que resiste ao Espírito Santo.
A anunciação (Lc 1,26-38) é a fonte de tudo o que admiramos no coração de Maria. Diz Libermann, que lê a sua história na história de Maria. Alegra-te amada. Libermann tornou-se cirstão descobrindo etse amor de Deus, como são Paulo: Cristo amou-me e entregou-se por mim; a fé cristã começa com este reconhecimento do amor de Deus: Quem não ama, não descobriu Deus. Tantos homens sentem-se sós, sem valor; mas muitos, também, reconhecem este amor e vivem maravilhados por ele. O anjo diz a Maria: Darás à luz um filho a quem porás o nome de Jesus; a descoberta do amor de Deus traz consigo a descoberta de uma missão; em Maria, Deus cumpre as suas promessas: Maria pergunta. Como será isso?
 
A missão está acima das nossas forças, nós advínhamos os obstáculos. O anjo diz: o Espírito Santo virá sobre ti; confiando uma missão, Deus dá o seu Espírito para a realizar. Maria consente: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Esta disponibilidade é a condição para se ser apóstolo.
 
Junto da cruz de Jesus estava de pé sua mãe (jo. 19,25-27). Pela fé ela une-se ao amor de seu Filho que dá a vida por todos; ela diz de novo sim da anunciação na fé e na dor. Libermann contempla o coração de Maria, “coração eminentemente apostólico e todo ele inflamado de desejos da glória de Deus e da salvação das almas. Considerá-lo-emos modelo perfeito do zelo apostólico de que deveremos estar devorados e fonte abundante e sempre aberta onde deveremos ir beber. O Espírito Santo gravou profundamente no coração eminentemente apostólico de Maria esta verdade de que a vida e a alma do apostolado são a generosidade e o espírito de sacrifício.
 
Jesus, perfeita imagem de Deus, revela o mistério de Deus e a vocação do homem e do apostolo; e Maria, pela sua fé, pela união a sue Filho, pela disponibilidade para o Espirot, mostra como é o modelo para responder a esta vocação.

Não se trata de palavras bonitas: “ Que não lhe chegue ser um santo com devoçõezinhas, contentando-se com uma oraçazinha à Virgem, onde se dizem coisas bonitas.
 
Senhor Jesus, concedeste a tua Mãe estar unida, pela fé e de maneira única, à tua vida, à tua missão, à tua paixão. Por ela, ensina-nos a não resistirmos ao teu Espírito Santo para vivermos a missão que nos confias.
 
O imprevisto faz parte da vida de Maria e da nossa.
 
Senhor, por Maria, ensina-nos a dizer: sim, que tudo se faça em mim segundo a tua palavra. Senhor Jesus, chamas mulheres e homens a seguir-te, ao serviço de teus irmãos, dá-lhes e dá-lhes a generosidade e o espírito de sacrifício que enchem o coração de Maria.
 
Maria não foi pregar o Evangelho pelo mundo fora; sofreu em seu coração e este é o seu único apostolado. Quando as dificuldades (doenças, oposições, mesmo o nosso pecado) põem em causa o nosso desejo de servir, ensina-nos, por Maria, a dizer: Sim, seja feita a tua vontade e não a minha”. [6]


 
IV.             EXPRESSÃO MARIANA NA MISSÃO.
 
O nome dado a alguém tem sempre um significado especial porque exprime sentimentos, marca etapas da vida. Por isso, vamos falar das igrejas e capelas dedicadas a Maria, das orações e grupos marianos.
 
4.1: Igrejas e capelas.

4.2: Orações marianas.

4.3: Grupos marianos.


 
V.                MARIA NA FAMILIA DO RELIGIOSO.


A família é o ponto de partida das demais sociedades. É que sem família não há Nação, não há Estado, não há Igreja” acrescentamos nós não há Vida Religiosa.
 
Este ano é dedicado a família: Família, levanta-te e caminha.  Na nossa cultura a mulher ocupa um lugar fundamental na família. Aliás, somos de cultura matrilinear.
 
Sendo assim vamos nos debruçar profundamente da influencia da família na vida do religioso e seguimos de perto as reflexões do padre  Matungulu Otene no seu ensaio de uma espiritualidade banto dos votos.
 
Assim vamos falar da pobreza religiosa na relação coma família.
 
Antes de passarmos a esta reflexão gostaria dar apresentar o meu ponto de vista no toca a relação do religioso com a família.
 
Viemos de famílias, medias ou pobres. A nossa relação com a família, mesmo sendo religiosos deve ser de membros da família segundo o grau.
 
O que notei por exemplo entre os espiritanos portugueses há muita proximidade com a família. Vivem em família os acontecimentos marcantes. Recebem muito apoio da própria família.
 
Com relação aos religiosos africanos, noto também muita proximidade com a família. Dizia o nosso provincial Mauricio Kamuto na Missa dos votos temporários a 08 de Dezembro do Munhino: “ Os religiosos são os que ajudam mais os seus pais, enquanto que os irmãos casados estão preocupados com os seus maridos ou esposas”.
 
Agora, quando se trata da pobreza, como é que vivemos a nossa relação familiar?
 
A pobreza para o religioso negro-africano nas relações com a família (pag. 39-45).
 
A POBREZA PARA O RELIGIOSO NEGRO-AFRICANO NAS RELAÇÕES COM A MESMA FAMILIA.
 
Jesus , no Evangelho, está em constante reprimenda com os fariseus porque estes, em vez de ajudar eus pais, pretendem dar o dizimo ao Templo. Frequentemente também, nós religiosos negro-africanos somos confrontados com este tipo de problema e muitas vezes não sabemos como resolver tal questão. Um bom número dos nossos familiares vive efectivamente numa pobreza que beira à miséria. E o nosso voto de pobreza está longe de convencer os familiares, como também à maioria das pessoas, porque na realidade não somos ricos que parecemos levar uma vida pobre? A nossa pobreza não é facilmente percebida como um verdadeiro sinal do Reino?
 
Como viver com Cristo pobre, quando vemos miséria daqueles que são a carne de nossa carne, a vida de nossa vida?[7]




 
Notas Bibliograficas:


[1] Cfr. Cd. Justiça e Paz e integridade da criação, CSSp.
 
[2] A. Amato, A.Gilberto, A. Aubert, M. Isidro, Maria  e o Espírito Santo, pg. 154.
[3] RVE. 2.
[4] RVE. 4.
 
[5] RVE.99.1;2;3.
 
[6] Arsène Aubert, Orar 15 dias com François Libermann, pg. 63-68.
[7] Matungulu Otene, Ensaio de uma espiritualidade banto dos votos, pg 39-45.

Gaudêncio Sangandu.



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